capitulo 2

Call Juice narrando:

Respirando fundo entendia perfeitamente a forma irritada que Leonor se levantava da banheira. Não era sobre não sentir atração por ela, mais odiava o fato de sentir tanta atração que odiava ter fraquejado e falido. Me sentia orgulhoso por ter uma mulher forte ao meu lado, segurando minha mão ate mesmo nas decisões imaturas que tomava, mais odiava o fato de sentir que Leonor era mais capaz do que eu, ela conseguia resolver as situações e ter uma visão ampla dos negócios de uma forma que eu não conseguia, e não sendo machista, mais me sentia fraco perto dela. Como se não quisesse aceitar o fato de que ela tinha toda a capacidade que me faltava para resolver os problemas que me metia. Leonor se deitou nua sobre a cama e de costas pra mim ela adormeceu rapidamente. Não conseguia nem mesmo a tocar, e me torturava pensando em como conseguiria não perder o teto sobre nossas cabeças. As nove da manha, preparava o café na cozinha de uma forma calma para não acordar Leonor, lhe deixei um bilhete e uma rosa sobre a mesa ao lado da garrafa, e sai em direção empresa falida que me consumia:

- senhor Juice. – a voz rude de um homem me chamando me fez virar. Era um dos mafiosos sócios que tínhamos.

- Hard, é bom te ver.

- ainda sinto o cheiro de álcool de quem tentou esquecer que está falindo. – ele me disse em um tom sarcástico com suas mãos no bolso. Odiava a forma que ele era intimidador.

- como... como sabe sobre? Ia te contar...

- estava na festa ontem, descobri junto com sua esposa. Tenho uma proposta... essa empresa também e importante pra mim... me encontre para um almoço.

Hard se afastou, e podia sentir o peso da intimidação dele, suas propostas provavelmente não seriam as melhores, já que ele era o socio que trazia os lucros pela lavagem de dinheiro, mais ainda assim ele era a única luz no fim do túnel que eu podia enxergar com minhas vistas embaçadas ainda.

Leonor Juice narrando:

Abrindo meus olhos na cama ao ouvir o barulho da porta da sala se batendo, fiquei parada, de certa forma não queria ter que lidar com Call, não agora. Me levantei e fui ate o banheiro escovando meus dentes, lavei meu rosto, e encarei meu próprio reflexo, tentando encontrar algo que justificasse o fato de não ser tocada pelo meu próprio marido, passei minhas mãos pelo meu corpo, toquei e senti a maciez da minha pele, caminhei ate a cama, abri a gaveta, me deitei olhando para o teto como se refletisse sobre todos os últimos acontecimentos, era como se minha mente questionasse a mim mesma sobre tudo o que estava acontecendo, principalmente com Call, ate que o olhar daquele mafioso voltou a minha mente com um toque intenso de excitação, ao lembrar a intensidade que ele me olhou, o fantasiava, e deixava que um arrepio percorresse meu corpo, lembrando do desejo que havia naquele pequeno olhar, respirando ofegante e me afundando novamente no travesseiro, me levantei, tentando afastar esses pensamentos e tomei um banho gelado, e desci as escadas com uma roupa confortável, vi o café e o bilhete dizendo o quanto Call me amava, a culpa por ter tido um orgasmo pensando em outro homem me dominou enquanto o aroma do café subia, amava o café que Call preparava. Sempre senti grande repulsa pela traição, e embora não fosse algo físico, interpretava como algo errado pensar em outro homem dessa forma. Não tenho nenhum tipo de contato com minha mãe, ela era uma mulher infiel, meu pai foi embora de casa cansado de se frustrar com as traições, sempre lembro da forma de como ela o destruiu dia após dia com sua infidelidade, vi de perto o peso de uma traição, e isso me leva a repudia-la deis de então. Desbloqueei meu celular, e envie um áudio para Call “ bom dia, obrigada pelo café meu amor, você é incrível e sei que fara o possível para que a gente supere isso, sabe que pode contar comigo, vou te ajudar no que for necessário”. O bloqueei novamente, o soltando sobre a bancada da mesa, e com minha xicara de café me sentei sobre o sofa aveludado pegando meu notebook, de escritora de revista, agora sou a escritora de romance bloqueada que não consegue expressar mais nada em seus livros, não se tem muita inspiração quando não se vive ela, e todo meu casamento estava baseado em jantares de negócio e conversas com investidores. Ficava as vezes pensando ou pegando pra mim a culpa de nem mesmo ter mais relações com meu marido, mesmo que eu seja a pessoa disposta a isso.

Call Juice narrando:

Após ouvir o áudio que Leonor havia me enviado me senti confiante em ir almoçar com Hard. Cheguei na frente do restaurante luxuoso preocupado com a forma que diria que não tenho dinheiro nem mesmo para dividir a conta. O encontrei e me sentei em sua frente:

- Olá, não sabia que seria em um local tão chique... – disse desconfortável em meio a risadas enquanto ele pedia um copo de whisky para o garçom.

- fica tranquilo, afinal de contas está de frente para o dono dele. – Hard falou me deixando ainda mais desconfortável, imaginar que ele era o dono daquele lugar me deixou sem reação.

- bom... caramba... enfim sobre qual é sua proposta? Admito estar ansioso.

- também estaria. Sabe que as vezes olho pra forma que você lida com os negócios e a importância que o luxo tem na sua vida, e me questiono, ate onde sua ambição te levaria?

- desculpa, não entendi... – lhe disse constrangido com sua pergunta.

- o que você esta disposto a abrir mão, ou arriscar só pra poder se manter na vida que leva? Sabe Call, quando vi esse restaurante fiz essa pergunta a mim mesmo, e a resposta obviamente era tudo aquilo que um dia pode não ser meu. A estabilidade de uma vida as vezes significa estar disposto a tudo. E eu estava pra poder agora me sentar aqui e respirar o ar de ser o dono.

- imagino, é algo grande...

- vou direto ao assunto, minha proposta nem mesmo exige muito. Uma noite com a sua mulher. Simples assim, e todos as suas dividas serão pagas quando amanhecer com ela ao me lado.

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