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Após o momento intenso de amor que viveram, Elisa e Fernando dormiram de exaustão. Quando Elisa despertou, sentiu beijos delicados em seu rosto, se moveu preguiçosamente na cama e gemeu baixinho de satisfação quando percebeu que tudo tinha sido real.— Meu amor, você precisa se alimentar. Aquela voz rouca, capaz de deixá-la zonza, soou em seus ouvidos.Elisa sentou-se na cama devagar, cobrindo o corpo com o lençol, então viu a bandeja com uma espécie de sopa e alguns pães repousados em cima da cama. O cheiro estava maravilhoso. Então, percebeu que realmente estava faminta. Fernando vestia apenas uma camisa de linho e calça casual, ainda assim lindo. A forma como a olhava lhe deixava mais envolvida, um olhar tênue cheio de carinho. Devagar, se aproximou e tocou seus lábios em um beijo leve e delicado. Elisa recebeu e saboreou cada segundo daquele toque. Não pôde deixar de pensar sobre o que seria dali em diante e de como fariam as coisas. Mas Fernando agia naturalmente e estava pleno,
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Antônia Valença.Estavam indo ao boticário na cidade. Antônia havia dito que desejava encomendar alguns cremes que Elisié lhe dissera, mas na verdade, iria mesmo enviar um cartão postal para Fernando. Tinha levado Joana para que ela distraísse a senhora Mazé, que só reclamava do calor insuportável dentro da carruagem enquanto se abanava com seu leque.As coisas em casa não andavam nada bem, desde o sumiço de Elisa e Fernando, sua mãe e Manuel pareciam mais mal humorados do que nunca. Antônia tinha inventado uma suposta prima que Elisa tinha lhe dito ter em Campo Grande, aquilo só fez atrasar a busca e Manuel ficou furioso quando seus capangas retornaram descobrindo que a tal prima não existia.Ainda estavam nos arredores da fazenda dentro da carruagem quando Antônia olhou pela janela e viu algo que lhe chamou atenção. Entre os pastos verdejantes, havia uma pessoa debaixo de uma árvore e ao seu lado um cachorro sentado rigidamente como se o protegesse, uma espécie de vira-lata com past
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Após cerca de uma hora, Antônia foi levada ao quartinho por um servo. Sentia pavor daquele lugar. Se recordou de todas as vezes em que a pobre de sua irmã esteve presa ali, e Fernando também. O lugar era naturalmente escuro, estreito e úmido. Havia apenas uma pequena lamparina que iluminava o ambiente. As paredes de pedra estavam descascadas e cheias de teias de aranhas, causando arrepios em sua pele. Ela se jogou no colchão de palhas, receosa de que tivesse algum tipo de inseto, como ratos, escorpiões ou até mesmo aranhas. Estava angustiada, pois Manuel certamente iria atrás de Elisa e Fernando, de alguma forma se sentia culpada.De repente, uma voz masculina agitou seus pensamentos.— A senhorita está aqui por minha causa?— perguntou um tanto aflito.Ela se levantou, forçou a grade e abriu a cela com facilidade, pois estava muito velha e não prendia mais, foi ao encontro daquela voz, se lembrou de que Joaquim também estava ali. O encontrou sentado com a mão ali naquele mesmo lugar q
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O retorno foi doloroso para ambos, tanto Fernando quanto Elisa sabiam que estar de volta a Serrana significava ficar bem longe um do outro. Enquanto não resolvessem a situação civil de Elisa, não poderiam correr o risco de serem vistos como amantes, pois além de ser um escândalo e manchar o nome de Elisa, poderia pôr fim a todas as chances de anular o casamento. Os dois sabiam muito bem o que precisavam fazer, só não sabiam se conseguiriam fazer, que é se manterem distantes.A viagem tinha sido exaustiva, chegaram quase na hora do jantar. Elisa sentiu os braços e os lábios de Fernando pela última vez, ainda dentro da carruagem de aluguel. Entre suspiros e lágrimas, não conseguiram dizer nenhuma palavra ou promessa.Assim que adentraram a casa, os servos mais pareciam ter visto um fantasma. Até mesmo a senhora Francesca, que parecia estar sempre no controle, ficou pálida como um papel, e seus olhos fixaram-se nas mãos de Fernando depositadas gentilmente na cintura de Elisa, que rapida
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Elisa acompanhou os servos que levaram seu irmão ao quarto em que seria acomodado. À porta, antes de deixá-lo, ainda o abraçou com todo seu carinho. Parecia um sonho tê-lo de volta depois de tanto tempo.— Ainda não acredito que é real ter você aqui, Joaquim — falou, suspirando em seus braços.— É real sim, Elisa. E prometo que não a deixarei mais. Estou aqui para cuidar de você.Ela suspirou fundo, contendo uma lágrima de emoção.O lacaio surgiu à porta e comunicou que o banho de Joaquim estava preparado. Elisa o soltou e viu seu irmão entrar, até que ficou só no corredor. De repente, Elisa viu Antônia surgir, ela estava completamente aflita, sua pele clara, mais pálida do que nunca. A jovem, ao ver Elisa, se lançou sobre seus braços.— Elisa, como é bom vê-la! Céus, Manuel e Fernando estão discutindo, eles podem se matar!Antônia estava muito angustiada, e Elisa também ficou, temeu pela vida de Fernando, ele estava com muita raiva acumulada de seu irmão e não sabia do que seria cap
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Horas mais tarde, enquanto a senhora Mazé chegava com o jantar no quarto de Antônia, contou a Elisa que Manuel tinha saído. Ficou satisfeita, não desejava ter que vê-lo novamente. Então, Elisa decidiu se encontrar com seu irmão.Quando chegou à porta do quarto em que Joaquim estava hospedado, sentiu seu coração se alegrar, ainda era difícil de acreditar que ele estava ali. Ela bateu na porta delicadamente com os nós dos dedos e, quando a imagem de Joaquim surgiu à porta completamente diferente do que havia chegado, ela ficou surpresa.Os cabelos bem cortados e alinhados, a barba feita e vestia uma roupa impecável, ele estava bonito como sempre foi, porém um pouco mais magro e, enquanto Joaquim lhe envolvia em mais um abraço caloroso, foi impossível não pensar sobre o quanto ele devia ter sofrido enquanto estava refém. Antônia lhe contou um pouco sobre o que Joaquim lhe confessou enquanto estavam presos no quartinho.Quando estava totalmente entregue ao conforto dos braços do irmão, ai
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Ninguém havia dormido bem naquela noite, para Fernando nem todo o conforto da melhor hospedaria da cidade era suficiente para aquietar seu corpo e o fazer repousar. Dois pensamentos insistiam em deixá-lo agitado: A possibilidade de cancelar o casamento de Elisa e Manuel, e as lembranças do último beijo que trocou com ela, a única mulher que, até então, era proibida para ele.Já Elisa quase não podia se mexer na cama, dividir o pequeno móvel com Joana não havia sido fácil, mas a pequena ficou eufórica quando Elisa anunciou que dormiria em sua cama. Mas, por várias vezes, Elisa acordou assustada, temendo que Manuel chegasse a qualquer momento para exigir que ela ficasse em seu quarto.O dia amanheceu com um sol lindo brilhando no céu. Antônia e Joana estavam no jardim com Mazé. Antônia tentava convencer a dama de que o sol naquele horário era favorável à saúde, mas a serva achou aquela ideia descabida e resmungava algo sobre selecionar os livros que a jovem continuaria a ler. De repente
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Muitas coisas passavam pela mente de Elisa enquanto tomava seu café da manhã, já era tarde, ela havia decidido ficar um pouco mais na cama, não tinha dormido bem e a culpa não era de Joana, a menina mal se mexia a noite toda, talvez devesse à exaustão de toda a energia gasta pela criança durante o dia. Mas quando soube que as meninas iriam sair para um passeio, Elisa preferiu ficar e se preparar, pois a qualquer momento Manuel iria procurá-la, então precisava estar pronta para este confronto.Não estava com fome, seu apetite desapareceu no momento em que soube que precisaria voltar àquela casa. Muitas delícias estavam sobre a mesa, entretanto, degustava apenas um chá de hortelã com mel. No momento em que iria comer uma fatia de pão, a senhora Francesca surgiu ordenando às servas que retirassem a mesa do café como se Elisa nem estivesse ali a ignorando. Elisa ficou surpresa e abriu a boca para protestar, no entanto, viu a imagem de Edna surgir toda imponente logo atrás. A presença daqu
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Depois de toda confusão no hall principal da casa grande, Antônia ajudou Elisa a levar Joaquim para seus aposentos, mesmo sobre a recriminação de sua mãe. Ele resmungou por várias vezes que estava bem, mas era nítido que estava mentindo, talvez sentisse vergonha de que Antônia o visse naquela situação, porém, quando finalmente conseguiram colocá-lo na cama, ele levou a mão à altura do ferimento que há pouco tinha sido cuidado.— Ah, meu irmão, eu sinto muito... — lamentou Elisa com voz de choro.— A culpa não é sua... — respondeu entre um gemido e outro.— Não mesmo, meu irmão, que é um monstro! — Antônia manifestou indignada.Elisa levou a mão à altura da camisa e, antes de retirá-la, olhou para Antônia. Não sabia ao certo se deixar o corpo do irmão à mostra próximo de uma donzela fosse algo certo, e sabia muito bem que não era, no entanto, a situação parecia necessária. Ficou surpresa com a naturalidade com que Antônia agiu, a menina realmente não era mais uma adolescente, se torna
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Dias depois...Fernando retornou de Santana, estava ansioso quando o trem de ferro parou na estação de sua cidade. Logo, se encontrou com Menezes no Alamedas Café, precisava lhe entregar os documentos que tinha conseguido, aquele no qual Manuel usara para protestar a dívida.O advogado segurava uma das inúmeras folhas entre as mãos, atônito.— Seu irmão pode ser preso por fraude — Menezes falou, analisando o documento.Fernando respirou fundo, não desejava mal ao seu meio-irmão, entretanto, sabia que Manuel estava colhendo os frutos de suas ações.Menezes continuou:— Manuel foi longe demais. Além disso, condenou uma jovem a se manter em um casamento indesejado, obrigando-a ao matrimônio.— Meu irmão nunca teve limites — afirmou Fernando, bufando, estava indignado com tudo que descobriu.— Fernando, eu preciso ser sincero... tenho pena da senhora Elisa. A situação dela é delicada... Pelo que percebi naquele dia do baile, talvez ela esteja...Fernando pigarreou, incomodado com as lemb
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