capítulo 02: a união

Eu estava em seus braços, ele me segurava com força. Enquanto nós atravessavámos pelo portal.

Faziam anos que eu não via a cidade lupina, e ao pôr meus pés naquele chão meu corpo inteiro parecia se renovar.

O vi sorrir levemente.

- o mundo lá fora não é para nós Mallena, você é metade lupino e ainda sim... Insistia em se manter longe de sua terra. - me mantive calada.

Logo o portal atrás de nós de fechou, e ele me soltou lentamente.

Encarei a floresta ao nosso redor, e estremeci um pouco. Estava frio, e eu estava sem a blusa.

Senti ele colocando algo em meus ombros, e logo descobri ser sua camiseta.

O encarei rapidamente, agora ele estava com o peitoral exposto. E eu não pude deixar de olhar. Ele havia... Crescido.

- não preciso disso! - eu disse entregando a camiseta para ele. - não preciso dessa sua... Seja lá o que for, estou bem como estou. - ele abriu um sorriso malicioso.

- por mais que eu goste do que estou vendo... - ele disse olhando para meus seios, eu logo os cobri. E ele sorriu novamente, mas dessa vez era sincero.

- eu não quero que você fique resfriada, ou doente! Não tão perto da nossa união, então... Use isto agora. - eu sorri de forma irónica.

- me obrigue. - disse o desafiando, ele veio até mim. Não havia malícia em seu olhar, apenas... Algo estranho. Seus malditos olhos âmbar, brilharam de repente. Ele foi vindo em minha direção, e eu fui me afastando. Ele me prendeu contra uma árvore. Minha respiração ficou rápida, meu sangue ferveu.

Por algum maldito motivo idiota, meus pêlos arrepiaram.

- se afasta de mim agora! - mas ele se manteve aonde estava.

Lentamente ele tocou meu cabelo.

- não tem ideia do que... Sua mera presença, seu... Maldito cheiro! Faz comigo Mallena. - ele cheirou meu pescoço, eu me encolhi.

- aí estão vocês! - alguém falou atrás de nós. Ele se virou bruscamente, se afastando de mim e me deixando respirar finalmente.

- podemos ir, Daikan? - seu beta perguntou para ele.

Daikan me encarou de cima a baixo.

- vista essa m*****a camiseta, o caminho será longo. - mas eu joguei a camiseta no chão.

Uma veia saltou de sua testa, mas então ele se aproximou novamente.

- se não pôr essa m*****a camiseta, eu vou torturar sua irmã... Da pior forma possível. - tentei lhe dar um tapa, mas ele segurou minha mão. Eu me desvencilhei.

Eu me abaixei lentamente e peguei a camiseta, a vesti rapidamente. O encarei furiosa.

- quer que beije seus pés também?

- tem outras coisas que eu gostaria que você beijasse, mas não agora. - ouvi o beta sorrindo. Eu só queria socar ele.

- vamos lá, enfim podemos ir. - ele disse puxando minha mão.

                       ****

Andamos um pouco, e enfim chegamos ao centro da cidade lupina. Era tão bonita, não era como eu estava esperando, era brilhante. Haviam alguns lupinos ainda nas ruas, alguns me encaravam de forma estranha. Mas eu não me importava.

Logo chegamos até a casa Daikan, era uma enorme mansão no meio da cidade.

Ao adentrar, Verônica veio correndo em minha direção, eu a abracei forte checando como ela estava.

- você está bem? Eu... Eu senti tanto medo. - ela disse entre lágrimas, eu sorri a abraçando.

- eu estou bem, eu... Eu tô bem e você? Eles fizeram algo com você? - escutei Daikan murmurando, mas não lhe dei ouvidos.

- eles não fizeram nada, eu tô bem. - a abracei novamente.

Daikan logo se aproximou.

- é melhor comerem algo e depois você vai dormir, a união será cedo amanhã. - ele logo foi se afastando, mas eu me aproximei.

- eu não...

- vamos mesmo começar com isso novamente Mallena? - eu me sobressaltei.

- por quê você quer se casar comigo? Existem tantas outras qualificadas! Me deixe ir embora com a Verônica, me deixe viver! Eu... Eu não quero ser sua amante ou seja lá o que você quer que eu seja! Me deixe ir embora, você quer mesmo viver com uma mulher que não ama você? - ele me encarou e havia uma espécie de tristeza em seus olhos, mas eu não acreditava naquilo.

- não se trata apenas disto! Você sabe Mallena!

- Então se trata do quê? - eu fui para cima dele. Mas ele não recuou.

- você é minha amante! Não podemos ficar separados! - eu ri sem felicidade.

- isto não é uma m*****a regra, muitos lupinos não vivem com seus amantes, vivem com outros! Isso é apenas uma m*****a tradição. - mas ele se manteve quieto. Eu bati em seu ombro. Seu beta quis se aproximar, mas ele não deixou.

- é complicado para você eu sei...

- NÃO É COMPLICADO! ME DEIXE IR!

- EU NÃO POSSO! NÃO POSSO MALLENA. - meu lado lupino, recuou ao ouvir ele gritar. Me senti uma imbecil nesse momento.

Ele tentou se aproximar, mas eu me afastei.

Ele respirou fundo.

- acredite Mallena, eu não queria isto também! Uma fêmea que não me ama, que talvez nunca...

- talvez não, eu nunca! Vou amar você! Nunca! Seu maldito bastardo. Essa sua conversa, não me engana. - lhe encarei com o mais sincero desprezo.

Ele parou instantaneamente e então sorriu.

- quer que eu seja o monstro que você fantasia? Pois bem... Kyle, leve Verônica até o quarto azul! A prenda lá. E leve Mallena para o quarto vermelho! Prenda ela lá até o casamento. - ele logo se virou, indo embora. Eu gritei para ele. Mas ele não parou, Kily me ergueu do chão com extrema força e me levou até o quarto vermelho, mesmo eu tentando me soltar ele era forte demais.

- EU VOU TE MATAR, DAIKAN SEU DESGRAÇADO.

                       ****

No dia seguinte, mesmo tentando fugir eu não consegui. Várias serviçais entraram no quarto, e rumaram até mim.

Eu tentei me soltar, mas elas eram muito fortes. As mulheres me banharam, e me aprontaram.

Me colocaram dentro de um terrível vestido de noiva decotado. Eu só queria rasgar ele.

Enfim eu estava pronta, me sentia uma presa indo para o abate.

As mulheres me deixaram sozinha, furiosa eu me encarei no espelho. Sem nenhum controle de mim.

Não sei o que aconteceu, mas uma fúria imensa tomou conta de mim.

Eu rasguei a bata do vestido com os dentes, e arranquei as mangas.

Me olhei no espelho, e por algum momento me senti... Viva.

Kyle foi me buscar no quarto, ao ver o meu estado. Seus lábios se curvaram levemente para cima.

Descemos as escadas, e chegamos até o jardim principal. Haviam inúmeras pessoas, e mais a frente ele estava parado me esperando.

Não estava usando terno, apenas calças. E seu corpo estava marcado de vermelho, uma terrível tradição. Mas eu não consegui deixar de olhar.

Ao chegar ao seu lado, ele abriu um sorriso... Estranho.

- Mallena garyon, você... Filha da linhagem garyon! Aceita de bom grado e intensão ser a amante do alfa? - eu o encarei furiosa.

Abri um enorme sorriso.

- eu aceito de... "Bom grado" ancião. - o homem me encarou assustado. Mas Daikan continuava sorrindo.

Logo ele fez a mesma pergunta para ele, e de forma lenta ele respondeu:

- será um prazer aceitar Mallena, de bom grado e com a mais sincera vontade, ancião. - nos encaramos, e... Nossos olhos brilharam ao mesmo tempo.

- que vocês sejam intensos, e poderosos juntos. - todos gritaram aprovando.

O ancião furou nossos dedos, derramando um pouco de sangue.

Eu bebi um pouco do sangue dele, e ele... Lentamente chupou meu dedo enquanto me encarava com aqueles olhos âmbar brilhando.

- podem se unir. - o ancião gritou.

Daikan me puxou para perto muito rápido, e pôs os lábios nos meus. Eu relutei, mas... Ele era mais forte. Então eu senti sua língua me reivindicando, e me entreguei lentamente.

Quando nos afastamos, eu segurei em sua nuca e sussurrei:

- irei transformar sua vida em um inferno. - ele apertou minha cintura e me encarou sorrindo.

- mal posso esperar.

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