Suzana!
Renato estava bem perto dela, agora, e a olhava como se pudesse ver seus pensamentos. Todos já entraram para ver Notre Dame, você não vai? Ela não conseguia responder; ficou olhando para ele, como se só agora pudesse perceber a verdade que sempre esteve diante dela e, nunca quis admitir. Estava e sempre esteve apaixonada por Renato, desde aquele momento que o viu pela primeira vez!!! Meu Deus! Renato nunca poderia descobrir isso. Aquelas mulheres lindas com as quais ele saía. Suzana não chegava nem aos pés delas. Suzana era morena, nem alta, nem baixa; seus olhos eram cor de mel, os cabelos pretos, cortados bem curtos, seu corpo curvilíneo, mas ela se achava meio cheinha. Mas o seu grande trunfo era a boca, bem desenhada e carnuda, parecia estar sempre pronta para ser beijada. Não que ela soubesse disso, aliás, sempre se achou sem graça, desde pequena, quando sofria com as brincadeiras maldosas dos colegas de escola. Vivia olhando tanto para o passado que não reparou quando se tornou uma linda mulher e os homens passaram a olhá-la de outro jeito. Vestia-se de modo que ninguém pudesse lhe reparar as curvas bem feitas. Sempre se escondeu atrás de uma calça jeans, camisetas super largas e blusões, a maioria, masculinos. Suzana querida, o que está havendo? Conta! Renato sempre a chamara desse jeito, mas agora ela sonhou que ele lhe dizia essas mesmas palavras numa outra situação. Renato, vocês vão vir ou não? Era Antônio que gritava, saindo da Catedral. Assim que Suzana parar de sonhar besteiras, nós iremos. Foi como um balde de água fria, besteira! Isso mesmo, Suzana, besteiras! Agora você tem um trabalho; em hipótese nenhuma, Renato podia descobrir o que ela estava sentindo, ouviu Suzana? Em hipótese nenhuma!!! Ela ralhou consigo mesma. Respirou fundo e procurou o seu olhar mais gelado e falou. Por que você está aqui? Eu não pedi pra você me esperar e, muito menos, falar comigo neste tom. Se por acaso eu estivesse pensando besteiras, você não tem, nem teve e nunca terá nada com isso. Antônio, que tinha se aproximado, olhou para Renato, que estava pálido e falou, enquanto Suzana se afastava. É, amigo, acho que desta vez você dançou feio, apesar de eu achar que ela foi um pouco dura, mas você não pode ganhar todas. Suzana, pelo canto dos olhos, viu quando Renato chegou perto de Henrique, falou algumas palavras e saiu novamente. Henrique o acompanhou com o olhar, até a saída, e abaixou a cabeça. Ela só voltou a ver Renato quando estavam no hotel, Mesmo assim, ele não se dirigiu a ela, o que muito lhe doeu. Sempre lhe fora carinhoso, tratando-a como se fosse a irmã que ele nunca teve. Por outro lado, achou melhor assim, pois não sabia se conseguiria esconder dele o que estava sentindo. Pensava e sonhava com ele todos os dias e noites. Antônio não a deixara mais; era um bom amigo e percebera que alguma coisa a estava entristecendo, mas não lhe perguntou nada. Na noite de estreia do show, Renato falou algumas palavras com a banda, desejou sorte a todo mundo e desceu para ficar na plateia. Ele nunca fez isso, sempre ficava atrás do palco e Suzana gostava de olhar e saber que ele estava ali para qualquer eventualidade, e outra coisa que ele nunca tinha feito, era levar uma de suas mulheres para os shows, mas qual não foi a surpresa de Suzana, ao vê-lo abraçado com aquela francesa ruiva e linda, nas primeiras mesas reservadas; a mais perto do palco foi onde ele sentou! Você não tinha esse direito, Renato, logo hoje que ela iria cantar uma canção que tinha feito esses dias e mostrara a Henrique. Ele, praticamente, obrigou-a colocar no repertório. Ela ainda tentou fugir, dizendo que o pessoal da banda não tinha ensaiado, mas não o convenceu. Falou que só ele e ela tocariam. Continuou tentando, dizendo que não tinha a letra decorada. Ele falou que colocaria a letra no chão do palco, que tudo ia dar certo, que confiasse mais uma vez nele. Sem mais argumentos, ela cedeu, mas Renato não sabia. Agora, não queria cantar, não com aquela perua pendurada no braço dele. A banda sempre cantou as músicas de composição de Henrique e Renato. Suzana já tinha feito outras músicas, mas sempre que Renato ou Henrique tentavam colocar na banda, ela negava, era muito autocrítica. O show começou, a banda tocava, agora, um instrumental, autoria de Renato. Mas o compositor nem estava olhando, de tão interessado que estava naquela francesa. Foi um dos piores momentos que Suzana passou ou lembrava ter passado na vida. Tudo doía, não físico. Será que vou conseguir cantar a música? Já tinha cantado todas e Renato não olhou para ela nem uma vez. Henrique, de propósito, deixou a música para o final. Gostava de surpreender Renato, já que era raro, pois ele era muito astuto e perspicaz. Renato se preparava para sair, quando Henrique anunciou a música “Pra Que Amar”. Essa música foi inspirada pela nossa bela cantora Suzana, aqui na pátria do amor, e nós dedicamos, se permite, querida, à pessoa que mais amo neste mundo: meu filho RENATO! Ele continuou de pé, mas por respeito a seu pai, não foi embora. Suzana olhou para o fundo da plateia para conseguir cantar; respirou fundo e começou a tocar os primeiros acordes do violão. Foi então que ela se esqueceu de tudo. A introdução da música era um solo de violão, o que foi muito bem feito por ela. Logo após, Henrique entrava com o teclado e Suzana cantou, como nunca. Revelou ali, para quem quisesse ver, o seu antigo amor, agora descoberto. Suzana não reparou que olhava fixo para Renato Quando acabou de cantar, o público aplaudiu de pé e ela o procurou, mas ele não estava mais lá.Antônio veio cumprimentar Suzana, eufórico, elogiando-a muito. Despediu-se dela com um abraço e um beijo, dizendo que tudo daria certo. Teria que partir de manhã, mas que adorou tê-la conhecido. Suzana passeava sozinha. Eu estou em Paris, lugar que sempre quis conhecer e não estou aproveitando nada e ainda estou triste. Porque eu tenho sempre que sonhar com o impossível Mas uma voz falava baixinho no seu íntimo: Para você, algum tempo atrás, era impossível estar aqui, mas não tem nada a ver uma coisa com a outra. Ela retrucava consigo mesmo. Quer saber? Eu vou aproveitar. Estou na Europa e vou fazer jus a esse momento. E vou começar agora, não vou voltar tão cedo pra aquele hotel! Suzana tinha cantado quatro noites, direto. Renato não veio mais e ela não o tinha visto depois daquela noite. Saíra cedo do hotel e deixara recado na portaria, para o Henrique, que voltaria tarde. E era isso que faria. Estava entrando no hotel, quando aquele homem alto veio em sua direção.
Suzana afundou a cabeça no travesseiro, tentando esquecer tudo que tinha se passado. Tudo, não. Com vergonha, ela recordava. Não conseguia esquecer da boca de Renato na sua. Das mãos dele no seu corpo. Ele disse que ela era linda! Ainda que ele falasse pra todas, ela se convenceu que com ela, era diferente. Tomou analgésico, tranquilizante e adormeceu, não antes de tentar se convencer que odiava Renato.Suzana acordou quase na hora do almoço, com a campainha tocando, insistentemente. Abriu a porta e Henrique entrou. Suzana, eu não vou sair desse quarto até você me contar o que está acontecendo!Henrique, por favor, eu não tive uma noite muito boa. Foi exatamente o que me disse Renato, hoje pela manhã, antes de viajar de volta para o Brasil. Renato já foi? Por quê? Eu que teria que ir, mas Renato falou que ele iria, pois o clima não estava muito bom entre vocês. Era melhor ficarem longe um do outro. Já foi tarde. Olha como você está falando, Suzana. Nem parece a mulher que eu
Suzana cantou naquela noite como se Renato estivesse ali. Teve vários bilhetes e buquês de fãs que a acompanharam desde a primeira noite que cantou. Teve que sair escoltada pela banda. Henrique estava muito preocupado. O que foi, Henrique, não está feliz? Estou, querida, mas sinto saudade do Renato. Já estavam em Tourcoin a quatro noites e Renato ainda não retornou. Suzana fez o que só ela poderia fazer. Henrique estava sofrendo muito, pois Renato nunca se ausenta quando a banda estava em tourneé. Renato fazia um duo, com Henrique no piano, que era de emocionar qualquer um. E ele não tocou nenhuma vez nesta turnê. Suzana tomou uma decisão. Chegando ao seu quarto ligou para o Brasil. O telefone tocou várias vezes, mas ela não desistiu. Renato poderia até estar acompanhado. Ela falaria com ele do mesmo jeito. No sexto toque ele atendeu. Seu coração bateu forte quando ouviu a sua voz. Renato? Renato, está me ouvindo? É Suzana. Sei que você não está querendo me ver nem pintada a o
Renato olhou para Suzana e ela sentiu um frio na espinha. Como o amava, como o amava. Entrando em seu quarto, foi direto para o armário escolher o que vestiria. Hoje, eu vou contar para o Renato que o amo. Não importa se ele não sente o mesmo. Pelo menos ele vai entender porque eu estava tão estranha. Depois do almoço falarei com ele. Quando Suzana se aproximou da mesa em que estava os Mouras, Renato, que estava de cabeça baixa ouvindo o que o pai lhe dizia, olhou na direção dela. Seu coração bateu tão forte que ele pensou que iria explodir. Ela estava linda! Nunca a tinha visto de vestido. Colocara um modelo justo que mostrava todas as curvas de seu corpo. Tinha se bronzeado artificialmente e a roupa branca valorizava. Ficou parado, estupidamente parado. Seu pai, rindo e colocando a mão embaixo de seu queixo, disse: Viu, querida? Olha só o que fez com ele! Suzana, totalmente sem graça, deu um leve empurrão em Henrique e sentou-se. Virou para Renato antes de perder a coragem.
Suzana acordou lentamente. Estava com dores por todo corpo. O que será que tinha acontecido? Lembrava que estava esperando Renato voltar ao seu quarto e percebera a presença de alguém, mas quem? Olhou em volta, assustada, onde estava? A porta se abriu, lentamente e, para desespero dela, deparou-se com o olhar estranho de Patrick. Não gostou do que viu. Bonjour, mademoiselle. Ça va bien? O que estou fazendo aqui, senhor? Já pedi que não me chamasse assim, Suzana. Quero saber o que está acontecendo. Corajosa! Como se não bastasse as outras características. Não estou interessada em seus elogios, senhor. Quero saber quem me trouxe para cá e por quê. Eu trouxe e você vai ficar comigo, para sempre. Nunca! Você é louco. Vão procurar por mim! Eu nunca ficarei com você, está me ouvindo? O seu namoradinho tem sorte. Eu queria que ele entrasse no quarto. Tinha uma bala esperando por ele, mas não vai faltar oportunidade. O que você quer de mim? Nem me conhece!
Sr Renato estamos fazendo tudo que é possível para encontrar alguma pista sobre a srta Suzana. Então faça o impossível! Precisa se acalmar Sr. assim não vamos resolver nada. Estamos sem descanso, a Srta Suzana é a nossa prioridade no momento. Henrique olhou para seu filho que estava completamente desesperado. Vamos Renato, precisamos voltar para o Hotel e pensar em novas estratégias. Eles haviam trocado de hotel e levado tudo de Suzana também. Pai, o que vou fazer? Já tem dias que a Suzana foi sequestrada pelo maníaco do Patrick e o investigador está o seguindo e não conseguimos prova nenhuma. É assustador meu filho, eu sei. Mas pelo menos sabemos aonde ele está. Eu tenho certeza que ele não conseguiu o seu intento com ela ainda. Do que está falando Pai? Se aquele monstro encostar na Suzana você sabe que vou matá-lo. Estamos lutando contra o tempo, Patrick está sendo controlado pela polícia, então ele não deve ir até onde prendeu a Suzana agora. Henrique estava muito
Patrick, percebi que tem alguém me seguindo, você pode me ajudar? Não se preocupe, Christian, foi eu que enviei denúncias anônimas sobre onde você morava, indicando que você é meu irmão. Patrick você me usou como isca? Sim, mas você não tem que se preocupar com nada, você tem proteção 24 h. Agora me escute o que vai fazer. Daqui há 40 m saia de casa, entre no carro e dirija no máximo de velocidade permitida na direção de Vie Nouvelle. Você será seguido mas, em certo momento esse carro será interceptado e você seguirá sem olhar pra trás. Me ouviu Christian? Não pare e não tenha curiosidade com o que vai acontecer. Eu ouvi sim, está bem. Preciso beber alguma coisa pra relaxar. Christian está muito nervoso. Não queria decepcionar o irmão. Renato continua observando a casa do irmão de Patrick e quando ele sai o segue, mas Christian corre demais, acho que está descontrolado, Renato vê quando o carro de Cristian sai da estrada e cai no precipício. Renato liga imediatament
Eu me lembrei de como você e todos nós ficamos incomodados com Patrick. Renato rapidamente passou a informação para a polícia, não antes deles prometerem que ele poderia ir junto, e achamos você. Graças a Deus!Henrique, ele chegou a me...Não, querida, ele não teve tempo para isso. Onde está Renato?Pela primeira vez, sentiu Henrique totalmente desconcertado. Onde ele está? Vai demorar muito pra chegar?Querida, sinto muito o que vou te dizer, mas pela primeira vez na minha vida, eu não sei o que está acontecendo com ele. Ficou aqui com você todo o tempo em que estava desacordada. Assim que mostrou sinais de que iria acordar, foi embora.Suzana virou o rosto para que ele não visse que ela estava chorando. Por favor, Henrique, deixe-me sozinha.Sim, querida, eu volto amanhã. Beijou sua mão e foi embora.Renato deve ter se arrependido do que iria acontecer. Sabia que Suzana não era como as outras e, talvez, pensou que ficaria no seu pé, obrigando-o a se casar