Dessa vez, Vince bateu à porta de vime antes de tentar a maçaneta. Não ouviu convite sob a melodia que começara a alcançar o corredor assim que iniciara a simulação por meio do reconhecimento biométrico. Entrou mesmo assim. Sabia que encontraria as cortinas de voal dançando à janela, a luz quente e laranja de uma manhã perfeita, o perfume de coco e maresia; tudo estava lá; mas, além disso, e principalmente, encontrou Artur sentado no sofá. Sobre a mesinha de centro, via-se desdobrado um piano portátil, feito de silicone. O rapaz vinha tocando, concentrado, mas parou imediatamente ao ver Vince. — Desculpa, não quis interromper — redimiu-se Vince, surpreso por Artur não apenas saber tocar, como também dominar o instrumento com uma destreza admirável. Biônicos geralmente não se moviam com tanta velocidade e precisão; os dedos de Artur, por outro lado, voejavam ágeis e flexíveis por sobre as teclas. Artur sorriu. — Você voltou mesmo! Vince fez que
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