11° Distrito
11° Distrito
Por: Viviane Barbosa
Capítulo 1

Laura

Acordo com o som do despertador e me levanto rapidamente.

Ai que dor de cabeça...

Ai meu Deus, é o meu celular, o nome do meu chefe pisca na tela. E pego o aparelho rápido.

Mensagem:

-- Você está atrasada!

-- Estou chegando. — Digito rapidamente. 

-- Vinte minutos Laura, ou esquece isso de eu te ajudar. Poxa Laura, eu nunca acobertei ninguém aqui na delegacia, aí você me faz isso, os poderosos estão pegando no meu pé. Sua sorte é que você tem mérito próprio e no concurso público arrasou.

— Estou chegando e muito obrigada por essa ajudinha.

Ele não responde. 

Tomo um banho rápido. Visto uma calça, uma camiseta do batalhão da polícia e uma jaqueta de couro. Amarro meu cabelo em um rabo de cavalo alto. E saio do quarto.

— Já vai? — Guilherme pergunta sem roupa, sentado na cama. 

— Sim. Estou atrasada na verdade. — Digo pegando minha mochila. 

— Vem me dar um beijinho!

Me aproximo dando um selinho. 

— Te amo Laura. — Ele diz beijando minha bochecha. 

Não digo nada. 

— Não vai dizer que me ama também?

Quase dei uma gargalhada. 

— Tchau.— Digo pegando meu celular. 

— Nossa Laura. Eu acabei de me declarar pra você.

— Para quantas você diz isso? Também não faz diferença. — Digo andando para sala. 

— Ainda está nessa que eu traí você!? Eu nunca tive nada com aquela menina e você sabe disso. — Ele diz segurando meu braço. 

— Não eu não sei disso! E vê se veste uma roupa que você não está na sua casa. — Digo puxando meu braço. 

— Já faz um ano que estamos juntos.Você ainda não confia em mim. Sempre muda de assunto quando digo sobre eu morar aqui com você...

— São dez meses que nos conhecemos e não estamos juntos. — Digo entrando no elevador. 

Chego no estacionamento. Espero que esse carro não me passe raiva hoje.

Ligo o carro e ele pega de primeira.

Passo pela guarita do prédio. 

Ligo o rádio. Aumento o volume e começo a cantar.

Oh, oh, oh

Oh, oh, oh

Oh, oh, oh

Oh...

Oh, oh, oh, oh, oh

Oh, oh, oh, oh

I'm radioactive, radioactive…

Oh, oh, oh, oh, oh

Oh, oh, oh, oh

I'm radioactive, radioactive...

— Let's go there baby...

Vinte minutos cravados chego na delegacia.

Respiro fundo, e entro no prédio. 

— Laura. — Luan diz sorrindo. 

— Oi Luan.

Entro na sala do meu superior. 

— Bom dia e desculpe o atraso. — Digo sorrindo. 

— Bom dia. Espero que não aconteça outra vez.

— Prometo que será a última vez que chego atrasada. — Digo analisando alguns papéis na minha mesa. 

— Seu primeiro caso. — Ele diz sorrindo. 

Estou trêmula. 

Respira.

— Até ontem eu só organizava seus artigos e seus inquéritos criminais. Eu era sua secretaria né!? Não que eu esteja reclamando, eu aprendi muito nesses três meses. — Digo. 

— Eu sei que o trabalho braçal é chatinho, mas eu já fui um psicólogo criminalista, um investigador forense com pós graduação que organizava documentos, você começa andar Laura, depois que você aprende a correr. Eu confio em você e em sua capacidade.

— Obrigada chefe, que tem um chefe, que tem um outro chefe, que é chefiado pelo governo estadual. Eh, teve um lado bom, aprendir ser mais organizada com papéis e apostilas.

— Eu sei que quando você prestou o concurso público para a Polícia, achou que se fosse aprovada, estaria agora cuidando de caso de serial kilers, fazendo negociações em sequestros, analisando cenas de crimes.

Sorrio. 

— Exatamente isso.

— Todo emprego é assim Laura. — Bom, vou deixar você estudar seu caso, qualquer dúvida que tiver me pergunte!?

— Ok e obrigada!? — Digo colocando meus óculos. 

Leio e releio a enorme apostila. Já me entregaram um inquérito quase pronto. 

Assim não é válido.

Já recolheram todas as informações.

Poderiam ter deixado eu fazer isso. 

Já até prenderam a principal suspeita.

Fazer o que né?!

[...]

Chego no meu trabalho. Sorrio. Já apurei varios casos que foram resolvidos com sucesso. Pude ir na cena de um crime, Analisei objetos, Interroguei testemunhas.

— Bom dia doutora? — Paulo diz sorrindo.

— Bom dia! — Digo sorrindo sensualmente.

Ele é muito gato.

Meu telefone toca e nem vejo quem é, já atendendo.

— Alô?

— Aonde você está Laura?

Suspiro.

— No trabalho né Guilherme!

— Por que você não respondeu minhas mensagens ontem!? — Ele diz bravo.

— Eu tinha mais coisas para fazer, coisas bem mais importantes.

— Então é isso Laura!? Você vai ficar me esnobando!? Ta distante...Faz quinze dias que não me liga, que não me procura...

— Tchau Guilherme.

Desligo o celular. Colocando dentro da bolsa. 

Ele é gostosinho, mas tá ficando chato e grudento. Não quero um "namorado" assim. Eu sei que ele já me traiu várias vezes. Eu também não sou Santa, Já traí ele.

Acho que já passou da hora de acabar esse "romance" enjoativo.

Não gosto dele  como  eu gostava no começo. Eu era apaixonada por ele.

A paixão foi morrendo cada vez que eu descobria que ele me traía com uma mulher diferente. "Até com minha prima". Esses canalhas são ótimos em me trair com minhas primas.

A paixão morreu, mas o desejo carnal permaneceu. Infelizmente ele é bom de cama e é o que tenho no momento, mas já deu isso, acabou, não quero mais, posso me satisfazer sozinha.

Sorrio lembrando de um dia curioso.

— Laura?

Meu chefe diz rindo.

— Ai desculpa. — Digo olhando no computador.

— O que foi?

— Problemas em relacionamentos amorosos.

Ele sorri.

— Descobriu traições?

— Isso é antigo já, ele sempre me traía e sempre negava, eu também já traí ele, agora preciso encontrar uma maneira de acabar com tudo sem magoar o rapaz. Nosso relacionamento é um pouco estranho, não tenho paciência de sair para comer fora, de andar de mãos dadas no shopping, tomar sorvete, fazer essas coisas de namoradinhos. Meu negócio é corpo a corpo, se é que me entende?! Isso sim eu gosto nesse "relacionamento". Mas na cabecinha do cidadão, somos bem mais. Já faz planos de casamento, acho que sou um pouco culpada, ele tem vinte e três anos, namorou uma vez na vida e eu deixei esse lance casual ir longe demais. Fiquei uma vez e gostei, depois fui ficando outras vezes. Estamos dormindo juntos a dez meses.

Ele ri alto.

— Ele é aqueles garotos mimados pelos pais, que não aceita ouvir um não como resposta, ele já disse uma vez que se eu terminasse com ele, ele iria se matar. Mesmo me traindo ele tem a coragem de dizer isso. Ele também se esquece que sou psiquiatra, ele acha que não sei que na cabeça dele eu sou um troféu que ele mostra para todos. As vezes ele me trata como uma menina de quatorze anos, acha que sou inocente, tenta me enganar, me chantagear, me fazer de submissa dele, mente na cara dura, tenta me manipular...

Ele arregala os olhos.

— Poxa é sério então, eu aqui rindo! Conversa com a família dele, deixa eles apar de tudo.

— É exatamente o que eu irei fazer. Eu não gosto dele sabe!?

Exceto na cama. Mas esse desejo ta acabando.

— Não quero continuar um relacionamento com uma pessoa que eu não gosto de verdade. Eu conheço ele, ele jamais iria tentar algo contra sua própria vida, o que me deixa mau é ele tentar fazer uma chantagem emocional comigo, logo eu. Eu sei que todos os homens não são iguais, espero que você não se encaixe nesse grupo de homens que querem ter as mulheres como submissas.

— Sua sanidade mental e você mesma em primeiro lugar sempre. Não vale a pena. Só sofrimento que ambas as partes sofrerão. Eu sou homem, cis, me considero desconstruido, já fui machista, mas ainda bem que eu reconheci isso há tempo, mudei para melhor e eu sou gay Laura. — Ele diz sorrindo.

Ai meu Deus.

— Tenho um namorado. Noivo na verdade.

Sorrio abraçando ele.

— Obrigada por ter me falado!?  Eu já tava incriminando você, elogiando meus sapatos, meu cabelo, disse que sou linda.

Ele ri.

— Eu tava tentando fazer você perceber que eu sou homexessual. Ainda sou seu chefe!

Gargalho.

— Então você tem um noivo?

— Tenho. André. — Ele diz me mostrando um foto deles dois.

— Ele é bonito né?

— É, bonitão, musculoso né!?

— O Paulo também é gay. — Ele diz sorrindo.

Ah.

— Eu tava interessada nele. — Digo colocando a mão no peito.

— A gente já teve um lance passageiro.

— Poxa.

Rimos.

— Vamos trabalhar né!?

— Vamos. — Digo.

Continua...

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo