Drave Frost, meu irmão mais velho, voltou. Não pensava nele há anos, desde que eu o bani do reino de Veridiana após a morte do nosso pai. Drave Frost, sempre com suas ideias perigosas, sua visão de poder tão deturpada quanto ele mesmo. A idealização de um governo baseado em opressão e força bruta é uma ameaça constante, e agora essa ameaça está próxima de Aria. Próxima dos meus filhos.A simples ideia de que Drave poderia estar tramando algo contra eles faz o sangue ferver em minhas veias. Minha família. Uma palavra que eu mal começo a compreender e que já se torna um alvo. Asher foi na frente para preparar as coisas para mim. Não posso locomover meus soldados até a cidade, isso ia levantar suspeitas e não quero que meu irmão saiba que estou chegando. Preciso do elemento surpresa ao meu favor.Além de que as coisas aqui na capital estão difíceis. Seraphina sumiu do mapa e isso me deixou preocupado, deixando que a nossa separação oficial fique complicada. O reino de Veridiana e de Sylti
Finalmente os deuses resolveram olhar para mim. É quase poético, como se, após anos de desprezo, eles resolvessem intervir, oferecendo-me uma oportunidade dourada. A chegada de Asher é esse presente divino, uma oferta dos céus para meus planos. Meus espiões, silenciosos e leais, espalhados por cada canto estratégico da cidade, mal demoraram a me informar assim que ele se instalou no hotel.Subornar alguns funcionários foi a parte mais fácil. Uma promessa de ouro, um olhar ameaçador, e as línguas se amarraram com um fervor que chega a ser cômico. Eles se fizeram de cegos e surdos enquanto eu torturava Asher. Fiz apenas por prazer e confirmar as minhas suspeitas sobre Caelum e Aria. Cada grito dele, cada respiração ofegante enquanto sua resistência se despedaçava diante de mim, foi uma sinfonia que eu apreciei como se fosse a composição mais sublime.Pelo jeito, nem mesmo o meu irmão sabia do potencial que há nos gêmeos. O poder que escorre naquelas duas pequenas criaturinhas. Admito que
“Senhora Seraphina?” Uma voz feminina surge de repente atrás de mim, se misturando com o som das ondas.Estou sentada de frente para o mar, admirando a praia enquanto planejo meus próximos movimentos.Olho para trás e noto a presença de uma mulher alta, negra, com o corpo definido, seus ombros são largos e seu olhar firme até me intimidaria se eu fosse humana.“Quem quer saber?” Eu questiono com desconfiança, já sentindo meus poderes formigarem em meus dedos.A mulher se aproxima e se senta ao meu lado, seu olhar percorre meu corpo como se estivesse avaliando se eu sou digna de saber a resposta.“Khiliana, venho em nome do meu rei…” ela responde com formalidade e eu arqueio a sobrancelha. Caelum não possuiu nenhuma funcionária chamada Khiliana. “Drave Frost,” ela completa.Pisco para ela surpresa com a declaração. Drave Frost se declarando rei? A audácia da criatura me deixa abismada. Pouso meu braço na cadeira em que estou sentada e me ajeito para conversar melhor com a Khiliana.“E o
Pela primeira vez na vida, eu consigo ter o deslumbre de como a minha vida será com Alexander e meus filhos juntos, uma família feliz. Observo com o coração aquecido e alegre, Alexander colocar Elowen de cavalinho em seus ombros enquanto Thorne segura a mão dele e conversa sobre os personagens favoritos dele. Elowen mexe nos cabelos pretos de Alex e ele nem se incomoda.Estamos andando pelo calçadão da praia até chegarmos na área onde as ondas não são tão agitadas para as crianças. Essa imagem que está se formando à minha frente é perfeita. Meus filhos felizes, Alexander feliz e eu feliz.Assim que nos ajeitamos na areia, Alexander me ajuda a passar protetor nas crianças. Estamos em perfeita sincronia, sem eu precisar me esforçar para ensiná-lo.Thorne e Elowen logo correm em disparada para a água com os seus brinquedos, animados para explorar o raso do mar. Observo Alexander ficar atento se as crianças estão seguras na água.Coloco a mão em cima do seu ombro despido, ele já começou a
É doloroso ver a imagem perfeita da família que deveria ser minha, mas há outro em meu lugar. A lembrança de presenciar meus filhos ao lado de Alexander e Aria, se divertindo e criando esse momento de união e amor, me causa uma náusea no estômago.Afasto a cena para o fundo da minha mente, não posso lidar com isso agora. Drave está na cidade e mesmo não gostando de como Aria escolheu ficar noiva de Alexander, não posso deixar que Drave separe os dois.A noite já chegou e eu estou observando a cidade da varanda do meu quarto. O som do oceano se mistura com o som dos carros e das pessoas andando na orla. É uma bela cidade, manchada pela presença imprevisível de meu irmão mais velho.O interfone toca e imagino que seja Alexander. Atendo e autorizo a subida dele para o meu quarto. Não temos tempo a perder sobre os assuntos passados, Alexander afinal estava certo… ele encontrou Aria primeiro, ele venceu.“Desculpa a demora, as crianças estavam um pouco agitadas e chateadas de terem que ir e
Um carro esportivo preto para na frente do hotel, um homem alto e musculoso de pele bronzeada desce e caminha na minha direção.“Vim buscá-la, senhora Seraphina,” o rapaz informa com uma voz grossa.“Em nome de quem?” questiono com desconfiança.Nos tempos atuais, não consigo confiar em ninguém nessa cidade. Caelum e Drave são homens astutos, mesmo que os níveis dessa astúcia sejam diferentes.“Meu rei Drave Frost, senhora,” o homem responde. “Você pode vir por bem ou por mal, mas vira comigo para vê-lo.”Sinto os meus poderes sobressaírem no meu corpo ao ouvir a ameaça do rapaz, um sorriso malicioso surge nos meus lábios. Levanto a mão e permito que uma faísca de eletricidade percorra entre os meus dedos.“Drave Frost não te alertou sobre mim, queridinho?” Eu rebato com humor. “Ninguém me obriga a fazer nada, então… não tente ser o primeiro.”O rapaz dá de ombros e abre a porta do carona para mim. Entro no carro com todos os meus sentidos em alerta, meus poderes prontos para serem us
“Aqui está!” Drave entra como uma tempestade, sua voz transbordando triunfo, enquanto segura um pequeno frasco nas mãos, erguendo-o como um troféu. “O sangue da Aria, prontinho para ser usado. Agora, faça sua parte… agora,” ele exige, a urgência naquelas palavras ecoando no espaço. Seus olhos verdes estão cheios de um brilho perigoso, uma mistura de ansiedade e determinação que deixa claro que cada segundo importa.Drave me entrega o frasco e eu fico tentada em questioná-lo como ele conseguiu o sangue da Aria. Será que ele precisou recorrer à força? Ou talvez algum engano habilidoso? Mas a necessidade do momento me prende a língua. Porém, tempo não pode ser desperdiçado e simplesmente inicio o uso da magia proibida para fazer o feitiço de shifter. A aura do feitiço começa a se erguer ao meu redor, densa e pesada como uma neblina carregada de eletricidade. Drave se posiciona ao meu lado, observando cada movimento meu com olhos afiados. É quase desconcertante como ele mistura o fascínio
Aria está sentada no sofá como se tivesse todo o tempo do mundo, mas cada detalhe de sua postura me provoca uma inquietação sutil. Ela cruza as pernas com um movimento natural, mas minha atenção é capturada quando o tecido do vestido florido sobe alguns centímetros, revelando a pele suave de suas coxas. Minha respiração hesita por um instante, e um calor involuntário percorre meu corpo antes que eu consiga desviar o olhar. Tento me recompor, mas algo sobre ela hoje parece diferente, quase hipnótico.“Sobre o que você quer conversar, Aria?” pergunto, com uma ponta de impaciência que mal consigo disfarçar. Minhas palavras saem mais ríspidas do que pretendia, mas é difícil manter a calma quando ela está tão perto, parecendo tão vulnerável e, ao mesmo tempo tão inacessível.Aria ergue o olhar para mim, seus olhos castanhos brilhando com uma intensidade que me faz desejá-la ainda mais."Caelum, nós não tivemos tempo de conversar sobre nada. E isso é culpa minha," ela admite, sua voz suave