Tomaz Vasconcelos
Reúno o grupo para iniciar a aula e quando eu menos esperava parece um novo aluno, para ser mais exato é uma aluna e acredito que talvez eu a esteja conhecendo. Melissa fica surpresa por me ver ali, ela realmente não sabe nada sobre mim.
Fico espantado por vê-la em minha aula, mas eu já deveria ter imaginado. As pessoas a observam curiosas, antes que comece algum comentário eu inicio o alongamento evitando assim que os olhares continuem.
Quando finalizamos eles parecem animados para começar a aula e eu percebo que gosto disso, pois renova a energia.
— E então quem vai começar hoje? – Indago orientando-os com as mãos a abrir um círculo.
— Começar o que? – Indaga Mel.
— Temos um ritual de antes de iniciar a aula termos uma luta simples. – Explico encarando-a.
— Entendi, eu quero começar. – Anuncia e eu levanto uma das sobrancelhas.
— Certo e vai desafiar quem? – Questiono me divertindo.
— Você. – Diz.
Os murmurinhos começam e vejo os meus alunos rindo e por um momento ela também ri, não sei o que esta tramando, mas ela me deixa intrigado e por algum motivo perverso eu gosto disso.
Ela me encara e o brilho em seus olhos me encantam deixando-me um pouco nervoso.
— Tem certeza disso? – Pergunto para lhe dar a chance de desistir.
— Claro. – Concorda aproximando-se. — A não ser que esteja com medo. – Provoca-me fazendo com que as risadas aumentem.
Eu aceito o desafio, acredito que será divertido. Escolho um juiz e nos posicionamos no centro do círculo, quando ela faz a posição percebo que já tem conhecimento de luta, poucos conseguem realizar tamanha perfeição em um primeiro momento.
Ela me encara, mas não me ataca vejo em seus olhos que possui algo arquitetado e isso não me surpreende mais. Começo o meu taque, mas ela o defende com facilidade, eu insisto e vou para cima dela, porém os socos não lhe espantam é como se ela estivesse preparada para isso.
Com um golpe certeiro ela abaixasse e consegue me derrubar, percebo que é muito ágil com as pernas. Ela monta em mim com um olhar vitorioso no rosto, não sei se gosto ou detesto o que acabou de acontecer.
O juiz apita e levantamos, meu alunos sorriem disfarçadamente e eu tento me recuperar das diversas sensações que existem em mim agora. O sorriso travesso não sai de seus lábios e me sinto grato por ser a razão de tê-los ali.
A aula inicia-se e logo todos estão praticando os golpes, após uma hora finalizo a aula sentindo o meu corpo todo suado. Os alunos se despedem e se afastam, ficamos eu e Melissa nos observando.
— Eu não imaginava que você daria um espetáculo. – Comento e ela sorri.
— Acho que você precisa treinar mais. – Diz convencida e começamos a ir para o vestiário.
Desconheço o que esta acontecendo comigo, ela desperta algo em mim que desconheço, porém muito me interessa. Tomo um banho gelado e saio apressado, não combinamos se ela iria comigo para casa, contudo ainda me preocupo com isso.
Começo a aproximar-me da recepção e vejo-a parada imagino que esteja aguardando-me, alguns dos meus alunos fazem comentários e riem para ela, percebo que esta se enturmando.
Ana Clara não parece muito feliz na recepção e eu me aproximo dela preocupado.
— Oi Aninha, esta tudo bem? – Indago.
— Sim. – Diz sem olhar para mim.
Vejo de relance que Melissa nos observa, mas não demora muito para entender o que esta acontecendo e ela começa a sair.
— O que houve Ana? – Questiono incisivo.
— Quem é aquela garota? – Pergunta e aponta por onde Melissa saiu.
Fico confuso no inicio, porém não demora muito para que eu perceba que ela esta com ciúmes, desconheço os comentários de meus alunos.
Penso no que poderia dizer e percebo que não tenho realmente uma resposta que não vai dificultar o nosso envolvimento. Decido o que é mais fácil de responder para não precisar explicar.
— Ela é minha prima. – Digo e sorrio para que compreenda que não deve se preocupar.
— Prima? – Indaga desconfiada.
— Sim, é minha prima. Meus tios estão em outro estado e ela vai ficar este tempo comigo, apenas isso. – Afirmo e percebo que ela vai tentar confiar em mim.
— Tudo bem, nos vemos mais tarde? – Pergunta.
— Hoje não vai dar eu tenho aula. – Digo e ela concorda compreendendo.
Saio da academia sentindo que não agi de forma correta inventando uma mentira, mas de qualquer forma não sei como explicar o que Melissa é minha. Olho ao redor e não a encontro, entro no carro e começo a sair, conforme entro na avenida e vejo-a no ponto de ônibus.
Vou no corredor do ônibus e paro no ponto buzinando, ela me encara assustada e fica parada aguardando.
— Entre no carro. – Digo e ela só obedece quando um ônibus atrás de mim começa a buzinar insistentemente.
Ela entra e bate a porta, coloca o cinto enquanto eu saio e não fala nada apenas olha para fora da janela.
— Por que fez isso? – Indaga furiosa.
— Para levá-la para casa. – Esclareço e encaro o seu rosto enfurecido quando paramos no farol.
— O que você tem com aquela menina? – Questiona.
— Eu gosto dela, não tenho nada, mas pretendo ter algo. – Explico e vejo a decepção em seus rosto.
— Ela não gosta de mim. – Murmura.
— Por que ela não gostaria de você? – Pergunto enquanto voltamos a andar.
— Não sei, talvez ciúmes. Eu pude perceber pelo jeito que me olhava. – Comenta e me lembro de ontem enquanto comíamos pizza, eu gostaria de saber o que a deixa tão vulnerável.
— Não leve isso em consideração, não tem motivo para ela sentir ciúmes de você. – Falo e percebo que ela me encara. — Aliás, se alguém perguntar nós somos primos, tudo bem? – Questiono e vejo o espanto virar um sorriso.
— Ainda diz que ela não tem ciúme de mim? – Pergunta e sorri.
— Não tem motivo para ela sentir isso, ainda mais sobre você. – Afirmo, mas isso não a afeta.
— Se não tem motivo, pode explicar por que mentiu? – Investiga deixando-me sem palavras.
Realmente não tenho o que responder, mas tenho certeza sobre algumas coisas e sei que não vou mudar.
— Melissa não importa o que ela ache, entre nós nunca vai acontecer nada. – Garanto e paro o carro em frente minha casa.
— Disso você pode ter certeza. – Assegura olhando em meus olhos, em seguida sai do carro e somente agora posso respirar fundo.
Entro em casa poucos minutos depois e não vejo Melissa em lugar nenhum quando subo em direção aos quartos percebo pelo sim do chuveiro que ela foi tomar banho, entro em meu quarto e começo a vasculhar o guarda-roupa, hoje não poderei faltar na faculdade.
Assim que ela sai eu vou para o banheiro, tomo um banho rápido e saio de toalha para me vestir no quarto. Coloco uma calça preta e uma camisa polo, após calçar meu sapato pego minha mochila e saio de casa.
Não demoro muito para chegar a faculdade, porém como sempre estou atrasado, vou rapidamente para minha sala e sento-me na primeira carteira que vejo vazia, coloco o material na mesa e abro o caderno para iniciar as anotações.
A aula é interessante, eu realmente gosto do meu curso e conseguiria aproveitar mais se não fosse por uma ruiva que insiste em invadir meus pensamentos, sinto que a ofendi de alguma forma quando disse que não ficaria com ela e se por algum motivo isso a ofendeu significa que sente algo por mim.
Esse pensamento deixa-me animado de alguma forma, não sei precisar se isso é bom ou ruim, mas é melhor do que tudo o que sentimos antes. Saber que talvez não me odeie tanto me deixa mais sossegado do que já estive.
E isso para mim não é bom... Lembro-me das palavras do meu tio.
“— Tomaz a garota chama-se Melissa, ela vai ficar com você por um tempo, mas quero que prometa que não irá se envolver amorosamente com ela. É um território proibido para você. – Afirma encarando-me.
— Não me envolveria com ninguém que você me apresentasse tio. – Asseguro fazendo-o sorrir.
— De fato isso deixa-me mais tranquilo. – Fala e sorri, mas sua tranquilidade não encontra seus olhos.”
Essas lembranças não saem de minha mente e agora me sinto ainda mais curioso referente a ela, quero saber o que escondem e qual o motivo que a faz ser proibida para mim, sinto que preciso saber tudo sobre ela.
Quando a aula é finalizada, percebo que não tenho muitas anotações, terei que pesquisar referente a isso, já que ficar pensando nesta garota deixou tudo confuso e tomou o meu tempo.
Levanto-me e começo a sair da sala e sou interrompido.
— Tomaz, nós vamos para uma balada, o que acha de nos acompanhar? – Indaga Liam, um de meus colegas.
— Dispenso Liam, tenho que estudar não consegui me concentrar na aula como deveria. – Explico e ele assenti como se estivesse divertindo-se.
— Percebi que estava em outro planeta. – Fala rindo. — Quem é ela? – Indaga.
— Ninguém. – Afirmo. — Não existe ninguém. – Digo e começo a sair da sala, ele me acompanha.
— Os caras viram você com uma ruiva na academia. Disseram que dá para perder tempo com ela. – Conta deixando-me extremamente irritado.
Viro-me nervoso e o prenso contra a parede deixando que minha bolsa caia no chão.
— Não se atreva a falar isso dela, nunca mais. – Digo ríspido e pausadamente.
— Eu ó repeti o que me disseram. – Alega assustado.
— Que essa seja a última vez. – Exclamo e o solto, vejo-o afastar-se irritado.
Apresso-me em ir para casa, por algum motivo que desconheço sinto desespero em chegar e ver que ela esta bem.
Quando entro em casa a escuridão parece reinar, subo e vou tomar um banho e coloco uma calça para dormir, como esta calor fico se camisa e vou para o quarto deito-me, mas não consigo dormir.
Começo a mexer no meu aparelho celular para fazer com que o tempo passe eu tenha um pouco de sono, mas não adianta, parece que o meu sono não quer chegar nesta noite.
Após alguns minutos em que estou deitado, começo a ouvir alguns gritos, levanto-me e vou para a porta do quarto de Melissa, percebo que esta dizendo coisas desconexas bato na porta algumas vezes e chamo o seu nome, mas ela não responde.
Tento abrir a porta, mas esta trancada grito por seu nome, mas é em vão. Desço apressado e vou para a cozinha, abro uma das gavetas e pego a chave de seu quarto retorno para o quarto correndo desesperadamente, destranco a porta e entro.
Quando entro o quarto esta escuro, consigo vê-la por conta da luz do corredor. Ela se mexe na cama como se estivesse desesperada e eu me aproximo com a intenção de acordá-la.
Sento-me na cama e começo a sacudi-la de leve tentando acordá-la, ela resiste e isso me faz segurar o seu braço e me aproximo falando um pouco mais alto, surpreendo-me quando ela pula em mim tentando agredir-me.
— Me solte, me solte, caso contrário eu o mato. – Grita tentando me acertar, eu a imobilizo e a deito na cama de costas e subo encima dela.
— Melissa, sou eu o Tomaz, você estava tendo um pesadelo. – Digo e percebo que sua respiração esta se acalmando. — Você ainda vai me agredir se eu a soltar? - Indago.
Ela não diz nada, sinto sua pele quente por baixo da minha. Percebo com minhas mãos que ela possui algumas marcas na pele e deduzo que é por isso que usa tanta roupa que a cubra tanto.
Sua voz não me alcança, mas mesmo assim eu relaxo a pressão acredito que ela não vai tentar me atacar pelo menos não agora. Demoro alguns minutos para ouvir, mas assim que ouço percebo que ela esta chorando.
Saio de cima dela com habilidade pensando se a machuquei, mas logo descarto essa possibilidade. Deito-me ao lado dela tentando compreender o que realmente esta acontecendo.
— Mel. – Murmura antes de aconchega-la em meus braços.
Ela se agarra a mim e percebo que já a machucaram muito, seus braços me apertam e seu choro fica ainda mais desesperador. Tento controlar-me para não chorar, o desespero começa a tomar conta de mim deixando-me impotente e o controle que faço para não me deixar abater faz com que eu me sinta forte por algum motivo.
Seus braços começam a afrouxarem ao redor do meu corpo, os soluços tornam-se baixos até que ficam imperceptíveis, mas eu ainda consigo senti-la tremer em meus braços.
— Como entrou aqui? – Questiona desconfiada, sua voz parece tão triste, mas ainda continua doce.
— Eu tenho a cópia da chave. – Informo e sinto-a concordar.
Ficamos em silêncio por um tempo, porém sinto o frio quando ela se afasta rapidamente e cobre o corpo com o lençol, seus olhos me encaram curiosos.
— Quer conversar? – Pergunto ansioso.
Ela me encara, percebo que os seus olhos passam pelo meu rosto e descem pelo meu abdômen, eu não havia coloca a camiseta, fiquei muito preocupado com ela. Pego um lado do lençol e me cubro percebendo que isso a deixa mais tranquila.
— Eu não posso. – Sussurra e seus olhos voltam a encher de lágrimas.
— Você pode confiar em mim Mel. – Digo e permaneço olhando-a nos olhos.
— Se eu contasse a você, teria que ir embora de sua vida para sempre. – Murmura e neste momento sinto que isso não seria uma coisa boa.
— Mas e se eu não quiser que você vá? – Investigo fazendo com que ela fique confusa.
— Você mesmo irá me expulsar. – Instiga e eu fico tentado a sorrir.
— O que você fez de tão ruim que me faria querer afastá-la? – Questiono e percebo que pensa um pouco antes de responder.
— Me diz o que fiz de tão bom para você me querer aqui. – Pede e eu a encaro em silêncio.
Não sei exatamente como respondê-la. Há dois dias eu a queria fora da minha casa, gritei com o meu tio e a ofendi com a intenção de fazê-la desistir de ficar, mas agora eu quero cuidar dela... Preciso tê-la ao meu lado.
Continuamos nos encarando ela busca algo em meu olhar e eu tento esconder tudo, pois não sei o que seria bom. Sinto a tensão começar a tomar conta de nós e por mais que reprove isso, não sei como mulher.
— Mel... Eu não sei o que esta acontecendo. – Digo e vejo-a encolher-se debaixo do lençol.
— Tudo bem, é por isso que digo que você não vai me querer aqui se eu contar, mas fique tranquilo não sou nenhuma criminosa. – Afirma orgulhosa.
— Eu sei que não é. – Concordo querendo fazer mais por ela.
— Toma, obrigada, mas temos que dormir. – Diz e olha cama o colchão.
— Você quer companhia? – Indago e ela encara-me por alguns segundos.
— Não, estou bem. – Diz desviando o olhar.
— Você tem certeza disso? – Questiono. — Eu não me importo de ficar. – Esclareço.
— Não precisa mesmo, estou bem. – Afirma e eu me levanto.
Aproximo-me dela e beijo sua testa, em seguida vou para o meu quarto. Deixo a porta dos nossos quarto semiabertas e deito-me na cama, o nosso não chega de repente, penso no que aconteceu até o momento em que apago.
Acordo sentindo o meu corpo dolorido, fazia muito tempo em que não tinha uma noite tão ruim como essa. Olho para o despertador e vejo que estou atrasado, levanto-me rápido e troco-me, coloco meu uniforme da academia e saio do quarto indo direto para o banheiro.
Escovo os dentes e lavo o rosto, seco-o rápido e saio tenho sorte do meu cabelo não ter muito segredo para arrumar. Pego minhas coisas no quarto e desço apressado, começo a andar mais devagar quando sinto um cheiro maravilhoso vindo da cozinha.
Assim que entro encontro Melissa sentada na mesa, percebo que ela já esta pronta para ir trabalhar, vejo que a mesa esta arrumada, com café, pão, frios, vejo que ela fez alguma coisa com ovo e sei que é de lá que vem cheiro delicioso.
— Parece eu alguém não dormiu. – Comento e ela sorri.
— Dormi sim, a diferença é que acordei no horário. – Diz e começa a sorrir.
— Parece que sua língua esta bem afiada. – Afirmo e vejo-a sorrir mais.
— Você não viu nada Tomaz. Venha vamos tomar café. – Convida-me e eu aceito, não é todo dia que o café esta apronto apenas aguardando-me.
Tomo café confortavelmente e aprecio sua companhia, pronto para iniciar mais um dia com ela.
Clara AndradeA música continua tocando, invadindo minha mente como se isso nunca fosse passar “Patience” ela esta presente invadindo-me, possuindo-me e tirando de mim minha sanidade.Mais um vez ninguém responde ao telefone, eu realmente pensei que essas ligações iriam parar depois que ele se foi, mas parece eu me enganei novamente, realmente estou cansada disso.Estou sozinha na empresa, a Melissa chegará a alguns minutos, mas não estou preocupada tem outras coisas ocupando minha mente. Desligo o telefone quando percebo que apenas ouvirei a música, encaro o anel em meu dedo e lembro-me do sonho que tive essa noite.O vento forte fazia com que tudo se mexesse com mais agilidade fazendo com que o frio que outrora não nos atingia alcance-nos com força e agilidade agora. Consigo mudar nosso percurso e no
Melissa AndersonMinhas mãos tremem, tento controlar-me, porém isso parece impossível agora. Eu não deveria me sentir desta maneira, minha mente esta confusa os pensamentos começam a se diversificar enquanto a exaustão começa a tomar conta do meu corpo.Lavo o rosto algumas vezes e respiro fundo parece que estou perdendo minha própria alma, meus demônios devem estar comemorando agora e eu não posso lutar contra eles.Sento-me no chão tentando em vão recuperar a mim mesma, aperto minhas mãos forçando-me a manter-me aqui, obrigando-me a lembrar de onde estou, porém nada parece funcionar, essa sensação é muito forte.Minha pele nua é invadida pelo gelo que essa chuva se tornou, estamos todas de mãos dadas, são muitas meninas e posso jurar que algumas já est&at
Tomaz VasconcelosAna me avisou que Melissa havia ido embora, confesso que não me senti tranquilo depois disso recordo-me constantemente do carro que ficou observando-a e isso me deixa cada vez mais desconfiado.Inicio minha aula, mas tenho que impressão que falho completamente, não consigo me concentrar em nada, só penso nela.Quando começo a iniciar a outra aula meu telefone toca, atendo-o imediatamente.— Tomaz falando. – Digo sem verificar quem é.— Vá até ela, agora. – Ordena uma voz que conheço muito bem.— Do que esta falando tio? – Indago confuso.— Não tenho tempo para explicar, preciso que vá para casa. Eles vão matá-la. – Exclama e sinto o meu coração disparar.Eu sabia que algo muito errado estava acontecendo, mas a gr
Melissa AndersonSinto o chão gélido abaixo de mim, o sangue escorre pelo meu rosto e tudo em mim dói de uma maneira desesperada. Sinto-me feliz por ter lutado, contudo são muitos homens contra mim e não consegui vencê-los, porém só de não estar nua para mim já é uma vitória.Não tento levantar-me prefiro que eles pensem que não tenho forças, possuo medo do que podem fazer comigo e preciso encontrar uma forma de resistir ou tudo será perdido.Luto constantemente para me mandar consciente, mas vejo-me perder-me em momentos em que isso é absurdo o meu corpo esta fora de controle assim como minha mente, eles riem e me convidam a levantar convencidos de que ainda sou uma menina, esquecem-se que cresci, contudo não os julgo, pois não me sinto inteira para lutar contra ninguém.Temos que mante
Clara AndradeEste realmente não é um lugar para uma criança crescer, entramos em uma espécie de restaurante, as atendentes são meninas que são analisadas pelos clientes como se fossem comida.Sento-me em uma mesa acompanhada do Senhor Forbes, ele esta tenso assim como todos nós, essa situação não nos deixa a vontade e a ansiedade aumenta cada vez mais.O relógio parece não querer nos ajudar e passa os seus segundos tão devagar que a impressão que tenho é que nunca vai passar. Théo senta em outra mesa com seu sobrinho e os demais que nos acompanham fazem o mesmo.Tem mais policiais ao lado de fora aguardando nosso sinal para invadir este lugar, aparentemente aqui é um dos pontos fortes para o tráfico de crianças e mulheres, é extremamente triste ver algo acontecer tão próximo
Melissa AndersonEntro no banheiro e não me importo de não ter pego uma toalha ou roupas limpas, só preciso sentir-me limpa. Tiro minhas roupas e as jogo no lixo sentindo toda a repulsa ao encará-las.O nojo me faz vomitar, vou para o vazo e libero tudo o que ainda tenho no estômago. Quando me sinto fraca levanto e logo a adrenalina toma conta do meu corpo, a raiva, o medo, o remorso, a culpa... Tudo toma conta de mim.Sem me controlar começo a chutar e socar a porta, mesmo que ela não tenha culpa de nada sinto que preciso disso, penso no Artur e na ânsia que senti conforme ele falava que eu deveria ser dele.Derrubo algumas coisas que estão na pia e as vejo se quebrar, mas isso não causa efeito em mim. Vou para o box e ligo o chuveiro, deixo a água tão quente que parece me queimar, sento no chão e abraço meus joelhos, começo a chorar deses
Tomaz VasconcelosEu não queria ter dito aquelas coisas para ela, também não imaginei que pararia de fazer comigo por conta disso. Pensei que me entenderia, saberia que eu estava em choque por tudo que descobrir eu não queria ser um covarde, em nenhum momento pensei em me tornar alguém que ela não merece, contudo eu falhei.Faz mais de uma semana que ela decidiu me ignorar, não vamos juntos para o trabalho e nada do que fazíamos antes, voltamos ao que éramos antes... Voltamos ao nada.Me preparo para minha aula, mas confesso que sinto-me mais nervoso do que gostaria. Ela faltou em uma das aulas e agora não sei se vai vir ou não. Saio do vestiário e vou em direção ao meu local de trabalho, porém sou interrompido no caminho.— Você esta com presa? – Indaga uma menina que já vou especial demais para mim.&mdas
Melissa AndersonSinto o rubor cobrir o meu rosto mais uma vez, mesmo que ele não esteja mais comigo o meu corpo ainda esta marcado por sua presença e eu claramente percebo a confusão formando-se, pois não sei o que aconteceu.Não pensei em nenhum momento que ele olharia para mim desta maneira e por outro lado não acreditei que permitiria que me tocasse, estranho o fato de não ter sentido medo dele.Acaricio a cama me que estávamos sentados e deixo que as imagens se formem em minha mente devolvendo-as para o meu coração, sorrio com a lembrança tão recente e tento me acostumar com a sensação boa que ele me causou ao tocar em meu corpo, talvez eu não esteja tão quebrada.Começo a me arrumar para ir trabalhar, Tomaz saiu apressado e confuso quando percebeu o que íamos fazer, portanto, irei sozinha hoje, contudo nã