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Capítulo 3 – Sempre a Excluída

Lara Vasconcellos

Sempre soube que era diferente das minhas irmãs. Desde pequena, eu sentia isso. Enquanto Natália e Bianca eram o orgulho do meu pai, sempre ganhando presentes caros, viagens de luxo e tudo o que desejavam, eu era a sombra. A filha esquecida.

Não sei exatamente quando percebi que meu lugar na família era esse. Talvez tenha sido nos aniversários, quando minhas irmãs recebiam joias caras e vestidos importados, e eu ganhava um "parabéns" dito às pressas. Ou talvez tenha sido nos natais, quando elas desembrulhavam presentes luxuosos enquanto eu, muitas vezes, sequer era lembrada.

A verdade é que, por mais que eu tentasse, nunca fui suficiente para ele.

E o pior de tudo? Eu nunca soube o que fiz para merecer esse tratamento.

Até entender.

Minha mãe morreu no meu parto.

Ela morreu para que eu vivesse, e isso me transformou na inimiga do meu pai desde o momento em que nasci.

Eu não lembro dela. Não sei se seu cabelo era liso ou cacheado, se sua risada era alta ou suave, se sua voz era doce. Sei apenas o que me disseram – e me disseram muito pouco. Mas uma coisa sempre esteve clara para mim: se minha mãe não tivesse morrido, talvez meu pai tivesse me amado.

Ele nunca disse isso em voz alta, mas eu vi nos olhos dele a vida inteira. O desprezo, a frieza. Enquanto Natália e Bianca eram mimadas, tratadas como princesas, eu cresci invisível.

Minhas irmãs sempre tiveram tudo o que quiseram. Cartões de crédito sem limite, viagens, roupas de grife. Eu nunca tive nada disso. Nem um cartão, nem mesada, nem sequer um presente de aniversário decente.

E o pior é que elas sabiam disso – e adoravam esfregar na minha cara.

— Pai, comprei aquele vestido novo da coleção da Prada. Você precisa ver, é maravilhoso! — Bianca comentava, sorrindo, enquanto mexia no celular, sem nem me olhar.

— O papai disse que vamos para Dubai! Vamos poder comprar o que quisermos lá! — Natália completava, animada.

Eu sempre fui excluída. Quando viajavam, era porque elas queriam ir. Quando decidiam algo em família, eu sequer era consultada. E agora, estavam simplesmente me obrigando a embarcar nessa viagem sem ao menos me perguntar se eu queria.

Eu não queria.

Eu não entendia o motivo dessa viagem, mas conhecia meu pai. Ele não fazia nada sem um propósito.

— Eu não quero ir. — Disse, sem rodeios.

As duas olharam para mim como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo.

— Como assim, não quer ir? Você tá louca? — Bianca riu com desdém.

— Ai, Lara, para de querer chamar atenção. Isso é a nossa chance de sairmos dessa situação horrível. — Natália revirou os olhos, claramente irritada.

Eu ia responder, mas meu pai entrou na sala antes que eu pudesse.

— Você não tem escolha. — A voz dele foi dura, cortante. — Se não quiser ir, pode começar a procurar um novo lugar para morar.

Engoli em seco.

— O quê?

— Isso mesmo que você ouviu. Eu estou tentando salvar essa família e garantir um futuro para vocês. Você deveria estar agradecendo, em vez de agir como uma ingrata.

Engoli a raiva.

Era sempre assim. Eu nunca podia questionar nada. Nunca podia discordar.

Eu não queria ir. Eu não queria estar ali. Mas, mais uma vez, eu não tinha escolha.

Então, contra minha vontade, tive que aceitar.

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