“Crianças possuem uma imaginação muita vasta,” Lyra declara, quebrando o silêncio que havia se instalado como uma névoa pesada após a surpreendente declaração de minha filha. Sua voz soa firme, mas há uma leve hesitação ali, como se ela tentasse convencer a si mesma tanto quanto a mim. “Elas buscam preencher o vazio que há na vida delas com a imaginação.”
Concordo com um aceno de cabeça, mas por dentro, minha mente fervilha com dúvidas e inquietações. Algo naquela afirmação de Elowen me assombra, algo que vai além da simples imaginação infantil. Os olhos verdes e brilhantes da minha filha, tão puros e sinceros, estão cheios de uma expectativa que me desconcerta. Não consigo afastar a sensaçã
Assim como reagi àquela resposta, minha mãe arqueia as sobrancelhas, surpresa e confusa. Nenhuma de nós conhece alguém que tenha esse tipo de dinheiro disponível para gastar assim, sem mais nem menos, ainda mais para pagar a fiança de alguém acusado de um crime tão grave quanto homicídio. Além disso, quem mais saberia que eu estava presa, além dela?“Você comentou com alguém que eu estava aqui?” questiono preocupada, tentando pensar em quem poderia ter me ajudado.Lyra balança a cabeça negativamente, seus lábios franzidos em uma expressão de frustração e reflexão. “Para quem eu iria contar"Para quem eu iria contar?" Sua voz carrega uma mistura de impaciência e preocupação, como se o simp
“Eu preciso voltar para o trabalho,” comento com a minha mãe enquanto lavo a louça. A água morna escorre pelos meus dedos, levando consigo os restos do café da manhã, mas não consegue apagar a tensão que se agarra à minha mente.Sinto a presença de minha mãe antes mesmo de me virar para vê-la. Ouço o som suave de seus passos pela cozinha até que ela para abruptamente no meio do caminho para a despensa. Já faz alguns dias que fui solta da prisão, e mesmo agora, a sensação de confinamento ainda paira sobre mim, como uma sombra que se recusa a partir. Nossas economias estão no limite, um abismo que se abre cada vez mais a cada dia que passa sem eu retornar ao trabalho. Preciso voltar, preciso enfrentar a realidade.“Aria, i
“É melhor você tomar cuidado com as suas palavras, Lily.” Minha voz soa mais fria do que o gelo, cada palavra pingando com a ameaça velada que faço questão de deixar explícita. O vestiário, que já estava tenso, parece congelar ainda mais. Lily, que segundos antes estava cheia de bravata, sente a mudança na atmosfera. Seus olhos se arregalam ligeiramente, refletindo o temor que se infiltra por trás de sua máscara de confiança. Vejo o pânico começar a florescer nela, uma pequena chama de medo que cresce com cada passo meu em sua direção. “Se eu sou a assassina que você alega que eu seja,” continuo, minha voz descendo para um sussurro afiado como uma lâmina, "não seria prudente zombar de mim, não acha?"As risadas e cochichos que ecoavam há pouc
No corredor perto do vestiário, o som dos nossos passos ecoa suavemente contra as paredes, criando uma cadência quase hipnótica que só aumenta minha ansiedade. Cada movimento do meu gerente é rápido e eficiente, enquanto ele me conduz com passos agitados e ligeiros. Sigo meu gerente com o coração martelando no peito, minha mente turbilhonando em pensamentos confusos e temores incertos.“O que você gostaria de conversar comigo?” minha voz soa baixa, quase um sussurro, enquanto a ansiedade começa a dominar cada fibra do meu corpo. Tento manter um tom neutro, mas a tensão é evidente, refletida no leve tremor das minhas mãos que escondo nos bolsos da minha calça.Meu gerente hesita, seus ombros encolhendo um pouco, como se estivesse desconfortável com
O olhar de surpresa de Aria, me causa calafrios reconfortantes. Aquela expressão nos olhos dela, aquele brilho confuso e, ao mesmo tempo ansioso, me transporta de volta àquela noite cinco anos atrás, lembrança de sua pele contra a minha, da forma como seu corpo se moldava ao meu, invade minha mente com uma intensidade avassaladora. Eu escuto o coração dela se acelerar com a surpresa de me ver, a batida do seu coração ressoa como melodia para mim, me levando de volta ao passado.O que há nessa humana que me atrai tanto? Os olhos castanhos me encaram com tantas emoções que me questiono se é as recordações de cinco anos atrás. Há algo de irresistível na forma como ela se porta, como se cada movimento fosse desenhado para prender minha atenção. Suas curvas, que uma vez explorei c
Enquanto falo, deixo minha mão seguir um impulso, indo em direção ao rosto de Aria. Sinto a suavidade de seus cabelos quando entrelaço meus dedos em uma mecha fina, puxando-a levemente para mim. O peito de Aria sobe e desce de forma arfada, como se meu simples toque tivesse acendido uma chama nela. Isso me encanta, me provoca a me aproximar ainda mais, inclinando meu corpo para frente, diminuindo a distância entre nós. Posso sentir o calor que emana dela.“Você tem uma arma perigosa, Aria,” murmuro, minha voz quase um sussurro, cada palavra carregada de um significado mais profundo. "Você sabe disso, não sabe? Eu poderia cair em suas armadilhas, preso por esses seus lindos olhos..." As palavras saem de meus lábios como uma confissão, e posso ver como a respiração dela se torna cada vez mais acelerada, como s
A suavidade inesperada do beijo contrasta com a intensidade da atração que ele despertou em mim. Minha mente grita em protesto, relembrando-me de sua posição, de seu casamento, da traição que este ato representa. Mas esses pensamentos são abafados pela força avassaladora do desejo que consome meu corpo.Entretanto, mesmo sabendo que deveria afastá-lo, eu mesma não consigo resistir ao seu toque. É como se minha vontade fosse dominada pelo magnetismo do momento. O gosto de seus lábios, a maciez com que eles pressionam os meus, tudo é tão viciante quanto eu me lembrava. Sem perceber, eu entreabro meus lábios, dando-lhe permissão para que ele avance, para que sua língua me invada, explorando meu interior com uma intimidade que ele conseguiu despertar em mim. Quando finalmente paro de correr, estou no corredor do vestiário, minha respiração ofegante, como se cada fôlego fosse uma batalha, e meu coração martela dentro do peito, tentando escapar. Apoio-me na parede fria, sentindo a textura áspera contra minha pele, enquanto tento recuperar o fôlego e o controle sobre minhas emoções. O turbilhão de pensamentos em minha mente é avassalador, cada um mais angustiante que o outro. A ideia de que Elowen e Thorne possam ser filhos bastardos de Caelum martela incessantemente em minha cabeça, mas luto para afastar esses pensamentos. Se me entregar a essa espiral de medo e ansiedade agora, sei que não serei capaz de voltar ao trabalho.Com a respiração finalmente estabilizada e a determinação restaurada, empurro a porta do vestiário, entrando eCapítulo 29 - Aria