Era uma manhã de sábado ensolarada típica do verão carioca e Beatriz estava parada em frente à Mansão de Jefferson Ryan em Copacabana, Rio de Janeiro.
Aquele seria seu primeiro dia de trabalho como chef de cozinha na casa daquele empresário riquíssimo e cheio de “detalhes” como disse Joana, a secretária de confiança dele, quando lhe indicou para o serviço. Beatriz se perguntava por que alguém precisava de uma chef de cozinha em casa. Bastava uma simples cozinheira e se queria comer pratos sofisticados que fosse a um restaurante. Mas se ele queira pagar uma fortuna para ela fazer pratos exóticos nos fins de semana, o problema era dele. Ela queria mesmo era ganhar um dinheiro extra e poder quitar a faculdade de medicina da irmã que estava no último semestre.
Ela estava com sensação do dever cumprido. Mariana estava pronta para seguir a vida sozinha. Estava formando em Medicina, e aprovada na residência para um bom hospital. Ela podia respirar um pouco depois de muito tempo.
Sua vida fora basicamente cuidar da irmã e tentar cuidar de si mesma. Sua mãe falecera muito cedo devido a um câncer no ovário e seu pai resolvera cuidar da própria vida ao lado de outra mulher. Embora ele tentasse dar alguma atenção para as filhas, o processo natural de ter outra família o afastava de suas vidas. Para Beatriz não foi fácil se ver aos dezessete anos tendo que assumir a responsabilidade de uma casa e de uma irmã de dez anos. Ela não teve que se preocupar tanto com questões financeiras, pois a mãe que era funcionária pública deixou uma pensão que possibilitou que elas pudessem estudar sem precisar trabalhar e um seguro de vida que ela guardou para momentos de crise. E seu pai, pelo menos foi sensato e deixou que elas ficassem no apartamento que moravam e comprou outro para ele. Ele também era funcionário público e ajudava sempre que possível quando elas tinham grandes necessidades.
Não podia dizer que tivera uma vida economicamente ruim, mas a falta do amor e da proteção materna a fizeram sofrer muito a ponto de precisar de acompanhamento psicológico para se manter de pé. Hoje, treze anos depois ela estava bem, e tentava seguir a vida, mas os reflexos dos anos de sofrimento fizeram Beatriz se tornar um pouco cética diante de muita coisa na vida, principalmente no que se refere aos homens e ao amor.
O casamento dos pais nunca fora um mar de rosas e sua mãe sofrera muito com as traições do marido e aquilo foi fazendo com que ela fosse desacreditando um pouco na beleza do casamento. Não que ela se privasse de namorar, ao contrário, ela não recusava quando um cara legal mostrava interesse, apenas não se deixava iludir achando que ele era seu príncipe encantado. Príncipes não existiam e quando se mostravam como tal no final virava sapo, tal como tinha acontecido com Gustavo. Ela pensou ter encontrado uma pessoa legal e ele quase a destruiu. Mas aquilo estava no passado e ela não queria relembrar os piores momentos da sua vida. Tinha conseguido empurrar tudo para o fundo da memória e aquela história parecia que tinha acontecido com outra pessoa e não com ela.
Ela suspirou e voltou à realidade. Desceu no carro e se dirigiu ao portão de entrada da casa. Antes porém observou o quanto era enorme e bonita. Era toda branca com telhados vermelhos. Tinha uma infinidade de janelas de vidro, um jardim enorme que ladeava a casa e uma piscina gigantesca na frente. Uma casa daquela naquele bairro deveria custar uma fortuna. Então o tal Jefferson deveria ser um milionário. Fora informada que ele morava sozinho, mas estava noivo e Alana frequentava a mansão como se já fosse a dona e que ela deveria seguir suas ordens como se fossem do próprio Jefferson.
- Vamos lá Beatriz, vamos ver como vai ser lidar com essa gente esquisita que paga tanto dinheiro para ter a chef de cozinha do “Bom Paladar” exclusivamente para eles.
Ela se identificou no portão e foi informada que Joana a aguardava na cozinha. Lá encontrou, além de Joana, uma fileira de empregados uniformizados como se estivessem preparados para entrar num campo de batalha, só faltaram bater continência para ela.
- Bom dia a todos.
Joana deu um passo à frente e estendeu a mão
- Seja bem vinda Beatriz.
Ela descansou a bolsa em cima do balcão sentindo-se uma alienígena. Pensou em suas roupas florais e extravagantes, o cabelo vermelho curtinho, as duas tatuagens saltando para fora da camiseta e o piercing no nariz e olhou para aquelas criaturas vestidas de preto e branco, sem nenhuma expressão no rosto e imaginou como seria o dono daquela casa.
- Obrigada, Joana.
Beatriz foi apresentada aos funcionários. Tinha funcionário para cuidar do jardim, da piscina, dos banheiros, da roupa, da cozinha e etc.
- Você terá uma pessoa com você na cozinha para ajudar na limpeza, não queremos que você faça o serviço pesado. Você foi contratada para criar os pratos e não para lavá-los.
- Agradeço.
- De acordo com o cardápio que combinamos para este fim de semana, já providenciei todo o material necessário
- Tudo bem
- O Sr. Jefferson está dormindo e só deve acordar perto do almoço, então você terá tempo para preparar os pratos que ele escolheu. Ah, e faça para duas pessoas porque a Srta. Alana está com ele. Vou precisar me ausentar, qualquer coisa me avise e tão logo o almoço seja servido a Srta. está dispensada. Alguma dúvida?
- Não, tudo certo. Pode ir tranquila.
Ao se ver sozinha, Beatriz observou calmamente a cozinha. Era quase maior que seu apartamento inteiro e muito bem mobiliada. Era o sonho de qualquer chef ter uma cozinha daquela para trabalhar e ela pretendia mostrar que era digna da profissão que escolhera.
Foi até o banheiro e colocou o avental fazendo uma oração para que tudo desse certo em seu primeiro dia de trabalho.
JeffersonJefferson Ryan tentava se concentrar na leitura do relatório que seu gerente em Nova York tinha lhe enviado, mas estava um pouco difícil. Ele afastou lentamente a perna da noiva que o impedia de se movimentar e desejou estar sozinho em sua cama. Ele tinha chegado de viagem naquela noite e nem bem tinha respirado o ar da sua casa e Alana já estava avisando que iria para lá. Ele não quisera dizer que preferia dormir sozinho, que no fundo estava enjoado dela e daquele noivado ridículo.Onde ele estava coma cabeça quando concordara com aquele pedido de casamento? O que fazer com aquele relacionamento? Por que ele aceitou ficar noivo dela se não a amava? eram tantas perguntas em sua cabeça, mas de uma coisa ele tinha certeza. Não levaria aquilo até o fim. Não podia casar com ela. Não que ele ligasse para esse negócio de amor. O amor era uma bobagem que só
Beatriz observou pela janela da cozinha quando o todo poderoso Jefferson Ryan se aproximou da piscina e deixou o roupão cair. Nossa! Que homem lindo! O corpo bem feito e musculoso estava coberto apenas por uma minúscula cueca preta. Beatriz sorriu intimamente. Até que não ia ser tão difícil aquele trabalho. Cozinharia até de graça se pudesse ver aquela escultura todos os dias.- Beatriz Lauren?Beatriz deu um salto assustada e esbarrou na cadeira ao virar-se e dar de cara com a mulher mais bonita que ela já vira.- Eu... Olá... Alana?Ela se aproximou e olhou pela janela par certificar-se do que estava chamando a atenção de Beatriz.- Meu noivo é lindo não é?- Desculpe... Não entendi.Ela olhou cinicamente para Beatriz- Estava admirando meu namorado não é?- Não, só fiquei curiosa
O domingo foi um dia exaustivo.Beatriz chegou logo cedo e foi direto para a cozinha preparar o cardápio para receber o amigo dele Murilo e a namorada Bianca. Fez vários petiscos para servir antes do almoço, alguns pratos, drinks e sobremesas.Tudo ia muito bem até que os convidados chegaram e Alana apareceu na cozinha para avisar que ela deveria começar a servir. Ela parecia bem diferente do dia anterior. Não deu nem bom dia e usou um tom de voz ríspido e autoritário.Beatriz ignorou e arrumou as bandejas levando-as para as mesas arrumadas em volta da piscina.Murilo era um rapaz alto, moreno de cabelos pretos. Era bem bonito e muito simpático assim como a namorada Bianca uma moça morena de longos cabelos cacheados e olhos verdes.- Então você é a chef do restaurante Bom Paladar? Eu frequento muito o seu restaurante. Adoro seus pratos
No dia seguinte Beatriz foi surpreendida por uma ligação de Joana, a pedido de Jefferson. Ele queria confirmar se ela aceitava jantar com ele em um dos restaurantes mais caros do Rio de Janeiro.Quem ele pensava que ela era? Uma garota de programa que acertava o encontro com o agenciador? Se ela queria jantar com ela porque ele mesmo não tinha ligado?- Diga a ele que agradeço, mas não estou interessadaDez minutos depois ela ligou de novo- Ele disse que pode trocar de restaurante se isso for o problemaBeatriz respirou fundo.- Não. O problema não é com o restaurante. Eu não quero jantar e prontoCinco minutos depois ela voltou a ligar- E agora? Qual é o recado?- Ele disse que vai até sua casa- Pode passar o telefone para ele por favor?Demorou uma eternidade para ele atender- Olá Beatriz- Não tem
Beatriz relutou em ir trabalhar na casa de Jefferson naquele sábado, mas na verdade estava um pouco curiosa em vê-lo novamente. Joana tinha ligado para ela e avisado que ele chegaria naquele sábado e precisava que ela fizesse alguns pratos para o jantar. Pouca coisa, pois seria apenas para duas pessoas.Como se não bastasse ia servir aquela chata da Alana, pois com certeza ela estaria grudada no noivo depois de tantos dias sem vê-lo.Ela chegou no meio da tarde e se dedicou a fazer os pratos escolhidos por Joana para servir no jantar. Já passava das seis horas quando alguns funcionários que estavam na casa avisaram que iriam embora pois o patrão tinha avisado que queria ficar sozinho com sua convidada e que ela deveria ficar mais um pouco para servir o jantar.Quanta frescura! A comida já estava pronta, por que eles mesmo não se serviam?Ela tomou banho e trocou de roupa e
Naquele mesmo dia, Beatriz estava sentada com alguns amigos em um barzinho e conversava com Daiane sobre os últimos acontecimentos da sua vida. Tentava disfarçar mas ainda sentia o corpo todo dolorido, resultado do sexo louco e quase selvagem que tinha vivido com Jefferson.- O que menina? Você transou com seu quase patrão?-Pois é, acredite!- O que deu em você? Tudo bem que você é a mais namoradeira da nossa turma, mas dormir com um homem quase desconhecido!Ela suspirou e coçou a cabeça- Nossa! Ele é muito atraente, sexy, gostoso, cheiroso... noivo... ai, eu vou ficar louca!Daiane empurrou um copo de cerveja em sua direção.- Vamos beba, pra você esquecer esse homem!- Verdade, enche esse copo ai.***Jefferson respirou fundo e abriu a porta para Alana.Ela entrou feito um furac&ati
Beatriz estava inquieta.Já tinha se passado uma semana e ela não tinha notícias de Jefferson. Joana não tinha ligado para ela ir trabalhar. Será que estava despedida? Ele não queira mais olhar na cara dela. Tinha transado com ela e agora não a queira mais nem como chef de cozinha. Um serviço meio sem sentido mas não cabia a ela questionar as neuroses desse povo cheio de dinheiro.O melhor era voltar sua atenção para seu trabalho. Ela dali que saia seu sustento e não podia arriscar sair alguma coisa errada. A muito custo conseguira a fama de ser uma das melhores chefes de cozinhas do Rio de Janeiro e tinha um nome a zelar. Um nome e o sonho de abrir seu próprio restaurante um dia. Para isso precisava se aperfeiçoar e juntar dinheiro.Imersa em seus pensamentos, só percebeu que o garçom falava com ela quando ele falou mais alto e sacudiu seu braç
Eles chegaram ao casarão e Beatriz observou aquela casa enorme, bem arrumada mas solitária. Como ele conseguia morar sozinho naquela casa?Ele subiu as escadas e Beatriz o seguiuJá no quarto ele a encarou.- Você pode encher a banheira, enquanto pego uma garrafa de vinho. Acho que depois de um dia cansativo, vai ajudar a relaxarEla fechou os olhos e respirou fundo- Humm, uma banheira quentinha e um copo de vinho. O que mais posso querer?Ele se aproximou e beijou seu pescoço- Alguém para fazer uma boa massagem?Ela abriu os olhos e o encarou. Tomou coragem e tocou a boca dele com a ponta dos dedos. Ele capturou o dedo dela e mordeu de leve.- Até que enfim você me tocou sem medo- Quem disse que não estou com medo?Ele apertou o corpo dela de encontro ao seu fazendo-a sentir o quanto ele estava excitado.O tesã