Khaled Rashid
Eu sou Khaled Rashid. Aos 26 anos, sou um dos homens mais poderosos de Dubai e do mundo. Um magnata que controla vastas fortunas e negócios que se estendem por todo o globo. Sou Sheik e dono de uma das famílias mais influentes dos Emirados Árabes Unidos. O que eu digo, se torna lei. O que eu quero, eu tenho. Nada e ninguém pode me impedir de conquistar o que desejo, e sou implacável nesse objetivo. Já estive casado duas vezes. Ambas as mulheres falharam em entender a verdadeira natureza do meu controle. Elas não conseguiram seguir as regras. A desobediência é algo que eu simplesmente não tolero. O preço foi alto, mas cada uma delas pagou com a vida. Quando você é como eu, ninguém pode desafiar o poder. As duas morreram por não se submeterem, e para mim, isso não significou nada além de uma necessidade de reafirmar minha autoridade. Eu não sou um homem de sentimentos. Não creio no amor, mas em algo muito mais forte: o poder sobre os outros. Sempre que vejo algo ou alguém que quero, faço o que for necessário para conseguir. O mundo é meu para controlar, e a sensação de estar no comando é algo insubstituível. Foi essa mesma sensação que senti ao ver aquela mulher na sala. Eu estava em uma grande negociação, cercado por empresários e outros homens de poder. Mas quando meus olhos se fixaram nela, tudo ao redor desapareceu. A mulher, com aquele vestido preto, exalava uma confiança silenciosa, mas ao mesmo tempo uma vulnerabilidade que eu não pude ignorar. Eu não conseguia tirar os olhos dela. E quando soube que ela era filha de Alberto, um empresário brasileiro com quem estava tentando fechar um negócio, eu vi uma oportunidade. Ela seria a peça chave que faltava para que o acordo fosse finalizado — e, mais importante, para que eu a tivesse em meu controle. Alberto estava ali para salvar sua empresa, e eu sabia que ele não tinha muitas opções. O que ele precisava, e o que eu poderia oferecer, era muito mais do que apenas um contrato. Eu tinha o poder para salvar sua empresa e uma maneira de garantir que ele se tornasse meu sócio. Mas para isso, ele precisaria me dar algo mais. Ele precisava entregar sua filha, Lara, em casamento. Um casamento que seria tanto um favor quanto uma barganha. E foi exatamente isso que eu ofereci a ele. Quando consegui um momento a sós com Alberto, o levei para uma sala privada, longe de qualquer distração. O ambiente era sóbrio, com móveis caros, e uma vista incrível da cidade. Eu estava confortável, como sempre estou quando estou no comando. Ele parecia nervoso, talvez desconfortável, mas sabia que ele tinha muito a perder. — Alberto, tenho uma proposta de negócio para você, disse calmamente, observando sua reação. Ele não respondeu de imediato, mas fez um gesto de assentimento, esperando mais detalhes. Eu sabia o que ele queria ouvir, mas também sabia que ele não estaria preparado para o que eu estava prestes a propor. — Eu quero sua filha, falei sem rodeios. Ele me encarou, como se não pudesse acreditar no que acabara de ouvir. Seu olhar era de incredulidade, mas também de dúvida. — Qual filha? ele perguntou, incrédulo. Eu já esperava essa reação. Continuei olhando diretamente nos olhos dele, sem piscar. — Aquela de vestido preto, respondi com firmeza. O choque foi imediato. Ele não sabia se estava ouvindo aquilo corretamente. — Lara? ele repetiu, ainda tentando digerir as palavras que saíam da minha boca. Eu acenei com a cabeça, confirmando. — Sim, eu quero Lara como parte do nosso negócio, continuei. Você precisa entregar o passaporte dela para mim e a informar que ela vai se casar comigo. Apenas isso. Alberto se levantou rapidamente da cadeira, quase tropeçando, sua expressão uma mistura de raiva e desespero. Ele tentou recuperar o controle, mas a ideia de entregar a filha não era algo fácil de aceitar. — Você está dizendo que quer a minha filha em casamento? ele questionou, sem acreditar. Eu sorri levemente, sem pressa. Ele tinha muito o que perder, e eu sabia que isso o colocava em uma posição difícil. O que eu oferecia não era algo simples — mas também não era algo que ele poderia recusar. — Sim. Isso fará parte do nosso negócio. E isso pode salvar a sua empresa. Pausei por um momento. Eu sei que você está desesperado, Alberto. E você sabe que não tem outras opções. Esse é o preço que você terá que pagar para garantir sua sobrevivência no mercado. Alberto estava em choque, as mãos trêmulas, e ele olhou para seus amigos na sala ao fundo. Eu sabia que ele estava lutando contra sua própria moralidade, mas, no final, ele iria ceder. Ele não tinha escolha. — Minha filha não vale esse valor, ele disse, a voz vacilante, sua expressão cheia de dor. Eu olhei para ele, ainda tranquilo. Não estava surpreso. Todos dizem isso, até se darem conta de que não têm poder contra o que eu ofereço. — Para mim, vale, disse, sem hesitar. Esse é o valor que estou disposto a pagar por ela. E com isso, você pode salvar sua empresa. Além disso, você terá uma sociedade comigo, e eu farei tudo o que for necessário para garantir que sua empresa prospere. Só preciso do passaporte dela e de uma confirmação de que ela vai se casar comigo. Ele estava atordoado, ainda não acreditando que eu estava falando sério. Seus amigos pareciam tão chocados quanto ele. A proposta era impensável para eles, e eu podia ver que todos estavam tentando entender se aquilo era uma ameaça ou uma verdade que eles não podiam negar. — Por que Lara? Alberto finalmente perguntou, a voz baixa, enquanto tentava entender o raciocínio por trás de minha escolha. Eu me recostei na cadeira, ainda mantendo o olhar fixo nele. O silêncio se arrastou por alguns segundos antes de eu responder. — Porque ela será minha. E eu controlo tudo e todos ao meu redor. Se você realmente quer que sua empresa tenha uma chance, é isso que você terá que fazer. Não me interessa se você gosta dela ou não. Para mim, ela é apenas mais uma peça no meu jogo. Alberto ficou em silêncio, e seus amigos começaram a se afastar, parecendo desconfortáveis com a situação. Não era apenas um acordo de negócios que estava sendo fechado — era algo muito mais sombrio. Após algum tempo de negociação e observando a relutância de Alberto, ele finalmente cedeu. O acordo foi firmado, e Lara se tornaria parte do que eu queria. Alberto e eu saímos da sala e eu os acompanhei até saída, com a tensão visível em seu rosto. Eu sabia que ele não estava feliz, mas eu também sabia que ele não tinha alternativa. Ele havia aceitado o acordo. Ele havia vendido sua filha para garantir a sobrevivência de sua empresa. Chegando ao meu apartamento, eu sabia que a essa hora ele já deveria ter dado a notícia para Lara. Ela ainda não sabia que seu destino havia sido selado, mas eu não daria a ela a chance de escolher. Ela ficaria em Dubai. Ela não tinha escolha. Ela se recusaria, claro. Mas não adiantaria. Eu ri baixinho, sabendo que minha riqueza e poder eram mais do que suficientes para garantir que nada a impediria. Ela poderia tentar recorrer ao consulado brasileiro, mas nada, nem ninguém, poderia interferir nos meus planos. Eu era Khaled Rashid. E, nesse momento, o que eu queria era Lara. E eu sempre conseguia o que queria.Alberto AlmeidaEu entrei no hotel sem hesitação, apenas com o peso da responsabilidade nos ombros. Minhas mãos não suavam, meu coração não vacilava. Eu já havia tomado minha decisão. O que vinha a seguir era apenas uma consequência lógica. Elas estavam ali, esperando por mim, e não me importava se aceitariam ou não. Eu nunca precisei da aprovação de Lara para nada, e não seria agora que isso mudaria.Minhas filhas sempre tiveram seus papéis muito bem definidos na minha vida. Natália e Bianca eram exemplos de filhas. Entendiam seu lugar, compreendiam as regras do jogo, sabiam o que era importante. Lara... Lara era um erro. Um fardo. Uma lembrança viva da maior perda que eu sofri. Desde que nasceu, tirou de mim o que eu mais amava. Como eu poderia olhá-la e ver algo diferente disso? Nunca consegui, nunca tentei. Agora, finalmente, ela serviria para algo.Fitei as três quando entrei na sala. Natália sentada com postura impecável, Bianca de pé, com os braços cruzados e olhar inquisitivo
Lara O relógio marcava três da madrugada. O hotel estava silencioso, e o medo pulsava no meu peito. Cada passo meu era calculado, cada respiração era controlada. Eu não podia errar. Se me pegassem agora, eu nunca mais teria outra chance. Passei pelo corredor do hotel, o coração batendo tão forte que parecia ecoar nas paredes. Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava firme a alça da mochila, onde coloquei o pouco que consegui pegar às pressas. Um casaco, um pouco de dinheiro que tinha escondido, o passaporte que roubei do escritório do meu pai. Nada mais importava. Eu precisava sair dali. Quando cheguei ao saguão, meu corpo ficou tenso. O recepcionista estava de cabeça baixa, mexendo no celular. Segurei a respiração e passei rápido. Minhas pernas doíam de tanta tensão, mas não parei até sentir o vento quente da madrugada tocar meu rosto. Eu estava na rua. Sozinha. Dubai à noite era uma cidade vibrante, mas eu não via luzes ou beleza. Apenas medo. Andei rápido pelas ruas, sem rumo.
Khaled Desde o começo, eu não confiei totalmente em Alberto. Um homem que vende a própria filha sem hesitar não merece confiança. Então, fiz o que sempre faço: garanti que teria o controle da situação. Coloquei um dos meus homens para vigiar aquela família. E foi uma decisão sábia. Ela tentou fugir. Lara, tão ingênua, acreditou que poderia simplesmente sair pelas ruas de Dubai sem ser notada, sem ser pega. Se não fosse por mim, ela estaria morta ou pior. Não importa o quanto ela me odeie agora—eu a salvei. Enquanto a observava, sentada no sofá da minha sala, os olhos vermelhos de chorar, eu não conseguia evitar o pensamento que me veio à mente. Ela era linda. Mesmo no meio da sua raiva, do seu desespero, sua beleza era quase hipnotizante. Os cabelos bagunçados caíam sobre o rosto delicado, os lábios trêmulos, o peito subindo e descendo rápido por conta da respiração acelerada. Ela era minha.
Alberto Estava sentado na poltrona do hotel, apreciando um copo de uísque quando a porta do quarto foi aberta com brutalidade. Meu coração disparou por um momento, mas logo percebi que se tratava de um dos homens de Khaled. O olhar dele estava sério, e eu soube que não eram boas notícias. — O que houve? — perguntei, pousando o copo na mesa de vidro ao meu lado. O homem me olhou sem nenhuma pressa, como se estivesse se deliciando com o que ia dizer. — Lara tentou fugir. Minha expressão se fechou no mesmo instante. — O quê? — Mas não se preocupe, Sr. Alberto. Meu chefe já cuidou da situação. Levantei-me bruscamente, meu sangue ferveu de raiva. — Onde ela está? — Na residência de Khaled, onde permanecerá até o casamento. Minhas mãos se fecharam em punhos. Lara sempre foi um estorvo, mas dessa vez, ela passou dos limites. Eu lhe dei uma chance de ser útil para a família, e ela a desperdiçou como a ingrata que sempre foi. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, minhas outras
AlbertoDesde que recebi a notícia de que Lara estava na casa de Khaled, não consegui dormir direito. Parte de mim ainda não acreditava que minha própria filha teve a audácia de tentar fugir. Eu sempre soube que ela era ingrata, sempre soube que ela carregava um ressentimento infantil dentro dela, mas tentar arruinar um casamento como esse? Tentar prejudicar a própria família? Isso ultrapassava qualquer limite.Eu não podia permitir que ela continuasse com essa rebeldia. Se Khaled perdesse a paciência, tudo o que construíria desmoronaria.Na manhã seguinte, me arrumei e fui pessoalmente até a residência de Khaled. O caminho foi longo, e quanto mais me aproximava da propriedade luxuosa, mais a raiva se acumulava dentro de mim.Ao chegar, fui recebido por empregados educados, mas distantes. Não demorou para que uma mulher vestida de forma tradicional se aproximasse, com um olhar respeitoso, mas sem pressa alguma.— Senhor Alberto, em que posso ajudá-lo?— Vim falar com minha filha — re
Khaled O dia foi longo. Negociações exaustivas, reuniões sem fim e decisões que exigiam precisão. Quando finalmente pisei em casa, esperava encontrar um pouco de tranquilidade, mas, assim que vi um dos empregados se aproximando com expressão hesitante, soube que algo havia acontecido. — Senhor, o pai da senhorita Lara esteve aqui hoje — disse ele, mantendo a postura respeitosa. Parei de tirar o casaco e olhei para ele com interesse. — E ela o recebeu? O homem desviou o olhar por um breve instante. — Não, senhor. Isso me pegou de surpresa. — E por quê? Antes que ele pudesse responder, uma das empregadas se adiantou e, com a voz baixa, disse: — Ela afirmou que o pai dela morreu no dia em que a vendeu. Fiquei em silêncio por um momento. N
Lara A manhã começou como qualquer outra desde que fui forçada a essa prisão de luxo. Eu não tinha saído do quarto desde a noite anterior, quando Khaled tentou me convencer a aceitar meu destino. Como se fosse simples. Como se eu pudesse aceitar ser vendida como um objeto e enjaulada em uma gaiola de ouro. O barulho de saltos no mármore ecoou no corredor, e segundos depois, uma batida na porta anunciou a chegada de alguém. — Entre — disse, sem muito entusiasmo. A porta se abriu, e uma mulher alta, de aparência impecável, entrou. Ela era deslumbrante. Cabelos negros presos em um coque elegante, maquiagem discreta que ressaltava seus traços refinados, e um vestido ajustado que exalava sofisticação. Ela parecia pertencer a esse mundo de riqueza e poder sem esforço algum. — Senhorita Lara, é um prazer conhecê-la. Meu nome é Amira, e fui designada para ser sua assistente pessoal. Assistente pessoal? Eu soltei um riso baixo e sarcástico. — Então agora eu também tenho uma assistente?
Lara O dia tinha sido exaustivo. Minhas pernas doíam, minha cabeça latejava, e tudo o que eu queria era um momento de paz. Desde as compras intermináveis até a aula de etiqueta, eu senti como se tivesse sido moldada e esculpida à força para caber em um papel que eu nunca pedi para interpretar. Quando entrei no meu quarto, fechei a porta com um suspiro e comecei a tirar as roupas que me sufocavam. Os vestidos luxuosos, as joias pesadas, tudo aquilo me fazia lembrar da minha nova realidade. Eu só queria me livrar de tudo, esquecer por um momento que estava presa em uma gaiola de ouro. Caminhei até o banheiro e deixei a água quente encher a banheira. O vapor subia, trazendo um pouco de alívio para meus músculos tensos. Assim que a água chegou ao nível certo, entrei e me afundei até os ombros, sentindo o calor envolver minha pele. Fechei os olhos e respirei fundo. Pela primeira vez naquele dia, eu me permiti relaxar. Comecei a cantar baixinho, apenas para mim mesma. "Is it too lat