Capítulo 3

Doze dias depois... 

Laura

Acordo assustada com alguém batendo na porta.

— Laura? — Gabriela diz batendo descontroladamente na porta. 

Me levanto rapidamente.

— Oi. — Digo abrindo a porta. 

— Guilherme está fazendo um escândalo lá fora.

— Ai meu Deus! — Digo colocando um roupão de seda. 

— Você vai descer Laura!?

— Não. Irei fazer algo que já deveria ter feito há muito tempo. Esse cara não me deixa em paz, hoje mais cedo ele foi na delegacia, ficou lá até o fim do meu expediente. — Digo pegando meu celular. 

— Você vai ligar para polícia?

— Sim, não estou suportando isso mais. Antes que seja tarde. Ele foi no meu trabalho me perguntando se eu tinha outro homem, disse que tinha comprado uma arma.

Ela arregala os olhos. 

— Laura meu amor abre a porta! — Ele grita. 

— Polícia vinte quatro horas. Me chamo Ângela em que posso te ajudar?

— Quero fazer uma denúncia. Meu ex namorado...

Explico tudo para ela.

— Estamos enviando uma viatura para sua residência. Não saia de casa até a viatura chegar, assim que amanhecer o dia a senhorita deverá comparecer a delegacia para dar seu depoimento.

— Obrigada?! 

— Tenha uma boa noite e vamos resolver seu caso o mais rápido possível.

— Obrigada. — Digo desligando. 

Roger...

— Roger? Desculpa está ligando essa hora da noite... 

— Que isso Laura. Aconteceu alguma coisa?

— Preciso dos seus serviços para amanhã as sete.

— Lógico! O que aconteceu?

Explico tudo para ele. 

— Você quer que eu peça uma medida protetiva!?

— Acha necessário?

— Caso como esses é bom.

— Tudo bem então, pode pedir uma medida protetiva, para minha irmã também.

— Ok.

— Obrigada Roger? 

— Que isso Laura. Até amanhã.

— Até amanhã. — Desligo. 

— A polícia tá enquadrando ele. — Gabriela diz olhando pela janela. 

Me aproximo. 

Ele está deitado no capô do carro com as mãos na cabeça. 

— Mas essa agora. Estou achando que vou precisar ser internada em um manicômio. — Digo me sentando no sofá. 

— Você precisa de férias Lala.

— Férias. — Digo rindo. 

— Você passou treze anos da sua vida estudando Laura. Você sabe o que é ir em uma balada?

Rio me deitando em seu colo. 

— Eu te amo Biela.

Ela da uma risadinha e beija meu rosto. 

— Eu estudei muito para está trabalhando agora. Eu gosto muito do que eu faço, muito mesmo, sou fascinada pelo meu trabalho. Não sei o que é férias. — Suspiro. Com pesar. 

— Laura. O que está te atormentando?

— Meu trabalho anda complicado. Meu relacionamento profissional com aquele delegado que te falei. Quase dei um tiro na cara dele ontem, ele me irrita tanto.

— É gato?

— Credo Gabriela! Ele poderia ser Hugh Jackman que eu não iria com a cara dele, iria continuar tendo nojo dele. As atitudes dele. Ele não é um ser humano de carne, osso e sentimentos como a gente, o pior de tudo, é que ele não tem nem um tipo de doença neurológica ou tenha sofrido algo. Ele é assim por falta de caráter e vergonha na cara mesmo. Ele fica me olhando esquisito as vezes eu tenho medo dele...

— Se afasta desse cara então Laura. Tenta não bater de frente com ele. Eu fico com muito medo. Não de você perder o emprego e sim esse cara tentar algo com você.

Meu coração acelera. 

— Ele tocou meu bumbum ontem. Me chamou de gostosa, que adora domar potrancas bravinhas.

— Anão Laura. O que você ta esperando pra denunciar esse nojento?

— Eu fiz isso, mas tenho certeza que não vai adiantar de nada, pois um amigo dele trabalha no ministério público.

— Sai desse emprego...

— Lógico que não, eu não vou sair do emprego que eu gosto, gosto muito do meu chefe, de quase todos ali, me adaptei muito bem, meu trabalho é reconhecido, e não vou sair por causa de um velho nojento, asqueroso, irei fazer como você disse, não vou bater de frente com ele. Evitar ficar no mesmo ambiente que ele.

— Vamos dormir?

— Eu não vou conseguir. Vou aproveitar e ler um caso.

— Como anda o caso da filha do governador?

— São informações sigilosas. Não posso nem imaginar elas perto de você. — Digo me levantando. 

Ela ri me jogando uma almofada. 

— Você é tão linda.

— Genética é maravilhosa amor, olha pra você. — Digo rindo.  

— Somos lindas mesmo. Ela diz olhando os dedos.  

— Quer me dizer alguma coisa? Hoje na hora do jantar você estava assim... 

— Eu estou gostando de uma garota Laura. Eu tô apaixonada na menina. Sonho beijando ela, fico excitada Laura. Mas eu gosto de p.u, gozei várias vezes com pênis...

Rio cuspindo o suco. 

Cinco minutos depois... 

Ainda estou rindo.

Me recupero.

Respiro fundo.

Me sento do seu lado. 

— E o que tem você gostar dela?

— O que os outros vão dizer?

— Você se preocupa com isso? Ninguém tem nada haver com sua vida. Somos livres, por que você não experimenta!? Cadê aquela mulher super liberal, revolucionária, moderna!?

— Ela está viva aqui dentro. Mas não é estranho? Me dê uma explicação pro que estou sentindo Laura.

— Lógico que não é estranho, você pode ser bissexual, pode ser lésbica e não sabe disso pois nunca provou uma mulher, se você tem vontade, beije, faça sexo com quem você quiser. Você sente tesão nela, simples assim. Conversa com ela Ué?! 

— Não. Ela tem namorado! 

— Então o que você vai fazer?

— Não sei. Me dê uma solução!? 

— Conheço muitas mulheres sempre se relacionaram com homens, algumas tem filhos, gostavam de estar com esses homens, mas que com o passar do tempo descobriram uma atração diferente por mulheres e que quando ficaram com mulheres, não quiseram mais saber de homens em suas vidas, em suas camas. A homossexualidade é uma característica meu bem. Algumas pessoas desde pequenas, quando começam sua fase de crescimento mental sabem dessa característica, sabem que são homossexuais, outras demoram um tempinho para descobrirem que possuem essa característica.

— Eu sempre me senti atraída sexualmente por mulheres, mas eu sempre pensei em o que os outros iriam dizer de mim, sempre tive medo do julgamento alheio, principalmente dos meus avós, então acabei anulando isso na minha cabeça, de poder gostar de uma mulher, em poder ficar com uma, eu também ainda não aceito muito bem esse fato, foi até começar gostar muito de Vitória e tudo voltar a tona e eu acreditar e confirmar para eu mesma que não sou hétero e que isso não é algo ruim. Só na minha primeira vez que não foi assim, mas para começar o ato sexual com algum rapaz, eu preciso assistir um pornô lésbico para entrar no clima. E eu não fiquei com tantos meninos que eu costumo dizer em rodinhas, sempre digo um número bem maior, só fiquei com quatro em toda minha vida.

— Ai meu Deus Gabriela. Deveria ter me falado cara, que sempre se sentiu atraída por mulheres. Estou me sentindo impotente.

— Você já tinha preocupações demais...

— Conversa com Jaqueline. Marca uma consulta pra amanhã! 

— Você já beijou mulher?

— Não. Exceto Valentina. Tínhamos sete anos. Foi na casa da vovó.

Ela ri. 

— Ela também já me beijou. Se falarmos isso hoje ela diz que é mentira. — Ela diz rindo. 

Rimos. 

— Acho que perdi minha bv com ela. Foi na casinha de ferramentas.

— Vai dormir que você estuda amanhã.

— Realmente estou com sono. Posso dormir na sua cama?

— Lógico. Só vou estudar um pouquinho e já vou me deitar.

— Boa noite e bons estudos? 

— Obrigada meu amor. Bom sonhos. Que você possa sonhar com sua amada.

— Digo beijando seu rosto. 

Rimos. 

— Para Laura. Não sei por que te falei, agora você vai ficar me zuando.

— Você me disse pois sou sua confidente. Só que deveria ter me falado antes, quando começou a se sentir diferente em relação as mulheres.

Ela ri andando pro meu quarto. 

Meu amorzinho.

Minha caçulinha.

Pego meu notebook.

Caso Allan Marques...

O jovem de vinte e quatro anos, desapareceu nesse último dia vinte e dois de maio de dois mil e dezesseis. Informações alegam que o jovem saiu de casa por volta das seis e vinte da manhã para ir a padaria que se localiza há dois quilômetros de sua residência. Ele comprou pães, biscoitos e outras quitandas. Segundo testemunhas no trajeto de volta para casa, o jovem entrou em um carro Mercedes na cor preta com placa de numeração ***225...

O veículo foi encontrado em um ferro velho no centro da cidade, sem nem um vestígio de Allan ou qualquer outra pessoa.

À polícia não encontrou nem um suspeito...

Talvez se fosse filho de alguém importante eles encontrariam um suspeito rapidinho...

Nem que para isso eles inventariam um "suspeito"...

Ontem fez onze dias que a filha do governador desapareceu e ninguém sabe aonde ela está...

O menino suspeito que foi espancado por Figueiredo não tem nada a ver com o sumiço da garota, seguimos todos os passos dele nos últimos dias, nada de diferente...

Pego meu celular.  

— Ângelo. Desculpa ta ligando agora?! 

Ele da uma risadinha. 

— Estou trabalhando ainda... Precisa de algo?

— Sim. O laudo que a perícia fez no carro que Allan entrou já está pronto!?

— Sim. Encontramos pigmentos de um fio de cabelo do próprio Allan. Também encontramos digitais no som do veículo. Estamos comparando com algumas que temos registrados na biblioteca de dados...

— Quando encontrar alguma coisa me diz.

— Sim senhorita. 

— Obrigada.

— Eh, Laura, você quer sair comigo amanhã? Um barzinho. Amanhã é aniversário da Bárbara a gente vai comemorar no BarHome.

— Posso te responder depois?

— Claro! Me deixou esperançoso com esse depois.

— Tchau. Obrigada pelo convite.

— Tchau Laura.

Desligo. 

Bebo um meu remédio para dormir. 

Me jogo na cama. Abraço minha irmã, a fazendo de almofada e dou um beijo em seu rosto. 

Ela sorri apertando minha mão. 

— Dorme. — Digo baixinho. 

— Você também.

Adormeço.

Continua...

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