Capítulo 7
– Srta. Vieira? Sou o assistente do Presidente Mendes, o Presidente Mendes está te convidando, venha comigo, por favor.

Ao ver Nilton, Daniela primeiro se surpreendeu, mas logo abaixou o olhar, disfarçando o reconhecimento.

Da última vez, ela havia ido tratar alguém a pedido de Calisto, e esse homem havia atendido a porta.

“Ele é o assistente do Ramon?”

“Será que aquele homem ferido era Ramon?”

– Srta. Vieira, por favor. – Nilton insistiu, notando sua relutância.

Daniela conteve seus pensamentos e disse:

– Tenho que ir trabalhar.

Era uma recusa clara.

Ela não queria ver aquele homem.

– Srta. Vieira, pense bem. Sua posição atual irritou o Presidente Mendes. Perder o emprego é o de menos, sua carreira como médica pode ser arruinada.

Era uma ameaça clara.

Daniela apertou os punhos com força. Seu pai só lhe deu o dinheiro para a cirurgia, e as despesas do tratamento e cuidados de sua mãe dependiam de seu salário. Ela não podia perder o emprego, nem abrir mão de sua carreira como médica.

Ela não teve escolha a não ser acompanhar Nilton!

– Espere um momento, vou ligar para o hospital e pedir licença.

Dito isso, ela subiu as escadas, pegou um bisturi na gaveta e o colocou na bolsa, para se defender.

Depois de se arrumar rapidamente, ela desceu.

Logo, ela foi levada a um local de entretenimento.

Daniela nunca havia estado em um lugar assim.

Havia casais se pegando por todos os lados, e mulheres fofocando em um canto...

– Ouvi dizer que o homem com quem Ramon faz negócios no andar VIP é muito tarado e tem gostos bizarros.

– Será que é o mesmo de antes, que quase matou uma das garotas?

– Sim, é ele mesmo. Dessa vez, não sei quem vai se dar mal, mas espero que não seja uma de nós. Ouvi dizer que a última garota, mesmo tendo sobrevivido, ficou incapaz de ter filhos, não sei o que fizeram com ela...

Daniela sentiu um arrepio, especialmente ao ouvir o nome de Ramon na conversa delas.

Ela estava um pouco nervosa, com as palmas das mãos suando frio.

Logo o elevador parou.

Nilton viu que ela estava pálida e, com bondade, a lembrou:

– Você sabe muito bem como se casou com o Presidente Mendes. Agora, se você assinar o acordo de divórcio, poderá evitar este compromisso de hoje.

De fato, a família Mendes devia um favor à família Vieira, e esta havia imposto algumas condições. A família Mendes não podia recusar, mas se a Daniela aceitasse o divórcio por vontade própria, encerraria toda aquela questão.

Daniela olhou para Nilton, seu corpo tremendo levemente. Se ela pudesse recusar, não teria entrado na família Mendes.

Muito menos teria dado a Ramon a chance de forçá-la agora.

Ela respirou fundo e seguiu Nilton para fora do elevador.

Nilton franziu o cenho, sem dizer mais nada, e a levou para um luxuoso salão privado. Na penumbra, ela logo avistou Ramon sentado no sofá, ao lado de um homem.

– Ora, ora. – Assim que ela entrou, atraiu os olhares do homem desconhecido, que a examinou de cima a baixo sem pudor. – Não é nada mal, essa pele branca como porcelana, essa cinturinha fina. Aposto que é bem macia sob as minhas palmas.

Ele gesticulou para Daniela, dizendo:

– Venha se sentar ao meu lado.

Daniela olhou para Ramon. Ele estava recostado, as pernas cruzadas com elegância, o rosto todo oculto na escuridão. Ela não conseguia vislumbrar nenhuma expressão sua.

O homem se levantou e colocou o braço sobre o ombro dela de maneira atrevida.

Ele olhou para Ramon e comentou rindo:

– De onde você tirou essa? É muito mais bonita do que aquelas garotas de programa maquiadas demais. Essa aparência ingênua e natural é exatamente do meu gosto.

Ramon não disse nada e não impediu o comportamento do homem, o que parecia ser uma permissão tácita.

Daniela sentiu um frio no coração. Ela apertou com força a alça da sua bolsa.

– Você bebe? – O homem perguntou, deslizando a mão pela cintura dela.

Ela se afastou, enojada com aquele homem, e recusou:

– Não bebo.

– Não tem problema, eu te ensino.

Dito isso, ele encheu um copo até a borda e o aproximou da boca dela.

Ela virou o rosto para se esquivar, mas o homem a puxou para seus braços. Ela se debateu:

– Me solte...

– Me acompanhar nesses compromissos também faz parte do seu dever. – Ramon se inclinou para a frente, seu perfil ficando mais nítido à luz. Seus olhos estavam tranquilos, mas o cenho carregado lhe dava um ar hostil. – Se não consegue, é melhor ir embora!

Ela pensava que ele não gostava dela, que no máximo a tratava como lixo ou como se ela fosse invisível.

Mas nunca imaginou que ele pudesse ser tão desprezível.

– Eu bebo. – Ela cedeu, afastando o homem.

Pegou o copo que ele lhe oferecia e, após uma breve hesitação, virou todo o conteúdo de uma vez.

Era a primeira vez que Daniela bebia.

A bebida queimou sua garganta até o estômago.

Ardida e picante.

Ela franziu as sobrancelhas, numa expressão provocante aos olhos dos outros. O homem não se conteve, perguntando;

– Presidente Mendes, posso levá-la daqui?

Daniela se assustou e quis fugir. Quando levantou o rosto, seus olhos encontraram o olhar profundo e sombrio de Ramon. Ela parou, percebendo que era isso que ele queria: humilhá-la.

Rapidamente, Ramon desviou o olhar, dizendo:

– Fique à vontade.

O homem sorriu com os olhos brilhantes e logo abraçou Daniela, desta vez ela não resistiu. Em seguida, eles saíram do salão privado.

Nilton se aproximou, dizendo:

– Se deixar a Srta. Vieira ir embora com o Fausto... Temo que sua ingenuidade fique comprometida, ela...

“Embora o chefe queira que ela recue diante dessa situação e aceite a se divorciar por vontade própria, não era para que ela realmente perdesse a virgindade para outro homem, certo?”

Ramon se serviu de uma dose de bebida, virando tudo de uma vez. Seu olhar estava sombrio ao responder:

– Você acha que ela é tão pura assim?

Nilton ficou profundamente chocado, seus olhos se arregalaram. Então, a família Vieira não era apenas gananciosa, a mulher que eles entregaram para o Ramon também não era decente?

Ele ficou imediatamente indignado, lamentando ter tido um pouco de compaixão por Daniela.

Agora, via que ela não a merecia.

– Ela sabe que nós estamos causando pressão nela de propósito, mas mesmo assim não quis tomar a iniciativa de pedir o divórcio. Parece que ela não vai abrir mão facilmente. – Disse Nilton.

Será que ela queria se agarrar à família Mendes na cara dura?

– Presidente Mendes...

– Vamos embora. – Ramon o interrompeu, com expressão calma, obviamente não querendo ouvir mais nada sobre Daniela.

Nilton foi sensato e não falou mais nada, foi na frente abrir a porta do salão privado.

Dentro do carro, as cenas da mulher indo embora com Fausto Ribeiro voluntariamente passavam pela mente de Ramon.

“Ela sabe o que vai acontecer e mesmo assim quis ir?”

“Aquela mulher...”

– Volte.

Nilton ficou por um momento confuso, mas logo entendeu, virando o carro de volta ao clube.

Porém, não encontraram a pessoa lá, disseram que ela já havia saído.

O rosto de Ramon ficou sombrio e ele ordenou que Nilton fosse à mansão.

Mas ela também não estava lá. Obviamente, Daniela ainda não havia retornado.

– Vá procurar a...

Antes que Ramon completasse a frase, a porta se abriu e a voz de Daniela soou:

– Dona Berta...

Ela não era acostumada a beber e apenas uma dose já a havia deixado um pouco embriagada. Se não fosse pelo seu habitual autocontrole e sua frieza profissional, ela realmente não conseguiria voltar.

No entanto, viu Dona Berta parada ali, sem coragem de se aproximar.

– Dona Ber...

Quando ela estava prestes a chamar novamente, finalmente notou o homem parado na sala.
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