Capítulo 4

Ao chegar em casa, Luca desceu do carro e pegou Sofia nos braços. Dwayne parou logo atrás dele, observando com preocupação.

— Irmão, ela está fria... E o olhar dela está vazio, sem emoção. Melhor chamar um médico.

— Concordo. Vou ligar para o doutor Lewis agora mesmo.

Sem perder tempo, Luca levou Sofia para um quarto em frente ao seu. Achou mais seguro mantê-la por perto, caso ela precisasse dele.

— O médico chegará em vinte minutos — informou Dwayne. — E agora? Como vai ser? Você pagou caro por ela... Ela vai ser sua mulher ou o quê?

Luca suspirou, passando a mão pelo rosto.

— A garota é virgem. E não, ela não vai ser minha mulher. Pelo que percebi, não tem pai nem mãe. A única parente de sangue quis prostitui-la. Eu... Eu não sei o que deu em mim, mas algo mais forte do que eu não me deixou ficar ali parado, assistindo o terror nos olhos dela. Cara, não sei explicar.

— Então ela está livre para ir embora?

— Não! — Luca respondeu de imediato. — Não dá, irmão. Não posso deixá-la ir. Ela é jovem demais, um peixe pequeno em meio a tubarões. Vão devorá-la viva.

Dwayne cruzou os braços, avaliando o amigo.

— Então como vai ser? Estou aqui para o que precisar.

— Tudo que ela precisa saber é que é minha. Só pode sair daqui acompanhada por mim ou por você. Fugir? Nem pensar. Mas, ao mesmo tempo, não vou obrigá-la a ter qualquer tipo de relacionamento comigo. Sofia só precisa achar que tem. E quando eu souber que ela está segura, capaz de andar com as próprias pernas e estabelecida na vida, eu a deixo ir.

Dwayne arqueou uma sobrancelha.

— E se você se apaixonar por ela? Porque, irmão... A garota é gata, e muito.

Luca soltou um riso seco.

— Eu sei... Vai ser difícil não acontecer. E o pior? Ela é baixinha. Meu tipo todinho. Vou ter que conviver com essa tentação bem na frente do meu quarto todos os dias... Vai ser muito banho frio.

Dwayne riu, balançando a cabeça.

— Você nunca fez isso por ninguém. O que faz dela especial?

Luca ficou em silêncio por um momento antes de responder:

— Os olhos... Os olhos dela têm uma dor tão familiar.

Antes que Dwayne pudesse dizer algo, ouviram batidas na porta.

— Deve ser o doutor Lewis — disse Dwayne. — Vou levá-lo lá em cima.

O médico examinou Sofia rapidamente e suspirou.

— Ela precisa de descanso e um remédio para dormir. Se continuar assim, aconselho levá-la a um profissional de saúde mental. Por enquanto, é só o que posso fazer.

— Obrigado, doutor Lewis. Boa noite.

Após a saída do médico, Luca pediu a uma funcionária que ajudasse Sofia a tomar um banho e depois a colocasse na cama. A garota parecia uma boneca—onde a colocavam, ela ficava, imóvel.

Quando os olhos dela finalmente se fecharam sob o efeito do remédio, Luca foi para o próprio quarto. Deitou-se, mas o sono não veio. Passou a noite inteira encarando o teto.

Depois de deixar Luca com Sofia, Dwayne foi para casa. As coisas iam ficar estranhas...

Dois dias depois, o telefone tocou. Era Luca.

— "Irmão, já tem dois dias e a mina parece uma boneca. Não sei mais o que fazer. Me ajuda."

— Estou indo aí.

Ao chegar à mansão, Dwayne viu uma loira bonita parada no portão. Franziu a testa e se aproximou.

— Procurando alguém, princesa?

A garota se virou para ele, visivelmente nervosa.

— Oi, me chamo Emi. Sou amiga da Sofia. Estou muito preocupada. Posso vê-la? Prometo que será rápido. Por favor.

Dwayne analisou a sinceridade em seu olhar e assentiu.

— Claro. Vem comigo.

Ao entrarem, encontraram Sofia sentada no sofá, apática. Mas, assim que viu Emi, algo mudou. Foi como se ela despertasse de um transe.

Sem hesitar, correu até a amiga e a abraçou, chorando de forma desesperada. O som do choro de Sofia era de partir o coração.

Luca e Dwayne apenas observaram, sem saber como reagir. Dwayne lançou um olhar para o amigo.

— Pelo menos ela não parece mais uma boneca viva.

Luca permaneceu calado, ainda processando a cena.

— E de onde você tirou essa garota? — perguntou ele.

— Ela estava no portão e disse que era amiga dela. Vi que estava sendo sincera... E o resultado foi o melhor.

Os dois ficaram à distância, observando Sofia e Emi abraçadas no chão, chorando juntas.

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