“Thorne está forte como um touro. Nem parece que ficou todo esse tempo aqui, você precisa vê-lo!” A minha voz é animada, mais do que eu gostaria, considerando a situação. Tento manter o ânimo, mantendo a esperança viva em meu peito. A sensação de incerteza se dissipa um pouco ao falar sobre Thorne.O som do monitor hospitalar se mistura com a minha voz e Alexander continua desacordado, entretanto o seu rosto tem ganhado mais vida, mais cor. As veias escuras começaram a sumir, a palidez dando espaço para o seu tom natural de pele.As batidas do coração de Alexander, que eu conseguia ouvir nitidamente enfraquecendo, tem se fortalecido. O cheiro dele também mudou, voltou a ser o cheiro de menta com macieira, um cheiro reconfortante.Seguro sua mão, tentando manter o contato físico, como se isso fosse um elo entre nós dois, como se minha presença pudesse fazer algum tipo de milagre. Acaricio sua pele, agora mais quente, mais viva, e me apego a cada sinal de melhora. Minha esperança, que j
Alexander se senta ao meu lado no sofá, sua presença me trazendo uma sensação de ancoragem em meio à confusão. O escritório de Caelum, com suas estantes imponentes repletas de livros antigos e artefatos mágicos, parece sufocar.Caelum anda de um lado para o outro, as botas ecoando no piso de madeira escura. Cada movimento é firme e decidido, mas há uma inquietação subjacente. Ele parece um lobo em uma jaula, consumido por pensamentos. A luz suave do fim da tarde entra pela grande janela atrás dele, iluminando seus cabelos desgrenhados e realçando o brilho dos seus olhos esverdeados.“Drave disse que os gêmeos poderiam quebrar o feitiço de ligação,” Caelum balbucia.“É, mas ele também nos alertou e com razão,” retruco, inclinando-me para frente. “Eles ainda são pequenos, não possuem noção de como lidar com os poderes… isso se eles tiverem algum, na realidade.”Caelum para abruptamente e me encara, a linha de sua mandíbula se tensa enquanto seus olhos queimam com algo entre orgulho e de
Observo Thorne e Elowen brincarem no enorme jardim que há atrás do castelo. Estamos vivendo aqui desde que Caelum retomou o comando, é um local enorme e acabo por me sentir desconsertada com o lugar. As crianças adoram e tudo para elas é divertido e incrível.Fico sentada em um banco de mármore com meus pensamentos até que sinto o cheiro de menta com macieira, o cheio do Alexander. Antes mesmo dele entrar no meu campo de visão, eu já abro um sorriso. Alexander surge atrás de mim e tampa meus olhos.“Adivinha quem é?” ele sussurra ao pé do meu ouvido, isso faz com que um arrepio percorra toda a minha espinha.“Eu consigo sentir o seu cheiro muito antes de você chegar, sabia?” eu respondo risonha.“Sim, eu sei. Não significa que isso aqui tenha perdido a graça,” Alexander responde e beija o meu pescoço, me causando cocegas.Ele desliza a mão do meu rosto e se senta ao meu lado no banco. Nos beijamos com ternura e com carinho.“Como é que foi a reunião com o conselho?” questiono ansiosa.
“Ok, eu preciso que vocês obedeçam às avós de vocês, está bem?” Minha voz soa calma, mas por dentro, uma onda de ansiedade me consome. Meus olhos encontram os de Thorne e Elowen, sentados lado a lado no sofá da sala. Seus corpos pequenos parecem perdidos no estofado grande demais para eles, mas suas pernas balançam nervosamente, denunciando o quanto estão inquietos.O brilho em seus olhos, uma mistura de medo e tristeza, faz meu coração apertar. A cada palavra que digo, sinto como se estivesse pedindo mais do que eles podem suportar. Eles não querem que eu vá. E, se eu for sincera, eu também não quero deixá-los.“Mas e se elas forem más com a gente?” Thorne pergunta, sua voz embargada, os olhos grandes começando a se encher de lágrimas. O tom choroso faz parecer que ele é ainda menor do que realmente é, sua fragilidade escancarada de uma maneira que me faz querer segurá-lo para sempre.“Elas não vão ser más, meu príncipe. Elas vão cuidar de vocês,” asseguro, tentando transmitir a tran
“Não, por favor, você não precisa fazer isso!” A voz da jovem lycan ecoa pelo salão escuro e abafado, carregada de desespero puro. Ela se debate em cima da mesa de pedra, as correntes enfeitiçadas rangendo sob a força de sua resistência inútil. O medo emana dela como uma onda palpável, enchendo o ar já pesado com o cheiro metálico de suor e sangue. “Eu juro que não direi nada, por favor! Me tire daqui!”Não digo nada. Não há mais espaço para promessas ou compaixão. Pego um pano encardido e o empurro em sua boca com força, silenciando os gritos agudos que já começam a rasgar minha paciência. Já ouvi essa melodia desesperada vezes demais; já a gravei em minha mente a ponto de me assombrar nos raros momentos de sono. Isso não pode me abalar agora. Não quando estou tão perto. Começo a recitar o feitiço, cada palavra antiga e áspera escorrendo da minha língua como veneno. O salão ao redor parece se contrair com minha voz, as luzes tremulando fracamente, sombras dançando nas paredes mancha
Meu sangue ferve como lava ardente enquanto Seraphina permanece incrivelmente relaxada diante de nós. Apesar de estar claramente em desvantagem, ela não demonstra um pingo de apreensão. Seus olhos dourados, cheios de uma malícia quase sobrenatural, deslizam sobre nós como quem observa três crianças tolas brincando de heróis em um mundo que está além de seu alcance. Essa postura insolente me enfurece ainda mais.Ela cruza os braços casualmente, como se Caelum não tivesse acabado de lançar uma proposta de acordo desesperado. Por um instante, tudo parece parado, o mundo retendo a respiração. Minha mente grita em protesto contra a ideia de oferecer qualquer coisa a ela, mas, se Seraphina é a única que pode salvar a vida dos meus filhos, eu aceito até vender minha alma.“Não, obrigada,” ela responde com uma frieza cortante, sua voz ecoando pelo salão como o som de vidro quebrando.Sinto meu peito queimar de indignação. A incredulidade me atinge como uma onda violenta, roubando o ar dos meu
Trazer Seraphina de volta para o reino de Veridiana foi muito mais fácil do que eu poderia imaginar. Um feitiço de portal fez com que a gente poupasse horas dentro de um carro de volta e maior tensão achando que Seraphina poderia tentar alguma coisa contra nós.“Voltaremos aos nossos aposentos, como nos velhos tempos, marido?” Seraphina comenta com sarcasmo na voz. Suas unhas passam pelo rosto de Caelum, ele desvia o rosto ao sentir seu toque.Eu desvio o olhar, sentindo um desconforto com a cena. Meus olhos pousam em Alexander, que também está olhando para mim, sinto um constrangimento surgir e encolhe meus ombros.“Não abuse da sua sorte, esposa.” Caelum declara com rispidez, ele agarra o pulso dela e a afasta do seu rosto. “Você ficará em uma cela, como uma boa criminosa que você é.”Os olhos de Seraphina faíscam e eu escuto o coração dela acelerar com a notícia. Ela se desvencilha do toque de Caelum e sai marchando pelo corredor do castelo. Noto Caelum revirar os olhos e ir atrás
UM MÊS DEPOIS …A sala onde estou é iluminada por um suave brilho dourado que entra pelas amplas janelas, refletindo nas superfícies polidas do mobiliário ornamentado. O espelho à minha frente ocupa quase toda a parede, e nele vejo minha imagem transformada em algo que parece tirado de um conto de fadas. Meu vestido de noiva é uma obra de arte. A renda delicada forma padrões intrincados que se espalham como galhos floridos, e as pequenas pedras preciosas que o adornam capturam a luz de maneira hipnotizante. O tecido creme contrasta lindamente com minha pele parda, como se o vestido tivesse sido feito para destacar cada detalhe meu.“Mamãe, você está parecendo uma princesa!” Elowen exclama com uma alegria tão pura que meu coração quase explode. Seus olhos verdes brilham como esmeraldas vivas, e o sorriso em seu rostinho é radiante.“Sua mãe vai se tornar uma duquesa, Elowen. Uma belíssima duquesa,” Lyra comenta cheia de orgulho.Sei que, para ela, o título é mais significativo do que a