Clara Andrade
A música continua tocando, invadindo minha mente como se isso nunca fosse passar “Patience” ela esta presente invadindo-me, possuindo-me e tirando de mim minha sanidade.
Mais um vez ninguém responde ao telefone, eu realmente pensei que essas ligações iriam parar depois que ele se foi, mas parece eu me enganei novamente, realmente estou cansada disso.
Estou sozinha na empresa, a Melissa chegará a alguns minutos, mas não estou preocupada tem outras coisas ocupando minha mente. Desligo o telefone quando percebo que apenas ouvirei a música, encaro o anel em meu dedo e lembro-me do sonho que tive essa noite.
O vento forte fazia com que tudo se mexesse com mais agilidade fazendo com que o frio que outrora não nos atingia alcance-nos com força e agilidade agora. Consigo mudar nosso percurso e nos prender em nossas casas.
A confusão mostra-se em meu rosto impedindo-me de compreender o que faço ao lado de fora ao invés de proteger-me da nevasca que se formam com pedaços minúsculos de granizo.
Fecho os meus olhos e paro instantaneamente conforme um redemoinho de neve começa a dançar ao meu redor, tento não me assustar apesar de não conseguir ver absolutamente nada, então liberto minha visão lentamente e vejo uma figura que não reconheço parada em minha frente.
Não olho para cima imediatamente, a primeira coisa que vejo são os pés, eles estão descalços e encharcados de um liquido vermelho e grosso, percebo que com o granizo o faz ficar mais fino, porém não é o suficiente.
Meus olhos sobem lentamente observando seu corpo eu aparentemente esta nu, um arrepio percorre o meu corpo e o medo parece querer me dominar, mas eu não tenho para onde fugir, principalmente por que o granizo que agora não encosta mais em nós parece estar afiado como uma faca.
Quero parar de olhar, mas os meus olhos não me obedecem. O corpo ensanguentado a minha frente me hipnotiza. Chego a seu rosto e meus olhos encontram o que eu mais temia.
— Você? – Indago confusa.
— Quem esperava? – Questiona e sorri, lembrando-me de sua risada demoníaca.
Encaro Bia a minha frente, ela esta nua e o seu corpo agora deformado esta ensopado de sangue. Seu rosto esta torto, tudo parece fora do lugar. É como se ela tivesse se mostrado apenas para que eu a reconhecesse, mas agora não esconde sua real aparência.
— O que quer? – Pergunto tentando encontrar os seus olhos.
— Esta com medo de mim? – Indaga animada, mas seus lábios já desapareceram, estou misturados em sua deformidade.
— Não. – Afirmo. — Diga o que quer. – Ordeno.
— Só vim lembrá-la. – Diz calma.
— Do que precisa me lembrar? – Questiono nervosa.
— Recorde-se de que ele sempre será meu. É a mim que busca quando precisa de algo. – Exclama e começa a gargalhar.
Ela começa a desaparecer, tudo se afasta mim e o redemoinho parece querer me levar para algum lugar. Fecho meus olhos novamente enquanto sou envolvida por ele. Sinto o meu corpo girar, o frio começa a cortar minha pele e juro que mãos me tocam enquanto sou enviada para um lugar desconhecido.
Sinto os meus pés no chão e posso finalmente respirar. Abro os olhos e me identifico no hospital onde o Bernardo ficou internado. Caminho rapidamente para o seu quarto e quando chego a frente à porta vejo que esta fechada.
Abro-a lentamente e adentro o local, ele esta deitado e seus olhos me encaram seu sorrio se desfaz e sinto sua raiva direcionada a mim. Paro de andar e fico em frente a ele, não consigo me mover.
— Cadê a Bianca? – Indaga confuso.
— Be sou eu, a Clara. – Informo tentando parecer calma.
— Eu quero a Bianca, somente ela pode me salvar. – Seus lábios dizem isso, mas me recuso a acreditar.
— Isso não é verdade Be. Eu o salvei, eu amo você. – Exclamo, mas seus olhos não expressão emoção alguma.
— Você não é Bianca. – Grita e começa a repetir isso várias vezes.
Sinto meu corpo começar a tremer, o vazio se alastra dentro de mim, as lágrimas me invadem. A Bianca surge ao meu lado, sua imagem deformada que não me amedronta.
Fico desestabilizada com a reação do Bernardo e só percebo que estou contra a janela quando a sinto atrás de mim.
— Termina com isso Bia. – Ordena a voz do homem que eu amo.
Ela sorri e a janela é aberta, pela primeira vez não me importo de cair, não desejo ser uma sobrevivente.
A queda não me impressiona e antes que eu seja capaz de atingir o chão sou despertada novamente, mas dessa vez não é o despertador.
Encaro olhos curiosos e confusos observando-me, não me surpreendo com isso, pois parece que fiquei presa em mim mesma novamente. Olho para o relógio e já passa das 08: 30 lembro-me que ainda não tomei café.
— Você estava distante, eu a chamei por alguns minutos, mas parecia que eu não era capaz de alcançá-la. – Explica Melissa, um tanto ansiosa.
— Tudo bem, eu... Hã... Estava recordando algumas coisas. – Digo sentindo-me insegura.
Ela fica em silêncio e começa a me analisar, não sei o que se passa em sua mente quando faz isso, mas vejo-a observando todos nós muitas vezes como se nos conhecesse. Alguma coisa nela me deixa intrigada e eu preciso descobrir o que é, foi por isso que a contratei.
— Já tomou café? – Indaga Mel.
— Não, vamos comigo até a copa. – Convido e ela concorda.
Não conversamos durante o pequeno percurso, nos momentos em que tenho esses sonhos esquisitos começo a me fechar e sinto que isso me atrapalha de alguma forma.
— Clara, poderíamos conversar novamente sobre os projetos? – Questiona parecendo interessada.
— Sim, qual o seu interesse? – Pergunto enquanto faço café.
Lembro-me de Estevão toda vez que venho para a copa mesmo achando que ele esteja doente para ter falado aquelas coisas, não consigo evitar sentir falta dele.
— Estou pensando em começar a fazer faculdade. – Anuncia e sorri timidamente.
— Isso é realmente muito bom. – Digo verdadeiramente. — Já escolheu a área eu quer? Posso ajudá-la se precisar. – Ofereço-me e sento-me a mesa com o meu café e um pão integral com queijo branco.
— Quero saber como a empresa funciona para saber qual área me identifico mais, mas pensei em marketing. – Justifica.
— Isso é realmente muito bom, terá muitas chances de crescer aqui. – Falo incentivando-a.
— Isso me deixa muito feliz, pois não tenho interesse de ir para outro lugar. – Confessa e sorrimos.
Quando acabo de tomar café saímos e peço para Melissa organizar algumas coisas para a reunião, teremos que decidir algumas coisas mais tarde e é imprescindível que tudo esteja pronto.
Nesses meses em que estamos aqui tivemos uma aceitação e empenho dos quais eu não esperava. Temos nossos clientes e é quantidade suficiente para nos mostrar que estamos no caminho certo.
O Estevão nos contratou para assessorar sua empresa até que os novos responsáveis estejam prontos para seguir por este caminho sozinhos, já que tanto eu quanto o Bernardo deixamos claro que não iremos nos envolver mais desta forma.
O Henri e a Lessa estão cada vez melhores, fizeram uma pequena cerimônia para oficializar a relação e combinaram que ele vai registrar a Alicia quando ela nascer, este foi o nome escolhido por ambos.
Eles estão bem, assim como a Cassandra e o Mateus que parecem terem nascido um para o outro e isso me deixa muito feliz. O Bernardo ainda é responsável pela empresa da Alessandra e isso faz com que ele fique ausente na nossa em alguns momentos, mas não por um período muito significativo.
Após algumas horas em que estou em minha sala, ouço alguém abrir a porta, ela entra lentamente e aproxima-se com um grande sorriso no rosto.
— Bom dia Clara. – Exclama Cassandra.
— Bom dia Ca, como esta? – Indago encarando-a.
— Estou bem e você? – Questiona, observando-me.
— Muito bem. – Digo e sorrio.
— Como pode mentir assim para mim? – Pergunta irritada e isso me faz sorrir.
— Não estou mentindo, pare de me acusar. – Falo deixando-a mais irritada.
— Posso ver em seus olhos que tem algo errado, não minta para mim Clara. – Reclama fazendo-me sorrir ainda mais.
— Eu só não dormi muito bem, mas isso não é muito importante. – Explico tentando evitar a preocupação que ela sente.
—Não consigo acreditar em você. – Assumo magoada.
— Não consegue por que é cismada. – Falo fazendo com que me encare emburrada.
— Como pode dizer isso de mim? – Indaga fazendo charme como uma criança, logo esta gargalhando.
— Eu quase me senti culpada. – Digo quando consigo controlar minhas risadas.
— Percebi, não consegui controlar minha risada quando vi os seus olhos. – Confessa.
— Você não presta Cassandra. – Exclamo e volto a sorrir.
— O Mateus discordaria de você. – Diz convencida.
— A opinião dele não conta. – Falo e mostro a língua para ela.
— A opinião de quem não conta? – Uma voz chega a nossos ouvidos antes de seu dono, paramos de rir neste momento.
Encaro a porta assim que o Bernardo entra por ela. A visão dele é a mais empolgante que tenho e não me canso de observá-lo e admirá-lo. Não moramos juntos aqui, então não o vejo desde ontem.
Ele esta usando uma roupa social que destaca o que mais gosto de observar nele, todo o seu corpo, não consigo controlar o que sinto por ele e quando o vejo sorrir em nossa direção toda a preocupação do sonho se desfaz.
O Mateus entra atrás dele, Cassandra levanta e vai a sua direção abraça-o forte e logo estão se beijando como se não tivessem dormido juntos. Eu continuo sentada olhando para o homem que conseguiu tirar todo o meu fôlego.
—Tem mais gente na sala. – Grita Bernardo fazendo nossos amigos se separarem e todos rimos.
— Acho melhor irmos para nossa sala amor. – Exclama Mateus e rimos mais quando Cassandra fica com vergonha.
— Para com isso meu docinho. – Murmura Ca e eu começo a gargalhar.
— Docinho? – Indago sem conseguir parar de rir. — Sério isso Mateus, agora você é um doce? – Questiono rindo ainda mais.
— Pare com isso Clara, aposto que também tem apelidos vergonhosos. – Resmunga e vejo Cassandra esbravecer.
— Chamou o apelido que te dei de vergonhoso? – Pergunta possessa.
— Não é isso amor... – Ele tenta se justificar.
— É isso mesmo Ca. – Exclamo ainda rindo.
— Clara não se intromete no relacionamento deles. – Orienta Bernardo tentando controlar o sorriso.
— Eu ouvi muito bem Mateus. – Esbraveja Cassandra.
— Querida, você tem que assumir que docinho...
— Docinho o que Mateus? – Indaga.
— Pare de me chamar tanto de Mateus. – Reclama ele.
— Então diz que esse é o seu melhor apelido. – Ordena fazendo com que eu e o Bernardo gargalhemos ainda mais.
— O que? – Questiona perplexo.
— Estou esperando. – Diz batendo o pé levemente no chão.
— Clara isso não vai ficar assim. – Resmunga encarando-me, em seguido olha para sua mulher. — Amor esse é o meu melhor apelido. – Confessa irritado.
— A qual apelido se refere querido? – Pergunta Ca, agora completamente relaxada e demonstrando animação.
— Docinho. – Sussurra.
— Eu não ouvi bem. – Informa sorridente.
— Docinho é o meu melhor apelido. – Fala um pouco mais alto e todos voltamos a rir.
Cassandra vai até ele e o beija delicadamente, nós continuamos rindo quando notamos que o Mateus possui um tom de vermelho diferente no rosto, quando ele se separam sinto que me mataria se pudesse.
— É a primeira DR depois do casamento? – Indago e Mateus me encara com os olhos arregalados.
— Nós não temos essas brigas sem sentido Clara. – Afirma Mateus irritado.
— Todo casal tem isso amigo. – Ressalto e ele mantêm o olhar firme.
— Nós somos especiais, não brigamos. – Assegura fazendo-me sorrir. Cassandra me encara e vejo a diversão em seus olhos.
Ficamos conversando por mais um tempo, a Cassandra e o Mateus saem para preparar as coisas para a reunião, ficamos apenas eu e o Bernardo na minha sala, ele tranca a porta e eu levanto.
Caminho até ele lentamente, nos encontramos no centro da sala e eu encaro os seus olhos que parecem famintos encarando-me, sorrio e beijo seus lábios. Dou-lhe um selinho e me afasto, quando retorno uso minha língua para liberá-lo para mim. Permito que ela passeie por seus lábios até que ouço um suspiro e sinto-o invadir minha boca com sua língua.
Seu gosto é viciante, não tenho dúvidas de que é tudo o que sempre irei querer para mim. Permito que nossas línguas se encontrem e se deliciem mostrando que sentem falta do que já presenciaram, ficamos assim por um tempo até que ele se afasta sem fôlego.
— Estou com saudade. – Sussurra fazendo todo o meu corpo se arrepiar.
— Eu também estou com saudade. – Murmuro e recupero seus lábios para mim.
Ele me empurra até o sofá e nos deitamos, suas mãos exigentes e saudosas acariciam o meu corpo não permitindo pensar em nada, apenas em me entregar ao que necessito nada mais importa além do momento que estamos vivendo deixo que minhas mãos se aproveitem dele e só paramos quando o telefone começa a tocar.
Sinto o beijo se intensificar e sua mão afagar minha cintura, sorrio com o envolvimento e me desvencilho do beijo.
— Acho que nós temos que ir. – Digo sorridente.
— Não temos não, quero outra coisa. – Assume e faz sua ereção acariciar a minha perna.
— Também quero, mas temos uma reunião importante agora. – Murmuro e ele me ignora e começa a beijar o meu pescoço, o telefone toca insistente. — Vamos Be, não deixe o seu pai esperando. – Sussurro e sinto o seu corpo ficar tenso.
Desde quando Estevão disse que não podemos ficar juntos o Be sempre tem essa reação quando falo dele e pela primeira vez fiz isso de propósito.
Ele levanta lentamente e me encara emburrado, percebo que não gostou do que fiz, sorrio para ele e beijo sua bochecha. Vou atender ao telefone com precisão.
— Clara Andrade falando. – Digo encarando-o.
— Esqueceram-se da reunião? – Indaga Lessa divertida.
— Não, já estamos indo. – Informo e desligo.
Aproximo-me do Bernardo e percebo que esta me encarando sério, sorrio e não sou retribuída, isso me faz sorrir mais.
— Isso não foi certo Senhorita Andrade. – Diz sério e levanta-se emburrado.
— Eu cuidarei de você mais tarde Senhor Azevedo. – Murmuro e beijo o seu pescoço fazendo o seu corpo arrepiar-se.
Ele sorri e segura minha mão saímos da sala de mãos dadas e entramos na sala de reunião. Vejo que os meus amigos já estão lá, mas estranho ao não ver a Melissa entre eles.
— Alguém avisou a Melissa que ela deve participar da reunião? – Indago.
— Não. – Dizem todos de uma vez.
Retiro-me da sala e vou à procura dela. Encontro-a na copa, esta inquieta olhando pela janela.
— Tudo bem Melissa? – Pergunto ao me aproximar.
— Sim. – Afirma inquieta.
— Estamos aguardando-a para a reunião. – Informo e percebo que para de se mexer, começa a respirar fundo, mas logo se controla.
— É necessário mesmo minha presença? – Questiona insegura.
— Sim, você disse que queria saber mais sobre os projetos. Essa é uma boa oportunidade. – Falo e aguardo rapidamente ela começa a me acompanhar.
Seus passos são lentos e isso só me faz acreditar que estou certa em desconfiar de algo, sei que tem coisas erradas em seu comportamento.
Conforme nos aproximamos da sala, percebo que fica tensa, ela entra lentamente e eu a sigo deixando a porta aberta, os demais que conversavam agora param de falar e sorriem para nós.
— Finalmente, podemos começar moças? – Indaga Henri.
— Fique a vontade. – Autorizo e o florista começa a mexer no computador nos conectando com o tão esperado Estevão.
Percebo que Melissa e Bernardo compartilham da mesma tensão. Seus ombros estão caídos e o pescoço os acompanha, a cabeça esta levemente levantada e as sobrancelhas estão franzidas junto com a testa deles.
Os olhos sombrios são perceptíveis em ambos e os lábios contraídos denunciam que eles não estão a fim de ver alguém. Consigo prever a reação de cada um assim que o Senhor Fernandes surgir, o Bernardo vai colocar seu escudo e a Melissa posso jurar que vai fugir.
Finalmente a tela é ligada e um senhor muito mais velho do que quando o deixei surge e sorri para nos. De repente seus olhos se prendem na menina que esta sentada ao meu lado, ela para de respirar por um tempo quando pisca parece ter despertado, como previ ela levanta e corre.
Levanto lentamente e encaro a todos que estão confusos.
— Podem iniciar a reunião, eu retornarei em breve. – Digo e me retiro, fecho a porta e tento acompanhá-la, mas ela entra no banheiro e tranca a porta.
Afasto-me, porém fico encarando a porta esperando ela sair, pego meu telefone e disco o número da pessoa que acredito estar tão ansioso quanto eu.
— Acho que é a garota. – Sussurro assim que ele atende.
— Perfeito, com as informações que tenho posso conseguir algo. – Murmura o rapaz do outro lado da linha.
Nunca pensei que nos uniríamos para nada, contudo agora tudo começa a fazer sentido para mim e não vejo alternativa a não ser fazer algo que já iniciei, não posso finalizar algo sem ter certeza que acabou.
— Qualquer novidade, por favor, me avise. – Peço ansiosa e o escuto sorrir.
— Pode deixar Senhorita Andrade. – Diz e desligamos.
Melissa AndersonMinhas mãos tremem, tento controlar-me, porém isso parece impossível agora. Eu não deveria me sentir desta maneira, minha mente esta confusa os pensamentos começam a se diversificar enquanto a exaustão começa a tomar conta do meu corpo.Lavo o rosto algumas vezes e respiro fundo parece que estou perdendo minha própria alma, meus demônios devem estar comemorando agora e eu não posso lutar contra eles.Sento-me no chão tentando em vão recuperar a mim mesma, aperto minhas mãos forçando-me a manter-me aqui, obrigando-me a lembrar de onde estou, porém nada parece funcionar, essa sensação é muito forte.Minha pele nua é invadida pelo gelo que essa chuva se tornou, estamos todas de mãos dadas, são muitas meninas e posso jurar que algumas já est&at
Tomaz VasconcelosAna me avisou que Melissa havia ido embora, confesso que não me senti tranquilo depois disso recordo-me constantemente do carro que ficou observando-a e isso me deixa cada vez mais desconfiado.Inicio minha aula, mas tenho que impressão que falho completamente, não consigo me concentrar em nada, só penso nela.Quando começo a iniciar a outra aula meu telefone toca, atendo-o imediatamente.— Tomaz falando. – Digo sem verificar quem é.— Vá até ela, agora. – Ordena uma voz que conheço muito bem.— Do que esta falando tio? – Indago confuso.— Não tenho tempo para explicar, preciso que vá para casa. Eles vão matá-la. – Exclama e sinto o meu coração disparar.Eu sabia que algo muito errado estava acontecendo, mas a gr
Melissa AndersonSinto o chão gélido abaixo de mim, o sangue escorre pelo meu rosto e tudo em mim dói de uma maneira desesperada. Sinto-me feliz por ter lutado, contudo são muitos homens contra mim e não consegui vencê-los, porém só de não estar nua para mim já é uma vitória.Não tento levantar-me prefiro que eles pensem que não tenho forças, possuo medo do que podem fazer comigo e preciso encontrar uma forma de resistir ou tudo será perdido.Luto constantemente para me mandar consciente, mas vejo-me perder-me em momentos em que isso é absurdo o meu corpo esta fora de controle assim como minha mente, eles riem e me convidam a levantar convencidos de que ainda sou uma menina, esquecem-se que cresci, contudo não os julgo, pois não me sinto inteira para lutar contra ninguém.Temos que mante
Clara AndradeEste realmente não é um lugar para uma criança crescer, entramos em uma espécie de restaurante, as atendentes são meninas que são analisadas pelos clientes como se fossem comida.Sento-me em uma mesa acompanhada do Senhor Forbes, ele esta tenso assim como todos nós, essa situação não nos deixa a vontade e a ansiedade aumenta cada vez mais.O relógio parece não querer nos ajudar e passa os seus segundos tão devagar que a impressão que tenho é que nunca vai passar. Théo senta em outra mesa com seu sobrinho e os demais que nos acompanham fazem o mesmo.Tem mais policiais ao lado de fora aguardando nosso sinal para invadir este lugar, aparentemente aqui é um dos pontos fortes para o tráfico de crianças e mulheres, é extremamente triste ver algo acontecer tão próximo
Melissa AndersonEntro no banheiro e não me importo de não ter pego uma toalha ou roupas limpas, só preciso sentir-me limpa. Tiro minhas roupas e as jogo no lixo sentindo toda a repulsa ao encará-las.O nojo me faz vomitar, vou para o vazo e libero tudo o que ainda tenho no estômago. Quando me sinto fraca levanto e logo a adrenalina toma conta do meu corpo, a raiva, o medo, o remorso, a culpa... Tudo toma conta de mim.Sem me controlar começo a chutar e socar a porta, mesmo que ela não tenha culpa de nada sinto que preciso disso, penso no Artur e na ânsia que senti conforme ele falava que eu deveria ser dele.Derrubo algumas coisas que estão na pia e as vejo se quebrar, mas isso não causa efeito em mim. Vou para o box e ligo o chuveiro, deixo a água tão quente que parece me queimar, sento no chão e abraço meus joelhos, começo a chorar deses
Tomaz VasconcelosEu não queria ter dito aquelas coisas para ela, também não imaginei que pararia de fazer comigo por conta disso. Pensei que me entenderia, saberia que eu estava em choque por tudo que descobrir eu não queria ser um covarde, em nenhum momento pensei em me tornar alguém que ela não merece, contudo eu falhei.Faz mais de uma semana que ela decidiu me ignorar, não vamos juntos para o trabalho e nada do que fazíamos antes, voltamos ao que éramos antes... Voltamos ao nada.Me preparo para minha aula, mas confesso que sinto-me mais nervoso do que gostaria. Ela faltou em uma das aulas e agora não sei se vai vir ou não. Saio do vestiário e vou em direção ao meu local de trabalho, porém sou interrompido no caminho.— Você esta com presa? – Indaga uma menina que já vou especial demais para mim.&mdas
Melissa AndersonSinto o rubor cobrir o meu rosto mais uma vez, mesmo que ele não esteja mais comigo o meu corpo ainda esta marcado por sua presença e eu claramente percebo a confusão formando-se, pois não sei o que aconteceu.Não pensei em nenhum momento que ele olharia para mim desta maneira e por outro lado não acreditei que permitiria que me tocasse, estranho o fato de não ter sentido medo dele.Acaricio a cama me que estávamos sentados e deixo que as imagens se formem em minha mente devolvendo-as para o meu coração, sorrio com a lembrança tão recente e tento me acostumar com a sensação boa que ele me causou ao tocar em meu corpo, talvez eu não esteja tão quebrada.Começo a me arrumar para ir trabalhar, Tomaz saiu apressado e confuso quando percebeu o que íamos fazer, portanto, irei sozinha hoje, contudo nã
Melissa AndersonA explosão fez tudo ficar diferente ao lado de fora, o carro ficou dividido em pedaços que não sou capaz de contar, a fumaça preta cobre o ambiente em que circulo e várias pessoas estão saindo de suas casas, contudo nada disso faz diferença para mim.Corro desesperadamente em direção ao carro, preciso tirá-la de lá, necessito salvá-la para provar a mim mesma que tudo ficará bem, que seremos felizes no fim de tudo isso.Jogo-me em direção as chamas e quando penso que finalmente irei alcançá-las sou impedida por braços fortes que me puxam para longe, debato-me instantaneamente.— Me largue, preciso salvá-la. – Grito desesperada.— Você esta louca? Se for para lá vai morrer. – Berra o homem que me segura, arrastando-me cada vez mais para lo