Capítulo 2
– Esta é a Dra. Sandra, a médica de plantão na noite passada. – Disse o diretor.

Nilton entrou na sala e olhou o crachá de identificação de Sandra. Ele disse:

– Venha comigo.

Sandra ficou confusa, questionando:

– Para onde estamos indo?

– Vamos logo. – O diretor a interrompeu, puxando-a. – Não deixe o Presidente Mendes esperar muito tempo.

Logo ela foi levada para o escritório do diretor.

Ramon estava afundado no sofá, com seu corpo esguio e ereto. Só olhando atentamente era possível notar a palidez em seus lábios finos.

O cheiro de desinfetante do hospital mascarava o leve odor de sangue que vinha dele.

Ele estava vestindo um terno preto impecável, e a expressão em seu rosto exalava uma força temperada por tempestades e ventanias. Apenas um olhar seu era suficiente para causar temor!

O assistente se aproximou de Ramon, inclinou-se e sussurrou baixinho:

– Todos os registros de vigilância da noite passada foram destruídos propositalmente. Devem ter sido aquelas pessoas que estavam tentando te matar, com medo de deixar evidências. Essa é a médica de plantão de ontem à noite, chamada Sandra. O diretor confirmou que ela estava de plantão. Eu verifiquei os registros das escalas, e ela estava mesmo escalada para ontem à noite.

Ramon levantou o olhar.

Sandra prendeu a respiração. Aquele não era o presidente do Grupo Uniguete?

– Foi você quem me ajudou ontem à noite? – Ramon questionou, olhando para ela com um olhar um pouco mais perscrutador.

Sandra imediatamente baixou o olhar, com medo de encará-lo.

– Sim, fui eu. – Respondeu ela. Ela não sabia exatamente o que havia acontecido na noite passada, mas sabia que se conseguisse se aproximar dele, só haveria benefícios.

Esse era o momento perfeito, já que estava prestes a começar o estágio no Hospital Central do Segundo Distrito Militar.

Embora fosse chamado de estágio, todos sabiam que, uma vez lá, permaneceriam.

Os recursos disponíveis lá eram muito superiores aos daqui.

Se ela conseguisse o apoio de Ramon para ir ao Segundo Distrito Militar, seria uma oportunidade valiosa para ela!

– O que você quiser, eu posso te dar, incluindo o casamento. – Disse Ramon com expressão indiferente, seu rosto frio adquiriu um toque de suavidade ao lembrar da noite anterior.

– Isso... Eu... –As boas notícias vieram rápido demais, e Sandra ficou sem palavras.

– Pense bem, depois pode vir me procurar. – Disse Ramon, levantando-se e instruindo seu assistente a passar seus contatos para ela.

O diretor se levantou para acompanhá-lo pessoalmente, dizendo:

– Presidente Mendes...

– Não precisa se incomodar. – Disse Ramon com sua habitual indiferença, como se lembrasse de algo, ele hesitou por um momento. – Aqui no hospital, por favor, cuide bem dela.

– Fique tranquilo, eu cuidarei bem dela. – Respondeu o diretor com um sorriso.

Assegurando-se de que ninguém pudesse ouvir, o assistente lembrou em voz baixa:

– O senhor já está casado, quanto ao casamento...

O chefe provavelmente não poderia prometer isso à Srta. Sandra.

Ao pensar naquela mulher que foi forçadamente empurrada para ele, a expressão no rosto de Ramon ficou cada vez mais sombria, e um sorriso frio se formou em seus lábios. Ele disse:

– Está procurando a morte.

O assistente estremeceu, sem saber se ele estava se referindo à mulher que se casou com ele ou ao causador de toda aquela situação.

...

Daniela voltou para a mansão, que era o lar de seu recém-casado marido.

– Senhora. – Dona Berta a cumprimentou assim que ela entrou. – Por que não esteve em casa a noite toda?

– Surgiu um plantão de última hora. – Disse ela em voz baixa.

Seus olhos estavam vermelhos e ela parecia exausta.

Dona Berta percebeu que ela parecia cansada demais para fazer muitas perguntas e deixou o assunto de lado.

Daniela subiu as escadas e se imergiu na banheira, sua mente repassando a noite anterior. Suas bochechas coraram involuntariamente, e ela enterrou o rosto em seus braços.

Havia uma mistura de sentimentos em seu coração.

Afinal, ela tinha se entregado daquela maneira, sem saber que tipo de homem ele era.

Além disso, ela... Já era casada.

Ela se sentia culpada por seu recém-casado marido, Ramon!

Depois do banho, ela se vestiu e saiu de casa.

Dona Berta a viu prestes a sair e se aproximou, dizendo:

– Você está saindo de novo? Não vai tomar café da manhã?

Daniela olhou para o relógio e respondeu:

– Não vou ter tempo para isso, tenho que ir trabalhar.

Dona Berta, sabendo que ela era médica, entendia a natureza do trabalho dela e também respeitava a profissão médica. Ela trouxe uma xícara de leite quente, dizendo:

– Tome isso antes de sair.

Daniela olhou para Dona Berta, sentindo-se aquecida pelo cuidado dela, abaixou suavemente os olhos e agradeceu em voz baixa:

– Obrigada.

– De nada. – Respondeu Dona Berta com um sorriso, seu rosto redondo parecia especialmente amigável.

Depois de terminar o leite, Dona Berta pegou a xícara e Daniela saiu.

Ela não foi diretamente para o seu trabalho no hospital. Saindo tão cedo, ela tinha um outro lugar para ir primeiro: a ala de internação.

Sua mãe estava na sala de cuidados intensivos.

Ao entrar, ela verificou a condição de sua mãe, que continuava péssima.

Seu ânimo ficou um pouco mais pesado.

Sua mãe sofria de insuficiência cardíaca e estava em estágio terminal. A única maneira de prolongar sua vida era através de um transplante de coração, mas isso exigia um alto custo cirúrgico.

Ela concordou em se casar com um membro da família Mendes porque seu pai a ameaçou, dizendo que não pagaria pelo tratamento se ela não concordasse.

Agora, tudo o que precisavam era encontrar um coração adequado e assim a mãe teria uma chance de sobreviver.

Ela olhou para a mãe e, com a voz trêmula, disse baixinho:

– Mãe, eu vou te curar, com certeza.

Porque sua mãe era a pessoa mais querida para ela neste mundo.

De repente, ressoou um zumbido.

Era seu celular tocando no bolso.

– Dani, me ajude com uma coisa. – Veio a voz do outro lado da linha telefônica.
Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo