Clara Andrade
Este realmente não é um lugar para uma criança crescer, entramos em uma espécie de restaurante, as atendentes são meninas que são analisadas pelos clientes como se fossem comida.
Sento-me em uma mesa acompanhada do Senhor Forbes, ele esta tenso assim como todos nós, essa situação não nos deixa a vontade e a ansiedade aumenta cada vez mais.
O relógio parece não querer nos ajudar e passa os seus segundos tão devagar que a impressão que tenho é que nunca vai passar. Théo senta em outra mesa com seu sobrinho e os demais que nos acompanham fazem o mesmo.
Tem mais policiais ao lado de fora aguardando nosso sinal para invadir este lugar, aparentemente aqui é um dos pontos fortes para o tráfico de crianças e mulheres, é extremamente triste ver algo acontecer tão próximo
Melissa AndersonEntro no banheiro e não me importo de não ter pego uma toalha ou roupas limpas, só preciso sentir-me limpa. Tiro minhas roupas e as jogo no lixo sentindo toda a repulsa ao encará-las.O nojo me faz vomitar, vou para o vazo e libero tudo o que ainda tenho no estômago. Quando me sinto fraca levanto e logo a adrenalina toma conta do meu corpo, a raiva, o medo, o remorso, a culpa... Tudo toma conta de mim.Sem me controlar começo a chutar e socar a porta, mesmo que ela não tenha culpa de nada sinto que preciso disso, penso no Artur e na ânsia que senti conforme ele falava que eu deveria ser dele.Derrubo algumas coisas que estão na pia e as vejo se quebrar, mas isso não causa efeito em mim. Vou para o box e ligo o chuveiro, deixo a água tão quente que parece me queimar, sento no chão e abraço meus joelhos, começo a chorar deses
Tomaz VasconcelosEu não queria ter dito aquelas coisas para ela, também não imaginei que pararia de fazer comigo por conta disso. Pensei que me entenderia, saberia que eu estava em choque por tudo que descobrir eu não queria ser um covarde, em nenhum momento pensei em me tornar alguém que ela não merece, contudo eu falhei.Faz mais de uma semana que ela decidiu me ignorar, não vamos juntos para o trabalho e nada do que fazíamos antes, voltamos ao que éramos antes... Voltamos ao nada.Me preparo para minha aula, mas confesso que sinto-me mais nervoso do que gostaria. Ela faltou em uma das aulas e agora não sei se vai vir ou não. Saio do vestiário e vou em direção ao meu local de trabalho, porém sou interrompido no caminho.— Você esta com presa? – Indaga uma menina que já vou especial demais para mim.&mdas
Melissa AndersonSinto o rubor cobrir o meu rosto mais uma vez, mesmo que ele não esteja mais comigo o meu corpo ainda esta marcado por sua presença e eu claramente percebo a confusão formando-se, pois não sei o que aconteceu.Não pensei em nenhum momento que ele olharia para mim desta maneira e por outro lado não acreditei que permitiria que me tocasse, estranho o fato de não ter sentido medo dele.Acaricio a cama me que estávamos sentados e deixo que as imagens se formem em minha mente devolvendo-as para o meu coração, sorrio com a lembrança tão recente e tento me acostumar com a sensação boa que ele me causou ao tocar em meu corpo, talvez eu não esteja tão quebrada.Começo a me arrumar para ir trabalhar, Tomaz saiu apressado e confuso quando percebeu o que íamos fazer, portanto, irei sozinha hoje, contudo nã
Melissa AndersonA explosão fez tudo ficar diferente ao lado de fora, o carro ficou dividido em pedaços que não sou capaz de contar, a fumaça preta cobre o ambiente em que circulo e várias pessoas estão saindo de suas casas, contudo nada disso faz diferença para mim.Corro desesperadamente em direção ao carro, preciso tirá-la de lá, necessito salvá-la para provar a mim mesma que tudo ficará bem, que seremos felizes no fim de tudo isso.Jogo-me em direção as chamas e quando penso que finalmente irei alcançá-las sou impedida por braços fortes que me puxam para longe, debato-me instantaneamente.— Me largue, preciso salvá-la. – Grito desesperada.— Você esta louca? Se for para lá vai morrer. – Berra o homem que me segura, arrastando-me cada vez mais para lo
Clara AndradeIgnoro o frio na barriga, finjo que o pavor não esta tomando conta de mim. A força é a única alternativa e eu sei que devo isso a ela depois de tudo o que passou por conta do homem que era para ser o meu pai.Vejo-a sentada ao meu lado no carro, o nervosismo estampado nos olhos sombrios que ela herdou do irmão. Ela não merecia passar por essas coisas, se ela soubesse antes quem era o culpado não estaríamos aqui deste jeito, contudo não podemos mudar o que esta acontecendo, apenas aceitar as consequências.Lembro-me do homem que amo e da maneira que se transformou quando soube da audiência, sinto que talvez possa ter problemas por ter omitido a verdade, porém sei que preciso me manter segura agora, segura dentro de mim.Recordo de Henri e isso me acalma, pois sei que jamais estarei sozinha.“A minha sala
Clara AndradeAs luzes são tão estridentes, elas sabem como me despertar mesmo tudo o que eu queira seja a escuridão. Escuto vozes, mas não as reconheço. Sinto um lugar macio e aconchegante, mas não sei onde estou.Quando finalmente abro os meus olhos percebo que estou onde menos imaginava reconheço o ambiente e os profissionais é o mesmo hospital que estive quando sofri o acidente de carro e isso não me alegra.Devo de fato admitir que quando sai de Santa Catarina não imaginava que acabaria em um hospital. Observo a sala e respiro fundo irritada, percebo que colocaram alguns medicamentos e sinto o acesso em meu braço, os arranco rapidamente deve ser por conta dos remédios que sinto tanto sono.— Clara. – Murmura alguém que esta do lado do quarto que não olhei.Viro minha cabeça em direção a voz,
Melissa AndersonEntro em casa e me surpreendo com a solidão, contudo agora não acho que isso tem muita diferença para mim. Ver os meus pais foi realmente melhor do que imaginei, descobri que tanto eles como o meu irmão me amam muito e por mais estranho que possa parecer eu também os amo.Recordo-me da forma que minha mãe me abraçou assim que soube a verdade, o carinho que recebi é algo muito maior do que tudo o que eu esperava. Tive a oportunidade de conhecer o meu pai e esse encontro me deu uma paz que nunca senti.A única coisa que me entristeceu foi a forma como trataram a Clara e o homem que a agrediu, não consegui me controlar depois de tudo esse desespero e quando olho para trás percebo que desejo ser como ela.Lembro-me da maneira como o Bernardo a tratou e a forma que seu olhar conseguiu se transformar, parece que na empresa ele a amava e quando a viu ao me
Melissa AndersonO vento invade o meu rosto, fecho os olhos e permito que ele se aconchegue em meu coração que agora parece mais calmo do que como já esteve um dia. Observo as árvores ao meu redor, percebo que nunca de fato as analisei a fim de ver a beleza que possuem.Sentei na praça que tem próxima a empresa, o banco pareceu tão aconchegante que ficar em outro lugar deixou de ser uma opção para mim, inalo o ar profundamente e o liberto sentindo a satisfação de parecer normal.Pego o meu celular e verifico se tenho alguma mensagem, ao não encontrar nada, vou à agenda e encontro o número do Bernardo, ligo para ele imediatamente, fico feliz quando atende no segundo toque.— Olá irmãzinha. – Diz sarcástico.— Oi Bernardo, tudo bem? – Indago achando o seu jeito engraçado.— Si