Vendida Para o Mafioso Moretti
Vendida Para o Mafioso Moretti
Por: Rosana Lyra
Capítulo 1

Helena estava no trabalho desde às seis da manhã. Sua filha, Sofia, também trabalhava com ela na limpeza. No entanto, enquanto Sofia saía às onze, Helena só terminava o expediente às três da tarde.

— Mãe, vou limpar os banheiros do lado esquerdo, e a senhora limpa os do lado direito, tudo bem? — disse Sofia.

— Claro, filha. Pegue seu carrinho de limpeza. Eu já completei com o que estava faltando.

— Obrigada, mãe. Te amo muito.

— Também te amo, minha filha.

De repente, Helena sentiu uma dor no peito e, ao mesmo tempo, um frio congelante no coração. Segurou-se no carrinho de limpeza e pensou em chamar Sofia, mas ela já estava um pouco distante. Pegou sua garrafinha de água, tomou um gole e seguiu em direção aos banheiros que precisava limpar.

Pouco tempo depois, Sofia retornou.

— Mãe, vou para o segundo piso. Já terminou ou precisa de ajuda? — Ao olhar para Helena, percebeu seu semblante pálido. — Mãe, está se sentindo bem?

— Claro, minha filha. É só um mal-estar. Vamos para o segundo piso, sim — tentou disfarçar, mas a verdade era que não estava bem. Sentia-se angustiada e com vontade de chorar.

— "Fique firme, sua filha vai ficar triste se te ver assim" — pensou. Deu algumas palmadinhas no rosto e seguiu para o segundo andar.

— Mãe, seu celular está vibrando.

— Como você sabe?

— Está iluminado no seu bolso.

— Vou atender...

Ao atender, ouviu uma voz desconhecida do outro lado da linha:

— Esse telefone pertence a um senhor que coleta recicláveis. Pelo contato salvo como "Amor", imagino que você seja a esposa dele... A menos que seja a amante.

— Por favor, por que está com o celular do meu marido?

— Senhora, ele foi atropelado aqui próximo ao cruzamento. Levaram-no para o hospital no Centro e esqueceram o celular dele aqui. Onde posso deixá-lo para a senhora pegar?

— Vou te passar o endereço por mensagem. Deixe lá, por favor, e obrigada.

O desespero tomou conta de Helena. Precisava ir para o hospital imediatamente. Chamou Sofia e, juntas, saíram às pressas.

Ao chegarem, foram recebidas por uma senhora simpática na recepção. Ao perceber a aflição de Heloísa, a atendente logo perguntou:

— O nome do paciente, por favor?

— Isaac Lennon. Por favor, me diga que ele está bem!

A expressão da recepcionista mudou instantaneamente. Sofia apertou a mão da mãe, sentindo o nervosismo dela crescer.

— Senhora, por favor, diga algo... — implorou Helena.

A recepcionista pegou o telefone e falou rapidamente com alguém. Alguns minutos depois, uma enfermeira apareceu.

— Familiares de Isaac Lennon?

— Aqui! Sou a esposa dele, e esta é a filha.

— Por favor, me acompanhem.

A enfermeira as guiou por um corredor do hospital que Helena não conhecia. Quando chegaram a uma sala, ela apontou para uma janela. Do outro lado, era possível ver um corpo deitado, coberto por um lençol branco. Com um gesto discreto, indicou que elas deveriam entrar.

O coração de Helena acelerou.

— Espera... O que significa isso?

— Mamãe, não... Por favor, não... — suplicou Sofia, segurando a mãe pelo braço.

O corpo de Helena agiu no automático. Caminhou até a maca e, com as mãos trêmulas, puxou o lençol que cobria o rosto do homem deitado ali.

Seu coração parou.

— Deus, não... Meu Isaac, não! Eu o amo tanto... Por que ele, Deus? Por quê?! — gritou, desesperada.

Caindo de joelhos, chorava sem controle, enquanto Sofia fazia o mesmo ao seu lado. Ambas entraram em choque, ficaram histéricas e, ao mesmo tempo, catatônicas. O mundo de Helena desabou, como se estivesse sendo empurrada para um precipício sem fim.

— Alguém me salva, por favor?

Uma enfermeira se aproximou com um copo de água e um comprimido.

— O médico já está vindo. Tome isto, vai ajudá-las. Por favor, tomem.

Heloísa pegou o celular e, com os dedos trêmulos, ligou para sua irmã, Ellen. Logo depois, entregou o aparelho para a enfermeira.

— Alô? A senhora é parente do senhor Isaac ou da esposa dele?

— Sou cunhada dele e irmã da Helena. Por quê?

— Senhora, venha até o hospital do Centro, por favor. É urgente!

— Estarei aí em cinco minutos.

Sofia ainda não conseguia acreditar que estava se arrumando para enterrar seu amado pai. As lágrimas a afogavam sem pedir licença, mas ela precisava ser forte por sua mãe.

— Minha filha, este mês vai ser bem apertado, mas quero dar ao seu pai o funeral que ele merece — disse Helena, tentando conter a emoção.

— Tudo bem, mãe, vai ser do jeito que a senhora quiser, tá bom — respondeu Sofia, deitando-se ao lado dela e envolvendo-a em um abraço. Foi então que percebeu que sua mãe estava mais magra do que o normal.

— Mãe, o que está acontecendo? A senhora não está se alimentando direito... E quando chego da escola, percebo que está mais cansada do que o normal.

— Não, amor, é impressão sua. Estou bem... — tentou disfarçar Helena. — É melhor irmos. Sua tia vai nos buscar, já que não temos carro. Agora, eu só tenho vocês duas, minha filha. Minha vida sem seu pai vai ser tão...

— Calma, mãe, estou aqui. Vai ficar tudo bem — disse Sofia, tentando tranquilizá-la. Mas, por dentro, sentia-se impotente. — "Papai, cadê você para aliviar o coração da mamãe?" — pensou, enquanto a abraçava mais forte.

Já fazia um mês que o grande amor da vida de Helena, seu primeiro amor, havia se tornado uma estrela no céu. Ela sonhava com ele todas as noites, sentia sua falta a cada instante. Mas a vida não lhe dava tempo para luto — precisava trabalhar, seguir em frente, mesmo carregando um peso que ninguém podia ver.

Chegando ao hospital para mais uma consulta, sentou-se à espera da médica, sentindo o coração acelerar. Quando a doutora Lisa entrou, a expressão em seu rosto já dizia tudo.

— Senhora Lennon, as notícias não são boas... Infelizmente, sua quimioterapia não está surtindo efeito. Com a última ressonância, pudemos ver que seus órgãos estão todos comprometidos. Eu sinto muito, mas a realidade é que a senhora tem poucos dias de vida. Fizemos tudo que podíamos nesses dois anos de tratamento, mas seu corpo rejeitou todos os procedimentos.

Helena sentiu o chão desaparecer sob seus pés.

— O que vou dizer para minha filha? Ela só tem dezessete anos, acabou de perder o pai... E agora vai perder a mãe? O que eu faço, doutora Lisa?

A médica respirou fundo antes de responder:

— Você tem algum parente de confiança para ficar com a guarda dela?

— Tenho, sim. Minha irmã caçula... Ela nunca teve filhos porque diz que ainda não encontrou o amor certo. Vou pedir para ela cuidar da Sofia para mim.

Seu coração apertou. Como poderia deixar sua filha assim, tão jovem, sem ninguém?

Quando chegou em casa, Sofia encontrou um bilhete da mãe dizendo que suas coisas haviam sido enviadas para a casa da tia.

— Mas por que ela fez isso? —pensou, sentindo um aperto no peito.

Antes que pudesse refletir mais sobre a situação, ouviu batidas na porta. Ao abrir, encontrou a tia Ellen parada à sua frente.

— Tia Ellen? O que está fazendo aqui?

Ellen abriu um sorriso, analisando a sobrinha com atenção.

— Amor da titia... Nossa, eu não tinha percebido o quanto você é linda. Você lembra muito seu pai e sua avó, a mãe dele. Enfim, estou aqui para levar você para minha casa. Já vendi essa casa imunda e você não vai precisar mais dela.

Sofia franziu a testa, confusa.

— Como assim vendeu essa casa? Ela é minha e da minha mãe! Onde está minha mãe, tia?

Ellen suspirou, ajeitando os cabelos antes de responder:

— Sua mãe está em um SPA. Eu a mandei para lá por minha conta. Ela disse que não aguentava mais ficar aqui, porque tudo a fazia lembrar do seu pai. Então, vocês vão morar comigo... Mas é só até sua mãe comprar outra casa para vocês. Agora, vamos logo, porque tenho trabalho mais tarde.

Sofia sentiu uma sensação estranha no peito. Algo estava errado.

Depois de muito refletir, Helena tomou a decisão de se internar no hospital. A doutora Lisa havia explicado que, com os medicamentos, seu fim seria menos doloroso fisicamente.

Mas a dor que sentia em sua alma era algo que nenhum remédio poderia amenizar.

Não gostava de mentir para sua filha, mas sabia que Sofia não aguentaria a verdade naquele momento.

Já havia pedido para Ellen trazê-la ao hospital no dia de sua partida. Queria se despedir, pedir perdão por esconder tudo...

Seu coração doía. A saudade de Isaac a consumia, e a ideia de deixar sua bebê sozinha no mundo a rasgava por dentro.

— Meu amor, me espere. Minha bebê... Me perdoe. — foram as últimas palavras de Helena.

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