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Trinta
CLARADuas semanas se passaram depois do aniversário da Rita, e eu não pude mais sair de casa. Estava ficando tudo perigoso demais e segundo a minha mãe, era mais seguro pra mim não sair mais de casa.Fiquei chateada demais com ela, eu não tinha nada a ver com tudo isso. Eu só queria ver o Rael e Rita mais uma vez.- Me leva lá, Lis - Pedi mais uma vez enquanto a Lis abria a geladeira e pegava uma garrafa de água.- Não vou te levar a lugar nenhum, cara. Sua mãe te proibiu de sair, esqueceu? E isso é pro seu bem - Falou pegando um copo no armário.Bufei vendo ela colocar a água no copo e beber. Revirei os olhos. Deixei ela sozinha na cozinha e fui para a sala pegar o meu celular. Havia duas ligações perdidas da minha mãe. Desde cedo que eu estava na casa da Lis e ela sabia disso, mas insistia em me ligar.Retornei a ligação e não demorou muito para ela atender.- Oi mãe - Falei enquanto sentava no sofá em posição de índio. - Ainda está na casa da Lis? - Ela perguntou e um pouco afl
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Trinta e um
RAELPô, cara depois da conversa com o Talibã eu meti o pé. Desci o morro a milhão, só na intenção de ver a Clara outra vez.Assim que cheguei no asfalto fui logo enrolando a esquina da rua 20. E assim que dobrei vi uma movimentação estranha lá. Apertei mais os meus olhos e vi a Clara ser arrastada pelos cabelos até o meio da rua. Meu coração ficou pequeno, só de pensar na possibilidade de perder ela e só aí eu tive alguma reação para intervir no que estava prestes a acontecer.Saquei a pistola e atirei várias e várias vezes contra o fdp que estava com a Clara acertando bem em cheio no braço dele e também contra o carro, e logo vi o homem cair no chão ao lado da Clara.O carro que estava mais a frente saiu cantando pneu e eu olhei ao redor, guardando a arma e indo até a Clara.Puxei ela para um abraço e foi aí que ela chorou pra valer. Papo de molhar minha camisa toda.- Calma, eu tô aqui. Não vão te fazer nenhum mal - Eu disse a apertando em meus braços.Depois de alguns minutos de
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Trinta e dois
TALIBÃTerminei todas as pendências que eu tinha pra resolver na boca e fui saindo lá pra fora ajeitando o fuzil na bandoleira. - Eu quero é que se foda, o bagulho é ficar bem! Meu pau não tem contrato assinado com ninguém - O Neguinho cantava enquanto fazia uma dancinha escrota pra caralho, e os outros davam risada da cara de viado dele.- Isso não é o que a minha filha diz - Falei e ele parou na hora me encarando. Moleque de nego, ficou branco pô.Tava sabendo desse rolo deles a maior cota, a Martinha fez questão de me contar, e eu tava só esperando o frouxo vir me pedir um bagulho sério.De início eu fiquei bolado, mas depois fui aceitando. Se não ia ser papo de se tu não deixa, faz escondido. Então é melhor sabendo, do quê eu ser o último a saber.- Que isso, chefe... - Começou e eu cortei logo assim que vi um carro desconhecido subir o morro.- Depois quero ter uma conversa com você - Meti um tapão nas costas dele que engoliu o seco e me saí, ouvindo os meus crias darem risada e
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Trinta e três
TALIBÃ- Eu preciso te contar uma coisa - Ela sussurrou entre o beijo e encerrou o mesmo com alguns selinhos, me olhando nos olhos - Me promete que não vai ficar com raiva, e que vai tentar entender o meu lado? - Pediu e eu assenti.Ela segurou a minha mão e entrelaçou os nossos dedos, andando a minha frente e eu segui ela.O Rael estava a nossa frente com a Clara, seguiu até a porta e assim ele abriu a mesma entrando na casa, entramos logo em seguida.Sentei no sofá e a Clarissa sentou ao meu lado, ainda segurando a minha mão. Enquanto o Rael sentou no outro sofá com a Clara no colo.Era muito grude esses dois.Ela começou a falar e eu tava perdidão. Alheio mesmo, nem ligando pro que estava acontecendo ao meu redor. Única coisa que tava martelando na minha cabeça era isso, eu não tava entendendo o motivo do Rael e da Clara estarem junto dela, e nem de onde se conheciam até ela chegar em um ponto que me chamou a atenção.- Um mês depois da minha volta pra casa, eu descobri que estava
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Trinta e quatro
TALIBÃPassei um rádio para os meus crias dizendo que queria todos na endola e fui andando até a minha moto.Tirei o descanso da mesma, montei, liguei e acelerei subindo o morro a milhão. Eu ainda tava tentando digerir aquilo tudo que ela me disse, mas tava difícil. E eu nem falo de esconder a minha filha, pô. Essa parte aí eu até entendi e pá. Do jeito que eu era emocionado na época e vivia como o meu pai queria, a tendência ia ser negar a menina mesmo.Mas porra, como ela não pensou nas consequências quando decidiu seguir justamente essa profissão? Egoísmo demais, cara. E agora que o bagulho tá de verdade ela vem se arrepender, aí é foda.Nem tô com raiva dela não. Não tem como, pra ela eu rendo fácil. Mas esse bagulho aí me chateou pra caralho.Parei em frente a endola e estacionei a moto perto do meio fio, colocando o descanso na mesma.Alguns dos vapores entravam e saiam repondo as mercadorias. Eu cumprimentei todos e logo entrei indo em direção a minha sala.- Caralho, tu conhe
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Trinta e cinco
TALIBÃEla me beijava com urgência e passeava as mãos pela minha barriga, descendo até os botões da minha bermuda.Toquei um seio dela com uma mão e agarrei fortemente a sua cintura com a outra.Ela desabotoou a minha bermuda e cessou o beijo erguendo a barra de sua blusa, tirando a mesma. Desabotoei seu shorts e o puxei para baixo, tirando o mesmo.A beijei novamente e passeei minhas mãos por suas costas, tentando me livrar de seu sutiã.- Tira isso - Susurrei entre o beijo, já sem paciência e ela riu levando suas mãos até o fecho do sutiã.Quando falei que o tempo não tinha passado para ela, eu não estava mentindo. Mesmo depois da nossa filha, ela ainda estava com tudo em cima.Beijei o seu pescoço e fui deixando uma trilha de beijos até chegar em seus seios. Tomei um mamilo em minha boca e apertei o outro com a mão, enquanto ela passava as mãos em meus cabelos dando longos suspiros.- Kerlisson - Sussurrou em meio a um suspiro - É melhor irmos para o quarto - Disse e logo em segui
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Trinta e seis
LIS- Vocês são uns incompetentes! - Gritei ao telefone.- Abaixa tua bola, Lis! Não é porque tu ta dando pro chefe, que eu vou tolerar esculacho teu não. Se liga, caralho - O LL falou do outro lado da linha, entre um gemido e outro de dor do tiro que levou.- Abaixo porra nenhuma! O Gledson deixou isso na minha responsabilidade e você fodeu com tudo, seu idiota! - Desliguei o celular sem esperar ele responder e o joguei sobre o sofá.Comecei a chorar de raiva e a medida que as minhas lágrimas iam rolando pelas minhas bochechas, lembranças de como eu me meti em tudo isso me vieram a mente.A Clara tinha acabado de se mudar para o bairro e eu sabia, por meio das fofoqueiras de plantão que a mãe dela era policial, mas não estava exercendo a profissão.Até aí tudo bem, eu não tinha nenhum interesse e até virei amiga da Clara. Viviamos grudadas, e ela vivia mais na minha casa do quê na dela. E sempre que conseguíamos, a gente dava um perdido na dona Clarissa e íamos a praia.Mas, chegou u
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Trinta e sete
CLARAMesmo em meio a todo esse furacão de acontecimentos, eu estava transbordando de felicidade.Depois de tanto esperar eu finalmente conheci o meu pai, e ele é o principal motivo da minha felicidade. E ainda saber que eu tinha uma irmã, nossa, era o meu sonho. Isso me deixou muito mais feliz.O meu único medo é que a Martinha mude comigo depois que souber a verdade. - Ainda sou virgem, amor - A Martinha começou a cantar e aumentou o volume do som, me tirando dos meus pensamentos e eu dei risada da voz de taquara dela.- O the voice taí, meu amor! - A Ana debochou vindo da cozinha e sentou ao meu lado.Ela estava pesada demais, os pés inchados e tudo mais. Mas mesmo assim estava linda, e a barriga dela então. Tô boba.- Vem moleque! É assim ô - Tirou o Rian do carrinho, colocou ele no chão e começou a ensinar o menino dançar funk.- Meu Deus, Marta! Não ensina isso pro garoto, sua perdida - A Aninha gargalhou quando o Rian colocou as mãos no joelho e começou a se mexer.- Bota, tir
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Trinta e oito
RAELFalar pra vocês, eu nunca que iria sonhar que a Clara era filha do Talibã. Eu fiquei com receio quando soube? Fiquei, mas fui lá mandei o papo pra ele na maior pureza. E graças ao cara lá de cima, eu só recebi uma ameaça.Terminei tudo lá na endola e saí trancando a porta da salinha. Joguei as chaves no pescoço, peguei o meu fuzil e meti o pé lá pro lado de fora.Expliquei tudo para os vapores sobre a organização das drogas e desci o morro, cumprimentando alguns moradores que falavam comigo conforme eu ia descendo.Enrolei a esquina da rua 7 e fui descendo a ladeira até chegar no escadão, onde o Rico e o Neguinho estavam.- Bagulho desse tá estranho demais, pô - Ouvi o Neguinho falar assim que cheguei perto deles.- Fala aí, tu não conheceu nenhum dos caras? - O Rico perguntou pra mim assim que eu sentei na mureta do escadão.Neguei.- Tenho nem idéia de quem seja, pô. Única coisa que eu vi foi só ódio na hora, tá maluco - Falei negando, ao lembrar do fdp puxando a Clara pelos c
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Trinta e nove
CLARA- Vai, entra logo - A Martinha me empurrou farmácia à dentro e eu quase tomei um tombo.Virei a encarando com uma cara feia e só aí eu entendi a pressa. O Neguinho tava passando com os meninos na rua, e o Sorriso apontava pra cá igual um maluco.Eu soube do rolo deles desde a festa da Ritinha, quando peguei os dois agarrados no corredor que dava pro banheiro. Depois a Ana me contou todo o resto, junto da própria Martinha.- Vai ficar sem falar com ele até quando? - Perguntei olhando pra ela e dela para a rua. Ela deu de ombros.- Quando ele parar de ser medroso e falar com o meu paizinho, eu paro de negar voz - Ela disse rindo sem humor. Fiquei triste por ela, né. Ninguém merece um homem sem atitude, sem uma postura. E além do mais, o que poderia acontecer de ruim se ele fosse falar com o meu pai?- Ele vai superar, o Talibã não é nenhum monstro - A puxei pela mão e ela riu, indo até o balcão comigo.A farmacêutica nos olhou e eu fiquei calada, fazendo a Martinha revirar os olh
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