Tomaz Vasconcelos
Finalizo o dia no trabalho e resolvo malhar, ser professor de luta torna-se cansativo se esta o tempo inteiro em ação. Faço um treino pesado de no máximo uma hora para poder ir mais cedo para casa prometi a Melissa que iria comemorar com ela pelo emprego novo.
Não sei exatamente o que pensar sobre essa menina, mas se tiver que me aproximar para descobrir quem ela é farei isso independente de qualquer coisa. Sei que ela e Théo escondem algo e não irei permitir que me deixem no escuro por mais tempo.
Meu tio deixou claro que ela é território proibido para mim, mas não me importo afinal não possuo nenhum interesse além de descobrir suas mentiras. Estou tentando ganhar sua confiança e quando a tiver tudo ira ocorrer de forma perfeita.
Corro mais um pouco na esteira e vou fazer alguns exercícios de musculação quando já estou suado o suficiente vou para o vestiário, tomo um banho rápido e me visto, sinto-me renovado e pronto para sair.
Vejo Ana Clara na recepção e sorrio ao me aproximar dela, sinto-a especial e acho que realmente estou gostando dela.
— Aninha. – Digo e sorrio ainda mais quando ela olha para mim.
— Já vai Tomaz? – Indaga curiosa.
— Sim. – Respondo ficando mais próximo a ela que levanta para se despedir.
Ela aproxima-se lentamente e segura minha mão, sorri nervosa e beija meu rosto delicadamente, sinto um arrepio percorrer o meu corpo e aperto sua mão mostrando que gostei do beijo.
Vejo-a sorrir tímida e colocar uma mexa de cabelo atrás da orelha, começo a afastar-me lentamente desejando ficar ao seu lado.
— Até amanhã. – Ouço-a dizer.
— Até Aninha. – Despeço-me e saio com um sorriso bobo em meus lábios.
Vou até o carro e entro, coloco uma música para tocar e saio do estacionamento. Decido que irei levar pizza estou com fome e acredito que ela também vai gostar disso, escolho uma doce e outra salgada, pego um vinho e aguardo o pedido ficar pronto.
Sento-me em uma mesa e começo a mexer no meu celular, mas uma imagem insistente invade minha mente novamente. Lembro-me da noite passada e Melissa indo vomitar por causa do bolo.
Inicialmente pensei que ela estava grávida, mas quando retornou o que vi em seus olhos foi dor, uma dor que sei que não irá apagar-se jamais. Como estudante de psicologia sinto-me obrigado a ajudá-la, mas no momento estou mais curioso do que interessado em curar-lhe de algo.
Sei que isso pode parecer cruel, mas preciso saber quem é a mulher que permiti viver em minha casa. Quando o meu pedido fica pronto pago a conta e retorno ao carro, o caminho não é longo então no máximo em meia hora estou em casa.
Assim que entro estranho as luzes estarem apagadas, mas não me intimido e entro acendo as luzes e vou para a cozinha, coloco as coisas em cima da mesa como está calor dirijo-me ao quarto e troco de roupa, visto uma calça de tecido leve e uma regata. Saio do quarto e bato na porta do quarto dela.
— Melissa, eu já cheguei. – Digo e escuto-a destrancar a porta e me afasto.
Quando ela a abre fico confuso com o que vejo, ela usa uma calça e uma blusa de moletom e possui luvas em suas mãos e sapatos nos pés.
— Boa noite. – Murmura envergonhada.
— Você vai sair? – Indago observando-a, percebo seu constrangimento e encaro apenas seus olhos.
— Não... Eu... Hum... Estou com frio. – Diz, mas desconfio que esteja mentindo.
— Certo, venha comprei pizza para nós. – Convido-a forçando um sorriso.
— Não precisa fazer isso, sei que tem aula. Não quero lhe atrapalhar. – Fala rápido e isso me prova que esta nervosa.
— Não é nenhum sacrifício, vamos comer. – Insisto e vejo-a sair do quarto.
Permito que ande em minha frente, observo o seu corpo ela é muito magra, mas possui algumas curvas, penso que poderei ajudá-la na academia. Tento compreender o motivo de usar tantas roupas, porém nada compreensível vem a minha mente.
Entramos na cozinha e percebo que ela não se move, seus olhos percorrem o espaço como se procurasse por algo e o medo é perceptível em seus olhos, penso em algo para distraí-la preciso que essa noite seja boa.
Começo a pegar algumas coisas no armário e sinto-a aproximar-se, um sorriso imprevisível surge em meus lábios.
— Precisa de ajuda? – Indaga tímida.
— Sim, pode pegar as taças para nós. – Peço e ela obedece.
A forma que se move faz com que seja totalmente diferente da mulher que vi na academia, neste momento ela esta vulnerável e isso me deixa intrigado, não consigo compreendê-la de nenhuma maneira.
Faz apenas dois meses que mora aqui, nunca desejei conhecê-la e fui completamente contra o meu tio, mas ele insistiu e eu não soube falar não, porém minha mente sempre me disse que eu estaria me metendo em problemas caso aceitasse o que ele propôs e agora quero saber o tamanho do problema que me meti.
Ela fica sempre trancada no quarto, mal sai para comer e isso é notável, pois emagreceu bastante desde que chegou. Mal conversamos, ontem no aniversário dela foi o primeiro momento que trocamos algumas palavras e só fiz isso por que o meu tio persistiu nesta ideia, pois caso contrário não faria, acho-a completamente esquisita.
Terminamos de arrumar a mesa e nos sentamos, ela observa o próprio prato e isso começa a me perturbar esta completamente diferente do que imaginei, não esperava por uma menina tão indefesa.
— Você vai trabalhar em qual função? – Indago e ela me encara.
— Serei a recepcionista. – Diz em tom baixo.
— Isso é ótimo parabéns. – Falo e sorrio, abro o vinho e sirvo nossas taças.
Ela toma iniciativa e descobre a pizza salgada, após nos servimos começamos a comer.
Sinto o seu olhar distante e por incrível que pareça sei o que significa, não posso deixar que ela se perca igual aconteceu ontem, preciso conversar com ela. Seguro sua mão e ela me encara parecendo assustada.
— Desculpe. – Sussurra.
— Esta nervosa para amanhã? – Questiono ignorando suas desculpas, pois acredito que ela não precisa pedir.
— Mais do que pensei que estaria. – Confidencia e sorri fraco.
— Como pensou que seria? – Pergunto demonstrando interesse.
— Pensei que seria mais fácil. – Confessa tensa.
— Vai dar tudo certo, Melissa você é muito inteligente, vai ser incrível. – Digo para confortá-la e surpreendo-me com o que recebo.
O seu sorriso é realmente lindo e desperta em mim coisas que não pensei que sentiria por ela. É rápido, mas verdadeiro e isso me faz sorrir também, sinto como se barreiras estivessem sendo quebradas, mas isso não vai me fazer desistir do meu objetivo.
— Bem, obrigada. – Murmura e sinto a suavidade de sua voz.
Preciso repetir várias vezes em minha mente quem ela é, para que não confunda o que esta acontecendo e por alguns minutos isso não funciona.
— Comprei pizza de brigadeiro também. – Anuncio e vejo seus olhos brilharem, fico contente por descobrir que ela gosta de chocolate.
— Parece estar muito boa. – Diz assim que a descubro.
Sirvo nos dois e assim que terminamos de comer, ela arruma a mesa e eu lavo a louça.
— O que acha de assistirmos um pouco de televisão. – Convido-a e ela concorda.
Nós sentamos e coloco um filme de comédia romântica. Não assisto o filme, apenas a observo. Ela sorri timidamente e percebo que esta se divertindo, nunca reparei nela dessa maneira, mas por algum motivo comecei a admirá-la.
Assim que o filme acaba nos levantamos e eu acendo a luz.
— O filme foi muito legal. – Comenta parecendo a vontade.
— Que bom que gostou, podemos repetir isso. – Digo e sem pensar aproximo-me desejando-a e quando ela percebe minha intenção afasta-se em estado de choque.
— Por favor Tomaz, não toque em mim. – Suplica encarando-me.
Não sei o que pensar neste momento, mas eu não encostaria nela desta forma. O pavor em seu rosto mostra que esta desesperada e isso primeiro me entristece e depois faz com que uma raiva desconhecido cresça em meu peito. Não sei se tenho raiva dela ou de quem a feriu.
Aproximo-me dela rapidamente e seguro seu rosto entre minhas mãos faço com que me encare e encaro seus olhos que transmitem o espanto.
— Você precisa me falar Melissa, me diga quem é... Este silêncio esta me matando. – Falo sem pensar e vejo o seu pavor transformar-se em ódio, ela me afasta rapidamente.
— Então é disso que se trata não é? – Indaga irritada. — Essa noite não foi para comemorar, mas sim para que tente descobrir algo. Eu sou uma idiota. – Diz mais para si mesma do que para mim.
Sinto raiva dela, por não perceber que em um período da noite eu realmente me interessei, me senti atraído por ela e desejei beijá-la verdadeiramente. Porém o que mais me irritou foi perceber como ela é esperta, muito mais espeta do que eu.
— Você achou que era o que? Acreditou mesmo que eu queria me aproximar de você? – Indago sem pensar, o assombro em seu rosto me entristece.
— Eu... – Ela não termina a frase apenas me encara.
— Não seja tola Melissa, como eu poderia sentir algo por você nós nunca conversamos, olha para você. – Digo com raiva sem medir minhas palavras, sem pensar se a estou ofendendo ou não.
— Como você pode ser tão cruel? – Questiona decepcionada, odeio ver essa expressão em seu rosto.
— Cruel? – Grito. — Eu permiti que fique em minha casa sem ao menos lhe conhecer. – Falo expondo minha indignação.
— E agora tentou me seduzir para descobrir algo. – Exclama como se cuspisse as palavras.
— Se eu conseguisse algo com isso teria uma vantagem. – Discorro vendo a raiva crescer em seus olhos.
Ela anda pela sala parecendo pensar, vejo vários sentimentos passarem pelo seu rosto, porém não é nada que eu identifique. Ela me encara e eu vejo a Melissa que estava na academia em minha frente.
Esta é segura de si, confiante, não possui medo ou pavor. Ela me assusta e me encanta. A encaro com admiração e isso me faz perceber que o nervosismo que ela sentia era por jantar comigo e não por causa do trabalho.
— Isso foi muito baixo para alguém como você. – Diz ríspida.
— Alguém como eu? – Indago sem compreender.
Ela caminha lentamente até mim, não me movo mesmo que eu quisesse sair do lugar sinto que o meu corpo não permitiria.
— Você vai se arrepender, pode ter certeza disso.- Afirma e sai.
Fico encarando a escada por onde subiu tentando entender o que realmente aconteceu. Passo as mãos pelos meus cabeços irritado e me sentindo um completo fracasso, não entendo como deixei chegar a esse ponto.
Lembro-me do sorriso dela e me sinto privilegiado por ter visto ao mesmo tempo em que me odeio por ter tirado isso dela em uma noite que estava sendo tão especial.
Pego o meu celular decidido a acabar com tudo, estou certo que não podemos viver desta maneira e por outro lado não sei o que ela insinuou quando disse que vou me arrepender.
Ligo para o meu tio e ele não atende, continuo ligando até que finalmente escuto sua voz.
— Tomaz, sobrinho querido. – Diz ao atender, ignoro suas palavras.
— Quero ela fora daqui. – Exclamo irritado andando de um lado para outro.
— O que aconteceu? – Questiona preocupado.
— Não importa, mas não dá para convivermos desse jeito. – Informo sentindo a raiva me possuir, sei que estou gritando, porém não me importo se ela vai ouvir.
— Ela não vai a lugar nenhum e nem você. – Fala simplesmente.
— O que? – Indago indignado. — Você não pode me obrigar a conviver com ela. — Grito ainda mais.
— Sinto muito, mas nós precisamos de você. Eu preciso de você. – Justifica deixando-me mais irritado.
— Como se eu não sei em que merda estão metidos. – Exclamo.
O silêncio do outro lado da linha parece gritar para mim que estou em uma roubada ao mesmo tempo em que me faz ter vontade de ver o sorriso dela de novo.
— Você esta ai? – Indago.
— Você é mais espero do que isso. – Confidencia.
— Não sei do que esta falando. – Assumo tentando me acalmar.
— Pare de ver apenas o que quer que irá descobrir o que procura. – Afirma o meu tio parecendo irritado, nunca o vi com tanta raiva.
— Não jogue comigo tio, apenas fale a verdade. - Peço e o ouço derrubar alguma coisa.
— Por enquanto é isso que terá, não é seguro para você uma hora vai ter que compreender isso. – Grita e eu sento-me no sofá, sentindo que esta falando a verdade.
— Não sei se consigo lidar com essas coisas. – Exclamo e ele sorri.
— Consegue sim, mas Tomaz, prometa que terá paciência com ela. – Ordena.
— Eu vou tentar. – Murmuro.
— Ela já sofreu demais, não seja mais um motivo para ela desistir de lutar por sua vida. – Orienta-me e sinto-me enlouquecido.
Penso no excesso de roupa, na forma em que ficou quando tentei beijá-la, o pavor, o medo, a maneira como perde-se em seus pensamentos. Merda, eu deveria ter notado antes, ela com certeza sofreu algum tipo de abuso e eu provavelmente serei um gatilho para ela.
— Tomaz, você esta ai? – Questiona.
— Sim, eu tenho que desligar. – Digo e despeço-me.
Sentindo a vergonha invadir o meu rosto começo a subir a escada, não faço nenhum barulho, não possuo presa. Se seu dissesse que sei exatamente o que quero fazer estaria mentindo, pois sinto-me completamente perdido.
Chego a frente à porta de seu quarto e levanto meu braço, contudo não consigo emitir um único som que indique que estou aqui. A vergonha é tamanha que sinto medo da rejeição que tenho certeza que irei sofrer.
Sei que ela tem razão para isso, mas não me sinto pronto. Abaixo o braço e o levanto novamente decido a bater, porém o som que escuto me desestabiliza. Ela esta chorando e isso é minha culpa.
Eu a tratei como se não tivesse sentimentos e agora acabei de iludi-la e magoá-la em uma mesma noite. Minha vergonha torna-se maior do que imaginei e agora sem coragem alguma resolvo ir para o meu quarto.
Não sei o que ela fará para vingar-se, porém acredito que qualquer coisa ainda será pouco para isso, preciso recompensá-la.
Vou para o banheiro e tomo um banho rápido, em seguido encaminho-me para o meu quarto e percebo que ela ainda não saiu do seu, pressinto que só sairá amanhã quando for trabalhar.
Entro no quarto e deito-me na cama sentindo o colchão frio invadir-me, após alguns minutos ouço meu telefone tocar e quando o pego e percebo que recebi uma mensagem da Aninha, abro-a e verifico rapidamente.
Tomaz, a academia ficou mais vazia depois que saiu, estou ansiosa para vê-lo amanhã.
Leio a mensagem algumas vezes e o sorriso que costumava surgir em meu rosto dessa vez não veio. Guardo o telefone e não respondo, pois hoje não sou digno dela.
Melissa AndersonDeixo as lágrimas saírem livremente pelos meus olhos, não vejo necessidade de controlar-me e mesmo se eu tentasse não conseguiria. O nervosismo toma conta de mim fazendo com que me sinta vulnerável apesar de não me sentir assim há muito tempo.Não acredito que confiei nele, estou me sentindo tão patética que a vergonha toma conta de mim, em alguns momentos não controlo o choro desesperador que saí de dentro de mim.Não quero que ele ouça, por isso tempo faze tudo ser o mais silencioso possível. Quando ouço-o gritar com Théo para me levar embora perco todo o controle e me sinto uma inútil novamente, aquela que nunca vai servir, a que faz tudo errado.Antes eu realmente não queria servir e mantar este corpo magro me ajudou a ter sanidade, mas hoje eu senti algo diferente, confiei
Tomaz VasconcelosReúno o grupo para iniciar a aula e quando eu menos esperava parece um novo aluno, para ser mais exato é uma aluna e acredito que talvez eu a esteja conhecendo. Melissa fica surpresa por me ver ali, ela realmente não sabe nada sobre mim.Fico espantado por vê-la em minha aula, mas eu já deveria ter imaginado. As pessoas a observam curiosas, antes que comece algum comentário eu inicio o alongamento evitando assim que os olhares continuem.Quando finalizamos eles parecem animados para começar a aula e eu percebo que gosto disso, pois renova a energia.— E então quem vai começar hoje? – Indago orientando-os com as mãos a abrir um círculo.— Começar o que? – Indaga Mel.— Temos um ritual de antes de iniciar a aula termos uma luta simples. – Explico encarando-a.
Clara AndradeA música continua tocando, invadindo minha mente como se isso nunca fosse passar “Patience” ela esta presente invadindo-me, possuindo-me e tirando de mim minha sanidade.Mais um vez ninguém responde ao telefone, eu realmente pensei que essas ligações iriam parar depois que ele se foi, mas parece eu me enganei novamente, realmente estou cansada disso.Estou sozinha na empresa, a Melissa chegará a alguns minutos, mas não estou preocupada tem outras coisas ocupando minha mente. Desligo o telefone quando percebo que apenas ouvirei a música, encaro o anel em meu dedo e lembro-me do sonho que tive essa noite.O vento forte fazia com que tudo se mexesse com mais agilidade fazendo com que o frio que outrora não nos atingia alcance-nos com força e agilidade agora. Consigo mudar nosso percurso e no
Melissa AndersonMinhas mãos tremem, tento controlar-me, porém isso parece impossível agora. Eu não deveria me sentir desta maneira, minha mente esta confusa os pensamentos começam a se diversificar enquanto a exaustão começa a tomar conta do meu corpo.Lavo o rosto algumas vezes e respiro fundo parece que estou perdendo minha própria alma, meus demônios devem estar comemorando agora e eu não posso lutar contra eles.Sento-me no chão tentando em vão recuperar a mim mesma, aperto minhas mãos forçando-me a manter-me aqui, obrigando-me a lembrar de onde estou, porém nada parece funcionar, essa sensação é muito forte.Minha pele nua é invadida pelo gelo que essa chuva se tornou, estamos todas de mãos dadas, são muitas meninas e posso jurar que algumas já est&at
Tomaz VasconcelosAna me avisou que Melissa havia ido embora, confesso que não me senti tranquilo depois disso recordo-me constantemente do carro que ficou observando-a e isso me deixa cada vez mais desconfiado.Inicio minha aula, mas tenho que impressão que falho completamente, não consigo me concentrar em nada, só penso nela.Quando começo a iniciar a outra aula meu telefone toca, atendo-o imediatamente.— Tomaz falando. – Digo sem verificar quem é.— Vá até ela, agora. – Ordena uma voz que conheço muito bem.— Do que esta falando tio? – Indago confuso.— Não tenho tempo para explicar, preciso que vá para casa. Eles vão matá-la. – Exclama e sinto o meu coração disparar.Eu sabia que algo muito errado estava acontecendo, mas a gr
Melissa AndersonSinto o chão gélido abaixo de mim, o sangue escorre pelo meu rosto e tudo em mim dói de uma maneira desesperada. Sinto-me feliz por ter lutado, contudo são muitos homens contra mim e não consegui vencê-los, porém só de não estar nua para mim já é uma vitória.Não tento levantar-me prefiro que eles pensem que não tenho forças, possuo medo do que podem fazer comigo e preciso encontrar uma forma de resistir ou tudo será perdido.Luto constantemente para me mandar consciente, mas vejo-me perder-me em momentos em que isso é absurdo o meu corpo esta fora de controle assim como minha mente, eles riem e me convidam a levantar convencidos de que ainda sou uma menina, esquecem-se que cresci, contudo não os julgo, pois não me sinto inteira para lutar contra ninguém.Temos que mante
Clara AndradeEste realmente não é um lugar para uma criança crescer, entramos em uma espécie de restaurante, as atendentes são meninas que são analisadas pelos clientes como se fossem comida.Sento-me em uma mesa acompanhada do Senhor Forbes, ele esta tenso assim como todos nós, essa situação não nos deixa a vontade e a ansiedade aumenta cada vez mais.O relógio parece não querer nos ajudar e passa os seus segundos tão devagar que a impressão que tenho é que nunca vai passar. Théo senta em outra mesa com seu sobrinho e os demais que nos acompanham fazem o mesmo.Tem mais policiais ao lado de fora aguardando nosso sinal para invadir este lugar, aparentemente aqui é um dos pontos fortes para o tráfico de crianças e mulheres, é extremamente triste ver algo acontecer tão próximo
Melissa AndersonEntro no banheiro e não me importo de não ter pego uma toalha ou roupas limpas, só preciso sentir-me limpa. Tiro minhas roupas e as jogo no lixo sentindo toda a repulsa ao encará-las.O nojo me faz vomitar, vou para o vazo e libero tudo o que ainda tenho no estômago. Quando me sinto fraca levanto e logo a adrenalina toma conta do meu corpo, a raiva, o medo, o remorso, a culpa... Tudo toma conta de mim.Sem me controlar começo a chutar e socar a porta, mesmo que ela não tenha culpa de nada sinto que preciso disso, penso no Artur e na ânsia que senti conforme ele falava que eu deveria ser dele.Derrubo algumas coisas que estão na pia e as vejo se quebrar, mas isso não causa efeito em mim. Vou para o box e ligo o chuveiro, deixo a água tão quente que parece me queimar, sento no chão e abraço meus joelhos, começo a chorar deses