Todos os capítulos do Envolvido | Livro 01: Capítulo 41 - Capítulo 50
79 chapters
Quarenta
RAELAssim que vi a Clara subir as escadas, a minha vontade era de largar o que eu tava fazendo e ir falar com ela. Abraçar. Beijar. Mas se eu fizesse isso a Aninha iria me tacar o chinelo sem pena, então achei melhor ficar quieto na minha.Quando e eu e os crias terminamos, fomos pro quintal tirar um lazer antes de voltar pro plantão e o Rico aproveitou pra brincar com o moleque dele, e os outros disseram até que iam ensinar o Rian a jogar bola.- Tudo maluco, o moleque nem anda direito pô - Falei e ri me sentando no batente da porta.- Se vocês derrubarem meu filho, vão tomar um soco no meio da fuça! Amasso sem pena - O Rico falou enquanto colocava o Rian no chão e sentava na grama, na parte que já tinha uma sombra.- Se cair, do chão não passa - O Neguinho falou e pegou na mão do moleque, levando ele até a bola que tava nos pés do Sorriso.O Neguinho soltou a mão do moleque e o Sorriso chutou a bola, enquanto o Rian apenas ficou olhando a bola ir até o lado das flores.- Vai buscar
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Quarenta e um
NEGUINHOTava só olhando a Martinha de canto de olho. Ela tava toda emburada, nem olhar pra mim ela olhava pô.Fiquei logo bolado, mas o pior é que eu não tinha nem razão pra ficar. A culpa era minha mesmo.Eu era um frouxo quando o assunto era ir falar com o Talibã sobre o nosso namoro.- Cadê teu rádio em, porra? - O Rico perguntou pra mim e eu passei as mãos no bolso, não sentindo o mesmo.- Porra, acho que ficou na endola - Disse passando a mão na cabeça.- O Talibã não conseguiu te acionar lá e me mandou mensagem aqui dizendo que era pra tu levar a Martinha em casa, e já ficar lá pra trocar um papo com ele - O Rico falou com ar de riso enquanto mexia no celular, e o Sorriso deu risada deitado no chão.Neguei com a cabeça e minhas mãos já começaram a suar, pô.- Vamos? - A Martinha deu um meio sorriso e logo me olhou, levantando do sofá.Agora ela fala comigo né. Fdp, mandada.Levantei do sofá, peguei meu boné, meu fuzil e fui seguindo a Martinha até lá fora. Coloquei o fuzil atra
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Quarenta e dois
MARTINHAMordi meu lábio e sorri vendo o Dário sair e fechar a porta as pressas, enquanto eu me jogava no sofá.- Num faz essa cara não em! Para de fogo no rabo - Meu pai falou e eu dei risada.- Que cara? Não sei do que o senhor tá falando - Eu disse mordendo minhas unhas.- Essa cara de piranha aí - Falou me imitando - Já pensou se tu pega barriga? Vai ficar igual quando uma cobra engole um sapo. Tem nem corpo pra isso - Falou indo pra cozinha.- Tá me chamando de magrela? - Perguntei indo atrás dele na cozinha.- Tô mesmo, tô mesmo! - Falou e riu, vindo pro meu lado e bagunçando o meu cabelo. Fico indignada com isso, cara.Cruzei os braços, o olhei com tédio e ele deu risada.- Se preserva, gatinha! Não quero dar outro susto no Neguinho - Disse e beijou a minha cabeça.- Sabia que tinha feito de propósito - Eu ri, empurrei o ombro dele e ele negou ficando sério.- Eu tava descascando a laranja - Afirmou, mas logo deu risada.- Aham! - Assenti rindo também - Mas, me fala! O que era
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Quarenta e três
CLARA- Rael, eu preciso fazer um exame de sangue pra ter certeza. O teste não é tão confiável - Falei enquanto fazia círculos com a minha unha em sua barriga.Estávamos deitados a algum tempo na cama e ele não tirava as mãos da minha barriga.- Pô cara, é mesmo - Concordou passando a mão na cabeça, e eu senti uma pontinha de tristeza em sua voz.- Ei, não fica assim! - Levantei e sentei em seu colo - Se for pra ser, vai ser! Se não, temos tempo o suficiente... - Falei.Beijei sua barriga e ele riu levando suas mãos até as minhas coxas, subindo as mesmas para a minha cintura.- Quando o teu pai souber, ele vai me matar - Ele falou rindo, apertou a minha cintura e logo me puxou para um beijo.Sua mão adentrou os meus cabelos e a outra continuou em minha cintura, e logo selou os nossos lábios, iniciando um beijo lento.Sua mão puxou o meu cabelo e a outra apertou a minha cintura com força, me fazendo suspirar em meio ao beijo. Paramos o mesmo por falta de ar e eu sorri, me sentando em
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Quarenta e quatro
RAELFomos andando até passar as três ruas e ao chegar no pé do morro, coloquei a Rita nos braços. Cumprimentei os soldados que estavam de plantão e segui, subindo pra rua da minha casa. Primeiro eu iria dar de jantar a Rita, e quando ela terminasse aí sim eu iria falar com o Talibã e os crias.Assim que chegamos em casa, mandei logo a Rita ir tomar banho, guardei os materiais dela e fui fazer o jantar.Coloquei a água de café no fogo e água em uma panela pra fazer cuscuz. Molhei a massa, esperei um pouco e logo despejei tudo dentro da panela.Enquanto o cuscuz cozinhava, fiz o café e fui assar a carne.- Papai, cadê o meu vestido azul? - Minha filha perguntou e eu voltei a minha atenção para ela, que tinha seus cabelos molhados sobre os olhos e impaciente, os afastava a cada dois minutos.- Olha lá no guarda-roupa! Guardei ele lá ontem, gatinha - Falei ao lembrar e ela assentiu, saiu correndo para o quarto.Terminei de assar a carne, tirei o cuscuz do fogo e coloquei em um prato par
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Quarenta e cinco
RAEL- Lis - Eu disse e todos me olharam confusos.- A Lis? Como assim? - A Clarissa perguntou desacreditada e eu continuei.- Ela tá agindo diferente. As atitudes dela em questão aos acontecimentos não foram nem um pouco solidárias - Eu disse e a Clarissa me olhou intrigada, talvez lembrando de como a Lis ajudou a arrumar as malas e das suas falas de como poderia ajudar no que precisasse antes de subimos pro morro.Eu estava muito alheio no momento, mas quando o Neguinho levantou o papo de x9, eu liguei todos os pontos. E falar pra vocês, a Lis sempre foi péssima em mentir e demonstrar sentimentos.As vezes ela até convence, mas não quando está nervosa. Assim como estava de manhã mais cedo, e uma das coisas que ela costumava fazer quando estava assim era perguntar a mesma coisa repetidas vezes.- A troco de quê ela faria um bagulho desse? - O Talibã perguntou me encarando e dei de ombros.- Eu não sei. Mas eu conheço ela como ninguém, até mais que a minha mãe. E a Lis não está sendo
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Quarenta e seis
LIS- Vai fazer tudo que eu mandar, não vai? - O Gledson me abraçou por trás, distribuindo beijos pelo meu pescoço enquanto eu pegava minhas roupas sobre o velho colchão em cima da cama de alvenaria.- Tudo que você quer eu também quero. Não irei te decepcionar - Falei e logo virei para o mesmo, tomando sua boca em um beijo lento.- Só não esquece que a PM é minha - Parou o beijo e com uma das mãos segurou o meu rosto com força, e logo sorriu quando eu assenti.- Não vou esquecer - Afirmei.- Boa menina! - Deixou um selinho em minha boca e um tapa estalado em minha bunda, enquanto me olhava nos olhos.O beijei mais uma vez e ele puxou o meu cabelo, aprofundando mais o beijo até que...- Bora GD, seu tempo acabou! - O carcereiro falou encostado na parede ao lado sem nos olhar.Saí de seus braços e comecei a me vestir rapidamente. Eu ainda tinha muitas coisas a fazer teria que ir ao Santa Marta falar com os meninos.Ter um outro plano e conseguir executa-lo, era a prioridade no momento.
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Quarenta e sete
LUCAS- Solta o verbo - Mandei e sem dar muita importância, estiquei minhas pernas sobre a mesinha de centro.- Como sabem, o Gledson vai sair daqui à três semanas do presídio. Até lá, vamos deixar tudo como está - Jogou a bolsa em cima do sofá e prendeu o cabelo - Talvez já tenham um novo esquema de segurança, e não vai ser fácil de descobrir algo ou eu entrar no morro. Soube que proibiram a entrada de pessoas que não são do morro - Suspirou - Farei o possível para conseguir entrar lá e seguir todos os passos da Clarissa. E eu quero todos preparados para quando o Gledson sair. A invasão irá acontecer no mesmo dia e eu farei um mapa para vocês - Terminou enrolando a blusa, deixando a barriga a mostra e logo foi para a cozinha.- Isso é um plano? - O 99 questionou baixo e eu dei de ombros - Tão simples e sem graça. Vindo dela, eu esperava mais - Debochou e eu ri.Vi ela voltar da cozinha com um copo de água em sua mão e parar na janela.- Alguma dúvida? - Perguntou virando para nos enc
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Quarenta e oito
RAEL- Você não dormiu, né? - A Aninha entrou na cozinha com o Rian nos braços.Eu tinha apenas cochilado. Mesmo cansado, não consegui dormir direito. Tudo o que vinha acontecendo até a Lis ser uma suspeita, nada disso saía da minha cabeça.- Pouco só - Coloquei o café na garrafa - Fica com a Rita hoje? Vou levar a Clara pra fazer o exame aí - Falei e ela assentiu colocando o Rian no chão.- Tá feliz? - Ela perguntou divertida e eu sorri, por um momento esquecendo todos os problemas que rodeavam a minha mente.- Papo reto? E como! Tenho nem palavras para descrever, pô. Só que Deus ta me devolvendo tudo que eu perdi, tá ligada?! - Respondi com um sorriso no rosto e ela assentiu sorrindo - Mas bate aquela insegurança, de ser alarme falso sabe? Ou que por ela ser muito nova, possa per... - Não consegui terminar, formou um nó na minha garganta.Meu medo de passar por tudo de novo era grande demais.- Rael, para! - Me olhou - Você não vai passar por tudo de novo! Você mesmo que acabou de d
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Quarenta e nove
SORRISOEu sempre tive uma vida maneira, tá ligado? Eu tinha pai, mãe. Eu era feliz pra caralho. Mas a vida é uma filha da puta e sempre arruma um jeito de foder com tudo.Meu pai era o Thales, melhor amigo do Talibã e braço direito no comando do morro. Minha mãe, era uma garota simples aqui do morro mesmo que sempre corria atrás do dela mas acabou se apaixonando pelo traficante, e aí o clichê começa.Brigas, traições e as merdas todas. Mas chegou a notícia que eu tava a caminho e os dois tomaram um rumo certo e ficaram juntos até onde Deus permitiu. E eu fui crescendo né, um menorzinho sagaz e todo risonho.Um dia aí, na mesma invasão que a mulher do Rael morreu o meu pai foi de ralo também. Morreu com tiro certeiro na cabeça.Minha mãe ficou arrasadona pô, e eu? Queria ter morrido junto com ele. Se pá, até no lugar dele. Fiquei malzão mesmo. Quase caí numa depressão fodida, tá ligado? Mas o Talibã não deixou, fortaleceu eu e minha coroa como pude. E com a companhia dele e dos moleq
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