Estou no meio de uma longa serpente de carros que fura o horizonte da autoestrada, em todas as suas faixas. A impaciência me faz contorcer os dedos dos pés e beber pelo menos 2 goles de água a cada 5 minutos. Faz mais de meia hora que entrei neste congestionamento, tentando me convencer que ainda posso chegar cedo, quando estou exactamente meia hora atrasada. Frustrada, bato na buzina e suspiro. Mais uma segunda-feira de atraso. Bebo mais um gole de água gelada e baixo meu vidro, através do qual uma rajada fria penetra. Sobre nossas cabeças, o céu está bem nublado. Hoje vai chover. O cheiro da chuva que vem é forte, o que, de alguma forma, me satisfaz. Gosto deste cheiro. A fila se move um metro para frente e eu sigo. Um guarda-chuva vermelho, com metade do nome do partido no poder exposto, no carro a minha frente, me chama atenção para uma coisa: esqueci o meu guarda-chuva. De onde estaciono o carro até onde trabalho é uma dis
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