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Aysha Bar Jair
Aysha Bar JairEm dezembro de 1990, Anne, minha mãe, viajou para o Catar com a ideia de viver e trabalhar durante algum tempo. Ela trabalhava no Hospital Rei Mustafá na área de pesquisas. Mas durante esse período que esteve no país, ela acabou conhecendo um homem, meu pai, Muhamed Bar Jair. Ele trabalhava para a monarquia saudita no ramo petrolífero. Com a idade de vinte cinco anos, ela se apaixonou perdidamente pelo homem moreno de olhos cor de mel.Fortemente atraídos um pelo outro, em pouco tempo, se casaram e logo foram abençoados com meu nascimento. Os primeiros anos de casamento, lhe trouxeram a felicidade que ela tanto desejava. Além de meu pai, ser um homem amoroso e dedicado a família, a família real cedeu um palácio para que eles morassem.Como engenheiro petrolífero, sempre fora dedicado ao seu trabalho. Praticamente viveu em função dele. A famí
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Não posso esquecer de colocar isso na minha lista de boa esposa.
—Mamãe fez. Sabemos que são os seus preferidos.Zair pega um. Eu me sento no meu lugar e o observo comer. Ele o deixa de lado e toma um gole de café.—Gostou? —Pergunto com um sorriso.—Eles ficaram ótimos, mas eu não gosto de canela.Bem, ao menos ele é sincero.—Não posso esquecer de colocar isso na minha lista de boa esposa. —Digo debochada.Meu pai tenta me dar um chute, mas erra e acerta o príncipe que olha debaixo da mesa.—Desculpe-me. —Meu pai diz sem graça.Eu baixo o rosto para não rir e bebo meu café. Quando ergo o rosto observo Zair com os olhos fixos de mim. Mantenho meus olhos nos dele, observo enquanto sua expressão endurece, seus olhos se tornam tão frios que eu não consigo mais mantê-los nos dele e abaixo meus olhos.Mas que droga! Já me sinto dominada por esse home
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Não sou do tipo romântico.
Quinze dias depois... Palácio CalifaBastou uma das empregadas anunciar que Zair estaria aqui daqui há alguns minutos para conversar comigo para que meu coração se agitasse no peito.Desde que cheguei, há uma semana atrás, temos nos falado esse horário. Poucas coisas para a minha frustração.Zair tem sido introspectivo. Às vezes acho que ele vem aqui só para deixar seus familiares felizes. Cumprindo um protocolo. Ou apenas para nos acostumarmos um com o outro.A mãe dele está animada com o casamento. Ela gostou de mim logo de cara. Todos os dias eu fui até os aposentos de Zafira para conversarmos. Ela é uma senhora muito educada, sagaz. Falamos de tudo um pouco, e claro, que não faltou conselhos de como me portar como esposa do príncipe. Mas que não vem ao caso pensar sobre isso agora.Foi difícil no começo entender algu
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Minha gazela do campo
Meu casamento foi um grande acontecimento. Durou três dias, com todo o seu ritual, cheio de dança e animação dentro dos costumes muçulmanos.Um casamento onde pouparei lágrimas e distribuirei sorrisos, segurarei minhas verdadeiras emoções, não me permitindo sentir.No primeiro dia tivemos as trocas de alianças e eu recebi pela primeira vez o beijo casto de meu noivo, um singelo beijo na testa. Eu me senti carimbada do tipo "é minha"No dia seguinte me produziram: hena, limpeza de pele e cuidado com meus cabelos. Eu me senti como um carneiro, sendo bem tratado para ir ao matadouro. Hoje, no terceiro dia me maquiaram e dentro de um lindo e rico vestido, composto de renda com pedraria bordadas. Com gola canoa, manga ¾ e modelagem sereia, com uma linda cauda arredondada, eu me transformei numa linda princesa. Mas o dia para eu brilhar, estou triste.O palácio, cheio de con
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O que foi agora? Ligou o botão "afeto" com prazo de expiração? E quando acabar o sexo? Acionará o botão razão?
—Nosso casamento é de conveniência, mas isso não significa que eu não irei cumprir meu papel de marido. Vou cuidar de seu bem-estar, então, pare de besteira e se sente aqui.—Como você consegue? Fica apegado a rituais que expressam sentimentos, mas ao mesmo tempo os deixa de fora?Ele parece irritado:—Não questione e se sente aqui! Estamos casados, então cumpriremos todo o ritual.Eu aperto meus lábios e faço uma mesura para ele, ironizando seu jeito mandão e caminho até o local indicado. Respirando fundo, eu me sento. Zair pega a bacia e a jarra de água e as coloca no chão.—Erga o vestido. —Ele pede impaciente.Eu faço como ele me pediu. Ele então pega o meu pé direito e retira o meu sapato e lava o meu pé. Faz o mesmo gesto com o outro. Coloca então uma toalha no colo e enquanto os sec
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—Mas que Diabos! Eu não deveria ter me casado com essa mulher!
ZairAllah! Eu me senti um crápula quando ela chorou e ela tem sido mestre em me fazer sentir assim ultimamente. O sentimentalismo é uma fraqueza que há muito eu deixei para trás. Agora há em mim a determinação, a coragem, a firmeza. Qualidades que um homem de negócios precisa ter. Hoje me fortaleci com esses sentimentos. A realidade precisa ser enfrentada, por isso hoje sou comedido, pois conheço as consequências da entrega.—Mas que Diabos! Eu não deveria ter me casado com essa mulher!Allah! Forçar uma situação não faz parte do meu carácter.Vou até a escrivaninha que está num canto do quarto e abro a gaveta. Pego uma adaga e erguendo meu kandoora, corto o interior da minha coxa direita, a ardência só aumenta minha frustração por não fazer imperar minha vontade. Tampo o corte com o le
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Gazela é um animal assustado, e Aysha está mais para um gato do mato.
AyshaEntro no quarto, ele está todo escuro. Só a luz do luar entra pela janela. Fico na soleira da porta até eu me acostumar com a escuridão.Aos poucos vou reconhecendo as formas das coisas na penumbra. Consigo ver Zair também.Allah! A cama é king size, enorme, e mesmo assim ele consegue se espalhar nela de modo que fica só um pequeno espaço para eu me deitar. Eu já vi que vou ter uma péssima noite de sono.Caminho lentamente e me deito ao lado dele tentando não movimentar muito o colchão. Mas o colchão é dos bons, conforme me ajeito ele nem se move, ele é firme e ao mesmo tempo macio. Bocejando, me cubro, tomando cuidado para não me encostar nele.Sempre dormi abraçada a um travesseiro. Então pego um, dos dois que ficam na cama e o envolvo com meus braços. Fecho os olhos. Estou tão cansada que, aos poucos, minha re
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A razão é uma arma que me deixa no poder.
ZairOlho para os jardins do palácio e vejo o espetáculo de flores de todas as cores. Flores que a víbora da Amina adorava. A lembrança de como fui enganado por sua fragilidade, docilidade e beleza, de como entrei no conto mais velho do mundo, ainda me transtorna. Quem é Aysha para que eu confie nela? Amina me enganou da pior forma que se pode imaginar. Ela me envolveu em suas teias de inocência e sedução. Aquela garota que convivi minha adolescência inteira, na verdade queria o titulo de princesa. Uma vida perdida.Sonhos desfeitos.Ela mentiu com suas palavras, com seu jogo de sedução, ela mentiu com seu corpo, com seus gemidos, com seus sussurros de amor. Nem sei se a menina que ela pariu é minha filha. Samira pode ser fruto de seu adultério. Até hoje não peguei a criança nos braços, até hoje não co
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Não haja como de hábito. Aprenda a conservar sua linda boquinha fechada, mesmo que não concorde com as coisas.
AyshaMeia hora depois fizemos uma aterrissagem tranquila na rica cidade de Muharraq. Catar e Bahrein são países quase vizinhos, é só atravessar alguns quilômetros do Golfo Pérsico que fica entre eles.Momentos depois estamos dentro de um carro de luxo sendo levados para, sei lá onde. Desde que saímos, Zair está quieto em seu canto. Não chega a ser um silêncio opressor. A verdade que estou meio cansada, então estou um pouco anestesiada com tudo que estou vivendo. Agora, nesse momento, me sinto como uma marionete, levada pelo seu dono.Observo tudo pela janela do carro também quieta, com certeza onde ficaremos deve ser um lugar espetacular.Allah! Tudo é muito lindo, e luxuoso. O país é riquíssimo. Minutos depois passamos por grandes portões e percorremos a propriedade arborizada até o palácio. Quando o carro estaciona e
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—Bom trabalho. Pode deixar que fico quietinha no palácio, bancando a boa esposa.
AyshaQuando Zair sai do quarto, eu desmorono na cama, minhas pernas bambas, parecem geleiasRecomposta, vou até o banheiro e me tranco nele. Tenho que ficar esperta. Eu deveria ter tomado essa atitude com a porta do quarto.Tomo um banho rápido e coloco um caftan verde-escuro. Faço uma maquiagem leve e tento me lembrar do caminho até a sala.A encontro logo. Zair está no sofá, seu semblante pensativo. Quando ele me vê, aponta com o dedo um lugar ao seu lado. Relutantemente eu me sento.—O Sheik Koul veio aqui. Vou precisar trabalhar em campo. Acho que dois dias resolvo tudo.—Bem, é isso? Irá amanhã? —Eu digo, com um sorriso doce.—Sim. —Zair diz com aquele sorriso que não gosto.—Bom trabalho. Pode deixar que fico quietinha no palácio, bancando a boa esposa.—Quem disse que ficará? Você
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