Melissa Anderson
O sol insistente tenta entrar pela brecha da cortina e eu continuo encarando-o. Eu o vi nascer já que não consegui dormir durante toda a noite, descobri conforme o dia foi surgindo que hoje o clima será quente e isso me deixa extremamente chateada, não é exatamente o que eu queria.
Aguardo mais alguns minutos e finalmente escuto o meu despertador, cheguei a pensar que ele me atrasaria, contudo acredito que me adiantei desde o momento em que acordei no meio da noite, após um sonho totalmente escuro.
Pude ouvir os sons noturnos que sempre me assustam, se o Théo não tivesse preparado este quarto para mim provavelmente eu não dormiria de nenhuma forma, o sono não vence o meu medo.
Encaro o teto e vejo as estrelas ridículas que ele usou na decoração, acredito que ele pensou que ainda sou uma criança. Tento achar isso carinhoso, mas o máximo que eu consigo é desprezar essas coisas e o Salvador sabe disso, tenho certeza que só faz isso para me irritar.
Meu telefone desperta novamente e eu levanto-me sentindo-me vencida por ele. Pego minha toalha de banho e algumas peças de roupa abro a porta com a intenção de ir para o banheiro, porém sou impedida no meio do corredor com um homem apenas de toalha, que posso afirmar que não cobre todo o seu corpo.
Ele me encara espantado e eu fico paralisada olhando em seus olhos, permito-me desfrutar dessa visão e deixo os meus olhos passearem pelo seu corpo. Eu nunca havia visto um corpo assim, definido e limpo, ele não parece ter tantas cicatrizes ou manchas, os pelos em seu peito parecem agradáveis.
Sinto meu rosto começar a ficar vermelho e volto a olhar em seus olhos, ele me observa como se estivesse mais relaxado fazendo-me detestar o sorriso que surge em seus lábios, porém some rapidamente conforme o encaro friamente.
— Você nunca acorda neste horário. – Justifica-se.
— Pois é, a partir de agora irei acordar. – Informo forçando-me a olhar apenas para os seus olhos.
— Você vai começar a trabalhar? – Indaga interessado.
— Se eu tiver sorte sim. – Digo e o meu olhar me trai, pois seus lábios são realmente lindos.
— Isso é muito bom Me... lissa. – Comenta fazendo com que o meu nome demore mais em seus lábios, por algum motivo ele esta nervoso.
— Sim, bom vamos nos atrasar...
— Você tem razão, eu vou para o quarto. – Anuncia.
Encaro o seu rosto por mais um tempo e ele aproxima-se lentamente deixando o meu corpo em alerta, o Théo me disse que ele é proibido, que não posso jogar as minhas merdas na vida do sobrinho-filho perfeito dele, mas por algum motivo não consigo controlar isso.
Permito que fiquemos mais próximos sem saber o que realmente vai acontecer, ele coloca suas mãos em meus braços ficando em minha frente e sinto seus lábios encostarem-se em minha testa, o meu corpo arrepia-se com esse toque e estranho o fato de não sentir medo, isso parece bom.
Ele afasta-se com agilidade fazendo o vazio me invadir, antes que eu possa pensar vou direto para o banheiro refletindo que agora estou com o tempo mais curto, então terei que ser rápida.
Ligo o chuveiro e permito que a água quente aqueça o chuveiro, tiro minha roupa lentamente, estou em frente a um grande espelho não sei por que ele gosta tanto de ficar encarando-se, acredito que diferente de mim ele tem um corpo bonito para olhar.
Entro debaixo do chuveiro e deixo a água quente acalmar o meu corpo, pego um pouco de shampoo e passo em meus cabelos, eles estão repicados sendo um palmo abaixo dos ombros e o tom vermelho alaranjado ajudou-me a me tornar alguém completamente diferente do que antes.
Esfrego os fios massageando-os e começo a enxaguar. Fecho os olhos e deixo a água passar pelo meu rosto junto com o sabão. Uso minhas mãos para tirar o shampoo dos meus olhos e quando fico satisfeita passo o condicionador massageio meus cabelos e deixo sem enxaguar por minutos suficientes para ensaboar o meu corpo.
Termino e me enxaguo finalizando assim o meu banho tão esperado. Seco-me e enxugo o cabelo, enrolo a toalha em meu corpo e vou escovar os dentes. Assim que finalizo minha higiene enrolo a toalha em meus cabelos e começo a me vestir.
Coloco uma lingerie preta e minha meia calça fina na cor de minha pele. Fico satisfeita quando olho-me no espelho e percebo que ela escondeu bem as marcas que tanto me torturam.
Uso a maquiagem para disfarçar as marcas que tenho em meus braços quando fico satisfeita coloco um vestido na cor azul escuro sem manga e passo uma maquiagem leve no rosto, tiro a toalha e penteio meus cabelos, quando fico contente com o que vejo saio do banheiro usando um chinelo.
Entro em meu quarto e passo meu desodorante e perfume, por último calço um sapato de salto e pego minha bolsa. Entro na cozinha e vou pegar um suco, mas encanto-me com o que vejo, um sorriso desobediente e enxerido invade meus lábios.
Tomaz deixou um bilhete na porta da geladeira, acredito que sabia que seria o primeiro lugar que iria olhar. O bilhete diz o seguinte:
Boa sorte Melissa nos veremos a noite.
Tomaz.
Não consigo parar de ler, sei que não fez nada exagerado ou com algum significado, mas para mim é algo grandioso. Guardo o bilhete em minha bolsa e pego o suco na geladeira coloco-o em um copo e bebo ainda me sentindo feliz por um ato tão simples.
Meu telefone toca quando o encaro não me sinto completamente feliz ao ver quem é.
— Bom dia Mel. – Diz o Salvador.
— Meu nome é Melissa. – Respondo ríspida.
— Como você quiser. Tem certeza que quer fazer isso? – Questiona.
— Sim, eu preciso fazer. – Murmuro.
— Certo, hoje entraremos com a ação judicial e você trate de conseguir este emprego. – Orienta deixando-me irritada.
— Eu sei disso Théo, não irei decepcioná-lo. – Resmungo e o ouço sorrir.
— Como esta o Tomaz? – Indaga deixando-me nervosa.
— Pergunte isso para ele, é só ligar. – Digo e termino de beber o meu suco.
— Você vai ser sempre rabugenta? Bom, você sabe que ele é...
— Proibido? Eu já decorei isso, agora se me permite não posso me atrasar. – Exclamo e o ouço suspirar.
— Claro coração de aço. – Cede e despede-se.
Desligo o telefone sentindo a raiva tomar conta de mim, não sei por que ele acha que quero tanto ficar com o seu sobrinho perfeito.
Saio de casa e pego um uber já que a empresa não fica a meia hora de minha casa. Uso este pequeno tempo para pensar em tudo o que tenho que fazer. Não acho que irão desconfiar de mim, mas não sei como a família perfeita irá reagir quando descobrir sobre mim.
Lembro-me do pouco que eu vi e das coisas que o Salvador me falou, mas de fato não os conheço, penso em como foi para a Clara ter uma vida perfeita enquanto eu vivi em um grande inferno, desejo ardentemente vingar-me.
Sinto a raiva começar a tomar conta do meu corpo, minha garganta queima e o choro invade os meus olhos, mas não deixo uma única lágrima cair. Quando finalmente chegamos, pago o motorista e desço do carro.
A empresa não é em um prédio comercial, mas em um único salão. Sei que o Bernardo o comprou e imagino de quem era o dinheiro, isso tudo também é meu. O edifício é pintado por fora de laranja e possui muitas flores e plantas diversas, isso é a cara do florista.
Começo a caminhar em direção à entrada e sinto meu corpo querer me parar, mas eu não o obedeço afinal não vim aqui para recuar, o medo nunca me parou não seria agora eu iria falhar.
Imagino como devem ser frescos por conta do que viveram e isso me acalma fazendo-me lembrar de que verei todos eles sofrer. Quando entro percebo um clima diferente de tudo o que eu idealizei.
Avisto um balcão logo na entrada, mas ele esta vazio, as salas são separadas por uma parede fina e colorida, no meio tem um corredor grande e no fundo salas feitas com material comum.
Uma mulher muito bonita me vê do fundo do corredor, ela possui um sorrio acolhedor e seus olhos brilham mostrando uma paz que desconheço vivendo dentro dela.
Quando estamos de frente uma para outra ela estica sua mão para que eu a aperte, o sorrio não se desfaz em nenhum momento.
— Olá, como posso ajudá-la? – Indaga simpática.
— Oi, sou a Melissa, vim para a vaga de estagiária. – Informo e ela sorria ainda mais.
— Muito prazer Melissa, sou a Cassandra. – Apresenta-se, mas a única coisa que penso é que sei quem ela é.
— O prazer é meu. – Digo.
— Venha me acompanhe, a Clara vai adorar vê-la. – Convida-me e começa a caminhar.
Eu a sigo sentindo-me nervosa por finalmente conhecer a pessoa que aprendi a odiar. Entramos em uma das salas do fundo, percebo que é muito grande e no fundo tem uma mesa e a vejo sentada mexendo no computador.
Seus cabelos negros destacam sua pele quando finalmente me encara fico confusa com o que vejo. Seu olhar me transmite paz e eu não estava preparada para isso. Vejo-a levantar-se e vir até mim sorrindo.
— Clara essa é a Melissa. – Cassandra nos apresenta.
— Muito prazer, fico tão feliz que tenha vindo. Vamos conversar um pouco? – Indaga e eu concordo. Sentamo-nos no sofá e ficamos as três nos olhando por um tempo.
— Querem comer algo? – Questiona Cassandra.
— Não obrigada. – Digo tentando disfarçar o nervosismo.
— Ca você esta sempre com fome. – Comenta Clara sorrindo.
— É o clima daqui que faz isso comigo. – Alega em sua defesa. Ela afasta-se e eu fico observando-a, assusto-me quando sinto alguém segurando minha mão.
— Esta tudo bem, não precisa ficar nervosa. – Murmura Clara sorrindo para mim, retribuo o sorriso, mas não me mexo.
Cassandra retorna alguns minutos depois com um café e alguns pães que não identifiquei, elas se encaram e voltam a olhar para mim, sinto que o interrogatório vai começar.
— Melissa, você veio para a vaga de estagiária não é mesmo? – Pergunta Cassandra.
— Sim. – Informo.
— Nós temos uma nova proposta. – Anuncia Clara e eu a encaro.
— Pode dizer. – Permito.
— Você não gostaria de ser nossa recepcionista? Nós precisamos de uma. Fique tranquila que ensinamos todo o trabalho...
A Clara continua falando, mas eu não a escuto tem algo tentando ocupar a minha mente e eu estou lutando contra isso com toda a minha força.
“— Você é apenas uma vadiazinha como todas as outras. – Grita e segura o meu cabelo, em seguida joga-me no chão.
Eu estou na cadeira de tortura mais uma vez, porém não sei o que fiz. Eu estava pedindo alguns trocados para poder comer algo, eles mal alimentavam a gente e eu sentia muita fome.
— Perdoe-me senhor, eu só estava com fome. – Digo sem olhar para ele.
Vejo-o abaixar-se e levantar-me pela minha blusa, nossos olhos se encontram nos seus eu vejo a raiva, o frio, o gelo.
— Fome? Estava com fome? – Esbraveja e acerta um tapa forte em meu rosto.
Volto a cair no chão, mas não choro. Recuso-me a chorar, não irei permitir que minhas lágrimas se espalhem por eles, esses homens não merecem nada.
Ele me coloca sentada na cadeira novamente, sinto o sangue em minha boca e o engulo junto com minhas lágrimas.
— Você não serve nem para pedir esmolas, nunca será útil para nada e para ninguém. – Exclama ao mesmo momento que alguns homens entram com potes, quanto colocam no chão não consigo distinguir o que tem dentro.
Ele usa uma colher e pega aquela coisa gosmenta e fedida, sinto-o enfiar em minha boca, mas começo a vomitar rapidamente.
— Continue assim e vai comer o próprio vômito. – Berra e alguns homens começam a rir.”
Não sei por quanto tempo fiquei paralisada, mas quando desperto vejo duas mulheres encarando-me preocupadas, minhas mãos estão geladas e o meu corpo suado.
— Você voltou para nós. – Diz Clara parecendo aliviada.
— Desculpe-me, eu... Não queria que isso acontecesse. – Falo constrangida.
Ela senta ao meu lado e coloca seus braços envolta de mim, por mais estranho que pareça sinto-me extremamente bem ali, Cassandra busca um copo com água enquanto fico em silêncio tentando me recuperar.
— Nós não controlamos tudo Melissa. – Murmura, fazendo com que um sentimento diferente cresça dentro de mim.
Quando Cassandra retorna, aceito a água e me afasto um pouco da Clara para poder beber, elas me olham preocupadas e eu percebo que tenho um assunto pendente.
— Eu adoraria o emprego, mas não si se eu conseguiria. – Assumo sentindo que estou falhando comigo mesma.
— Você consegue, vai dar conta de tudo o que quiser. – Fala Cassandra mostrando que confia em mim.
— Mas depois do que aconteceu...
— Fique tranquila Melissa. Todos nós temos demônios e lutamos contra eles todos os dias. Algumas vezes é fácil em outras pensamos que vamos morrer, mas continuamos vivos por que não estamos sozinhos. Você não precisa estar sozinha se não quiser. – Exclama Clara e eu sorrio para ela, um sorriso sincero.
— Muito obrigada. – Sussurro.
— Você começa amanhã? – Questiona Cassandra.
— Sim, começo amanhã. – Afirmo e sorrimos.
— Perfeito, amanhã poderá conhecer toda a equipe. Tenho certeza que vai gostar daqui. – Incentiva-me Clara.
Despedimo-nos e eu vou embora. Sinto-me extremamente feliz, não só pelo trabalho, mas por sentir que finalmente poderei ter uma vida boa e real, eles são completamente diferentes de tudo o que pensei.
Caminho um pouco e vou para o ponto de ônibus, não me sinto com tanta presa para chegar em casa, o alivio é a paz que sinto dentro de mim é algo que desconhecia, mas são sentimentos que estou amando sentir.
Sento-me no ponto e aguardo o ônibus vir, ele não chega imediatamente e isso é bom, pois me permite apreciar o lugar em que estou. A rua é bem movimentada e próximo à empresa tem uma academia, resolvo fazer a minha matrícula, pois preciso me tornar uma sobrevivente.
Saio do ponto e vou até lá, informo-me sobre as aulas de luta que eles possuem além do básico que deverei fazer. Realizo a matrícula e quando estou saindo vejo algo que não esperava.
O Tomaz esta lá dentro conversando animado com uma mulher, eu havia me esquecido que ele trabalha em academia isso deixa tudo mais constrangedor. Se eu ao menos tivesse me interessado mais nele teria escolhido outro lugar, pois saberia que ele trabalha aqui.
Fico um tempo observando-os até que a mulher vira-se para mim e nossos olhares se encontram. Sinto algo dentro de mim que desconheço uma raiva sem sentido. Fico olhando-a até que ele vira-se e me vê, um sorriso surge em seus lábios e ele começa a caminhar em minha direção.
Sinto o arrependimento tomar conta de mim e saio apressada, quando estou na rua penso que finalmente ele desistiu, mas sou surpreendida quando sinto alguém puxando o meu braço, viro-me assustada.
— Desculpe, não quis assustá-la. – Murmura encarando-me.
— Não sabia que trabalha aqui. – Digo.
— E eu não sabia que gosta de academia. – Observa.
— Eu não gosto. – Afirmo.
— Fez a matrícula? – Questiona ignorando meu comentário.
— Sim, mas isso não significa nada. - Falo irritada e ele sorri.
— Conseguiu o emprego? – Indaga parecendo mais feliz do que o normal.
— Irei começar amanhã. – Anuncio e seu sorriso aumenta.
— Vou levar algo para comemorarmos. – Diz deixando-me nervosa.
— Não precisamos comemorar. – Resmungo olhando em seus lindos olhos verdes.
— Precisamos e não me deixe sozinho igual fez com o bolo. – Ordena, encarando os meus olhos, sinto-me de certa forma intimidada por ele, não quero que perceba como me sinto.
— Tudo bem. – Digo e ele se aproxima beija minha bochecha e se afasta.
Fico observando suas costas largas e seu cabelo loiro, não acredito que cedi a isso, o Salvador vai me matar e terá toda razão, pois não estou obedecendo sua ordem.
Volto para o ponto e após alguns minutos que estou esperando o ônibus sinto meu celular vibrar, penso um pouco antes de atender mesmo sabendo que não tem nada de diferente que eu queira fazer além do que tudo que prometi.
— Finalmente Melissa. – Diz a voz do outro lado.
— Não pense que tenho todo tempo do mundo para você Théo. – Reclamo e ouço quando sorri, nunca compreendo seu sorrido.
— E então como foi? – Pergunta e sei exatamente ao que se refere.
— Eu começo amanhã. – Informo.
— Isso será perfeito. – Exclama e desliga.
Sinto algo dentro de mim que me diz para mudar a estratégia, mas no momento não quero fazer nada sem estar planejado.
Tomaz VasconcelosFinalizo o dia no trabalho e resolvo malhar, ser professor de luta torna-se cansativo se esta o tempo inteiro em ação. Faço um treino pesado de no máximo uma hora para poder ir mais cedo para casa prometi a Melissa que iria comemorar com ela pelo emprego novo.Não sei exatamente o que pensar sobre essa menina, mas se tiver que me aproximar para descobrir quem ela é farei isso independente de qualquer coisa. Sei que ela e Théo escondem algo e não irei permitir que me deixem no escuro por mais tempo.Meu tio deixou claro que ela é território proibido para mim, mas não me importo afinal não possuo nenhum interesse além de descobrir suas mentiras. Estou tentando ganhar sua confiança e quando a tiver tudo ira ocorrer de forma perfeita.Corro mais um pouco na esteira e vou fazer alguns exercícios
Melissa AndersonDeixo as lágrimas saírem livremente pelos meus olhos, não vejo necessidade de controlar-me e mesmo se eu tentasse não conseguiria. O nervosismo toma conta de mim fazendo com que me sinta vulnerável apesar de não me sentir assim há muito tempo.Não acredito que confiei nele, estou me sentindo tão patética que a vergonha toma conta de mim, em alguns momentos não controlo o choro desesperador que saí de dentro de mim.Não quero que ele ouça, por isso tempo faze tudo ser o mais silencioso possível. Quando ouço-o gritar com Théo para me levar embora perco todo o controle e me sinto uma inútil novamente, aquela que nunca vai servir, a que faz tudo errado.Antes eu realmente não queria servir e mantar este corpo magro me ajudou a ter sanidade, mas hoje eu senti algo diferente, confiei
Tomaz VasconcelosReúno o grupo para iniciar a aula e quando eu menos esperava parece um novo aluno, para ser mais exato é uma aluna e acredito que talvez eu a esteja conhecendo. Melissa fica surpresa por me ver ali, ela realmente não sabe nada sobre mim.Fico espantado por vê-la em minha aula, mas eu já deveria ter imaginado. As pessoas a observam curiosas, antes que comece algum comentário eu inicio o alongamento evitando assim que os olhares continuem.Quando finalizamos eles parecem animados para começar a aula e eu percebo que gosto disso, pois renova a energia.— E então quem vai começar hoje? – Indago orientando-os com as mãos a abrir um círculo.— Começar o que? – Indaga Mel.— Temos um ritual de antes de iniciar a aula termos uma luta simples. – Explico encarando-a.
Clara AndradeA música continua tocando, invadindo minha mente como se isso nunca fosse passar “Patience” ela esta presente invadindo-me, possuindo-me e tirando de mim minha sanidade.Mais um vez ninguém responde ao telefone, eu realmente pensei que essas ligações iriam parar depois que ele se foi, mas parece eu me enganei novamente, realmente estou cansada disso.Estou sozinha na empresa, a Melissa chegará a alguns minutos, mas não estou preocupada tem outras coisas ocupando minha mente. Desligo o telefone quando percebo que apenas ouvirei a música, encaro o anel em meu dedo e lembro-me do sonho que tive essa noite.O vento forte fazia com que tudo se mexesse com mais agilidade fazendo com que o frio que outrora não nos atingia alcance-nos com força e agilidade agora. Consigo mudar nosso percurso e no
Melissa AndersonMinhas mãos tremem, tento controlar-me, porém isso parece impossível agora. Eu não deveria me sentir desta maneira, minha mente esta confusa os pensamentos começam a se diversificar enquanto a exaustão começa a tomar conta do meu corpo.Lavo o rosto algumas vezes e respiro fundo parece que estou perdendo minha própria alma, meus demônios devem estar comemorando agora e eu não posso lutar contra eles.Sento-me no chão tentando em vão recuperar a mim mesma, aperto minhas mãos forçando-me a manter-me aqui, obrigando-me a lembrar de onde estou, porém nada parece funcionar, essa sensação é muito forte.Minha pele nua é invadida pelo gelo que essa chuva se tornou, estamos todas de mãos dadas, são muitas meninas e posso jurar que algumas já est&at
Tomaz VasconcelosAna me avisou que Melissa havia ido embora, confesso que não me senti tranquilo depois disso recordo-me constantemente do carro que ficou observando-a e isso me deixa cada vez mais desconfiado.Inicio minha aula, mas tenho que impressão que falho completamente, não consigo me concentrar em nada, só penso nela.Quando começo a iniciar a outra aula meu telefone toca, atendo-o imediatamente.— Tomaz falando. – Digo sem verificar quem é.— Vá até ela, agora. – Ordena uma voz que conheço muito bem.— Do que esta falando tio? – Indago confuso.— Não tenho tempo para explicar, preciso que vá para casa. Eles vão matá-la. – Exclama e sinto o meu coração disparar.Eu sabia que algo muito errado estava acontecendo, mas a gr
Melissa AndersonSinto o chão gélido abaixo de mim, o sangue escorre pelo meu rosto e tudo em mim dói de uma maneira desesperada. Sinto-me feliz por ter lutado, contudo são muitos homens contra mim e não consegui vencê-los, porém só de não estar nua para mim já é uma vitória.Não tento levantar-me prefiro que eles pensem que não tenho forças, possuo medo do que podem fazer comigo e preciso encontrar uma forma de resistir ou tudo será perdido.Luto constantemente para me mandar consciente, mas vejo-me perder-me em momentos em que isso é absurdo o meu corpo esta fora de controle assim como minha mente, eles riem e me convidam a levantar convencidos de que ainda sou uma menina, esquecem-se que cresci, contudo não os julgo, pois não me sinto inteira para lutar contra ninguém.Temos que mante
Clara AndradeEste realmente não é um lugar para uma criança crescer, entramos em uma espécie de restaurante, as atendentes são meninas que são analisadas pelos clientes como se fossem comida.Sento-me em uma mesa acompanhada do Senhor Forbes, ele esta tenso assim como todos nós, essa situação não nos deixa a vontade e a ansiedade aumenta cada vez mais.O relógio parece não querer nos ajudar e passa os seus segundos tão devagar que a impressão que tenho é que nunca vai passar. Théo senta em outra mesa com seu sobrinho e os demais que nos acompanham fazem o mesmo.Tem mais policiais ao lado de fora aguardando nosso sinal para invadir este lugar, aparentemente aqui é um dos pontos fortes para o tráfico de crianças e mulheres, é extremamente triste ver algo acontecer tão próximo