CAPÍTULO 1

Dizem que todos tem o bem e o mal dentro de si, eles lutam para conseguir o controle do seu corpo. Mas existem pessoas, pessoas como eu que nunca viram o bem, pessoas que tem o mal dentro de si e gosta dele, o alimenta, da força e forma.

O mesmo sonho, era sempre o mesmo sonho que me atormentava. A capa arrastando o sangue das pessoas que tinha matado, o demônio mostrando sua face em um sorriso grutural. Eu nunca esqueceria que ele me poupou, que ele me deixou sofrer sobre o corpo dos meus pais.

- Alan? Levante essa bunda mole da cadeira e va trabalhar! Eu não te pago para ficar sonhando, pivete! - ele jogou a caixa de ferramentas sobre o meu colo e eu suspirei, a dor da vingança era tão forte que por vezes me tirava o ar.

Desisti de manter meus pensamentos ali e fui até o Chevrolet parado atrás do reboque, todos precisavam trabalhar bem se quisessem manter a pouca grana que retiravamos daqui. O problema era sem dúvida as velas e as mangueiras e por causa do esforço era aparente que outras peças tinham se prejudicado. Mesmo esse emprego sendo uma merda foi a única coisa que eu consegui para manter o pequeno quarto que eu pagava abaixo de um prédio de advocacia.

- Ai, Alan. O que acha de irmos para uma boate hoje? Precisamos tomar uns porres depois desse dia. - claro, como negar bebida? Ter vinte anos tinha suas vantagens cujas quais eu me aproveitava muito bem.

- Estou dentro cara, preciso tirar o peso dos ombros um pouco. - apertei meu pescoço como se estivesse sendo sufocado e ele garhalhou concordando.

- E jogar no cu de quem? - tinhamos nossa própria maneira de levar a vida, benefício de ter uma. As crianças que estavam por vir não tiveram a mesma sorte que eu, escondido no baú para permanecer vivo.

- Da Oprah!  - gritamos, o chefe não gostou muito e começou a berrar como um desgraçado.

- Vão trabalhar seus dois vagabundos! Eu não pago vocês para ficarem de gracinha! - na verdade ele não nos pagava nem para trabalhar mas precisavamos dos poucos dolares que ganhavamos aqui, chegar em casa cheirando a gracha e gasolina não era a melhor parte do meu dia mas era necessário.

- Pode deixar chefinho!- Billy gritou tomando a atenção e os palavrões par ele, por vezes era divertido trabalhar aqui até minha visão focar em algo que fez meu sangue gelar.

A frente da casa onde trabalhavamos tinha um pequeno parque estranho e sombrio, ao olhar para as árvores a capa estava ali, me observando como se estivesse me caçando. Uma pedra atingiu minha cabeça eu desviei o olhar para Mabos e Billy que gargalhavam.

- Vão se foder! - gritei, ao voltar o meu olhar para a floresta a capa não estava mais ali.

[···]

Sai do banheiro ainda molhado e sem toalha, cacei uma roupa qualquer e me sequei com ela parando de frente ao espelho rachado, minha aparência era desleixada. Cabelos dourados e bagunçados, olhos verdes, barba por fazer, uma cicatriz na sobrancelha esquerda dava um ar de badboy. Estava pronto para sair quando o meu celular toca escandalosamente.

- Alô?  - o número é desconhecido, algum chiado do outro lado como uma interferência incomoda meu ouvido. - Alô?

- Não saia de casa hoje. Se me desobedecer vai morrer... - a voz era quase feminina, uma mistura de vozes diferentes formando apenas uma, meu corpo inteiro travou no momento. Eu me lembrava daquela voz, era o demônio da capa. O celular caiu da minha mão e a tela quebrou no chão, enquanto eu parava sentado na cama, estou em mira.


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