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As duas bestas
Inglaterra, século XIXAmelie— Hmm… Que barulho irritante…Forcei-me a abrir os olhos. Que barulho insistente é esse essa hora da noite? Será algum vizinho? — O que… Arthur? Willian? — Chamei, eu estava sozinha na cama.Estava frio, o braseiro perto não estava sendo suficiente. Arrastei-me para a beirada da cama, o quarto estava escuro, a vela já tinha acabado.— Willian? Arthur? — Chamei mais uma vez e apenas escutei novamente aquele barulho que parecia vir da cozinha.Descalça, apenas coloquei o robe grosso por cima da camisola, a madeira deixava o chão menos frio nessa época de inverno. A casa feita de tijolos não tinha revestimento, então, era um pouco mais úmido, mas já havia um tempo que não desfrutava de conforto. Era o preço a se pagar pelo meu pecado. O pecado era tentador e, às vezes, não se conseguia mais sair dele, eu já não pensava tanto a respeito.O barulho insistente vinha da cozinha, a porta dos fundos estava aberta, o vento a levava e trazia com força. Um pouco
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Ela tem a marca da besta, é amaldiçoada
Um ano antes…AmelieA carruagem parou e apertei a saia do vestido com as mãos enluvadas. Estava cansada, foi uma viagem longa.Olhei para a senhora na minha frente que ainda me encarava com rigor. O rosto enrugado contribuía para uma expressão mais severa, mas ela não parecia ser uma mulher feliz. Dizem que mulheres solteiras ficam amargas com o passar do tempo.Senhora Olga era a governanta da casa do meu marido, eu nunca o vi pessoalmente, porém, ele teve o cuidado de mandar sua serviçal mais fiel para me acompanhar. Bem, a julgar pela maneira que tudo aconteceu, achei o gesto atencioso. A porta foi aberta e o cocheiro estendeu a mão, sem dizer uma palavra, Olga se levantou para sair sob o auxílio do homem. Respirei fundo sentindo a atmosfera suavizar depois de sua saída, ela me julgava com um olhar impiedoso, como se eu não fosse suficiente para ser sua nova senhora.Levantei finalmente no pequeno espaço e aceitei a mão do homem de meia idade para descer o degrau da carruagem. O
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Um matrimônio deve ser abençoado por Deus
Amelie— O senhor Albert estará de volta em breve, por agora, a senhora deve desfazer suas bagagens e descansar. — Ela apontou para as escadas antes de caminhar até elas, resignada, a acompanhei. — A refeição é servida às dezessete horas pontualmente, o senhor Albert detesta atrasos, então, por favor, esteja atenta a isso.— Estarei, obrigada por informar.— Uma criada virá para ajudá-la a se lavar e a ficar apresentável para logo mais. Peço que permaneça no seu quarto por enquanto e só saia na hora que for chamada.Olga abriu uma das portas escuras do corredor. O quarto espaçoso tinha o necessário para atender uma dama. Uma cama ao centro com dosseis claros, uma penteadeira em madeira escura com alguns detalhes entalhados, principalmente em volta do espelho redondo. Havia um tapete bem bordado que ocupava quase todo o lugar, em um canto, uma cômoda grande e bem polida, no outro, uma divisória parcialmente dobrada separava o quarto de uma banheira.A janela alta deixava bastante luz e
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Obediência
Amelie— Senhora? — Ah, sim, Ana. — Assustei-me com seu chamado, estava distraída o suficiente para perder a noção de tempo.— Está pronto.— Certo. Me ajude com as vestes, sim?— Com sua licença. — Ana se aproximou e desfez o laço do cordão que prendia o espartilho. Apesar de acostumada com seu ajuste, me causava alívio quando o retirava. Levantei-me para ajudá-la e peça por peça foi retirada até restar a camisola que usava por baixo. Meus cabelos foram soltos e revelaram os cachos grandes.— Se me permite, senhora, és tão bela quanto um anjo.— Obrigada, Ana. Minha mãe que foi agraciada por tal beleza, eu apenas herdei alguns dos seus traços. — Olhei-me no espelho da penteadeira. De fato, eu herdei os cabelos dourados cheios de cachos, os olhos azuis e lábios naturalmente pintados em um rosa mais acentuado. Mas essa beleza sempre foi condenada em todas as vezes que o padre me mandava esconder meu olhar sedutor devido a minha maldição. Assim eu fazia, ajoelhava e rezava até que m
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Não saia do seu quarto à noite, Amelie
Amelie— Ótimo, agora vamos jantar.Olga se aproximou e tirou a tampa do pote de louça refinada, o cheiro de sopa se espalhou, estava agradável, ao menos minha fome não tinha diminuido com esse início de conversa.Ela serviu uma concha cheia em meu prato e achei pouco, mas não questionei. Eu devia ter comido os biscoitos que Ana levou junto ao chá depois do meu banho. A sopa de legumes estava saborosa, era uma refeição apropriada para aquele horário.Por um tempo, apenas se ouviu o leve roçar dos talheres nos pratos fundos. Eu comi devagar, não esquecendo dos bons modos que aprendi e isso pareceu agradar meu marido, pois notei seu olhar. De certa forma, isso me deixava satisfeita.Depois disso, ele guiou-me até a sala, mas não se sentou tão próximo. Albert acendeu um cachimbo e sentou em uma poltrona confortável próximo a lareira acesa.— Amelie, é importante que saiba que nesta casa há algumas regras importantes a serem seguidas e, de forma alguma você deve desobedecer ou não hesitar
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Um pesadelo
AmelieMe apressei e vesti a camisola longa, ela cobria desde meu pescoço até meus pés, porém, os botões na frente em forma de pérolas podiam ser abertos se assim meu marido desejasse. Havia outras camisolas mais abertas, porém, essa em especial, mostravam minha pureza e pudor, era o que eu deveria mostrar ao meu marido na primeira noite. Acendi as velas que tinham se apagado no candelabro, depois peguei o rosário e me ajoelhei aos pés da cama. Eu deveria rezar até que meu marido chegasse.Não muito tempo depois, Albert entrou no quarto. Levantei devagar e aguardei. Ele tirou o colete e abriu alguns botões da camisa. pude ver os pelos fartos de seu peito, mas desviei a atenção daquele lugar momentaneamente. Meu peito subia e descia mais intensamente e apertei o rosário em minha mão. Ele observou meu gesto e continuou se despindo. Quando ficou com sua roupa de baixo, virei o rosto. Eu nunca vi um homem nu e logo ele estaria, mesmo sendo meu marido, parecia errado que eu olhasse. —
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Aquela porta não deve ser ultrapassada
Amelie— O senhor Albert saiu antes do sol nascer e retornará antes do jantar.— Tão cedo… — murmurei, mas fui ouvida.— Como pôde perceber, essa casa é distante. Há vilarejos nas proximidades, mas o senhor Albert mantém um escritório em uma cidade grande, isso requer algum tempo de viagem por dia, às vezes ele nem retorna para casa.— Certo, obrigada por esclarecer, eu ainda não sei muito a respeito do meu marido. — Minha justificativa foi acompanhada de constrangimento.— Pergunte-me o que desejar saber, é a minha obrigação como governanta desta casa esclarecer suas dúvidas, claro, dentro do que me está autorizado.— Tudo bem, obrigada pela dedicação, senhora Olga.Ana retornou ao quarto carregando um balde com dificuldades, ela estava um pouco vermelha pelo esforço, mas quando olhou para Olga, ela se encolheu e seguiu para a banheira no canto.— Agora levante-se, levarei os lençois para serem lavados.— Ah, sim, desculpe a demora. — Levantei-me um pouco afobada e ajeitei a camisola
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Aflições
Dias depois…AmelieO cavalete apoiava a tela na minha frente, a imagem que apareceu para mim com frequência estava desenhada com riqueza de detalhes. Mais uma vez, retratei aquela mulher que aparecia morta em meus sonhos. Eram os mesmos olhos vidrados, fixos em mim, mesmo em desenho, estavam olhando-me. Olhos castanhos escuros, assim como os cabelos.Meus dedos estavam sujos com o pó do lápis escuro que já tinha apontado tantas vezes, agora restava apenas um pequeno pedaço. Esse bonito dom de fazer desenhos, agora só retratava minha obsessão e loucura devido a intermináveis noites em claro depois de ver aquela mulher morta sobre minha cama.A ausência de cores também não mudava o vermelho vivo daquele sangue que estava bem nítido em minha mente, eu quase podia sentir o odor ferroso e único.Os dias se tornaram sombrios, barulhentos. O som daquelas correntes sendo arrastadas se repetiam nos meus ouvidos como uma canção.Sentia que estava enlouquecendo, nem mesmo as rezas constantes
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Coração inquieto
AmelieO sabor suave da batata refogada na manteiga aromatizada arrancou-me um leve suspiro, decerto a cozinheira tinha mãos habilidosas, um talento que seria melhor aproveitado em grandes banquetes.No entanto, o silêncio mórbido tirava-me todo o prazer ao degustar o jantar. As velas abundantes no centro da mesa e em alguns pontos do cômodo faziam-me enxergar até os mínimos detalhes da refeição, inclusive, a expressão mais fechada de Albert, e eu sabia bem o motivo.— Avise-me quando os dias de suas regras terminarem — disse ele em tom seco. — Certo. — Parei o garfo no meio do caminho e o retornei para o prato. — Eu gostaria de lhe fazer um pedido, Albert.— Faça.— Bem… — Hesitei por um momento, tinha medo da sua recusa. — Eu gostaria de ir à missa ou apenas visitar a igreja em um dia possível.— Não é suficiente fazer suas orações em casa?— Não, sinto-me em falta com Deus por não ir em sua casa.Albert limpou os lábios com o guardanapo e o colocou ao lado do prato. Ele fitou-me l
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Desobediência
Aviso: Capítulo sensível. Por favor leia com discernimentoAmelieCaminhei até a porta e encostei-me na madeira, mas em seguida, dei um pulo para trás devido ao som feral. Esse som era familiar, desde que cheguei nesta casa eu escutava, no entanto, hoje estava diferente, como se estivesse em sofrimento.E, às vezes, parecia mais de um. Eu também sentia como se me chamasse, hoje em especial. Contudo, devia ser apenas um delírio, assim como os pesadelos. Como eu posso saber se nesse momento sinto-me tão sem direção e distante de Deus?Eu não queria mais pensar nisso, muito menos ouvir.Busquei o candelabro de uma única vela e abri a porta. O corredor estava escuro e frio. Ainda descalça, caminhei devagar seguindo os sons que continuavam, porém, às vezes pareciam apenas lamentos.A madeira do chão fazia barulhos mais altos do que eu gostaria, mesmo com meu esforço para andar com leveza. Meu coração batia forte pelo medo do que poderia encontrar, mas também pelo medo de ser pega descump
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