O silêncio dentro do carro era cortante, carregado de tensão. Isabele mantinha os braços cruzados, o olhar fixo na estrada, determinada a ignorar a presença de Álvaro ao seu lado. Mas era impossível. Cada pequeno detalhe dele — a maneira como suas mãos firmes seguravam o volante, a postura dominante e relaxada ao mesmo tempo, o perfume amadeirado e masculino que pairava no ar — fazia seu corpo inteiro entrar em alerta.
Álvaro também não parecia disposto a facilitar as coisas. Mantinha aquele sorriso de canto, presunçoso, como se soubesse exatamente o efeito que tinha sobre ela. — Vai ficar calada o caminho inteiro? — ele provocou, lançando um olhar de soslaio para ela. — Eu não tenho nada para falar com você. — Engraçado… Ontem à noite você tinha muito para me dizer. Ela sentiu o rosto esquentar e os músculos se retesarem. — Você é um idiota. Ele riu baixo. — E voc— Eu já disse que não vai trabalhar para esse idiota ,quantas vezes terei que repetir isso ? Ela ficou boquiaberta. — Você é um controlador doente! Ele sorriu de lado, cínico. — Prefiro me ver como um homem que protege o que é dele e está claro para mim que esse idiota quer o que me pertence. Ela quase engasgou. — Eu não sou sua! Ele a fitou intensamente antes de responder, sua voz mais baixa e rouca: — Claro que é ,só não quer admitir isso. O calor subiu pelo corpo de Isabele, mas ela se recusou a demonstrar qualquer fraqueza. — Me leva para a entrevista agora, Álvaro. — Não. Ela bateu no painel do carro.
Ela engoliu em seco, sentindo o peso daquelas palavras. — E o segundo motivo? — Sua voz saiu mais baixa do que pretendia. Álvaro se inclinou ligeiramente sobre a mesa, seu olhar prendendo o dela. — O segundo… — Ele fez uma pausa, como se quisesse que ela absorvesse cada palavra. — É que, apesar de todas as mágoas e ressentimentos que nos cercam… nós nos amamos. O coração de Isabele vacilou, mas ela se recusou a desviar o olhar. Porque, no fundo, sabia que era verdade. Ela respirou fundo, tentando manter a razão. — Talvez você esteja enganado — disse, cruzando os braços. — Talvez o que sentimos seja apenas desejo, atração, algo carnal… e não amor. Álvaro arqueou uma sobrancelha, um meio sorriso curvando seus lábios. — Eu não ne
Antes que pudesse reagir, foi jogada brutalmente para dentro, seu corpo colidindo com o banco de couro. O pânico tomou conta quando sentiu um tecido áspero ser puxado sobre sua cabeça, mergulhando-a na escuridão total. Ela gritou, esperneou, tentando se soltar, mas cada movimento apenas atiçava a crueldade de seus captores. — Cala a boca! — rosnou um deles, segurando seus braços com força. Ela continuou lutando, mas sentiu um aperto firme em seu braço. Um segundo depois, uma dor aguda perfurou sua pele. O choque tomou conta de seu corpo, seus músculos começaram a ceder, e um frio estranho percorreu suas veias. O mundo ao seu redor começou a desvanecer. Seus gritos ficaram fracos, sua força se esvaindo como areia entre os dedos. A última coisa que sentiu foi seu próprio corpo amolecendo contra o banco, enquanto a escuridão a envolvia por completo. Isabele acordou com um gemido baixo, a cabeça latejando e o corpo
Ele a encarou, os olhos ardendo de fúria e impotência. Confiar? Como poderia simplesmente sentar e esperar? A raiva queimava dentro dele, transformando-se em uma única certeza. — Eu vou encontrá-la. — Sua voz saiu fria, carregada de determinação. — Com ou sem a ajuda da polícia. Gabriel passou a mão pelo rosto, exasperado. — Você não está pensando direito! E se forem pessoas perigosas? — Eu não me importo com o risco. — Álvaro respirou fundo, reprimindo a dor que tentava dominá-lo. — O que me importa é trazê-la de volta. O silêncio voltou a dominar o ambiente. Gabriel sabia que não adiantava tentar convencer o filho a ficar parado. Álvaro não esperaria. Ele encontraria Isabele. E nada o impediria. A dor ainda pulsava em sua testa, mas Álvaro a ignorou completamente. Seu corpo estava moído, os músculos doloridos, mas nada importava. Isabele estava desaparecida, e ele não suportava a ideia de ficar de braços cruzados enquanto ela poderia estar sofrendo nas mãos de des
— Eu juro por tudo que é mais sagrado, Luana... se algo acontecer com ela... Ela passou a língua pelos lábios, os olhos brilhando de prazer diante do sofrimento dele. — A vida dela depende de você, Álvaro. Depende das escolhas que fizer a partir de agora. Álvaro sentiu o coração bater tão forte que parecia que ia rasgar seu peito. Luana não era humana. Era um monstro. E agora, a vida de Isabele estava nas mãos daquela mulher fria e calculista. O silêncio que pairou no ar foi sufocante. Álvaro sentia o próprio sangue ferver, as mãos crispadas em punhos tão cerrados que as unhas se enterravam na carne. Seu olhar, antes apenas de fúria, agora refletia algo ainda mais sombrio: a necessidade de vingança. Luana manteve o sorriso frio nos lábios, brincando com uma mecha de cabelo enquanto observava cada reação dele com diversão. — Você não vai conseguir nada me ameaçando, Álvaro. — Sua voz saiu baixa, cheia de falsa doçura. — Sabe disso, não sabe? Ele fechou os olhos por um insta
Luana inclinou a cabeça de lado, os olhos avaliando-o com diversão. — Você sabe que minha palavra não vale muito para você. Mas... se isso te faz dormir melhor à noite, eu prometo que Isabele será tratada bem. Desde que você faça exatamente o que eu quero e não tente rastrear esse número pela mensagem. Todos os celulares usados para entrar em contato comigo ou com você são descartáveis, ao meu comando. Álvaro cerrou os punhos, sentindo o peso da armadilha em que havia caído. Ele não podia contar com a polícia, não podia confiar nela e, pior, não tinha margem para erros. Isabele dependia dele. Luana se aproximou lentamente, os olhos brilhando com um misto de satisfação e posse. Quando chegou perto o suficiente, deslizou os dedos pelo peito dele, traçando um caminho suave até seu pescoço. — E tem mais uma coisa, Álvaro... — murmurou, envolvendo a nuca dele com os braços, puxando-o para mais perto. — Se você contar para a polícia que eu estou envolvida no sequestro... nunca mais verá
Álvaro inspirou fundo, tentando manter a calma, mas sua voz saiu carregada de raiva. — Sequestraram Isabele, aquela garota que agora é uma mulher linda e mãe do meu filho que eu sempre fui apaixonado. O semblante de Dario se fechou na hora. — E você sabe quem foi ? ou suspeita de alguém ? —Sim eu tenho certeza . Luana, a afilhada do meu pai que é obssecado por mim desde que era adolescente.— Álvaro completou, cerrando os punhos. — Mas não posso provar. E, pior, se eu contar algo a polícia ela ameaçou deixar que os bandidos matem a Isa. Dario soltou um suspiro e passou a mão pelo queixo, pensativo. — Certo... Me conta tudo. Álvaro detalhou os eventos, desde a ameaça de Luana até a ligação em que ela deixou claro que controlava os sequestradores. Dario ouviu tudo em silêncio, analisando cada detalhe. — Então, você precisa encontrar Isabele antes que ela seja vendida ou morta. — Ele assentiu, pegando um tablet na mesa. — Vamos começar pelo hotel. Você disse que os sequestrado
O ar no cativeiro era pesado, impregnado pelo cheiro de mofo e suor. O colchão fino onde Isabele estava jogada parecia um ninho de angústia e desespero. Seus pulsos doíam devido às amarras apertadas, e seus lábios estavam ressecados pela mordaça que a impedia de gritar por socorro. Ela se sentia fraca, vulnerável, e seu corpo inteiro tremia de frio e medo. A porta rangeu, arrancando-a de seus pensamentos sombrios. Seu coração acelerou ao ver mais um sequestrador entrar. Ele usava roupas escuras e uma máscara, assim como os outros, mas havia algo diferente nele. Seus movimentos eram mais hesitantes, sua postura menos ameaçadora. O homem caminhou até ela e, para sua surpresa, ajoelhou-se ao seu lado. Com gestos rápidos, desamarrou suas mãos e retirou a mordaça que sufocava sua boca. O alívio imediato da liberdade foi ofuscado pela incerteza. — Por favor… — sua voz saiu rouca e trêmula. — Me deixa ir embora…