Capítulo 4: A Revelação de um Novo Caminho

Elena mal conseguia respirar. As palavras dos irmãos italianos ecoavam em sua mente, repetindo-se como um mantra de confusão e desespero. Ela sentia o peso de uma responsabilidade que nunca havia pedido ou imaginado carregar. Seu pai, um homem ausente, aparentemente a havia deixado no centro de uma tempestade perigosa. E agora, esses três estranhos, que de repente eram seus meio-irmãos, esperavam que ela confiasse neles. Mas poderia?

A sala estava tomada por um silêncio tenso após a última declaração de Mateo. Os três irmãos a observavam, esperando uma reação. Mas o que eles esperavam? Que ela simplesmente aceitasse essa loucura e seguisse em frente?

— Eu... não sei o que dizer — confessou Elena, sua voz mais fraca do que gostaria. — Isso é muito para processar. Primeiro, vocês dizem que meu pai está vivo, depois que ele era parte de uma organização criminosa, e agora eu sou a chave para algo que ele deixou para trás? Vocês percebem o quão insano isso soa?

Mateo suspirou, passando a mão pelos cabelos, enquanto Felipo se inclinava para frente, seus olhos escuros fixos nos de Elena.

— Sabemos que é muita coisa, e sabemos que não é justo jogar tudo isso sobre você de uma vez. Mas precisamos ser honestos com você. O tempo está se esgotando, e essas pessoas... elas vão vir atrás de você.

— E nós — acrescentou Theo, com um tom de voz mais baixo e urgente. — Estamos fazendo tudo o que podemos para mantê-la segura. Mas você precisa nos ajudar, Elena. Não podemos fazer isso sozinhos.

— Ajudar vocês como? — Ela balançou a cabeça em frustração. — Eu já disse que não sei de nada. Não sei onde está o que meu pai escondeu, nem sei o que é esse "algo" que vocês continuam mencionando!

— Nós entendemos — disse Felipo calmamente. — Mas você é a única pessoa que pode seguir as pistas. Ele te deixou algo, Elena, e não estamos falando apenas de uma carta. Sabemos que ele planejou isso para que você pudesse encontrar. Está nas suas mãos. Precisamos descobrir o que é antes que seja tarde demais.

Elena sentiu o desespero crescendo dentro de si. Cada palavra proferida pelos irmãos italianos só tornava a situação mais surreal e opressiva. E, no entanto, uma parte de si sabia que, de alguma forma, isso estava relacionado ao envelope misterioso que ela havia encontrado anos atrás. As palavras de seu pai ainda ecoavam em sua mente: *"Mesmo que diga que estou morto, bambina, sempre estive vivo."*

— A carta... — murmurou ela, quase para si mesma.

— O que disse? — perguntou Theo, inclinando-se ligeiramente em sua direção.

Elena respirou fundo antes de continuar.

— A carta que recebi aos 21 anos. Ele me chamou de "bambina" e disse que, mesmo que afirmasse estar morto, ele sempre esteve vivo. Isso foi tudo o que ele deixou. Só que... a carta não fazia sentido. Ela estava cheia de frases desconexas, como se tivesse sido escrita às pressas ou de forma propositalmente confusa. Eu não conseguia decifrá-la.

Felipo trocou um olhar significativo com os irmãos, e Mateo se levantou de repente, seus olhos brilhando de determinação.

— Isso é exatamente o que estamos procurando — disse Mateo. — A carta é a primeira pista. Ele sabia que você a receberia no momento certo, e agora estamos nesse momento.

Elena franziu a testa.

— Mas como isso pode ser uma pista? Era só um monte de palavras sem nexo. Como poderia ajudar?

— Papai era um homem inteligente — explicou Felipo, sua voz tranquila, mas firme. — Ele sabia que a carta precisaria ser codificada para que apenas você pudesse compreendê-la. O que você achou que eram frases desconexas pode muito bem ser um código que ainda não foi decifrado.

Elena olhou para ele, incrédula.

— Um código? Como se isso fosse um filme de espionagem?

Mateo assentiu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Exatamente, como ele estava envolvido em atividades que exigiam extrema discrição. Ele sabia que qualquer comunicação poderia ser interceptada. A carta é o nosso mapa, Elena. Precisamos dela para descobrir o que ele deixou para trás.

Elena cruzou os braços, sentindo uma mistura de frustração e medo crescer dentro de si. Embora tudo aquilo parecesse absurdo, uma parte dela sabia que não tinha outra escolha a não ser seguir em frente. Se estava sendo vigiada, e se seu pai realmente havia se envolvido com pessoas perigosas, sua única opção era descobrir o que ele havia escondido e por quê.

— Ok — disse ela finalmente, com um suspiro. — Eu ainda tenho a carta. Está no meu apartamento. Vou buscá-la.

Os três irmãos assentiram em uníssono, e Elena se levantou para sair da sala, por segurança Theo se ofereceu para acompanhá-la. Enquanto subiam as escadas para seu apartamento, seu coração batia acelerado. Não conseguia acreditar que estava prestes a entregar um dos poucos vestígios que tinha de seu pai para esses três estranhos, por mais que eles dissessem que eram sua família.

Ao entrar em seu quarto, Elena pegou o caderno velho em que havia guardado a carta. Ela o folheou até encontrar o envelope amarelado e já desgastado pelo tempo. As palavras de seu pai a atingiram novamente: "Sempre estive vivo." Aquelas poucas palavras haviam mexido com sua vida de uma forma que ela jamais poderia ter previsto.

Segurando a carta com firmeza, ela respirou fundo e caminhou até a sala onde Theo observava com calma a decoração, quando lhe mostrou a carta ele apenas assentiu e eles voltaram ao apartamento dos irmãos, Elena entregou o envelope a Mateo. Ele pegou a carta com cuidado, quase reverente, como se estivesse segurando uma peça crucial de um quebra-cabeça antigo.

— Vamos trabalhar nisso — disse Mateo, seus olhos brilhando de excitação contida. — Pode demorar, mas agora temos a chave que precisávamos.

Elena observou enquanto os três irmãos se reuniam ao redor da carta, examinando-a de todos os ângulos, discutindo em italiano sobre como poderiam decifrar seu conteúdo.

Ela se sentou em um canto da sala, observando-os. Sua mente ainda estava em um turbilhão de emoções e pensamentos conflitantes. Quem eram esses irmãos, realmente? Poderia confiar neles? E, mais importante, o que seu pai havia deixado para ela que era tão valioso — ou tão perigoso?

Enquanto essas perguntas continuavam a atormentá-la, Elena sabia que não tinha escolha. Estava agora envolvida até o pescoço em algo muito maior do que ela mesma. E, por mais assustador que fosse, ela teria que seguir em frente, não importava o que o futuro reservasse.

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