Assim que chegaram à sala, encontraram Angélica e o pai de Álvaro já aflitos. O delegado e dois policiais estavam parados no meio do cômodo, suas expressões sérias como se já soubessem o que fariam a seguir. O ar pareceu ficar ainda mais pesado quando o delegado finalmente quebrou o silêncio: — Senhor Álvaro, sua família já está ciente da situação, então serei direto. O senhor está preso pelo assassinato de Lucas Andrade. O impacto das palavras atingiu Isabele como um soco no estômago. Seu coração disparou, e ela sentiu as pernas fraquejarem. — O quê?! — A voz do pai de Álvaro ecoou pelo ambiente, carregada de incredulidade. — O senhor não nos disse que iria prender meu filho! O delegado manteve-se impassível. — Agora temos provas concretas contra ele. Álvaro estreitou os olhos. — Que provas? O delegado puxou um envelope e ergueu uma foto. — A arma do crime foi encontrada. E está registrada em seu nome. O silêncio que se seguiu foi sufocante. — Isso é um erro! Só pode se
— Eu disse que posso livrar Álvaro de todas as suspeitas. Sei exatamente como tirá-lo dessa situação terrível em que ele se encontra. Isabele estreitou os olhos. — E posso saber como fará isso ? O olhar de Luana ficou mais frio, mais calculista. Luana esboçou um sorriso lento, quase cruel. — Simples. Vou dizer que Álvaro esteve o tempo todo comigo depois que saiu da boate aquela noite. Isabele franziu o cenho. — O quê? — Eu direi à polícia que ele dormiu comigo. Que passou a noite toda ao meu lado e que, portanto, não poderia ter cometido o assassinato. Minha palavra vai servir como um álibi sólido para ele. — mas isso é mentira! Álvaro passou a noite comigo, e você sabe disso! Luana inclinou levemente a cabeça, como se se divertisse com a indignação de Isabele. Seu sorriso aumentou, e seus olhos brilharam com malícia. — Clar
Isabele ficou imóvel por um longo tempo, olhando para a porta por onde Luana acabara de sair. Seu peito subia e descia rapidamente, como se estivesse lutando para respirar. As palavras cruéis daquela mulher ainda ecoavam em sua mente, esmagando-a pouco a pouco. "Se você realmente ama Álvaro, vá embora. Leve seu filho e nunca mais volte." Ela fechou os olhos com força, sentindo a dor sufocante apertar seu coração. Era como se estivesse sendo dilacerada de dentro para fora. Como poderia simplesmente abandonar Álvaro? Como poderia deixar o homem que amava para trás e fingir que nunca existiram? Seus joelhos fraquejaram, e ela caiu sentada na beira da cama, as lágrimas rolando silenciosas por seu rosto. O que deveria fazer? Se ficasse, Álvaro poderia ser condenado por um crime que não cometeu. Mesmo que tentassem encontrar provas de sua inocência, o tempo era cruel. O sistema não esperaria que encontrassem o verdadeiro culpado
Luana piscou, fingindo confusão. — Do que está falando? Isabele deu um passo à frente, seus olhos faiscando de fúria. — Foi você que matou Lucas! Por um breve momento, Luana pareceu surpresa, mas logo um sorriso perverso se formou em seus lábios. — Até que você é bem espertinha… — ela sussurrou, inclinando a cabeça ligeiramente. — De tonta, só tem a cara. Sim, fui eu. Isabele ficou em choque. Seu corpo tremeu, sua respiração ficou irregular. A mulher que estava diante dela era um monstro. Sem pensar e sem hesitar, ela ergueu a mão e desferiu uma forte bofetada no rosto de Luana. O estalo ecoou no ar. Luana levou a mão ao rosto, seus olhos brilhando de ódio, mas, surpreendentemente, ela riu. — Isso é t
Luana suspirou e pegou o papel de volta. — Ah, minha querida… Quando as pessoas estão feridas, elas acreditam no que querem acreditar. E Álvaro já está vulnerável o suficiente para cair nessa. Ela inclinou-se para mais perto, sua voz baixa e ameaçadora. — Agora, você tem uma escolha. Pode se recusar a copiar essa carta… e Álvaro passará o resto da vida na prisão. Ou pode assiná-la e garantir que ele seja solto. O desespero apertou o peito de Isabele como garras afiadas. — Você é uma pessoa desprezível ! — sussurrou, lutando contra as lágrimas. — Sim. E sou. — Luana sorriu. — E então o que você decide ? O peso da decisão era esmagador. Ela olhou para a carta novamente, sentindo cada palavra a perfurar como estacas. Se assinasse, destruiria qualquer chance de Álvaro acreditar nela novamente. Se recusasse… ele nunca sai
— Mamãe, a gente vai demorar muito nessa viagem? A voz doce e inocente do filho a fez estremecer. Ela se forçou a sorrir, mas sabia que seus olhos não escondiam o peso da mentira que estava prestes a contar. — Não, meu amor… Logo estaremos de volta. Os olhinhos dele brilharam de alívio. — Ainda bem! Eu não quero ficar longe do meu papai de novo. Eu amo ele mamãe e ele é muito legal. Aquelas palavras atravessaram Isabele como uma faca envenenada. Sua respiração falhou, e por um instante, ela teve que desviar o olhar para não deixar que ele visse suas lágrimas. Ele não sabia. Nunca saberia. Davi acreditava que era apenas uma viagem, que logo voltariam. Mas I
Mas, apesar de tudo, seu relacionamento com Luana nunca se aprofundou. Ela queria ser a senhora Castro, mas para Álvaro, ela nunca passaria de uma companhia ocasional para noites solitárias. E Luana sabia disso. Ela suportava porque ainda nutria a esperança de conquistá-lo. E, mais do que tudo, porque queria que Isabele continuasse no passado, esquecida e odiada. — Bebendo tão cedo? — Luana perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto caminhava na direção dele. Álvaro soltou um riso amargo, servindo-se de mais um copo. — O detetive que contratei não encontrou nenhuma maldita pista sobre Isabele e Davi. Luana sentiu a raiva subir por sua garganta como um veneno corrosivo. Ele ainda estava procurando aquela mulher. Dizia odiá-la, dizia querer apenas o filho de volta, mas Luana sabia a verdade. Ele
O sol já iluminava o apartamento amplo em Goiânia, mas Isabele ainda não tinha conseguido tirar Davi da cama. O café da manhã estava sobre a mesa, intacto, e o relógio marcava a hora exata em que ele já deveria estar se preparando para sair. Mas, como nos últimos dias, a resistência dele era absoluta. — Davi, levanta, filho. Você vai se atrasar para a escola. Ele permaneceu deitado, de costas para ela, abraçando o travesseiro com força. — Eu não quero ir. A voz dele soava emburrada, mas por trás da teimosia, Isabele reconhecia o que realmente estava acontecendo: Davi não estava apenas fazendo birra. Ele estava magoado. E, dessa vez, ela não sabia como consertar isso. Suspirando, ela se sentou na beira da cama e passou a mão pelos cabelos dele, mas o menino afastou sua mão com um gesto brusco. — Por favor, filho... — Sua voz saiu baixa, cansada. Finalmente, Davi se virou, e Isabele sentiu o impacto daqueles olhos azuis que sempre a faziam lembrar de Álvaro. Eram idênticos aos do