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“Ok, eu preciso que vocês obedeçam às avós de vocês, está bem?” Minha voz soa calma, mas por dentro, uma onda de ansiedade me consome. Meus olhos encontram os de Thorne e Elowen, sentados lado a lado no sofá da sala. Seus corpos pequenos parecem perdidos no estofado grande demais para eles, mas suas pernas balançam nervosamente, denunciando o quanto estão inquietos.O brilho em seus olhos, uma mistura de medo e tristeza, faz meu coração apertar. A cada palavra que digo, sinto como se estivesse pedindo mais do que eles podem suportar. Eles não querem que eu vá. E, se eu for sincera, eu também não quero deixá-los.“Mas e se elas forem más com a gente?” Thorne pergunta, sua voz embargada, os olhos grandes começando a se encher de lágrimas. O tom choroso faz parecer que ele é ainda menor do que realmente é, sua fragilidade escancarada de uma maneira que me faz querer segurá-lo para sempre.“Elas não vão ser más, meu príncipe. Elas vão cuidar de vocês,” asseguro, tentando transmitir a tran
“Não, por favor, você não precisa fazer isso!” A voz da jovem lycan ecoa pelo salão escuro e abafado, carregada de desespero puro. Ela se debate em cima da mesa de pedra, as correntes enfeitiçadas rangendo sob a força de sua resistência inútil. O medo emana dela como uma onda palpável, enchendo o ar já pesado com o cheiro metálico de suor e sangue. “Eu juro que não direi nada, por favor! Me tire daqui!”Não digo nada. Não há mais espaço para promessas ou compaixão. Pego um pano encardido e o empurro em sua boca com força, silenciando os gritos agudos que já começam a rasgar minha paciência. Já ouvi essa melodia desesperada vezes demais; já a gravei em minha mente a ponto de me assombrar nos raros momentos de sono. Isso não pode me abalar agora. Não quando estou tão perto. Começo a recitar o feitiço, cada palavra antiga e áspera escorrendo da minha língua como veneno. O salão ao redor parece se contrair com minha voz, as luzes tremulando fracamente, sombras dançando nas paredes mancha
Meu sangue ferve como lava ardente enquanto Seraphina permanece incrivelmente relaxada diante de nós. Apesar de estar claramente em desvantagem, ela não demonstra um pingo de apreensão. Seus olhos dourados, cheios de uma malícia quase sobrenatural, deslizam sobre nós como quem observa três crianças tolas brincando de heróis em um mundo que está além de seu alcance. Essa postura insolente me enfurece ainda mais.Ela cruza os braços casualmente, como se Caelum não tivesse acabado de lançar uma proposta de acordo desesperado. Por um instante, tudo parece parado, o mundo retendo a respiração. Minha mente grita em protesto contra a ideia de oferecer qualquer coisa a ela, mas, se Seraphina é a única que pode salvar a vida dos meus filhos, eu aceito até vender minha alma.“Não, obrigada,” ela responde com uma frieza cortante, sua voz ecoando pelo salão como o som de vidro quebrando.Sinto meu peito queimar de indignação. A incredulidade me atinge como uma onda violenta, roubando o ar dos meu
Trazer Seraphina de volta para o reino de Veridiana foi muito mais fácil do que eu poderia imaginar. Um feitiço de portal fez com que a gente poupasse horas dentro de um carro de volta e maior tensão achando que Seraphina poderia tentar alguma coisa contra nós.“Voltaremos aos nossos aposentos, como nos velhos tempos, marido?” Seraphina comenta com sarcasmo na voz. Suas unhas passam pelo rosto de Caelum, ele desvia o rosto ao sentir seu toque.Eu desvio o olhar, sentindo um desconforto com a cena. Meus olhos pousam em Alexander, que também está olhando para mim, sinto um constrangimento surgir e encolhe meus ombros.“Não abuse da sua sorte, esposa.” Caelum declara com rispidez, ele agarra o pulso dela e a afasta do seu rosto. “Você ficará em uma cela, como uma boa criminosa que você é.”Os olhos de Seraphina faíscam e eu escuto o coração dela acelerar com a notícia. Ela se desvencilha do toque de Caelum e sai marchando pelo corredor do castelo. Noto Caelum revirar os olhos e ir atrás
UM MÊS DEPOIS …A sala onde estou é iluminada por um suave brilho dourado que entra pelas amplas janelas, refletindo nas superfícies polidas do mobiliário ornamentado. O espelho à minha frente ocupa quase toda a parede, e nele vejo minha imagem transformada em algo que parece tirado de um conto de fadas. Meu vestido de noiva é uma obra de arte. A renda delicada forma padrões intrincados que se espalham como galhos floridos, e as pequenas pedras preciosas que o adornam capturam a luz de maneira hipnotizante. O tecido creme contrasta lindamente com minha pele parda, como se o vestido tivesse sido feito para destacar cada detalhe meu.“Mamãe, você está parecendo uma princesa!” Elowen exclama com uma alegria tão pura que meu coração quase explode. Seus olhos verdes brilham como esmeraldas vivas, e o sorriso em seu rostinho é radiante.“Sua mãe vai se tornar uma duquesa, Elowen. Uma belíssima duquesa,” Lyra comenta cheia de orgulho.Sei que, para ela, o título é mais significativo do que a
Volto para a minha mesa na festa de casamento da Aria e Alexander com um peso em meu coração. Risadas ecoam pelo ambiente, misturando-se à música que preenche o ar com uma melodia suave e ritmada. Mesmo assim, tudo ao meu redor parece desbotado. Tento desviar os olhos da pista de dança, onde Alexander e Aria giram lentamente, suas expressões transbordando felicidade genuína. A alegria deles é quase palpável, algo que deveria aquecer o coração de qualquer um que assistisse à cena. Mas, para mim, é como um punhal fincado profundamente.‘Eu o entreguei em uma bandeja de prata.’ A declaração de Seraphina ainda ecoa em minha mente, mesmo após um mês. Sua voz, carregada de escárnio e raiva, insiste em me assombrar, mas há uma satisfação amarga em lembrar da surpresa dela ao perceber que o controle lhe escapara das mãos. Foi um triunfo ver a rainha fria e calculista desmoronar diante da virada da maré, sendo superada pela minha paciência.Minha vingança, irônica e sem derramamento de sangue,
“Está pronta para nossa lua de mel?” murmuro no ouvido da Aria, minha voz baixa e carregada de um tom propositalmente sedutor.O calor do corpo dela se intensifica contra o meu, e ouço o ritmo do coração dela acelerar, cada batida alta e forte como uma sinfonia que ecoa para mim. Isso é suficiente para fazer meu próprio desejo pulsar mais vivo. Seus olhos castanhos encontram os meus, brilhando com um misto de ansiedade e paixão, e o sorriso suave que ela me dá é como um convite silencioso, irresistível.Aria aperta minha mão com firmeza, seus dedos quentes entrelaçados nos meus, e juntos nos despedimos dos convidados. A celebração ainda ecoa ao fundo, com risos, música e aplausos, mas para mim, o mundo inteiro agora se reduz a ela. Elowen e Thorne nos observam enquanto partimos, os pequenos olhos cheios de curiosidade e entusiasmo, e um aceno final sela o momento. Nessa primeira noite, como marido e mulher, não há espaço para mais ninguém além de nós dois.Enquanto caminhamos em direçã
Ando de um lado para outro nesse pequeno cubículo que eles ousam chamar de cela. As paredes são de pedra fria, úmida, exalando um cheiro abafado de mofo e abandono. A luz pálida da lua cheia invade o ambiente por uma única janela alta, pequena demais para que eu possa sequer sonhar em escapar por ela. A luz cria sombras alongadas no chão de pedra, brincando com minha mente já à beira de um colapso.Uma risada histérica escapa dos meus lábios, um som que reverbera pelo espaço vazio, carregado de desespero e sarcasmo. Presa em uma torre. Isso é patético! Caelum tem um humor cruel, algo que só agora começo a perceber. Meu marido, o rei frouxo, guardou muitas facetas obscuras que nunca compartilhou comigo durante o nosso casamento.Agora, aqui estou, enjaulada na cela mais alta e isolada da prisão, como um animal perigoso que precisa ser contido. As runas gravadas nas paredes brilham fracamente, pulsando com uma energia que sinto roubar o pouco de força vital que me resta. É um fardo cons