CAPÍTULO CINCODesmond era uma das visões mais incríveis de ilhas de todos os mares que navegou. Mesmo distante, em terras desconhecidas, jamais havia avistado uma beleza igual. Por um momento, concordou com o rei Henke. Desmond jamais poderia ceder a inimigos.Garth era a ilha central, sofria com inundações, e por isso muitas casas eram feitas em cima de embarcações. Em meio à multidão, que vinha dos portos das outras ilhas ou de mercadores vindos de longe, ela precisava encontrar o homem chamado Kov. Ele ajudaria. Kov servia de espião para os Asperes há muito tempo. E ele foi um deles. Ele teria que obedecer e ajudar. Ela seria bem convincente, caso ele se recusasse. Para isso, colocou seus melhores infiltrados na cidade.Era uma casa perfeita, com uma varanda de onde se dava para entrada. Mulheres detestavam aquele lugar e por isso passavam balançando a cabeça negativamente.Nesey bateu à porta com força.Uma voz fina berrou:— Espere!Em seguida, uma mulher surgiu.— Quero falar co
CAPÍTULO SEISA noite do véu era uma noite em que as mulheres da casa de Kov podiam escolher com quem queriam dormir, sendo necessário escolher um naquele momento.Vanesey espiou da escada o salão, que estava mais cheio do que de costume. Passou um bom tempo indo de um extremo a outro, até que viu o véu sendo colocado no centro de uma mesa. Kosnir parecia tranquilo, dando atenção aos que chegavam. Algumas mulheres, as mais jovens, pegavam o lenço e o jogavam no colo ou à frente do homem escolhido.Ela desceu os degraus como se estivesse pisando em brasas, irritada, localizou Laerte, o homem embriagado que Kov havia pedido para uma das jovens ficar ao lado dele e acenar discretamente para Vanesey.O homem estava sentado sozinho, não dizia nada que fizesse sentido, e ela passou a mão de leve sobre a dele. Ele ficou encantado, fazendo uma reverência curta, quase caindo no chão.O salão ficou em silêncio. A jovem de vestido vermelho claro, como sangue, atraía olhares, mas quem perguntava p
CAPÍTULO SETEVanesey saiu do quarto com olhares desconfiados, que analisavam a faixa em volta do pulso. Certamente, alguém a ouviu gritar e percebeu que a noite não foi melhor que a das outras. Encontrou Flot em um quarto, ele estava sentado, costurando uma blusa, e a olhou de rabo de olho.Ela caminhou até ele, aborrecida e irritada, cruzando os braços.— Onde está Flit?— Em reunião.— Como ousaram não me chamar?Flot a encarou.— Acalme-se, Nesey. Flit é o capitão. As sombras não lhe concederam ser capitã, apenas permitiram que partisse e fizesse o que fosse necessário.Vanesey se ergueu.— Eu sou a capitã. Eu tomei as decisões, eu sou a capitã!Flot se ergueu também, e Vanesey sentiu-se pequena diante dele.— Essa é uma decisão de Flit, respeite. Falou Flot.— Mas o que é isso? — Ela estava irritada.— Loud mudou a data da execução para daqui a dois dias.— Não importa.— Ele vai executar Vanesey de Hert. Aparentemente, alguma engraçadinha tentou adquirir alguns bens sob juramento
CAPÍTULO OITO Vanesey sentiu a carruagem se mover. Estava sendo levada para algum lugar.— Jamais ouse me desobedecer novamente, terei que castigá-lo por sua insolência diante dos outros! — gritou Richard.Loud ergueu-se.— Vá buscar provas, Loud! — Richard ordenou.Vanesey olhou pela janela, debruçando-se.— Sim, meu senhor. E, após uma reverência, saiu.A carruagem seguia rapidamente e logo ela viu o cais distante.O caminho era uma subida, não havia nada na estrada. Os pássaros cantavam e o som de uma cachoeira predominava no ambiente junto com o som da carruagem. Seus olhos pesaram e ela sentiu o sono a dominar, mas precisou focar no trajeto.A casa surgiu diante de seus olhos quando desceu, sendo puxada pela corda no pulso. Guiada pelo homem de bigodes, veio uma mulher bem-vestida que surgiu na varanda e colocou as mãos no peito.Ao parar diante dela, a mulher tocou seu rosto e olhou para ele.— Ele deve estar bastante zangado por causa do rosto. Um homem não deve bater em uma
CAPÍTULO NOVE A entrada dos cozinheiros estava ali. Vestida de homem, caminhou calmamente para a porta, mas o guarda a parou.— Já não entrou com seu amigo? — Falou o homem, confuso.Ela tossiu e forçou a voz.— Se tivesse entrado, não estaria aqui.O guarda tomou outro gole, e ela atirou uma garrafa para ele.— Cortesia.Ela disfarçou, olhando para uma das meninas de distração. O homem se distraiu e Nesey entrou.A prisão parecia vazia, não havia movimentos. Ela passou por várias áreas. Havia guardas jogando. Lembrava do que haviam dito sobre horários.Caminhou por entre as celas, olhando uma por uma, fingindo ser um guarda. A sorte quis que ela encontrasse Jenear.Jenear estava deitado na cela, havia alguém jogado num canto, enrolado em capuz sujo e velho.— Jenear! — Ela o chamou, fora da cela.— Quem me chama? — Ele se levantou às pressas.— Vanesey de Hert.Ele se aproximou, buscando a luz.— Menina! Como é possível ainda estar viva?— Não importa. — Ela começou a procurar a chav
CAPÍTULO DEZQuando Vanesey acordou, estava dentro de um bote. O homem remava com rapidez. — Temos que chegar. Eles estão vindo. Nos seguiram. Preciso ser rápido. Perdoe-me, meu rei, não sei se cumprirei minha palavra — murmurou o homem, lamentando.De repente, o som de tiros chamou sua atenção, fazendo-a se sentar rapidamente. Marcos Britas anunciou que eram piratas e tentou retornar, mas os tiros logo o fizeram parar. Ele ergueu a mão, sinalizando enquanto os piratas se aproximavam.Vanesey ainda não estava totalmente recuperada mentalmente, mas se sentou com a arma do pirata apontada para sua cabeça, o que a fez pensar em como escapar. Não reconhecia aquela tripulação, não era do seu clã. Respirou fundo e percebeu que havia várias embarcações no local. Marcos Britas permanecia em silêncio. Quando o bote foi içado até a embarcação, ela sorriu, já com um plano em mente.Ela se ergueu com dores no corpo, ainda não estava curada. Então, foi tomada pela felicidade.— Está rindo porque
CAPÍTULO ONZEEra manhã quando os guardas anunciaram a sentença de enforcamento dela, juntamente com alguns homens capturados no confronto entre Resse e Hoope. Eles se aproximaram, pegaram-na com mãos firmes e, ao olharem para seu ventre, um dos guardas a soltou e murmurou algo no ouvido do outro, que concordou e, com pressa, a levou porta afora.Havia uma multidão que Vanesey já havia presenciado antes. Ela testemunhou enforcamentos infiltrada na multidão. Encontrou-se com seus homens, e eles sorriam. Havia motivos para Vanesey não estender as mãos e sair daquela cela com Richard. O primeiro motivo era que eles precisavam dela, a lenda, Vanesey de Hert, que lutou com Jack Loud e sobreviveu. O segundo, Gaia estava nela, e algo estava errado; havia traição demais entre eles, por isso, não mereciam ir para Gaia. O terceiro motivo, ela queria ser livre.Apertou os olhos, sendo conduzida por guardas, junto aos homens, sentindo as coisas podres serem arremessadas contra ela. Pensou na crian
CAPÍTULO DOZEEm meio à conversa entre Hoope e Sofie, Vanesey foi arrastada de volta à realidade pelas recordações e lembranças. As lágrimas ameaçaram descer pelo seu rosto, mas ela as secou rapidamente, decidida a se manter firme diante do retorno da memória.— Diga-me, Hoope, como sobreviveu a Reese?Ele a olhou e passou a mão na cabeça.— Quando avistamos a galera e outras embarcações de Demond, Reese nos separou. Ele seguiu para sua embarcação, que era mais veloz que a minha. Tudo aconteceu muito rápido. Como Jack Loud estava mais preocupado com você, tivemos tempo de fugir. Desde então, não nos vimos novamente.— Onde estão Flot e os outros?— Foram enforcados pelo reino de Treno. Parece que Marcus Bridas, de Treno, interceptou a embarcação deles, com Medromes como capitão. Mas Flot estava com ele, como se fosse um casal novamente. — Ele sorriu. — Imagino que Flot ficaria decepcionado com isso.— Então ele queria me matar, estava me buscando e cuidou de mim sem saber quem eu era.