Pela estrada afora eu vou tão sozinha levar esses doces para a vovozinha, ela mora longe e o caminho é deserto e o lobo mal passeia ai por perto.
Era um dia de festa, todos estavam sentados em volta da pequena fogueira que simbolizava a chama em seus corações. Os dez homens da alcatéia destemidos e fortes, prontos para enfrentar qualquer batalha. Juntos eles começavam a construir o que sempre procuravam em outros lugares, um lar, uma alcatéia forte. A chama dançava em sua frente enquanto suas companheiras dançavam por trás liberando seus deliciosos cheiros que eram irresistíveis para eles. Pobres almas.
A noite se estendeu tendo por companhia apenas as estrelas notaram que a lua não ousou em aparecer hoje, um mal presságio. As horas pareciam ter regressado deixando tudo tenebroso, a ponto de fazer os valentes homens tremerem de medo e angústia. O vento apagou o fogo e uma chuva fraca começou a apagar a fuligem impedindo que o fogo retornasse, já de pé eles recuaram dando passos cautelosos até suas casas.
- Alfa, o que esta havendo? - perguntou o Tal pela primeira vez tremendo de medo.
- O demônio nos alcançou. Fuja! - gritou ele mas já era tarde de mais.
A capa vermelha se aproximava a espreita deslisando pelas árvores molhadas, a quem diga que dentro da capa vivem as almas sugadas por ela. A natureza reconhecia seu poder e chorava enquanto ela agia. Era sempre nas noites sem lua e chuvosas, sempre na escuridão, na surdina. Passos rápidos e delicados que dificilmente tocam o chão, embora muitos afirmem que a capa voe pelo topo das árvores.
Sibilando como o vento ela anda ao redor das casas, sente o sabor de seu medo na ponta da língua e o degusta. Ela gosta de assustar suas presas ao máximo, ela gosta de faze-las tremerem desesperadas, quanto mais medo elas tiverem melhor será o seu banquete.
O Tal abraçava sua companheira com força temendo que o pior acontecesse com ela, ele a amava com todo o seu ser e prometeu a ela que a protegeria de tudo, ele só não contava com o demônio da capa vermelha ansiando pelo sabor do seu desespero. Fazia anos que não se ouvia falar mais em um ataque assim, sorrateiro. O último fora em Nova York a cinco anos atrás, o massacre foi de tamanha extensão que nem Dzetas sobraram para contar história.
- Para trás! Não ouse se aproximar de mim! - bradou ele com a voz carregada de dor e medo.
- Vai ser rápido se você quiser, ou pode ser devagar e doloroso. - a voz era uma mistura de timbres diferentes. As almas, pensou ele. Essas eram as vozes das almas que ela ja ceifou.
Carregado de ódio ele correu em sua direção e não tinha como errar o seu alvo ele era muito bom no que fazia, mas ele errou. A capa se movimentou tão rápido para o lado oposto ao seu ataque que ele acabou semdo jogado mo chão pela força do seu próprio impulso. Tremeu, sabia que agora tinha deixado sua companheira sem proteção e foi questão de segundos até ouvi o inconfundível estalo de ossos se quebrando. O corpo caiu no chão em um som mudo e afado levando com ele toda a coragem e ousadia do jobem Tal.
- Devagar e doloroso então. - ele preferiu morrer como um covarde, implorou pela morte mas ela não veio.
Osso por osso foi quebrado de seu corpo e a medida que se curava rápido ela o quebrava novamente, ele pediu que tivesse misericórdia mas ela não teve. O sangue dele escorria pelo chão dos cortes profundos que ela abria lentamente, e o sabor do desespero dele enchia seu apetite. Cada um deve viver com suas escolhas e ele fez a que o daria uma chance, uma única chance de ter algum tempo há mais de vida mesmo não sendo a melhor vida.
- O que é você? Porque faz isso? - a voz estava tão distante que se não tivesse uma boa audição nunca teria ouvido as indagações dele.
- Sou seu pior pesadelo. - foi a única pergunta que ela respondeu e pela primeira vez ela deixou a sua vítima agonizar e morrer enquanto observava com empolgação.
Dizem que todos tem o bem e o mal dentro de si, eles lutam para conseguir o controle do seu corpo. Mas existem pessoas, pessoas como eu que nunca viram o bem, pessoas que tem o mal dentro de si e gosta dele, o alimenta, da força e forma. O mesmo sonho, era sempre o mesmo sonho que me atormentava. A capa arrastando o sangue das pessoas que tinha matado, o demônio mostrando sua face em um sorriso grutural. Eu nunca esqueceria que ele me poupou, que ele me deixou sofrer sobre o corpo dos meus pais. - Alan? Levante essa bunda mole da cadeira e va trabalhar! Eu não te pago para ficar sonhando, pivete! - ele jogou a caixa de ferramentas sobre o meu colo e eu suspirei, a dor da vingança era tão forte que por vezes me tirava o ar. Desisti de man
Decidi não sair, eu não sei quantas vidas tem um lobo e duvidava que ela me pouparia novamente, a capa nunca poupa a mesma vida duas vezes. Agora ela estava atacando Boston. Meu corpo tremeu com o sentimento de fragilidade ao lembrar da cor, do sangue e dos gritos. Era como se a chapéuzinho vermelho estivesse se vingando de todos os lobos porque um deles atacou a sua avó, o pensamento me fez rir mas ao mesmo tempo me fez suar nervoso.Já tinha ouvido histórias entre o povo de que ela realmente existiu, de que a história tinha sido verdade e quem sabe isso não era de fato uma vingança. Poucos sabem da verdadeira história por trás de tudo que aconteceu naquela noite, eu não sabia muito meus pais evitavam me deixar perto dos anciões. O nervosismo tomando conta do meu corpo, as horas pareciam que nunca iam passar, fechei meus olhos com força me forçando a ficar calmo e respirar fundo. Faz muito tempo que eu procuro uma explicação para ter
O caminho para o trabalho foi enfadonho, eu estava pior do que Marbos e Billy que passaram a noite inteira na balada. Resmunguei alguns palavrões e assanhei os cachos loiros assim que me joguei sonre a prancha.- Cara eu te liguei dezenas de vezes na sexta, onde você estava?! - Billy reclamou se escorando no Audi velho e quase totalmente quebrado. - Acho que alguém passou uma noite melhor que a nossa, olha a cara do desgraçado! Trepou a noite toda com alguém! - bem queria eu, era péssimo em cantadas, tímido e o pior de tudo paranóico. - Vocês podem calar a porra da boca? Eu acabei dormindo, perdi a hora de tudo se não notaram. - Marbos jogou uma flanela em Billy rindo do meu comentário, não foi uma mentira mas também não foi tudo uma verdade. - Ei, meninos? Vocês viram as notícias de hoje? - e pela primeira vez o senhor Jhonson de bom humor ou não. Sua testa enrugada franziu assim que ele ligou
A tarde daquele dia foi chegando rápido e o incomodo começou em meu corpo, hoje seria lua cheia e meu lobo estava louco para sair. Terminei o serviço mais rápido esperando ser liberado mais cedo, eu precisava ir em casa e depois seguir para um lugar afastado da floresta. O medo dessa noite era tão doloroso quanto a possível transformação, ela esteve aqui. A floresta estava em silêncio desde a chacina, nem as folhas balançavam, não tinha vento, não tinha vida. Ela arrancou a vida de tudo apenas com sua presença. Era difícil acreditar que em meio aquele caos sobrevuvesse alguma coisa, sua sombra era a morte. A lembrança do frio daquela noite sempre me fazia tremer, era como se estivesse vivendo tudo novamente. E se estiver a minha procura? Quinze anos não são nada para ela, o demônio da capa continua perseguindo alcatéias pelo mundo e está aqui, tão perto que eu sinto aquela brisa gélida sombria no ar. - Pode ir, Alan! - não esperei que
Ela lambia os lábios devagar saboreando ainda o gosto do seu último banquete, a sensação deliciosa do sangue em suas mãos, o cheiro metálico e doce que inundava seu ser de prazer, como não amar isso? Como não se apaixonar por essas sensações? O calor do líquido em suas mãos e o som dos gritos ainda em seus ouvidos a deixavam tão inerte. Estava novamente entre as árvores procurando por algum Dzeta desavisado, era noite de lua cheia estava ansiosa para mais um banquete. Foi exatamente no momento em que os uivos começaram a se chocar com os sua audição sensível que ela ouviu um em particular, um uivo conhecido do seu íntimo. Sem conseguir prender a atenção nos alvos mais faceis a capa rastejou pelas árvores tomando cuidado para que o vento estivesse ao seu favor. Ali em meio a pouca vegetação e a baixo da árvore da vida estava o lobo dourado de olhos vermelhos cintilantes, ele comia o que restou de si e parecia não notar sua
Acordei perto do lago, o dia estava clareando e eu estava totalmente sujo de sangue, tinha algum animal despedaçado perto de mim que eu fiz questão de empurrar para o lado, antes que alguém aparecesse em sua caminhada matinal mergulhei no lago para me lavar e retirar todo o sangue do corpo. Após um bom banho demorado saí a procura do lugar onde eu tinha escondido a moto, por sorte estava tudo intacto. Vesti a roupa limpa que tinha trazido e empurrei a moto até a rua, girei a chave e nada do motir ligar, era só o que faltava. Vamos, vamos! Girei novamente a chave e nenhum barulho. Merda de moto. - Ah, cuidado! - o local era uma pequena ladeira, quando ouvi o grito tentei sair da frente mas apenas consegui empurrar a moto, fui rapidamente atingido por uma bicicleta. O impacto me deixou zonzo mas eu estava realmente vendo um capacete vermelho sangue. - Que droga! Me desculpe, os meus freios... Alan?- Vermelho? - r
Tinha terminado todos os reparos da bicicleta, tinha ficado melhor do que antes, fui fazendo um pouco no intervalo de cada carro que eu ajeitava tendo a ajuda dos outros para me cobrir, afinal fui eu quem estava parado no final de uma ladeira. Comecei a limpar toda a gracha dela e dos meus dedos para coloca-la do lado de fora mas, antes que eu conseguisse terminar alguém cutuca meu braço.- Posso ajudar? - pergunto me virando, atrás de mim tem uma garota parecida com Vermelho porém, bem mais alta e as pontas do seu cabelo negro eram verdes. Seus olhos era de um castanho avermelhado que eu podia deduzir ser uma lente de contato, seu cheiro não denunciava ser uma sobrenatural.- O que está fazendo com a minha bicicleta?! - Ela praticamente gritou e aquilo não foi muito bom para minha audição extremamente sensível após uma noite de lua cheia. Balancei a cabeça para me livrar do zumbido e voltei a olha-la.- Você deve ser a
Corri em direção a voz do senhor Johnson, ele estava na calçada discando o número da emergência, o suor estava acumulado na gola da sua blusa e os dedos tremiam quase derrubando o celular. Marbos e Billy chegaram em seguida, estavam um pouco ofegantes e eu imaginei que estivessem em seu horário de almoço. Nos olhamos esperando ele dizer alguma coisa mas ele só tremia, vendo que não conseguiria ligar para ninguém eu tomei um celular da sua mão. - A...a senhora Carmem... - ele balbuciou encarando os dedos trêmulos. Sem perder tempo eu entreguei o celular para Billy.- Liga pra Polícia, agora! - ele assentiu, corri em direção a pequena casa azul céu da velha senhora. A porta estava aberta e julgava que o senhor Johnson tenha deixado assim após sair.Como meu faro era mais apurado assim que me aproximei da porta o cheiro podre me nocauteou, cheiro de Morte. Entrei na casa vendo tudo com uma fina camada de poeira, no chão d