Laura
Fiquei a manhã toda resolvendo alguns inquéritos,no meu computador, quando Fabiano se senta na minha frente e me dá uma pasta de arquivos.
— Eu te mostrei àquele caso, da filha do governador!?
— Sim! Ela desapareceu há dois dias, ninguém sabe aonde ela está, não tiveram notícias...
— Exatamente. Eu preciso dar uma volta, você analisa o caso dela para mim?
— Lógico! — Digo me sentando na sua mesa.
Ele sai e fecha a porta.
Leio a atla feita por meu chefe.
Grifo as partes importantes.
Natália Albuquerque Dutra, de dezenove anos desapareceu nessa última quinta-feira, onze de maio de dois mil e dezesseis. Segundo informações a filha do governador saiu pela manhã no intuito de ir a faculdade. Informações de colegas e professores, relatam que Natália foi vista no pátio da faculdade horas antes do desaparecimento. Câmeras de segurança flagraram a jovem entrando em um carro preto com vidros fumê e placas adulteradas. Bruno Oliveira é o principal suspeito.
Namorado de Natália.Preciso conversar com esse rapaz.
Disco o número da sala de inquéritos e Paulo atende.
— Oi Laura? Pois não?!
— Paulo, pede um dos policiais para levar uma intimação até a casa de Bruno Oliveira. — Digo no telefone.
— Ele já foi intimado Laura. O delegado fez isso mais cedo e está interrogando ele na sala um.
Isso é trabalho dos investigadores.
— Obrigada Paulo?!
— Por nada.
Desligo. Pego tudo que irei precisar. Ando para sala um. Entro na sala onde realizam os interrogatórios.
Não acredito...
O delegado bateu no rosto do garoto.
— Diz logo! Vou perguntar pela última vez. Aonde está a filha do Governador?
— Eu não sei! — O garoto diz chorando. Quando o delegado acerta outro tapa nele.
Dois policiais riem do meu lado.
— Nós vimos as mensagens que você mandou para ela, ameaçando-a de morte.
Ele colocou um saco plástico no rosto do rapaz.
— Abre a porta para mim. — Digo.
Os policiais se assustam.
— Não podemos abrir doutora Brandão. — Lucas diz assustado.
— São ordens do delegado. — Moraes diz em tom de sarcasmo.
— Eu não cumpro ordens do delegado. —Digo firme.
Eles se entreolham.
— Estou esperando.
Lucas abre a porta.
Entro na sala.
— Você acha que essa sala é o baú da crueldade de sessenta e oito? Os anos de chumbo já acabaram há muitos anos delegado.
Ele me olha fixamente.
— Te garanto que não é com porradas e torturas que o senhor vai conseguir as informações que deseja.
Ele sai bufando da sala.
— Chamem uma enfermeira! — Digo.
— Não fui eu. — O rapaz diz chorando.
Tiro as algemas dele.
— Eu não matei ninguém. Realmente a gente tinha discutido por telefone, mas eu nunca encostei um dedo em Natália, eu a amo muito, jamais iria fazer algo contra ela. — Ele diz soluçando.
— Fica calmo, respira! — Digo colocando água para ele em um copo.
Ele bebe em um gole, se acalma. A enfermeira faz curativos nele, e sai rapidamente. Começamos a conversar e ele me diz tudo calmamente.
— Você pode ligar para quem você quiser e você tem direito á um advogado mesmo que não tenha feito nada— Digo desligando o gravador.
— Obrigado.
— Vou deixar você a sós. Tenho que ir. — Digo saindo da sala e dando de cara com o delegado, que me encara.
— Vivemos em tempos democráticos, onde a tortura não é permitida, é imprescindível assegurar que o interrogado não tenha sua integridade física ofendida, seja antes, durante ou depois do interrogatório, doutro modo a própria polícia extrapolaria seu dever de legalidade. Em termos simples, não pode haver agressões por parte da polícia. — Digo tudo tranquilamente.
Vejo ódio em seus olhos.
— Quando você for interrogar alguém, chame um dos especialistas na área de investigação criminalista para acompanhar a conversa. Principalmente quando o seu pessoal e inclusive você não estiver envolvido no caso. Pode levar o rapaz pra minha sala Lucas! Com licença. — Digo saindo da sala.
— Cuidado aonde pisa doutora Brandão. — O delegado diz passando por mim.
— Eu não tenho medo de você.
Ele dá um sorriso maligno.
— Você está se intrometendo demais aonde não é chamada.
— Infelizmente para sua tristeza eu sou responsável por recolher informações e montar um inquérito, tudo começa por nós daquela salinha quente. Também sou responsável pela segurança e direitos daqueles que estão sendo interrogados. Então certamente eu sou chamada. Por isso eu me meto sim delegado, enquanto ao que você faz eu não ligo. Contando que eu não veja uma outra vez. Faça algo útil delegado. Vá prender maridos que batem nas esposas, muitos estupradores que estão a solta cometendo mais um crime nojento, vá atrás de policiais corruptos e me deixa fazer meu trabalho em paz. — Digo passando por ele.
Ele me segura e aperta meu braço, Fortemente. Que começa a arder. Com certeza ficará marcas.
— Cuidado Laura. Isso aqui não é a casa acolhedora dos seus familiares, temos uma hierarquia aqui dentro, faça seu trabalho sem questionar o trabalho dos seus superiores. — Ele diz me soltando.
— No dia que você me tocar novamente eu denuncio você.
Ele gargalha.
Ando para minha sala, Me sento trêmula e respiro fundo.
Lucas chega com o rapaz.
— Tira a algema dele.
Ele tira.
— Pode nós dar licença agora. — Digo.
Ele sai fechando a porta.
— Você pode usar esse telefone.
— Eu vou ficar preso?
— Eu não posso te responder pois não sou sua advogada, você faz duas ligações. Liga para seus pais, chama seu advogado, depois você dará um novo depoimento na presença dele.
— Terei que depor para aquele delegado?
— Sim. Provavelmente ele vai participar da nossa conversa. Conversa com seu advogado sobre o que aconteceu naquela sala, ele vai saber o que fazer. — Digo olhando no computador.
Ele usa o telefone.
[...]
Doze dias depois...LauraAcordo assustada com alguém batendo na porta.— Laura? — Gabriela diz batendo descontroladamente na porta.Me levanto rapidamente.— Oi. — Digo abrindo a porta.— Guilherme está fazendo um escândalo lá fora.— Ai meu Deus! — Digo colocando um roupão de seda.— Você vai descer Laura!?— Não. Irei fazer algo que já deveria ter feito há muito tempo. Esse cara não me deixa em paz, hoje mais cedo ele foi na delegacia, ficou lá até o fim do meu expediente. — Digo pegando meu celular.— Você vai ligar para polícia?— Sim, não estou suportando isso mais. Antes que seja tarde. Ele foi no meu trabalho me perguntando se eu tinha outro homem, disse que tinha comprado uma arma.Ela arregala os olhos.— Laura meu amor abre a porta! — Ele grita.— Polícia vinte quatro horas. Me chamo Ângela em que posso te ajudar?— Quero fazer uma denúncia.
LauraEstou saindo da delegacia que fiz a denúncia contra Guilherme. Roger pediu uma medida protetiva que já foi assinada por um juiz. Não gostei disso. Ele agilizou tudo pois trabalho na polícia.Estaciono na delegacia onde trabalho.Entro na minha sala.— O delegado quer conversar com você na sala dele. — Larissa diz.Me levanto trêmula, e vou até a sala.— Senta Laura! — Ele diz sorrindo. Que nojo desse cara.— Não obrigada. Diz logo, pois tenho que ler muitos documentos e montar alguns inquéritos.Ele joga uma caixa cheia de apostilas encima da mesa.— Fabiano não vem hoje. O baitola tá dodói. — Ele diz sorrindo pegando a primeira por cima das outras.— Era isso!? — Me chamou aqui para cuspir sua homofobia?— Não. — Ele diz se levantando.Se aproxima.Ele me entrega a apostila.Minha denúncia contra ele.<
LauraChego em casa depois das oito da noite.Estou exausta. Ligo a banheira. Jogo espuma e alguns sais de banho.Pego o celular...— Cheguei em casa. — Digo tirando minha roupa.— Eu disse para a Vitória.— O que ela disse? Qual foi a reação dela? Me diz!— Calma acelerada. Ela não disse nada, só pediu para eu ir embora. Estou na casa do Ramón e da Kátia.— Ohh meu bem. Como você está?— Mal, porém me sinto livre.Sorrio colocando o celular no viva-voz encima da tampa da privada, e entro na banheira maravilhosa com a água quentinha.— Não sei o que dizer.— Acho que vou demorar chegar em casa. Vou em um barzinho com meu casal favorito. Quer ir com a gente, passamos aí?— Cheguei do trabalho quase morta hoje.Ela gargalha.— Dramática.— Isso não fere uma leonina. — Digo brincando com a espuma.Ela ri.— Vou encher a cara hoje, chapar o c
Laura- Os pertences da garota. - Lucas diz sorrindo.- Obrigada.Ele tinha me ligado ontem para dizer que ele e Brenno fizeram a busca e apreensão.- Bom dia. - Fabiano diz.- Eu senti muito sua falta.- Fiquei downte. Suspeita de dengue acredita!?- Mas você está bem agora né!?- Estou melhor.- Tenho novidades sobre o caso Allan Oliveira. - Digo fechando a porta.Explico tudo para ele.- Você é genial Laura.- Tive um dos melhores professores.- Você fica responsável por montar o inquérito dos dois casos.Meus olhos se arregalam.- Exatamente. Dois dias eu ficando fora, você descobriu isso de Allan comprar armas na internet, conseguiu os pertences de Natália, ainda teve a perspicácia de comparar as digitais dos dois veículos encontrados. Esse caso é seu. Descubra quem é essa pessoa que estava dirigindo esses dois carros e construa respostas.- Irei ana
LauraComeço o interrogatório com Aline. Que me parece assustada.- Meu nome é Laura Goulart Brandão, sou investigadora criminalista, psiquiatra e ontem fui nomeada Inspetora chefe de investigações do estado. Eu chamei Aline aqui, pois preciso de informações sobre Natália. Eu sei que vocês são bem próximas, moram juntas em um apartamento no Centro.Ele diz algo para ela.- Estou disposta a tentar responder todas suas perguntas. - Ela diz sorrindo.- Que ótimo.- A gente até achou estranho vocês não procurarem a família para saber mais informações de Natália. - Valter diz.- Teve mudanças no grupo de investigadores do caso.- Então não era a senhora quem estava cuidando do caso de Natália?- Não. Era meu colega de profissão com o auxílio do delegado Figueiredo. Eu estava cuidando de outros casos, mas meu colega de profissão ficou doente aí eu assumi.- Entendi.- Podemos começar?- Sim. - Aline
Três dias depois...Sérgio— Desce. — O policial diz me puxando de uma vez.Nem sei por que estão me tratando assim. Muitas pessoas me olham.— O que você fez com meu filho? — Uma mulher me acerta um tapa no rosto.— Calma minha senhora. — Um policial segura ela.— Eu vou matar você. — O homem diz apontando o dedo no meu rosto.Entramos no que presumo ser a delegacia.Não posso ficar aqui. Os onze vão mandar me matar tenho certeza.Não quero voltar pra àquele lugar. Prefiro morrer.Mas como vou fazer pra ajudar os outros se eles me matarem? Por que estou aqui? Eles com certeza sabem que eu fugi. Faz vinte dois dias. Na verdade eu tava desconfiando desse silêncio todo deles. Eu já previa que em algum momento seria preso. Agora é manter a calma, esperar o momento certo e colocar em prática tudo que aprendi de útil naquele inferno e tudo que treinei nesses vinte e dois dias.[...]
SérgioO homem e a mulher saem nos deixando "sozinhos". Sei que eles observam tudo do outro lado daquele vidro.A Inspetora me olha fixamente.Ela é muito bonita e atraente. Tem um perfume muito agradável. Consigo sentir o gosto adocicado do perfume na minha boca."Queremos ajudá-lo, então não diga nada, eles tentarão tudo para obter as informações, daqui onze dias o ajudamos, envolva-os"...Nunca vi aquele homem que disse isso...Não quero ajuda deles. Eu não sou burro. Se eu disser tudo agora, acabo com a chance de tirar todos de lá. Pior, eles podem matar todos. Mas posso usar isso ao meu favor. Já que tem infiltrados deles aqui na polícia.— Infelizmente não conseguir um defensor público para o momento. No máximo dois dias para conseguir um para seu caso.Está tentando jogar comigo doutora. Vamos ver até onde a senhora consegu
LauraPaulo me trouxe para o hospital. Não tinha necessidade, era só ter me levado para casa. Agora estou tomando remédios e levei uma injeção no bumbum.Terei que fazer um monte de exames.Sei que vão dizer que estou com estresse e falta de descanso.Até acho que a médica irá me manter internada aqui no mínimo uns dois dias.Eu preciso ir embora.Preciso interrogar aquele homem. Eu sinto, e tenho uma grande intuição que ele sabe muita coisa.Irei fazer tudo o que ele quer.O delegado me deu carta branca, irei tirar as cameras, pintar toda a janela de preto. Preciso que Luciano se sinta a vontade, se ele pedir uma jacuzzi, eu consigo, churrasco. O que ele quiser.Ele vai ter confiança em mim ou eu não me chamo Laura Goulart Brandão.Me informaram que não encontraram Lucas. Eu preciso saber o que ele disse.— Laura. — Gabriela entra correndo no quarto.— Eu tô bem.Ela me abraça apertado.