Decidi não sair, eu não sei quantas vidas tem um lobo e duvidava que ela me pouparia novamente, a capa nunca poupa a mesma vida duas vezes. Agora ela estava atacando Boston. Meu corpo tremeu com o sentimento de fragilidade ao lembrar da cor, do sangue e dos gritos. Era como se a chapéuzinho vermelho estivesse se vingando de todos os lobos porque um deles atacou a sua avó, o pensamento me fez rir mas ao mesmo tempo me fez suar nervoso.
Já tinha ouvido histórias entre o povo de que ela realmente existiu, de que a história tinha sido verdade e quem sabe isso não era de fato uma vingança. Poucos sabem da verdadeira história por trás de tudo que aconteceu naquela noite, eu não sabia muito meus pais evitavam me deixar perto dos anciões. O nervosismo tomando conta do meu corpo, as horas pareciam que nunca iam passar, fechei meus olhos com força me forçando a ficar calmo e respirar fundo.
Faz muito tempo que eu procuro uma explicação para ter sido poupado aquela noite, ela sabia que eu estava lá. O demônio me olhou e parecia sorrir em baixo daquele tecido vermelho manchado de sangue dos meus amigos, dos meus pais. Se ele sabia que eu estava lá porque não me matou também? Porque me poupar e viver me cercando em todos os lugares como se eu fosse sua próxima vitma? Um uivo alto ecoou na cidade e eu o entendi, o demônio chegou na alcatéia.
Ele se arrastava devagar entre as árvores evitando ser notado, ele não tinha cheiro, não deixava rastros mas sua oresenc6era tão pesada, tão marcante que sufocava qualquer coisa viva que estivesse perto. Era uma noite tranquila, silenciosa e sem movimento apenas ele e o vento.
A fogueira tinha sido apagada há horas e apenas as cinzas ainda continuavam ali, o cheiro da tranquilidade de suas presas indefesas era irritante ao seu nariz. Começou a se aproximar das casas e os gritos... eram como uma sinfonia de violinos ao seu ouvido, era como uma orquestra harmônica dedilhando as notas de Beethoven.
O sangue era como a água que lhe mantém vivo e o cheiro do medo era o mais puro banquete que podia saborear em toda a sua vida, as muljeres correndo desesperadas implorando por suas vidas pareciam tão pateticas aos seus olhos, porque não aceitar logo o destino? Porque não?
Não havia paz, ele queria o Caos e ele o teria. Com as mãos pequenas sujas de sangue e o resto dos corpos espalhados por toda a clareira se sentia satisfeito ao encarar os olhos do alfa em sua frente, o alfa cuja a amada tinha sido tirada de seus braços com uma brutalidade sem igual. A dor que irradiava dele fazia cocegas gostosas ma pele do demônio, a raiva o deixava excitado para a batalha, era apenas mais um em sua lista, nada mais do que isso.
Estava disposto a acabar com tudo aquilo de uma vez por todas quando o alfa se tramsformou em um grande lupino marrom e avançou sobre a capa, ele não era tão rápido quanto o demônio. A capa agarrou seu pescoço peludo entre os braços aparentemente frágeis e apertou matando o alfa sem muito esforço.
Delicioso, tudo que passou aqui foi extremamente delicioso. Era o melhor doce que já tinha provado mas sua língua estava louca para provar de outra coisa, queria um sangue em particular. Um sangue quente, um medo palpável e o desespero evidente de apenas um lupino. Mas nem o demônio entendia o motivo pelo qual nunca conseguia ter o que queria, rinha algo se fortalecendo, tinha mais alguém ali misturado a ele. Tinha um sentimento.
- Alan? - a voz, a mesma voz. A mistura de almas gritando por socorro que formava um timbre feminino.
Quando meus olhos se abriram de supetão eu soube que não tinha sido apenas um sonho, tinha algo mais ali. Tinha o motivo por eu não ter sido morto aquela noite. A luz do sol ja clareava a janela do outro lado do pequeno comodo e eu me sentei no chão omde tinha pego no sono, o celular antes rachado estava em perfeito estado contendo varias ligações dos meus colegas.
O que está acontecendo comigo?O caminho para o trabalho foi enfadonho, eu estava pior do que Marbos e Billy que passaram a noite inteira na balada. Resmunguei alguns palavrões e assanhei os cachos loiros assim que me joguei sonre a prancha.- Cara eu te liguei dezenas de vezes na sexta, onde você estava?! - Billy reclamou se escorando no Audi velho e quase totalmente quebrado. - Acho que alguém passou uma noite melhor que a nossa, olha a cara do desgraçado! Trepou a noite toda com alguém! - bem queria eu, era péssimo em cantadas, tímido e o pior de tudo paranóico. - Vocês podem calar a porra da boca? Eu acabei dormindo, perdi a hora de tudo se não notaram. - Marbos jogou uma flanela em Billy rindo do meu comentário, não foi uma mentira mas também não foi tudo uma verdade. - Ei, meninos? Vocês viram as notícias de hoje? - e pela primeira vez o senhor Jhonson de bom humor ou não. Sua testa enrugada franziu assim que ele ligou
A tarde daquele dia foi chegando rápido e o incomodo começou em meu corpo, hoje seria lua cheia e meu lobo estava louco para sair. Terminei o serviço mais rápido esperando ser liberado mais cedo, eu precisava ir em casa e depois seguir para um lugar afastado da floresta. O medo dessa noite era tão doloroso quanto a possível transformação, ela esteve aqui. A floresta estava em silêncio desde a chacina, nem as folhas balançavam, não tinha vento, não tinha vida. Ela arrancou a vida de tudo apenas com sua presença. Era difícil acreditar que em meio aquele caos sobrevuvesse alguma coisa, sua sombra era a morte. A lembrança do frio daquela noite sempre me fazia tremer, era como se estivesse vivendo tudo novamente. E se estiver a minha procura? Quinze anos não são nada para ela, o demônio da capa continua perseguindo alcatéias pelo mundo e está aqui, tão perto que eu sinto aquela brisa gélida sombria no ar. - Pode ir, Alan! - não esperei que
Ela lambia os lábios devagar saboreando ainda o gosto do seu último banquete, a sensação deliciosa do sangue em suas mãos, o cheiro metálico e doce que inundava seu ser de prazer, como não amar isso? Como não se apaixonar por essas sensações? O calor do líquido em suas mãos e o som dos gritos ainda em seus ouvidos a deixavam tão inerte. Estava novamente entre as árvores procurando por algum Dzeta desavisado, era noite de lua cheia estava ansiosa para mais um banquete. Foi exatamente no momento em que os uivos começaram a se chocar com os sua audição sensível que ela ouviu um em particular, um uivo conhecido do seu íntimo. Sem conseguir prender a atenção nos alvos mais faceis a capa rastejou pelas árvores tomando cuidado para que o vento estivesse ao seu favor. Ali em meio a pouca vegetação e a baixo da árvore da vida estava o lobo dourado de olhos vermelhos cintilantes, ele comia o que restou de si e parecia não notar sua
Acordei perto do lago, o dia estava clareando e eu estava totalmente sujo de sangue, tinha algum animal despedaçado perto de mim que eu fiz questão de empurrar para o lado, antes que alguém aparecesse em sua caminhada matinal mergulhei no lago para me lavar e retirar todo o sangue do corpo. Após um bom banho demorado saí a procura do lugar onde eu tinha escondido a moto, por sorte estava tudo intacto. Vesti a roupa limpa que tinha trazido e empurrei a moto até a rua, girei a chave e nada do motir ligar, era só o que faltava. Vamos, vamos! Girei novamente a chave e nenhum barulho. Merda de moto. - Ah, cuidado! - o local era uma pequena ladeira, quando ouvi o grito tentei sair da frente mas apenas consegui empurrar a moto, fui rapidamente atingido por uma bicicleta. O impacto me deixou zonzo mas eu estava realmente vendo um capacete vermelho sangue. - Que droga! Me desculpe, os meus freios... Alan?- Vermelho? - r
Tinha terminado todos os reparos da bicicleta, tinha ficado melhor do que antes, fui fazendo um pouco no intervalo de cada carro que eu ajeitava tendo a ajuda dos outros para me cobrir, afinal fui eu quem estava parado no final de uma ladeira. Comecei a limpar toda a gracha dela e dos meus dedos para coloca-la do lado de fora mas, antes que eu conseguisse terminar alguém cutuca meu braço.- Posso ajudar? - pergunto me virando, atrás de mim tem uma garota parecida com Vermelho porém, bem mais alta e as pontas do seu cabelo negro eram verdes. Seus olhos era de um castanho avermelhado que eu podia deduzir ser uma lente de contato, seu cheiro não denunciava ser uma sobrenatural.- O que está fazendo com a minha bicicleta?! - Ela praticamente gritou e aquilo não foi muito bom para minha audição extremamente sensível após uma noite de lua cheia. Balancei a cabeça para me livrar do zumbido e voltei a olha-la.- Você deve ser a
Corri em direção a voz do senhor Johnson, ele estava na calçada discando o número da emergência, o suor estava acumulado na gola da sua blusa e os dedos tremiam quase derrubando o celular. Marbos e Billy chegaram em seguida, estavam um pouco ofegantes e eu imaginei que estivessem em seu horário de almoço. Nos olhamos esperando ele dizer alguma coisa mas ele só tremia, vendo que não conseguiria ligar para ninguém eu tomei um celular da sua mão. - A...a senhora Carmem... - ele balbuciou encarando os dedos trêmulos. Sem perder tempo eu entreguei o celular para Billy.- Liga pra Polícia, agora! - ele assentiu, corri em direção a pequena casa azul céu da velha senhora. A porta estava aberta e julgava que o senhor Johnson tenha deixado assim após sair.Como meu faro era mais apurado assim que me aproximei da porta o cheiro podre me nocauteou, cheiro de Morte. Entrei na casa vendo tudo com uma fina camada de poeira, no chão d
O senhor Jhonson nos deu dois dias de folga após o enterro. Nenhum dos seus parentes estavam presentes, eles nunca tinham tempo para a pobre senhora, sempre estavam ocupados demais para visita-la, para ajudá-la ou fazer qualquer coisa que fosse. Ali, parados ao lado do caixão negro lustroso estávamos apenas o pessoal da oficina, tecnicamente os mais íntimos. A frente, alguns vizinhos que simpatizavam com a doce senhorinha que adorava cuidar do seu próprio Jardim, independente do clima do dia.A natureza sentiu sua perda. Era possível ver as ervas daninhas tomando conta do jardim antes impecavelmente colorido, rodeado de borboletas e abelhas, as trepadeiras abraçando as laterais da casa como se a qualquer momento fossem esmaga-la, estavam com saudades dela. A sensação era como se o sol não fosse se erguer novamente, não para aquelas plantas pelo menos, o luto seria eterno.Marbos e Bille choravam descontroladamente. O senhor Jhonson ten
Era noite de lua nova, as estrelas estavam pintando o céu negro com pequenas bolas brancas, lilás e avermelhadas. Ele estava ali, sentado em um galho grosso de uma árvore centenária, a árvore. A espera dos sacrifícios. Toda a noite de lua nova era sagrada para algumas bruxas, principalmente para aquela em especial, a que oferecia sangue doce, com flores. A madrugada se estendia e ela não aparecia. A capa ondulada com a brisa gélida, a floresta estava tão quieta diante da sua presença que era impossível não ouvir caso alguém se aproximasse. Mas naquela noite ela não veio. Deixou que a noite passasse, o dia raiasse e novamente a madrugadavoltasse, nada dela. Irritado, o demônio da capa vermelha atravessou a floresta, para quem visse aquela cena, da pequena criatura