Capítulo 3
Era uma ligação de seu colega veterano, Calisto Lima. Eles se formaram na mesma faculdade de medicina, mas ele estava duas turmas à frente dela e tinha estudado no exterior, agora sendo bastante conhecido no país.

Ele sempre foi muito gentil com ela.

Então eles eram bons amigos.

– Claro, o que você precisa? – Ela respondeu prontamente.

– Tenho um paciente e estou ocupado demais para chegar lá a tempo, você poderia ir em meu lugar? – Veio a voz do outro lado.

Daniela olhou para o relógio. Ela não tinha consultas hoje, tinha duas cirurgias agendadas para a tarde, então tinha tempo de manhã.

– Está bem. – Ela respondeu.

– O endereço é no Bairro Jardim das Rosas, Bloco A, apartamento 306. Diga que está procurando o Sr. Nilton, o porteiro irá avisar. – Ele explicou.

– Okay.

– E por favor, não comente sobre isso com ninguém, não faça muitas perguntas, apenas cuide do tratamento dele. – Ele instruiu do outro lado.

– Entendi. – Daniela respondeu e desligou o telefone antes de pegar um táxi em direção ao local.

Era um condomínio de luxo, com alto nível de segurança e privacidade.

O porteiro a parou e ela disse que estava procurando pelo Sr. Nilton. O porteiro fez uma ligação para confirmar e, após receber permissão, a deixou entrar.

Ela encontrou o apartamento 306 e tocou a campainha.

A porta foi aberta rapidamente.

Nilton viu que não era Calisto e franziu a testa, perguntando:

– Quem é você?

Daniela percebeu pelas palavras de Calisto que o paciente parecia muito preocupado com a privacidade, e ela não queria causar problemas, então estava usando uma máscara.

– O Dr. Calisto me enviou. – Ela respondeu.

Nilton olhou para a maleta médica em suas mãos, questionando:

– Você sabe o que fazer?

– Sei, o Dr. Calisto me instruiu. Não vou falar demais. – Ela respondeu.

Nilton pensou que Calisto não chamaria alguém aleatoriamente, então ele a deixou entrar.

Ele levou Daniela pelo espaçoso salão até o segundo andar, em direção a um quarto.

O quarto estava escuro. Daniela comentou:

– Está muito escuro, como vou tratar do paciente?

Ramon ouviu a voz de uma mulher, pegou o casaco que estava jogado de lado e o colocou sobre o rosto, falando friamente:

– Acenda a luz.

Nilton acendeu as luzes.

O quarto instantaneamente ficou iluminado.

Daniela sentiu uma leve sensação de familiaridade na voz, mas não questionou mais a respeito. Ela viu o homem deitado na cama, com manchas de sangue seco em sua camisa branca, exalando um tom vermelho escuro.

Ela não ficou olhando por muito tempo, ela estava ali apenas para tratar do paciente.

Era evidente que ele não queria que sua identidade fosse revelada, e ela também tinha consciência disso.

Daniela colocou a maleta médica na mesa e abriu a tampa, retirando uma tesoura cirúrgica para cortar o tecido ao redor do ferimento.

Logo ela avistou a ferida que havia sido tratada com um curativo simples, cortou o curativo e viu duas facadas no lado direito das costelas.

Ela largou a tesoura e começou a limpar a ferida com destreza.

Seu movimento era calmo e habilidoso.

– Você tem alergia a anestesia? – Ela perguntou.

Após examinar a ferida, ela viu que não era profunda o suficiente para atingir órgãos internos, mas precisaria ser suturada.

Isso exigiria anestesia local.

Sua voz estava tão calma, completamente diferente do pânico da noite anterior.

Portanto, mesmo ouvindo sua voz, Ramon não percebeu nada.

Ele confiava em suas habilidades médicas, ela era eficiente e direta. Ele respondeu friamente:

– Não sou alérgico.

Daniela preparou a medicação e injetou a anestesia ao redor da área que precisava ser suturada.

Após dois minutos, o efeito da medicação começou a agir e ela começou a suturar a ferida.

Levou apenas uma hora para concluir o procedimento.

Foi rápido.

Ela tinha sangue em suas mãos, então disse:

– Preciso ir ao banheiro. – Disse ela.

– No andar de baixo tem um, vá em frente. – Respondeu Nilton.

Ela saiu.

Quando confirmou que ela estava no andar de baixo, Nilton fechou a porta e se aproximou de Ramon, dizendo em voz baixa:

– Descobrimos algumas coisas. As pessoas de ontem à noite foram enviadas por Darlene. Provavelmente foi porque o senhor removeu todos os seus informantes da empresa e ela ficou desesperada, tentando te matar logo.

Ramon se levantou e se sentou na beira da cama. Sua roupa estava desarrumada, ele não estava em sua melhor forma, mas seu corpo doentio irradiava uma aura surpreendentemente feroz.

Ele ergueu os olhos, seu olhar escuro como um abismo, e perguntou:

– A Darlene também esteve envolvida no fato daquela mulher ter se casado comigo?

Nilton hesitou por um momento e sussurrou:

– Sim, descobri que a Darlene teve contato com Getúlio, essa situação também é suspeita. Foi o Getúlio quem exigiu que fosse ela a se casar com o senhor, e não Elias. Isso deixa claro que a Darlene certamente mexeu os pauzinhos.

– Ela me deu tantos presentes um após o outro, seria rude da minha parte não retribuir de alguma forma. – Murmurou Ramon.

Ele tinha ido a outro país resolver alguns assuntos e, enquanto estava fora, as coisas se complicaram.

Seus olhos e sobrancelhas estavam cheios de indiferença, mas não conseguiam esconder o frio profundo em seus olhos. Ele disse:

– Ouvi dizer que o Elias está na Rua do Centro, administrando um lugar de entretenimento chamado “Sedução Club”.

Nilton imediatamente entendeu, respondendo:

– A empresa não tem mais lugar para eles, eles dependem daquele estabelecimento de entretenimento para se sustentarem. Se isso for destruído, a vida deles certamente será difícil.

– Vá. – Ordenou Ramon em voz baixa.

Quando Nilton desceu as escadas, Daniela estava prestes a subir.

Nilton sabia que Calisto já havia dado instruções a ela, mas ainda deu tanto um aviso quanto uma advertência:

– Se alguém souber do que aconteceu hoje, você com certeza terá uma morte terrível.

Se a notícia de que Ramon havia se machucado chegasse aos ouvidos de Darlene e Elias, essa dupla de mãe e filho certamente aproveitariam a oportunidade para causar problemas.

– Eu não vou falar. – Daniela disse, com a cabeça baixa. – Eu só vou pegar a minha maleta médica e ir embora.

Ela subiu as escadas e viu um homem de costas para a porta. Sua camisa manchada de sangue já havia sido removida. Suas costas eram magras e largas, sua cintura era estreita, sem gordura, conectando-se em uma linha firme e simétrica com nádegas firmes, transmitindo uma sensação sutil de força.

– Ainda não foi embora? – O homem não se virou, parecia ter percebido o olhar direto de Daniela. Sua voz era preguiçosa e carregada de sarcasmo.

Daniela rapidamente abaixou a cabeça, percebendo que havia o admirado por tempo demais.
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