Acordei perto do lago, o dia estava clareando e eu estava totalmente sujo de sangue, tinha algum animal despedaçado perto de mim que eu fiz questão de empurrar para o lado, antes que alguém aparecesse em sua caminhada matinal mergulhei no lago para me lavar e retirar todo o sangue do corpo.
Após um bom banho demorado saí a procura do lugar onde eu tinha escondido a moto, por sorte estava tudo intacto. Vesti a roupa limpa que tinha trazido e empurrei a moto até a rua, girei a chave e nada do motir ligar, era só o que faltava. Vamos, vamos! Girei novamente a chave e nenhum barulho. Merda de moto.
- Ah, cuidado! - o local era uma pequena ladeira, quando ouvi o grito tentei sair da frente mas apenas consegui empurrar a moto, fui rapidamente atingido por uma bicicleta. O impacto me deixou zonzo mas eu estava realmente vendo um capacete vermelho sangue. - Que droga! Me desculpe, os meus freios... Alan?
- Vermelho? - r
Tinha terminado todos os reparos da bicicleta, tinha ficado melhor do que antes, fui fazendo um pouco no intervalo de cada carro que eu ajeitava tendo a ajuda dos outros para me cobrir, afinal fui eu quem estava parado no final de uma ladeira. Comecei a limpar toda a gracha dela e dos meus dedos para coloca-la do lado de fora mas, antes que eu conseguisse terminar alguém cutuca meu braço.- Posso ajudar? - pergunto me virando, atrás de mim tem uma garota parecida com Vermelho porém, bem mais alta e as pontas do seu cabelo negro eram verdes. Seus olhos era de um castanho avermelhado que eu podia deduzir ser uma lente de contato, seu cheiro não denunciava ser uma sobrenatural.- O que está fazendo com a minha bicicleta?! - Ela praticamente gritou e aquilo não foi muito bom para minha audição extremamente sensível após uma noite de lua cheia. Balancei a cabeça para me livrar do zumbido e voltei a olha-la.- Você deve ser a
Corri em direção a voz do senhor Johnson, ele estava na calçada discando o número da emergência, o suor estava acumulado na gola da sua blusa e os dedos tremiam quase derrubando o celular. Marbos e Billy chegaram em seguida, estavam um pouco ofegantes e eu imaginei que estivessem em seu horário de almoço. Nos olhamos esperando ele dizer alguma coisa mas ele só tremia, vendo que não conseguiria ligar para ninguém eu tomei um celular da sua mão. - A...a senhora Carmem... - ele balbuciou encarando os dedos trêmulos. Sem perder tempo eu entreguei o celular para Billy.- Liga pra Polícia, agora! - ele assentiu, corri em direção a pequena casa azul céu da velha senhora. A porta estava aberta e julgava que o senhor Johnson tenha deixado assim após sair.Como meu faro era mais apurado assim que me aproximei da porta o cheiro podre me nocauteou, cheiro de Morte. Entrei na casa vendo tudo com uma fina camada de poeira, no chão d
O senhor Jhonson nos deu dois dias de folga após o enterro. Nenhum dos seus parentes estavam presentes, eles nunca tinham tempo para a pobre senhora, sempre estavam ocupados demais para visita-la, para ajudá-la ou fazer qualquer coisa que fosse. Ali, parados ao lado do caixão negro lustroso estávamos apenas o pessoal da oficina, tecnicamente os mais íntimos. A frente, alguns vizinhos que simpatizavam com a doce senhorinha que adorava cuidar do seu próprio Jardim, independente do clima do dia.A natureza sentiu sua perda. Era possível ver as ervas daninhas tomando conta do jardim antes impecavelmente colorido, rodeado de borboletas e abelhas, as trepadeiras abraçando as laterais da casa como se a qualquer momento fossem esmaga-la, estavam com saudades dela. A sensação era como se o sol não fosse se erguer novamente, não para aquelas plantas pelo menos, o luto seria eterno.Marbos e Bille choravam descontroladamente. O senhor Jhonson ten
Era noite de lua nova, as estrelas estavam pintando o céu negro com pequenas bolas brancas, lilás e avermelhadas. Ele estava ali, sentado em um galho grosso de uma árvore centenária, a árvore. A espera dos sacrifícios. Toda a noite de lua nova era sagrada para algumas bruxas, principalmente para aquela em especial, a que oferecia sangue doce, com flores. A madrugada se estendia e ela não aparecia. A capa ondulada com a brisa gélida, a floresta estava tão quieta diante da sua presença que era impossível não ouvir caso alguém se aproximasse. Mas naquela noite ela não veio. Deixou que a noite passasse, o dia raiasse e novamente a madrugadavoltasse, nada dela. Irritado, o demônio da capa vermelha atravessou a floresta, para quem visse aquela cena, da pequena criatura
As viaturas estavam posicionadas da forma que impedisse demais veículos de passarem por ali, como se fomos um bando de assaltantes ou algo do tipo. Não sabia quem tinha ligado, mas as lanternas e o barulho da janela sendo quebrada foi motivo suficiente para qualquer vizinho chama-los. Não os culpava por isso, teria feito a mesma coisa. Várias pessoas tinham saído de sua casa em plena madrugada para ver quem eram os arruaceiros que tinham invadido a casa da doce velhinha. Não sei se foi decepção ou surpresa o que vi nos olhares das mulheres agarradas aos seus robes que saiam na porta de casa e logo depois retornavam.— Eu já disse que não roubei nada... ei, não coloca a mão no meu saco! – Bille estava passando nesse exato momento pela revista, revoltado por estar sendo tocado ele esbravejava. O policial olhou para ele desconfiado. — Eu só tenho um não me olhe como se eu fosse uma aberração.Não sei como ele não recebeu um soco do policial, pr
Ao final daquele dia tortuoso eu estava morto. E isso se quer se dava ao fato de ter feito boa parte do trabalho sozinho, as ideias e planos maquinando em minha cabeça me deixaram psicologicamente exausto. Tivemos uma pausa para o almoço e uma para o lanche, mas meu corpo esyava inquieto demais para poder se quer relaxar. Marbos recebeu folga, o que tinha duplicado a carga de afazeres, e aparentemente os carros escolheram exatamente esse dia para quebrar. O senhor Jhonson estava muito satisfeito, além de não pagar ao Marbos, nós dois estávamos devendo a ele por ter nos salvo da polícia, e segundo ele, isso era o mínimo que podíamos fazer para retribuir.Queria dizer que ter resistência sobrenatural deixava tudo mais fácil, grande mentira. Mas me ajudou muito hoje. Ser um lobo solitário era péssimo, ser um lobo alfa solitário era como ter sido abandonado por quem mais se ama, era uma dor terrível e latente. Eu tinha sorte, não ter enlouquecido ainda, já outr
— Como sabe meu nome? – perguntei um tanto incrédulo, assustado, sem saber se era o certo perguntar.O vento do lado de fora fez um barulho de assobio em meu ouvido sensível, os sentidos gritando a cada segundo que eu passava ali, sem resposta.— A secretaria da escola ligou, ela avisou que você viria. – soltei a respiração que eu nem sabia estar prendendo e me forcei a dar um sorriso. – Entre querido, eu fiz chá.Ela deu as costas e entrou me deixando a opção de segui -la ou não, ao menos eu pensei que tinha deixado. Tentei dar um passo para trás mas algo me impediu, como uma força maior me empurrando para dentro da residência. Seja o que for ela, eu não iria escapar tão facilmente. Paralisado ali, pude observar dentro da casa. Tinha um sofá que teve dias melhores, estava fundo no meio, tinha uma manta vermelha sobre ele que não deixava ver a real cor. Duas poltronas marrons antigas, um centro de madeira no meio e vári
Sair dali foi um alívio para meu corpo, após deixar a rua senti como se tivesse sido surrado por diversas pessoas. Meu corpo estava dolorido, cansado, exausto. Eu nem sabia se tinha alguma parte em mim que não doía, até os pés reclamaram em contato com o chão. Em vez de seguir para casa fui direto para a floresta do outro lado, talvez uma transformação ajudasse nisso, talvez só piorasse, mas eu tinha que tentar, precisava tentar. Ergui o olhar para a lua e comecei a tirar as minhas roupas, camada por camada, demorando tortuosamente no processo. Isso não podia ser normal.Me curvei sobre a terra sentindo o lobo rasgar minha pele para sair, centímetro após centímetro de pele se se agarrando do meu corpo que agora ganhava outra forma, uma pelagem dourada que brilhava ao toque da luz pálida da lua. Meu corpo cambaleou uma, duas vezes... bati contra uma árvore. O que que