“Aria, os primeiros convidados já estão chegando!” Uma funcionária se aproxima e me avisa em tom apressado, puxando-me de volta à realidade. A expectativa paira no ar, e sinto a urgência tomar conta de mim novamente.Volto correndo para a cozinha, onde encontro os garçons e garçonetes dispostos em fila, uma imagem de disciplina e perfeição. Cada um está impecavelmente vestido, os uniformes alinhados e os olhares focados, prontos para servir à realeza e aos nobres convidados.A visão me traz um flash da primeira vez que estive no castelo, lembranças das palavras de Malik ecoando em minha mente, como um guia para o momento presente. Tomo a dianteira, respirando fundo antes de direcionar meu olhar firme e determinado para cada um deles.“Certo, pessoal! É o seguinte: vocês vão andar pelo salão primeiramente com os canapês e as bebidas nas próximas duas horas. Após isso, será servido o jantar e vamos apresentar os pratos com toda a nossa competência!” Minha voz sai com um toque de autorida
“Não achei que veria você novamente, Karin,” eu declaro com a voz cheia de ternura e surpresa.A mão dele toca meu rosto, áspera, e esse toque, tão simples, percorre minha pele como um choque, um arrepio delicioso que vai da face ao peito e me domina inteira, até o mais profundo de mim mesma.Quando ele fala, o som grave e rouco de sua voz reverbera através do salão de pedra. Há uma urgência quase primitiva em seu tom, algo que me faz estremecer, que evoca cada memória e cada toque que compartilhamos no passado.“Tudo o que você pedir para mim, Seraphina, eu farei…” Ele não hesita, não há medo em seus olhos, e isso me excita ainda mais. Seus lábios estão tão próximos dos meus que sinto o calor de sua respiração, e então ele me beija, com uma fome quase violenta, que me consome e me prende à parede de pedra atrás de nós.O beijo dele é feroz, um jogo intenso de domínio e submissão que me rouba o ar e o raciocínio, e eu me deixo levar, entregando-me ao prazer que sobe como uma maré alta
Admito, em silêncio, a habilidade impecável de Aria ao organizar a minha festa. A humana patética cumpriu com dedicação todas as instruções que passei, esforçando-se em cada detalhe, moldando o salão à minha altura. Ao centro do salão, alguns convidados dançam, movendo-se com uma graça fluida ao som da música tocada pelos músicos lycans, cujo talento se revela a cada nota. É uma melodia hipnótica, quase mística, que reverbera pelo salão, ecoando pelas colunas de mármore. A música cresce em intensidade, mesclando-se ao som abafado das risadas e das conversas dos presentes. Todos parecem encantados, hipnotizados pelo banquete e pela festividade, um espetáculo impecável cuidadosamente desenhado para me homenagear.O jantar, servido com pratos tão elaborados que mais parecem obras de arte, conta com os sabores mais refinados que o reino já conheceu. Sabores complexos dançam na boca, preparados com ingredientes raros por chefs lycans treinados para impressionar mesmo o paladar mais exigent
“Vocês dois… são primos?” balbucio, a pergunta saindo quase como um sussurro, perdida na tensão densa que permeia o ar entre nós. Minha voz soa frágil em comparação ao choque de forças e à intensidade do olhar que Caelum e Alexander trocam, desafiando-se mutuamente como se estivessem prestes a se lançar um contra o outro. A revelação pulsa em minha mente como um trovão distante, difícil de processar em meio à confusão de emoções que tomam conta de mim. Os olhos de Caelum se estreitam ao me encarar, seu rosto uma máscara de desprezo cínico, enquanto Alexander fecha os olhos por um instante, como se amaldiçoasse a si mesmo por ter deixado a verdade escapar antes da hora.Então, o riso de Caelum ecoa pelo estreito corredor, uma risada debochada e desdenhosa que ressoa como o tilintar de vidro quebrado, espalhando-se no ambiente e provocando um arrepio na minha espinha. Algo em sua expressão me deixa desconfortável, uma sensação que cresce e se instala no meu peito.“Você não contou aind
Nunca me considerei um homem ciumento. Nunca, mesmo. Sempre me orgulhei de um controle sereno sobre minhas emoções, de uma razão calculada que sempre venceu os impulsos. Mas agora, ao ver Alexander se aproximar de Aria, algo estremece e se desfaz dentro de mim. Meu sangue ferve em ondas espessas, uma ira latente e feroz que eu mal reconheço. Esse sentimento, como um veneno amargo, inunda minha mente e me paralisa.Além da provocação velada de minha esposa, igual quem joga combustível numa chama que arde, mas neste instante, ela é apenas uma sombra distante. Minha mente se ocupa exclusivamente com Aria… e com Alexander. Nosso casamento, nesse momento, está sentenciado e o que me resta fazer é de fato anular nossa união. Mas não é nisso que a minha mente quer focar agora.A expressão serena no rosto dele, enquanto ele se aproxima de Aria, o tom descontraído em sua voz, tudo isso acende em mim um desejo irracional de interromper o que quer que ele esteja tentando fazer. Cada passo que do
Chego em casa com o cansaço gritando em meu corpo. Sinto o sangue quente escorrendo do ombro, um filete viscoso que desliza até a metade do meu braço, manchando o tecido já desgastado da minha roupa. O cheiro metálico mistura-se com o ar abafado da sala, onde as luzes estão acesas, lançando uma claridade quase sufocante que preenche cada canto. Tomo fôlego e torço para que apenas minha mãe esteja acordada, e não as crianças. A última coisa que preciso agora são os olhares assustados e questionadores deles.Assim que dou um passo para dentro, sinto o chão girar sob meus pés. Cambaleio, as pernas fracas quase me traem, e meu corpo pende como se estivesse prestes a se entregar ao peso da exaustão. O sangue escorrendo parece cada vez mais espesso, e minhas pálpebras lutam para se manter abertas, desejando se fechar contra a luz.Minha mãe surge da cozinha num sobressalto, o grito de susto dela reverbera pela sala e quase me faz encolher de tanto cansaço e fragilidade. Os ecos dos gritos qu
No dia seguinte, mesmo com o corpo dolorido, consigo disfarçar para os meus filhos e os deixo arrumados para irem à escola. Meu ombro ainda arde, uma lembrança do que aconteceu na noite anterior, mas mantenho a postura ereta e disfarço o melhor que posso para não preocupar os meus filhos.No portão da escola, me ajoelho para dar um último abraço neles, e é então que Elowen, com sua vozinha tímida, quebra o silêncio. Ela olha para mim com um brilho de esperança nos olhos, o dedinho pequeno traçando o contorno da pulseira colorida em seu pulso, uma daquelas que ela me deu de presente, com miçangas infantis e desenhos de pequenos corações.“Mamãe, o nosso presente protegeu você ontem, não é? Você conseguiu voltar para casa!” Elowen diz, com uma inocência e certeza que me fazem prender a respiração. A pergunta dela soa quase como um feitiço de proteção, algo tão doce que sinto o calor tomar conta do meu peito, derretendo qualquer traço de dor.Surpresa, deixo o cansaço escapar por um momen
“Você tem dez minutos, nada mais…” eu declaro assim que Alexander se senta no sofá e eu na poltrona. Mantenho uma distância segura, porque não quero me permitir ficar tão perto dele igual fiquei com Caelum.Com Caelum a moralidade vence, ele é o rei e é casado. Mas com Alexander? Qualquer toque, qualquer centímetro do corpo dele perto do meu, eu sei que não resistirei. Sei que se meus lábios tocarem novamente nos dele, eu serei rendida para sempre ao amor que pensei ter acorrentado.Alexander, então me conta a verdade. Ele é um duque, um espião, o primo de Caelum. Explica suas ausências, descreve os caminhos que percorreu nos últimos cinco anos, cada palavra impregnada de um pesar que me atinge como ondas gélidas.“Eu nunca quis enganar você, Aria. Não fiz por diversão ou por crueldade, mas por amor…” Alexander declara e meu coração salta algumas batidas descompassadas. “Eu fui imaturo, sei disso. Só que, se meus pais soubessem de você. Se eles descobrissem que eu estava apaixonado per