Tudo que parece pode não ser o que realmente aparenta,
mas pode se tornar tão real quanto o verdadeiro real.
A história que conto aqui é um exemplo de como um garoto afundado em um sofrimento inexplicável busca formas para escapar de tamanha dor, até mesmo em um mundo fantástico.
É um exemplo de projeção na morte, o que não conseguimos encontrar em vida. É uma forma fúnebre de expressão e uma afirmação de que não buscamos a morte, mas sim uma outra forma de viver.
São tentativas não bem-sucedidas de rasgar a pele como caminho de libertação da dor que se instaura dentro de nós. É um grito no vazio, um caminhar no ar e uma cansativa busca pelo sentido e pela felicidade.
Pensando nisso tudo, digo-vos...
Não adicione em sua vida os cruéis obstáculos que encontra, foque em acrescentar os bons momentos, porque nosso patrono é feito de felicidade e não de amargura. Nem que seja apenas um sorriso, ele é seu motivo para continuar lutando pela sua felicidade, que não será encontrada no outro que pode lhe respaldar durante o caminho, mas dentro de ti, a todo momento de braços abertos para você, basta correr até ela e abraçá-la como uma melhor amiga para sempre.
O ser não é feito apenas de flores, mas de espinhos. Com isso, quero dizer que todos passamos por problemas, por conflitos, enfrentamos obstáculos muitas vezes necessários para que nos tornemos fortes, resilientes, para continuarmos florescendo.
O essencial é aquilo que está invisível aos nossos olhos, e por não vermos, achamos que não existe, mas quando olhamos para nós mesmos, temos a surpresa do sagrado, do tesouro que habita em cada um e, através deste livro, quero apresentar-lhes a importância do amor, do contato com o outro ser... afinal, compartilhamos o mesmo céu.
Não venho no papel de medir as suas dores ou de comparar, mas para mostrar que ela existe e que precisa senti-la muito para que depois a sinta menos. Então, por isso, pergunto-lhe: quantas vezes você já disse que estava bem, mas, na verdade, não estava? Quantos sinais tem dado para as pessoas, e até mesmo para você, de que precisa muito de ajuda? Este livro é um sinal ou apenas uma reflexão?
Eu entendo, acredite... eu sei como é difícil abrirmos a boca e falarmos do que está acontecendo. Não é porque não queremos, é porque, talvez, não seja tão fácil como parece ser. O medo da divulgação gratuita de nossos problemas é real, ou das famosas frases de efeito: “é besteira... oh coitado...”, contudo, de uma pessoa que passa por isso para outra, felizmente, em algum momento, encontramos luz na imensa escuridão e, por mais que ela pareça ser assustadora e intensa, não tenha medo, não recue, continue caminhando, sempre à espera das horas iguais.
Todos os personagens e acontecimentos nesta publicação, com exceção dos claramente de domínio público, são fictícios e qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou não, é mera coincidência.
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É noite de quinta-feira.Uma maldita quinta-feira!Eu sou um dos 5.000 espectadores ocupando as acolchoadas poltronas vermelhas do Grandioso Teatro Central, em que uma famosa cantora lírica corpulenta de bochechas vermelhas grita no palco com seus pequeninos braços rechonchudos estendidos. Chamam isto de ópera e eu, de ataques de avestruzes famintos.Pergunto-me se esse realmente é o Brasil em que eu moro, em pleno 2020.Minha mãe, Berta de Lara Monteiro – dona de uma grife de moda muito conhecida, porém com um nome nada criativo: Grife de Lara –, acredita que eu estar aqui pode me ajudar.Meu pai, Tibério Monteiro – diretor administrativo de uma indústria automobilística –, sonha em ser sócio majoritário, logo, vive agradando seus superiores e tentando impressioná-los. Assim explica a grande preocupação que tem
Depois de uma quinta estranha, minha sexta-feira pode ser útil para pôr para fora tudo que me deixa incomodado. Eu posso descontar em alguém toda minha raiva por essa situação chata em que eu estou metido.O encapuzado não sai da minha cabeça. Estou com medo, claro, ele pode aparecer novamente ou foi apenas um caso isolado, em que eu estava na hora errada e no lugar errado. Devo contar para alguém ou guardar apenas para mim? Claro, possivelmente vão dizer que é tudo fruto de minha imaginação, afinal, uma pessoa com ansiedade generalizada fica assustada com muita facilidade. Respiro fundo inúmeras vezes e decido deixar essa coisa de homem estranho em estacionamento um pouco de lado.Como meus pais decidiram, as minhas sextas são dedicadas à terapia, ou seja, de manhã eu acordo, sou liberado das minhas obrigações na escola e me encontro com a psic&
Passo o resto da minha sexta-feira tentando não pensar no que aconteceu na sessão ou no estacionamento. Tranco-me no quarto e resolvo escrever no blog sobre a importância de um abraço para uma pessoa e como ele, que aparentemente é tão bom, pode ser um veneno para o resto da vida, causando marcas e sequelas irreversíveis.O Pior de TodosDulce SoledadTalvez não doa, talvez doa. Talvez não fiquem marcas..., mas ficou. Ele era apaixonado pela vida, ele era apenas um garoto que sonhava e sempre andava com um sorriso bem desenhando em seus pequeninos lábios, mesmo cercado por problemas grandes que para ele eram pequenos, quase inexistentes. Ele podia tombar, cair, se ferir, mas se levantaria e riria de tudo, vendo os machucados cicatrizando.Ele via a inocência em tudo e em todos. Acreditava que por
Mais um evento, último da semana, é o que acredito. É o maldito lançamento do livro da amiga da Berta.De terno, todo passadinho, me sinto sufocado e encurralado. Tento afogar minha gravata, pergunto-me o que eles chamam de diversão. Talvez seja uma estranha versão que a todo momento está estampada em minha face, mas que nunca noto.– Espero que pelo menos tenha uma música de verdade. – Murmuro enquanto subimos as escadas que nos levam à entrada do local. – Isso sim seria diversão.Minha mãe desliga o celular e o guarda na bolsa. Estava conversando com sua assistente, Johanna, que sofre em suas mãos, coitada.Meu pai também guarda o seu celular. Havia recebido um relatório importante e precisava ler e assinar digitalmente.Adentramos e percebo logo que está cheio de pessoas exatamente como meus progenitores.Bufo, frustr
Billie não me responde de imediato, mas eu sigo na esperança ainda de receber uma resposta sua. É domingo, dia em que eu vegeto em minha cama, mas como eu sou senhor do meu próprio destino, ou tento acreditar que sim, posso tomar alguma iniciativa e mudar o rumo dessa jornada louca.Elisa, minha melhor amiga, ainda não me mandou mensagem pedindo desculpas ou tentando se comunicar comigo de alguma forma. Eu sou orgulhoso, não vou procurá-la, sendo que eu estou em meu pleno direito de dar minha opinião sobre seu fogo miserável com aquele garoto que acabou de conhecer.São aproximadamente oito horas da manhã, ainda não desci para tomar café. Sinceramente? Minha cama está muito boa, então fecho meus olhos, respiro fundo, tentando não ficar chato por causa do tédio, e começo a pensar em tudo que me aconteceu nesses últimos dias.À
Acordar cedo nunca foi um problema para mim. A manhã de segunda, da qual muitos reclamam, eu amo. Simplesmente por causa da escola, local em que consigo sorrir um pouco – ou tento –, longe dos meus pais. Tirando a professora de matemática, que parece me odiar, e alguns garotos que pegam em meu pé, abstraio toda a negatividade do lugar e penso apenas no lado bom, minha melhor amiga.Ainda estamos brigados, mas eu sei que é temporário, é sempre assim.Abro meus olhos me sentindo confiante. Caminho até meu banheiro, faço toda a higiene matinal seguida por um banho morno, bem gostoso. Após me enxugar, volto ao quarto, abro o closet e pego a primeira calça jeans que vejo. Procuro a farda, que é uma camisa social branca de manga ¾ com o brasão da instituição, no formato de um pavão. Ainda acho um pouco brega, mas não posso fazer nada, eu sou obri
Lentamente abro meus olhos, sentindo uma forte dor de cabeça. Começo a avistar um teto de gesso todo branco e o cheiro do local em que eu estou, lembro-me de um hospital. Eu tenho quase certeza de que estou na enfermaria da escola.Com dificuldade de respirar, inclino minha cabeça para a direita e concluo minha suposição quando avisto a enfermeira. Ela está de costas para mim, conversando com Elisa, que segura uma sacola plástica preta toda amarrada.Me arrepio. Minhas roupas estão ali dentro, eu sinto, mas se realmente estão nesse saco, alguém me deu banho enquanto eu estava desacordado e essa ideia me deixa nervoso.Para tirar a imagem da mente, sem me preocupar com a dor de cabeça, a ergo e olho para meu corpo. Eu estou usando outra calça e camisa, provavelmente do acervo do curso de teatro.Volto a encostar minha cabeça na almofada dura do leito e solto um baixo
O Ateliê da Berta é um prédio rosa de cinco andares. O térreo é a recepção... na verdade, uma grande recepção. O segundo andar é a loja da Grife de Lara. Os andares três e quatro são responsáveis pela produção, onde ficam inúmeras máquinas de costuras, mesas de cortes e demais coisas para confecção das roupas desenhadas por ótimos estilistas, auxiliando as costureiras qualificadas. O quinto andar é a administração, em que fica também o escritório da Berta.Ao chegar à recepção, não olho para a cara da recepcionista que fala algo comigo. Não compreendo. Passo direto para o elevador e o pego.O setor administrativo é enorme e divido em várias salas, cada uma com uma função. Passo pelo RH, pela contabilidade, pelo almoxarifado, pela sala de