Laura
Acordo com o som do despertador e me levanto rapidamente.
Ai que dor de cabeça...
Ai meu Deus, é o meu celular, o nome do meu chefe pisca na tela. E pego o aparelho rápido.
Mensagem:
-- Você está atrasada!
-- Estou chegando. — Digito rapidamente.
-- Vinte minutos Laura, ou esquece isso de eu te ajudar. Poxa Laura, eu nunca acobertei ninguém aqui na delegacia, aí você me faz isso, os poderosos estão pegando no meu pé. Sua sorte é que você tem mérito próprio e no concurso público arrasou.
— Estou chegando e muito obrigada por essa ajudinha.
Ele não responde.
Tomo um banho rápido. Visto uma calça, uma camiseta do batalhão da polícia e uma jaqueta de couro. Amarro meu cabelo em um rabo de cavalo alto. E saio do quarto.
— Já vai? — Guilherme pergunta sem roupa, sentado na cama.
— Sim. Estou atrasada na verdade. — Digo pegando minha mochila.
— Vem me dar um beijinho!
Me aproximo dando um selinho.
— Te amo Laura. — Ele diz beijando minha bochecha.
Não digo nada.
— Não vai dizer que me ama também?
Quase dei uma gargalhada.
— Tchau.— Digo pegando meu celular.
— Nossa Laura. Eu acabei de me declarar pra você.
— Para quantas você diz isso? Também não faz diferença. — Digo andando para sala.
— Ainda está nessa que eu traí você!? Eu nunca tive nada com aquela menina e você sabe disso. — Ele diz segurando meu braço.
— Não eu não sei disso! E vê se veste uma roupa que você não está na sua casa. — Digo puxando meu braço.
— Já faz um ano que estamos juntos.Você ainda não confia em mim. Sempre muda de assunto quando digo sobre eu morar aqui com você...
— São dez meses que nos conhecemos e não estamos juntos. — Digo entrando no elevador.
Chego no estacionamento. Espero que esse carro não me passe raiva hoje.
Ligo o carro e ele pega de primeira.
Passo pela guarita do prédio.
Ligo o rádio. Aumento o volume e começo a cantar.
Oh, oh, oh
Oh, oh, ohOh, oh, ohOh...Oh, oh, oh, oh, oh
Oh, oh, oh, ohI'm radioactive, radioactive…Oh, oh, oh, oh, oh
Oh, oh, oh, ohI'm radioactive, radioactive...— Let's go there baby...
Vinte minutos cravados chego na delegacia.
Respiro fundo, e entro no prédio.
— Laura. — Luan diz sorrindo.
— Oi Luan.
Entro na sala do meu superior.
— Bom dia e desculpe o atraso. — Digo sorrindo.
— Bom dia. Espero que não aconteça outra vez.
— Prometo que será a última vez que chego atrasada. — Digo analisando alguns papéis na minha mesa.
— Seu primeiro caso. — Ele diz sorrindo.
Estou trêmula.
Respira.
— Até ontem eu só organizava seus artigos e seus inquéritos criminais. Eu era sua secretaria né!? Não que eu esteja reclamando, eu aprendi muito nesses três meses. — Digo.
— Eu sei que o trabalho braçal é chatinho, mas eu já fui um psicólogo criminalista, um investigador forense com pós graduação que organizava documentos, você começa andar Laura, depois que você aprende a correr. Eu confio em você e em sua capacidade.
— Obrigada chefe, que tem um chefe, que tem um outro chefe, que é chefiado pelo governo estadual. Eh, teve um lado bom, aprendir ser mais organizada com papéis e apostilas.
— Eu sei que quando você prestou o concurso público para a Polícia, achou que se fosse aprovada, estaria agora cuidando de caso de serial kilers, fazendo negociações em sequestros, analisando cenas de crimes.
Sorrio.
— Exatamente isso.
— Todo emprego é assim Laura. — Bom, vou deixar você estudar seu caso, qualquer dúvida que tiver me pergunte!?
— Ok e obrigada!? — Digo colocando meus óculos.
Leio e releio a enorme apostila. Já me entregaram um inquérito quase pronto.
Assim não é válido.Já recolheram todas as informações.Poderiam ter deixado eu fazer isso. Já até prenderam a principal suspeita.Fazer o que né?![...]
Chego no meu trabalho. Sorrio. Já apurei varios casos que foram resolvidos com sucesso. Pude ir na cena de um crime, Analisei objetos, Interroguei testemunhas.
— Bom dia doutora? — Paulo diz sorrindo.
— Bom dia! — Digo sorrindo sensualmente.
Ele é muito gato.
Meu telefone toca e nem vejo quem é, já atendendo.
— Alô?
— Aonde você está Laura?
Suspiro.
— No trabalho né Guilherme!
— Por que você não respondeu minhas mensagens ontem!? — Ele diz bravo.
— Eu tinha mais coisas para fazer, coisas bem mais importantes.
— Então é isso Laura!? Você vai ficar me esnobando!? Ta distante...Faz quinze dias que não me liga, que não me procura...
— Tchau Guilherme.
Desligo o celular. Colocando dentro da bolsa.
Ele é gostosinho, mas tá ficando chato e grudento. Não quero um "namorado" assim. Eu sei que ele já me traiu várias vezes. Eu também não sou Santa, Já traí ele.
Acho que já passou da hora de acabar esse "romance" enjoativo.
Não gosto dele como eu gostava no começo. Eu era apaixonada por ele.
A paixão foi morrendo cada vez que eu descobria que ele me traía com uma mulher diferente. "Até com minha prima". Esses canalhas são ótimos em me trair com minhas primas.
A paixão morreu, mas o desejo carnal permaneceu. Infelizmente ele é bom de cama e é o que tenho no momento, mas já deu isso, acabou, não quero mais, posso me satisfazer sozinha.
Sorrio lembrando de um dia curioso.
— Laura?
Meu chefe diz rindo.— Ai desculpa. — Digo olhando no computador.
— O que foi?
— Problemas em relacionamentos amorosos.
Ele sorri.
— Descobriu traições?
— Isso é antigo já, ele sempre me traía e sempre negava, eu também já traí ele, agora preciso encontrar uma maneira de acabar com tudo sem magoar o rapaz. Nosso relacionamento é um pouco estranho, não tenho paciência de sair para comer fora, de andar de mãos dadas no shopping, tomar sorvete, fazer essas coisas de namoradinhos. Meu negócio é corpo a corpo, se é que me entende?! Isso sim eu gosto nesse "relacionamento". Mas na cabecinha do cidadão, somos bem mais. Já faz planos de casamento, acho que sou um pouco culpada, ele tem vinte e três anos, namorou uma vez na vida e eu deixei esse lance casual ir longe demais. Fiquei uma vez e gostei, depois fui ficando outras vezes. Estamos dormindo juntos a dez meses.
Ele ri alto.
— Ele é aqueles garotos mimados pelos pais, que não aceita ouvir um não como resposta, ele já disse uma vez que se eu terminasse com ele, ele iria se matar. Mesmo me traindo ele tem a coragem de dizer isso. Ele também se esquece que sou psiquiatra, ele acha que não sei que na cabeça dele eu sou um troféu que ele mostra para todos. As vezes ele me trata como uma menina de quatorze anos, acha que sou inocente, tenta me enganar, me chantagear, me fazer de submissa dele, mente na cara dura, tenta me manipular...
Ele arregala os olhos.
— Poxa é sério então, eu aqui rindo! Conversa com a família dele, deixa eles apar de tudo.
— É exatamente o que eu irei fazer. Eu não gosto dele sabe!?
Exceto na cama. Mas esse desejo ta acabando.
— Não quero continuar um relacionamento com uma pessoa que eu não gosto de verdade. Eu conheço ele, ele jamais iria tentar algo contra sua própria vida, o que me deixa mau é ele tentar fazer uma chantagem emocional comigo, logo eu. Eu sei que todos os homens não são iguais, espero que você não se encaixe nesse grupo de homens que querem ter as mulheres como submissas.
— Sua sanidade mental e você mesma em primeiro lugar sempre. Não vale a pena. Só sofrimento que ambas as partes sofrerão. Eu sou homem, cis, me considero desconstruido, já fui machista, mas ainda bem que eu reconheci isso há tempo, mudei para melhor e eu sou gay Laura. — Ele diz sorrindo.
Ai meu Deus.
— Tenho um namorado. Noivo na verdade.
Sorrio abraçando ele.
— Obrigada por ter me falado!? Eu já tava incriminando você, elogiando meus sapatos, meu cabelo, disse que sou linda.
Ele ri.
— Eu tava tentando fazer você perceber que eu sou homexessual. Ainda sou seu chefe!
Gargalho.
— Então você tem um noivo?
— Tenho. André. — Ele diz me mostrando um foto deles dois.
— Ele é bonito né?
— É, bonitão, musculoso né!?
— O Paulo também é gay. — Ele diz sorrindo.
Ah.
— Eu tava interessada nele. — Digo colocando a mão no peito.
— A gente já teve um lance passageiro.
— Poxa.
Rimos.
— Vamos trabalhar né!?
— Vamos. — Digo.
Continua...
LauraFiquei a manhã toda resolvendo alguns inquéritos,no meu computador, quando Fabiano se senta na minha frente e me dá uma pasta de arquivos.— Eu te mostrei àquele caso, da filha do governador!?— Sim! Ela desapareceu há dois dias, ninguém sabe aonde ela está, não tiveram notícias...— Exatamente. Eu preciso dar uma volta, você analisa o caso dela para mim?— Lógico! — Digo me sentando na sua mesa.Ele sai e fecha a porta.Leio a atla feita por meu chefe.Grifo as partes importantes.Natália Albuquerque Dutra, de dezenove anos desapareceu nessa última quinta-feira, onze de maio de dois mil e dezesseis. Segundo informações a filha do governador saiu pela manhã no intuito de ir a faculdade. Informações de colegas e professores, relatam que Natália foi vista no pátio da faculdade horas antes do desaparecimento. Câ
Doze dias depois...LauraAcordo assustada com alguém batendo na porta.— Laura? — Gabriela diz batendo descontroladamente na porta.Me levanto rapidamente.— Oi. — Digo abrindo a porta.— Guilherme está fazendo um escândalo lá fora.— Ai meu Deus! — Digo colocando um roupão de seda.— Você vai descer Laura!?— Não. Irei fazer algo que já deveria ter feito há muito tempo. Esse cara não me deixa em paz, hoje mais cedo ele foi na delegacia, ficou lá até o fim do meu expediente. — Digo pegando meu celular.— Você vai ligar para polícia?— Sim, não estou suportando isso mais. Antes que seja tarde. Ele foi no meu trabalho me perguntando se eu tinha outro homem, disse que tinha comprado uma arma.Ela arregala os olhos.— Laura meu amor abre a porta! — Ele grita.— Polícia vinte quatro horas. Me chamo Ângela em que posso te ajudar?— Quero fazer uma denúncia.
LauraEstou saindo da delegacia que fiz a denúncia contra Guilherme. Roger pediu uma medida protetiva que já foi assinada por um juiz. Não gostei disso. Ele agilizou tudo pois trabalho na polícia.Estaciono na delegacia onde trabalho.Entro na minha sala.— O delegado quer conversar com você na sala dele. — Larissa diz.Me levanto trêmula, e vou até a sala.— Senta Laura! — Ele diz sorrindo. Que nojo desse cara.— Não obrigada. Diz logo, pois tenho que ler muitos documentos e montar alguns inquéritos.Ele joga uma caixa cheia de apostilas encima da mesa.— Fabiano não vem hoje. O baitola tá dodói. — Ele diz sorrindo pegando a primeira por cima das outras.— Era isso!? — Me chamou aqui para cuspir sua homofobia?— Não. — Ele diz se levantando.Se aproxima.Ele me entrega a apostila.Minha denúncia contra ele.<
LauraChego em casa depois das oito da noite.Estou exausta. Ligo a banheira. Jogo espuma e alguns sais de banho.Pego o celular...— Cheguei em casa. — Digo tirando minha roupa.— Eu disse para a Vitória.— O que ela disse? Qual foi a reação dela? Me diz!— Calma acelerada. Ela não disse nada, só pediu para eu ir embora. Estou na casa do Ramón e da Kátia.— Ohh meu bem. Como você está?— Mal, porém me sinto livre.Sorrio colocando o celular no viva-voz encima da tampa da privada, e entro na banheira maravilhosa com a água quentinha.— Não sei o que dizer.— Acho que vou demorar chegar em casa. Vou em um barzinho com meu casal favorito. Quer ir com a gente, passamos aí?— Cheguei do trabalho quase morta hoje.Ela gargalha.— Dramática.— Isso não fere uma leonina. — Digo brincando com a espuma.Ela ri.— Vou encher a cara hoje, chapar o c
Laura- Os pertences da garota. - Lucas diz sorrindo.- Obrigada.Ele tinha me ligado ontem para dizer que ele e Brenno fizeram a busca e apreensão.- Bom dia. - Fabiano diz.- Eu senti muito sua falta.- Fiquei downte. Suspeita de dengue acredita!?- Mas você está bem agora né!?- Estou melhor.- Tenho novidades sobre o caso Allan Oliveira. - Digo fechando a porta.Explico tudo para ele.- Você é genial Laura.- Tive um dos melhores professores.- Você fica responsável por montar o inquérito dos dois casos.Meus olhos se arregalam.- Exatamente. Dois dias eu ficando fora, você descobriu isso de Allan comprar armas na internet, conseguiu os pertences de Natália, ainda teve a perspicácia de comparar as digitais dos dois veículos encontrados. Esse caso é seu. Descubra quem é essa pessoa que estava dirigindo esses dois carros e construa respostas.- Irei ana
LauraComeço o interrogatório com Aline. Que me parece assustada.- Meu nome é Laura Goulart Brandão, sou investigadora criminalista, psiquiatra e ontem fui nomeada Inspetora chefe de investigações do estado. Eu chamei Aline aqui, pois preciso de informações sobre Natália. Eu sei que vocês são bem próximas, moram juntas em um apartamento no Centro.Ele diz algo para ela.- Estou disposta a tentar responder todas suas perguntas. - Ela diz sorrindo.- Que ótimo.- A gente até achou estranho vocês não procurarem a família para saber mais informações de Natália. - Valter diz.- Teve mudanças no grupo de investigadores do caso.- Então não era a senhora quem estava cuidando do caso de Natália?- Não. Era meu colega de profissão com o auxílio do delegado Figueiredo. Eu estava cuidando de outros casos, mas meu colega de profissão ficou doente aí eu assumi.- Entendi.- Podemos começar?- Sim. - Aline
Três dias depois...Sérgio— Desce. — O policial diz me puxando de uma vez.Nem sei por que estão me tratando assim. Muitas pessoas me olham.— O que você fez com meu filho? — Uma mulher me acerta um tapa no rosto.— Calma minha senhora. — Um policial segura ela.— Eu vou matar você. — O homem diz apontando o dedo no meu rosto.Entramos no que presumo ser a delegacia.Não posso ficar aqui. Os onze vão mandar me matar tenho certeza.Não quero voltar pra àquele lugar. Prefiro morrer.Mas como vou fazer pra ajudar os outros se eles me matarem? Por que estou aqui? Eles com certeza sabem que eu fugi. Faz vinte dois dias. Na verdade eu tava desconfiando desse silêncio todo deles. Eu já previa que em algum momento seria preso. Agora é manter a calma, esperar o momento certo e colocar em prática tudo que aprendi de útil naquele inferno e tudo que treinei nesses vinte e dois dias.[...]
SérgioO homem e a mulher saem nos deixando "sozinhos". Sei que eles observam tudo do outro lado daquele vidro.A Inspetora me olha fixamente.Ela é muito bonita e atraente. Tem um perfume muito agradável. Consigo sentir o gosto adocicado do perfume na minha boca."Queremos ajudá-lo, então não diga nada, eles tentarão tudo para obter as informações, daqui onze dias o ajudamos, envolva-os"...Nunca vi aquele homem que disse isso...Não quero ajuda deles. Eu não sou burro. Se eu disser tudo agora, acabo com a chance de tirar todos de lá. Pior, eles podem matar todos. Mas posso usar isso ao meu favor. Já que tem infiltrados deles aqui na polícia.— Infelizmente não conseguir um defensor público para o momento. No máximo dois dias para conseguir um para seu caso.Está tentando jogar comigo doutora. Vamos ver até onde a senhora consegu