Trazer Seraphina de volta para o reino de Veridiana foi muito mais fácil do que eu poderia imaginar. Um feitiço de portal fez com que a gente poupasse horas dentro de um carro de volta e maior tensão achando que Seraphina poderia tentar alguma coisa contra nós.“Voltaremos aos nossos aposentos, como nos velhos tempos, marido?” Seraphina comenta com sarcasmo na voz. Suas unhas passam pelo rosto de Caelum, ele desvia o rosto ao sentir seu toque.Eu desvio o olhar, sentindo um desconforto com a cena. Meus olhos pousam em Alexander, que também está olhando para mim, sinto um constrangimento surgir e encolhe meus ombros.“Não abuse da sua sorte, esposa.” Caelum declara com rispidez, ele agarra o pulso dela e a afasta do seu rosto. “Você ficará em uma cela, como uma boa criminosa que você é.”Os olhos de Seraphina faíscam e eu escuto o coração dela acelerar com a notícia. Ela se desvencilha do toque de Caelum e sai marchando pelo corredor do castelo. Noto Caelum revirar os olhos e ir atrás
UM MÊS DEPOIS …A sala onde estou é iluminada por um suave brilho dourado que entra pelas amplas janelas, refletindo nas superfícies polidas do mobiliário ornamentado. O espelho à minha frente ocupa quase toda a parede, e nele vejo minha imagem transformada em algo que parece tirado de um conto de fadas. Meu vestido de noiva é uma obra de arte. A renda delicada forma padrões intrincados que se espalham como galhos floridos, e as pequenas pedras preciosas que o adornam capturam a luz de maneira hipnotizante. O tecido creme contrasta lindamente com minha pele parda, como se o vestido tivesse sido feito para destacar cada detalhe meu.“Mamãe, você está parecendo uma princesa!” Elowen exclama com uma alegria tão pura que meu coração quase explode. Seus olhos verdes brilham como esmeraldas vivas, e o sorriso em seu rostinho é radiante.“Sua mãe vai se tornar uma duquesa, Elowen. Uma belíssima duquesa,” Lyra comenta cheia de orgulho.Sei que, para ela, o título é mais significativo do que a
Volto para a minha mesa na festa de casamento da Aria e Alexander com um peso em meu coração. Risadas ecoam pelo ambiente, misturando-se à música que preenche o ar com uma melodia suave e ritmada. Mesmo assim, tudo ao meu redor parece desbotado. Tento desviar os olhos da pista de dança, onde Alexander e Aria giram lentamente, suas expressões transbordando felicidade genuína. A alegria deles é quase palpável, algo que deveria aquecer o coração de qualquer um que assistisse à cena. Mas, para mim, é como um punhal fincado profundamente.‘Eu o entreguei em uma bandeja de prata.’ A declaração de Seraphina ainda ecoa em minha mente, mesmo após um mês. Sua voz, carregada de escárnio e raiva, insiste em me assombrar, mas há uma satisfação amarga em lembrar da surpresa dela ao perceber que o controle lhe escapara das mãos. Foi um triunfo ver a rainha fria e calculista desmoronar diante da virada da maré, sendo superada pela minha paciência.Minha vingança, irônica e sem derramamento de sangue,
“Está pronta para nossa lua de mel?” murmuro no ouvido da Aria, minha voz baixa e carregada de um tom propositalmente sedutor.O calor do corpo dela se intensifica contra o meu, e ouço o ritmo do coração dela acelerar, cada batida alta e forte como uma sinfonia que ecoa para mim. Isso é suficiente para fazer meu próprio desejo pulsar mais vivo. Seus olhos castanhos encontram os meus, brilhando com um misto de ansiedade e paixão, e o sorriso suave que ela me dá é como um convite silencioso, irresistível.Aria aperta minha mão com firmeza, seus dedos quentes entrelaçados nos meus, e juntos nos despedimos dos convidados. A celebração ainda ecoa ao fundo, com risos, música e aplausos, mas para mim, o mundo inteiro agora se reduz a ela. Elowen e Thorne nos observam enquanto partimos, os pequenos olhos cheios de curiosidade e entusiasmo, e um aceno final sela o momento. Nessa primeira noite, como marido e mulher, não há espaço para mais ninguém além de nós dois.Enquanto caminhamos em direçã
Ando de um lado para outro nesse pequeno cubículo que eles ousam chamar de cela. As paredes são de pedra fria, úmida, exalando um cheiro abafado de mofo e abandono. A luz pálida da lua cheia invade o ambiente por uma única janela alta, pequena demais para que eu possa sequer sonhar em escapar por ela. A luz cria sombras alongadas no chão de pedra, brincando com minha mente já à beira de um colapso.Uma risada histérica escapa dos meus lábios, um som que reverbera pelo espaço vazio, carregado de desespero e sarcasmo. Presa em uma torre. Isso é patético! Caelum tem um humor cruel, algo que só agora começo a perceber. Meu marido, o rei frouxo, guardou muitas facetas obscuras que nunca compartilhou comigo durante o nosso casamento.Agora, aqui estou, enjaulada na cela mais alta e isolada da prisão, como um animal perigoso que precisa ser contido. As runas gravadas nas paredes brilham fracamente, pulsando com uma energia que sinto roubar o pouco de força vital que me resta. É um fardo cons
Acordo sobressaltada, o som de batidas altas e constantes ecoa pelo andar inferior da minha nova casa, ressoando como tambores de alarme. Por um momento, fico paralisada, meu coração batendo descompassado enquanto tento discernir a origem do barulho. A voz de Caelum corta o silêncio, carregada de um desespero que raramente o vejo expressar. Isso me faz pular da cama, o medo envolvendo meu corpo como um manto sufocante.Visto um roupão e desço as escadas com pressa. Assim que abro a porta, sou imediatamente atingida pela expressão de Caelum. Seus olhos, profundos e normalmente cheios de força, agora estão obscurecidos pelo remorso e uma tristeza que parece quase palpável.“Caelum, o que houve? Aconteceu algo com as crianças?” pergunto, minha voz falha, carregada de preocupação. As palavras mal saem, e sinto o peso do medo apertando meu peito.Sem dizer nada, ele me entrega um papel amassado. Seus dedos tremem levemente enquanto o fazem, e isso só aumenta minha sensação de que algo terrí
“Foi isso que ela te disse?” minha voz ressoa na biblioteca, carregada de dúvida e ceticismo.Aria não para um segundo, andando de um lado para o outro no vasto espaço repleto de livros. Suas mãos apertam e soltam o tecido da camisa que veste, um reflexo involuntário da tempestade de emoções que a consome. Cada movimento dela parece amplificar a tensão no ambiente. Seus olhos brilham, intensos e perturbados, enquanto seus pés marcam um ritmo apressado no chão de pedra polida.Observo-a em silêncio, lutando contra o desejo de puxá-la para um abraço e sussurrar palavras reconfortantes. Mas o peso da situação é como uma parede invisível entre nós. Eu quero prometer que tudo vai ficar bem, mas como posso oferecer uma garantia que nem eu mesmo tenho? Cada palavra de Seraphina ecoa na minha mente como um sino distante e incômodo. Malakar, a Entidade do Reino Proibido. O nome por si só parece carregar um fardo sombrio. Agora que sabemos sua identidade, temos um ponto de partida, mas ainda há
Da varanda do meu quarto no castelo de Caelum, observo o pequeno exército do reino de Syltirion se aproximar lentamente. O grupo de soldados que chega está visivelmente abatido. Suas armaduras, desgastadas pela batalha e pelo tempo, brilham apenas de maneira opaca, enquanto seus passos arrastados denunciam o cansaço e a falta de esperança.A energia que emana deles é sufocante, e meu peito aperta com a percepção amarga de que nossas chances de vencer Malakar, a entidade que ameaça consumir tudo, são quase inexistentes. Mesmo de longe, posso sentir o peso da derrota pairando sobre eles, como uma sombra implacável.Desço até a entrada do castelo, o som de meus passos ecoando pelos corredores silenciosos. Quando alcanço o saguão, Caelum já está lá, imponente como sempre. Seu olhar está fixo, determinado, mas há algo nos olhos dele que me atinge: uma compreensão silenciosa que ele nunca verbaliza, mas que está sempre presente.Nós trocamos um olhar breve, e por um instante, minha mente se