“O que houve? Você não vai trabalhar essa noite? Está doente, por acaso?” Lyra, minha mãe, indaga com surpresa na voz.
Continuo sentada no tapete da sala, brincando com Elowen e Thorne. Os dois estão montando um castelo com peças de plástico e fingindo que é a fortaleza deles.
“Por causa do último atentado ao palácio. O rei tem investigado vários funcionários e com isso, o meu chefe fechou o salão pelos próximos dias.” Respondo cabisbaixa, tentando afastar a ansiedade e medo de ficar desempregada.
A recordação da minha última conversa com Caelum ainda ressoa em minha mente. A insinuação de que eu estava tendo um caso com o nojento e asqueroso do meu chefe, faz o
Ao chegar em frente ao prédio onde trabalho, um sentimento inquietante começa a se apoderar de mim. Algo parece errado, uma sensação indescritível que se instala como uma nuvem pesada sobre minha mente.Algo parece errado, uma sensação indescritível que se instala como uma nuvem pesada sobre minha mente. Paro por um instante na calçada, olhando para o edifício com uma sensação crescente de desconforto. Consulto meu relógio mais uma vez, verificando o horário. Estou dentro do tempo, e ainda assim, o silêncio que emana do prédio é perturbador. As luzes estão apagadas, as janelas, escuras e opacas, como olhos cegos que se recusam a revelar o que está acontecendo lá dentro. Era para meus colegas já estarem aqui, o som usual de conversas e movimentos deveria preencher
A mulher avança na minha direção como uma tempestade iminente, seus olhos brilhando com uma mistura de ódio e desespero. Atrás dela, cinco policiais armados seguem em sua esteira, seus rostos fechados, preparados para o que parece ser a confirmação de sua crença de que sou culpada. O pânico cresce dentro de mim como uma onda prestes a quebrar. Meu coração bate tão forte contra minhas costelas que parece que vai rasgar meu peito. Levanto as mãos em um gesto de redenção, tentando mostrar minha inocência, mas o gesto parece pequeno e insignificante diante da gravidade da situação.É nesse momento que o cheiro de sangue finalmente atinge minhas narinas, espesso e metálico, preenchendo o ar ao meu redor. A náusea sobe pela minha garganta, misturada ao desespero crescen
As luzes brilhantes de neon cintilam com uma intensidade quase hipnótica, lançando tons de azul, vermelho e verde por todo o ambiente do cassino, criando um espetáculo deslumbrante que parece transformar a noite em um caleidoscópio de cores vibrantes. O som constante das moedas caindo nos caça-níqueis, intercalado com o barulho suave das cartas sendo embaralhadas e as risadas soltas dos jogadores, preenche o ar com uma energia elétrica. É um ambiente que exala uma combinação perigosa de excitação e vício, onde cada ruído parece prometer a possibilidade de uma vitória avassaladora ou uma perda devastadora.As vozes animadas ao meu redor ecoam como uma música envolvente, mesclando-se com o som dos dados rolando e das fichas deslizando sobre as mesas, tudo isso alimenta minha determinação. Estou aqui para continuar jogando, para explorar até o último centavo da pilha de dinheiro que Aria me entregou par
Chegar a delegacia com duas crianças sonolentas de cinco anos no início da madrugada, é um inferno. A sensação de desespero e exaustão me invade, como se o peso do mundo estivesse sobre meus ombros, enquanto tento guiar Elowen e Thorne por esse cenário caótico. O local, mesmo àquela hora tardia, está longe de ser tranquilo; pelo contrário, está repleto de pessoas, com vozes altas ecoando pelo amplo salão, criando uma cacofonia que só aumenta o desconforto. As luzes fluorescentes, frias e implacáveis, iluminam o espaço de forma impiedosa, expondo cada canto e cada expressão de cansaço e ansiedade nos rostos dos que estão ali.Elowen e Thorne agarram minhas mãos com uma força que revela o quanto estão assustados. Posso sentir o tremor sutil em seus pequenos
A mãe de Aria é uma mulher amargurada e distraída, o tipo de pessoa que carrega nos ombros o peso das escolhas erradas, embora raramente se dê conta disso. Ela é o exemplo vivo de uma vida que poderia ter sido, mas que nunca foi; uma existência que se arrasta em meio a arrependimentos e expectativas não cumpridas. Ver aquela mulher sentada à mesa da roleta, despejando seus lamentos sobre a filha como se eu fosse um confidente de longa data, me encheu de um misto de descrença e desdém. Ela falava com uma familiaridade que beirava o absurdo, ignorando completamente o fato de que eu não era mais do que um estranho para ela.Usar magia de camuflagem no meu próprio cassino é algo que faço há muito tempo. É uma habilidade que se tornou quase instintiva, uma necessidade que se impôs conforme os anos
Com uma noite marcada por sonhos agitados e perturbadores sobre Aria, decido que a única maneira de acalmar minha mente inquieta é ir até a delegacia. Preciso saber exatamente do que ela está sendo acusada. Preciso entender por que essa mulher continua a orbitar meus pensamentos. A madrugada anterior tinha sido um turbilhão, e mesmo agora, enquanto o sol mal começava a se erguer no horizonte, eu sentia que precisava de respostas.A delegacia estava em plena atividade, mesmo àquela hora. Policiais e detetives caminhavam apressados de um lado para o outro, as vozes se misturando em um mar de ordens e relatórios, enquanto o barulho constante dos telefones tocando enchia o ambiente com uma tensão palpável. Ao entrar, não me preocupo com formalidades. O tempo é um luxo que não posso me dar. Meus passos são firmes,
A sala de interrogatório é um espaço opressor, uma caixa de paredes pálidas e impessoais, iluminada por uma luz branca que parece arrancar qualquer traço de cor ou vida do ambiente. O ar é carregado de tensão, e o cheiro metálico de tinta fresca e suor velho permeia o local, aumentando a sensação de desconforto. A mesa de metal entre mim e o detetive é fria e inexpressiva, refletindo a rigidez daquele lugar.A cadeira em que estou sentada é incrivelmente dura, e a dor incômoda que começa a se espalhar pela minha bunda só piora com o passar das horas. Cada minuto que se arrasta parece uma eternidade, e meu corpo clama por conforto, algo que está muito distante agora. Meu estômago ronca em um protesto audível, uma lembrança dolorosa de que a última coisa que comi foi no al
Me sinto sem chão, sem saber o que fazer ou pensar. As horas que fiquei no interrogatório, me deixando exaurida. Mesmo com o estado lamentável e nojento da cela, não tenho forças para resistir. Arrasto-me até o colchão fino, que parece mais um pedaço de papelão do que algo feito para proporcionar qualquer tipo de conforto. Sento-me com as costas contra a parede fria, sentindo o gelo penetrar na minha pele, como se o próprio edifício estivesse tentando congelar o que restou de mim. O colchão range sob o meu peso, um som agudo que ecoa na pequena cela, aumentando ainda mais a sensação de solidão.Em poucos minutos, as lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto, silenciosas e incessantes. Tento sufocar os soluços, mantendo o choro baixo, como se até aqui, onde ningué