CAPÍTULO DOZEEm meio à conversa entre Hoope e Sofie, Vanesey foi arrastada de volta à realidade pelas recordações e lembranças. As lágrimas ameaçaram descer pelo seu rosto, mas ela as secou rapidamente, decidida a se manter firme diante do retorno da memória.— Diga-me, Hoope, como sobreviveu a Reese?Ele a olhou e passou a mão na cabeça.— Quando avistamos a galera e outras embarcações de Demond, Reese nos separou. Ele seguiu para sua embarcação, que era mais veloz que a minha. Tudo aconteceu muito rápido. Como Jack Loud estava mais preocupado com você, tivemos tempo de fugir. Desde então, não nos vimos novamente.— Onde estão Flot e os outros?— Foram enforcados pelo reino de Treno. Parece que Marcus Bridas, de Treno, interceptou a embarcação deles, com Medromes como capitão. Mas Flot estava com ele, como se fosse um casal novamente. — Ele sorriu. — Imagino que Flot ficaria decepcionado com isso.— Então ele queria me matar, estava me buscando e cuidou de mim sem saber quem eu era.
CAPÍTULO TREZEFaltando alguns dias para que Vanesey e Felipe, seu filho, fossem exilados para outro local e vivessem suas vidas reclusas de Desmond, Richard recebeu um pedido de atendimento interessante. Marco Britas, do Reino Treno, desejava falar com ele. O reino era considerado o mais bonito do continente a leste. Era maior que Desmond. Richard o recebeu com curiosidade.— Majestade, agradeço por me receber em uma situação como esta.— Não há problema algum, a vida prossegue.— Esses piratas nos causaram muito sofrimento. Mas foi o senhor que mais nos causou.— Eu? — Richard ficou surpreso.— O senhor executou uma princesa — disse Marco. — Minha culpa foi não ter salvo ela daquele maldito pirata Hoope. Ela estava em minhas mãos. Serei rebaixado quando voltar.— Que princesa eu executei? — perguntou curioso.— A princesa Nivia, filha do rei Artur e Madalene de Treno. Ela foi sequestrada por piratas quando o rei fazia um reconhecimento de terras por mar. Ele havia levado a princesa
CAPÍTULO QUATORZEAgora, o rei de Treno, Artur, e sua rainha Madalene estavam diante de Richard.Ele apreciou a rainha e viu Vansey nela. A mulher era muito parecida com Vansey: cabelos ruivos, pele parda, olhos negros. Era exótica, mas bem diferente do pai, que tinha cabelos cacheados e ondulados.— Explique essa história de que vai se casar com Nivia — falou o rei Artur.— Ela está viva, não é, rei Richard? — perguntou a mãe com o coração agitado.Richard pediu que Jane entrasse. Ela entrou com o filho no colo. Enquanto ela se aproximava, ele ia contando as travessuras dela e como a havia conhecido. Ele parou no momento em que a rainha Madalene foi amparada pelo rei.— Nivia! — exclamou a mulher. Jane olhou para Richard.— Perdoe-me por não contar antes, meu amor. Estes são seus pais verdadeiros. Hert a sequestrou e cobrou recompensas por você, mas nunca a entregou. Por anos eles vêm à sua procura. Vieram procurar por seu corpo, mas fiz com que viesse para conhecê-la.O rei se apr
CAPÍTULO UMErgueu a cabeça, sentindo-se tonta; seu estômago parecia comprimido. Sentiu um nó na garganta e observou, com calma, que estava em um bote. Encostou-se e analisou os danos na madeira. Passou a mão na testa, percebendo uma ardência, e logo identificou um pequeno corte no local. Sua mão voltou manchada de sangue. Olhou ao redor, sentindo a cabeça latejar. — O que estou fazendo aqui? — perguntou-se.Recordações iam e vinham como cartas sendo embaralhadas, passando por sua mente sem identificação. Sem compreender o que havia acontecido, sentiu-se sufocar com lembranças que a fizeram perder o controle, sem saber exatamente em que momento aquilo ocorreu. Havia uma quantidade razoável de água no bote, mas não havia buracos que a justificassem. Nada além de algumas rachaduras na borda. Ergueu os olhos, observando as nuvens que cobriam o sol ao longe, demonstrando que uma tempestade estava se dissipando.— Estou confusa! — falou, levantando-se cambaleante.Perdida em pensamentos,
CAPÍTULO DOISFala-se de um rei muito inteligente e poderoso, chamado Richard Henke, que possuía muitos servos fiéis e aliados, tornando-se uma grande potência nas Ilhas de Desmond. O pai do rei Henke havia sido decapitado durante uma viagem de reconhecimento, quando foi abordado por piratas e executado. Este rei era temido por sua aliança com Jack Loud, conhecido como o "cão de Desmond", pois ele levava à forca muitos piratas. Sua reputação atravessava mares desconhecidos até mesmo pelos corsários e piratas locais, e agora Loud servia a Richard.Vanesey era uma pirata, criada por Flit e Flot, que a sequestraram de seu pai, Hert, que matou sua mãe por uma razão que ninguém jamais soubera responder. Ela sabia que sua mãe também fora uma pirata e havia sobrevivido ao mar revolto, um modo de vida que deixava de ser pirata para viver uma nova vida. No entanto, ela acabou sendo levada para uma casa de distração, onde foi criada por Nesey. Vanesey não se lembrava de nada, exceto do dia em qu
CAPÍTULO TRÊSO acesso à ilha rochosa era no topo, e era necessário escalar com muita dificuldade. Mas perdia-se mais marujos escalando até o topo de Cratera do que em disputas no alto-mar. Um bom marujo, bêbado e incorrigível, criou uma escada de pedras, talhando-a com marteladas, dia após dia, durante um período de abstinência, sem beber. Quando conseguiu, morreu por exaustão. Para alcançar o topo ou descer, passava-se por trilhas restritas, com atalhos frequentados por pássaros carnívoros. Conta-se também que alguns aproveitavam o período de chegada a Cratera para eliminar inimigos nas trilhas. Muitos morreram na subida, mas com as escadas entre arbustos e túneis secretos, já não se ouvia mais falar de mortes causadas por Cratera. Agora, a maior preocupação era manter os pássaros carnívoros afastados. Esses sim, eram um problema constante para eles. Muitas vezes, passavam-se horas lutando contra os pássaros carnívoros. Nem mesmo eles sabiam por que haviam escolhido um local tão rui
CAPÍTULO QUATROFazia algum tempo que estavam reunidos ouvindo velhas histórias e, entre elas, novas que sempre envolviam confrontos com Jack Loud. Hoope surgiu com o rosto amargurado entre as figuras na mesa à frente. Nesey subiu na mesa e começou a dançar. Ela chutou o que estava sobre a mesa. Os homens batiam na mesa.Nesey pulou em direção ao colo de Hoope, estava cansada de esperar para entregar-se.— Quero você. — Ela sussurrou e estalou um beijo nele.Ouviram-se murmúrios, e Reese apareceu.— Sua vadia! — Berrou Reese Hert.Vanesey gargalhou e deu outro beijo em Hoope.Ele a colocou no colo e ajeitou o cabelo.— Chega de bebida por hoje, Nesey. — Ele disse calmamente.— Estou falando com você, Vanesey! — Gritou Reese Hert.Ela o encarou em sua fúria e ficou de frente para ele, com os braços cruzados.— Quem pensa que é? — Disse Nesey.Ele revidou o olhar com ira, deixando claro que estavam sendo vigiados.— Sabe quem sou, sua maldita? Obedeça-me e me siga.Todos gargalharam quan
CAPÍTULO CINCODesmond era uma das visões mais incríveis de ilhas de todos os mares que navegou. Mesmo distante, em terras desconhecidas, jamais havia avistado uma beleza igual. Por um momento, concordou com o rei Henke. Desmond jamais poderia ceder a inimigos.Garth era a ilha central, sofria com inundações, e por isso muitas casas eram feitas em cima de embarcações. Em meio à multidão, que vinha dos portos das outras ilhas ou de mercadores vindos de longe, ela precisava encontrar o homem chamado Kov. Ele ajudaria. Kov servia de espião para os Asperes há muito tempo. E ele foi um deles. Ele teria que obedecer e ajudar. Ela seria bem convincente, caso ele se recusasse. Para isso, colocou seus melhores infiltrados na cidade.Era uma casa perfeita, com uma varanda de onde se dava para entrada. Mulheres detestavam aquele lugar e por isso passavam balançando a cabeça negativamente.Nesey bateu à porta com força.Uma voz fina berrou:— Espere!Em seguida, uma mulher surgiu.— Quero falar co