— Como sabe meu nome? – perguntei um tanto incrédulo, assustado, sem saber se era o certo perguntar.
O vento do lado de fora fez um barulho de assobio em meu ouvido sensível, os sentidos gritando a cada segundo que eu passava ali, sem resposta.
— A secretaria da escola ligou, ela avisou que você viria. – soltei a respiração que eu nem sabia estar prendendo e me forcei a dar um sorriso. – Entre querido, eu fiz chá.
Ela deu as costas e entrou me deixando a opção de segui -la ou não, ao menos eu pensei que tinha deixado. Tentei dar um passo para trás mas algo me impediu, como uma força maior me empurrando para dentro da residência. Seja o que for ela, eu não iria escapar tão facilmente. Paralisado ali, pude observar dentro da casa. Tinha um sofá que teve dias melhores, estava fundo no meio, tinha uma manta vermelha sobre ele que não deixava ver a real cor. Duas poltronas marrons antigas, um centro de madeira no meio e vári
Sair dali foi um alívio para meu corpo, após deixar a rua senti como se tivesse sido surrado por diversas pessoas. Meu corpo estava dolorido, cansado, exausto. Eu nem sabia se tinha alguma parte em mim que não doía, até os pés reclamaram em contato com o chão. Em vez de seguir para casa fui direto para a floresta do outro lado, talvez uma transformação ajudasse nisso, talvez só piorasse, mas eu tinha que tentar, precisava tentar. Ergui o olhar para a lua e comecei a tirar as minhas roupas, camada por camada, demorando tortuosamente no processo. Isso não podia ser normal.Me curvei sobre a terra sentindo o lobo rasgar minha pele para sair, centímetro após centímetro de pele se se agarrando do meu corpo que agora ganhava outra forma, uma pelagem dourada que brilhava ao toque da luz pálida da lua. Meu corpo cambaleou uma, duas vezes... bati contra uma árvore. O que que
As árvores se fechavam a minha volta como uma gaíola gigante e macabra... bip bip bip... o céu coberto de estrelas girava e girava sem parar, um carrossel infinito de perolas arroxeadas... bip bip bip... eu tremia, meu corpo não conseguia se mover, não tinha força. Quanto mais eu tentava mais forte eu tremia contra a relva rasteira... bip bip bip... e tudo voltava. Um loop infinito de imagens até que um rosto se formou no meio delas. Lábios rosados quase em um tom de vermelho cereja, cabelos negros pendiam como cortinas emoldurando o seu belo rosto. Tinha algo errado, algo terrivelmente errado. Ele estava atrás, se aproximando, chegando perto dela... bip bip bip bip bip... ele a cobriu! Bip bip bip bip bip bip bip.A claridade me cegou momentaneamente, remunguei algumas coisas antes de finalmente conseguir olhar para o local onde estava. Um hospital. A porta fechada abafava o barulho de conversas e coisas sen
Pela estrada afora eu vou tão sozinha levar esses doces para a vovozinha, ela mora longe e o caminho é deserto e o lobo mal passeia ai por perto. Era um dia de festa, todos estavam sentados em volta da pequena fogueira que simbolizava a chama em seus corações. Os dez homens da alcatéia destemidos e fortes, prontos para enfrentar qualquer batalha. Juntos eles começavam a construir o que sempre procuravam em outros lugares, um lar, uma alcatéia forte. A chama dançava em sua frente enquanto suas companheiras dançavam por trás liberando seus deliciosos cheiros que eram irresistíveis para eles. Pobres almas.A noite se estendeu tendo por companhia apenas as estrelas notaram que a lua não ousou em aparecer hoje, um mal pressági
Dizem que todos tem o bem e o mal dentro de si, eles lutam para conseguir o controle do seu corpo. Mas existem pessoas, pessoas como eu que nunca viram o bem, pessoas que tem o mal dentro de si e gosta dele, o alimenta, da força e forma. O mesmo sonho, era sempre o mesmo sonho que me atormentava. A capa arrastando o sangue das pessoas que tinha matado, o demônio mostrando sua face em um sorriso grutural. Eu nunca esqueceria que ele me poupou, que ele me deixou sofrer sobre o corpo dos meus pais. - Alan? Levante essa bunda mole da cadeira e va trabalhar! Eu não te pago para ficar sonhando, pivete! - ele jogou a caixa de ferramentas sobre o meu colo e eu suspirei, a dor da vingança era tão forte que por vezes me tirava o ar. Desisti de man
Decidi não sair, eu não sei quantas vidas tem um lobo e duvidava que ela me pouparia novamente, a capa nunca poupa a mesma vida duas vezes. Agora ela estava atacando Boston. Meu corpo tremeu com o sentimento de fragilidade ao lembrar da cor, do sangue e dos gritos. Era como se a chapéuzinho vermelho estivesse se vingando de todos os lobos porque um deles atacou a sua avó, o pensamento me fez rir mas ao mesmo tempo me fez suar nervoso.Já tinha ouvido histórias entre o povo de que ela realmente existiu, de que a história tinha sido verdade e quem sabe isso não era de fato uma vingança. Poucos sabem da verdadeira história por trás de tudo que aconteceu naquela noite, eu não sabia muito meus pais evitavam me deixar perto dos anciões. O nervosismo tomando conta do meu corpo, as horas pareciam que nunca iam passar, fechei meus olhos com força me forçando a ficar calmo e respirar fundo. Faz muito tempo que eu procuro uma explicação para ter
O caminho para o trabalho foi enfadonho, eu estava pior do que Marbos e Billy que passaram a noite inteira na balada. Resmunguei alguns palavrões e assanhei os cachos loiros assim que me joguei sonre a prancha.- Cara eu te liguei dezenas de vezes na sexta, onde você estava?! - Billy reclamou se escorando no Audi velho e quase totalmente quebrado. - Acho que alguém passou uma noite melhor que a nossa, olha a cara do desgraçado! Trepou a noite toda com alguém! - bem queria eu, era péssimo em cantadas, tímido e o pior de tudo paranóico. - Vocês podem calar a porra da boca? Eu acabei dormindo, perdi a hora de tudo se não notaram. - Marbos jogou uma flanela em Billy rindo do meu comentário, não foi uma mentira mas também não foi tudo uma verdade. - Ei, meninos? Vocês viram as notícias de hoje? - e pela primeira vez o senhor Jhonson de bom humor ou não. Sua testa enrugada franziu assim que ele ligou
A tarde daquele dia foi chegando rápido e o incomodo começou em meu corpo, hoje seria lua cheia e meu lobo estava louco para sair. Terminei o serviço mais rápido esperando ser liberado mais cedo, eu precisava ir em casa e depois seguir para um lugar afastado da floresta. O medo dessa noite era tão doloroso quanto a possível transformação, ela esteve aqui. A floresta estava em silêncio desde a chacina, nem as folhas balançavam, não tinha vento, não tinha vida. Ela arrancou a vida de tudo apenas com sua presença. Era difícil acreditar que em meio aquele caos sobrevuvesse alguma coisa, sua sombra era a morte. A lembrança do frio daquela noite sempre me fazia tremer, era como se estivesse vivendo tudo novamente. E se estiver a minha procura? Quinze anos não são nada para ela, o demônio da capa continua perseguindo alcatéias pelo mundo e está aqui, tão perto que eu sinto aquela brisa gélida sombria no ar. - Pode ir, Alan! - não esperei que
Ela lambia os lábios devagar saboreando ainda o gosto do seu último banquete, a sensação deliciosa do sangue em suas mãos, o cheiro metálico e doce que inundava seu ser de prazer, como não amar isso? Como não se apaixonar por essas sensações? O calor do líquido em suas mãos e o som dos gritos ainda em seus ouvidos a deixavam tão inerte. Estava novamente entre as árvores procurando por algum Dzeta desavisado, era noite de lua cheia estava ansiosa para mais um banquete. Foi exatamente no momento em que os uivos começaram a se chocar com os sua audição sensível que ela ouviu um em particular, um uivo conhecido do seu íntimo. Sem conseguir prender a atenção nos alvos mais faceis a capa rastejou pelas árvores tomando cuidado para que o vento estivesse ao seu favor. Ali em meio a pouca vegetação e a baixo da árvore da vida estava o lobo dourado de olhos vermelhos cintilantes, ele comia o que restou de si e parecia não notar sua