Fellipo voltou para o apartamento, mas a conversa com Leonardo e Fernando ecoava na cabeça dele como um eco interminável. Ele se jogou no sofá, as luzes apagadas, encarando o teto enquanto as palavras se misturavam com os gritos de Cecília que ele já ouvira em tantas noites de desespero."Eu te odeio, Fellipo! Por que você tá fazendo isso comigo?"A voz dela pulsava como uma lâmina. Ele fechava os olhos, mas a imagem dela chorando insistia em aparecer, junto com a lembrança da promessa que fez à mãe."Você é igual ao seu pai. Um dia, vai machucar quem você ama."Ele se encolheu no sofá, levando as mãos à cabeça.— Eu não sou ele... — murmurou para si mesmo, mas as palavras soavam fracas, sem peso.As cenas se atropelavam. A mãe encolhida no chão do banheiro, chorando enquanto esfregava o próprio corpo porque o pai disse que ela estava "imunda". Ele, com 10 anos, estendendo uma toalha pra ela, prometendo que nunca faria isso com ninguém.Mas, então, ele lembrava de Cecília fugindo dele.
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