— Boa tarde, Senhora Ferrer! — John cumprimenta ao entrar em seu escritório.
Me levando e aceito o seu aperto de mão. Sua mão é grande e áspera em contato com a pele macia da minha.Não sei se foi nervosismo por toda essa situação ou o fato de John parecer não me conhecer que havia me deixado momentaneamente sem palavras. Sinto que ele observa meu rosto, mas eu sequer consigo encarar seus olhos.Quando ele se afasta, cansado de esperar por uma resposta, e se acomoda em sua mesa, enfim solto o ar que nem ao menos sabia estar prendendo.Concentre-se Amanda!— Sente-se, por favor.Volto a me acomodar no sofá, agradecendo pela estabilidade do mesmo, e não confiando tanto assim em minhas penas bambas.Quando ergo o olhar e olho John nos olhos, vejo algo diferente neles. Ele ainda não me reconheceu, mas aquele brilho em seu olhar eu conhecia muito bem.Senti as maçãs do rosto ficarem quentes.— Quando fui informado está manhã que após o almoço teria uma reunião com uma tal de Senhora Ferrer, me perguntei se tal pessoa fosse uma cliente de algum empreendimento antigo. Ou algo do tipo. — Começou ele, falando sem desviar os olhos de mim. — Mas a Senhora não me parece uma de minhas clientes.Sorri, meu sorriso mais falso.— O senhor realmente não me reconheceu, Senhor Carter? — Perguntei com doçura.Pois esse jogo, eu sabia jogar.— Dúvido que sequer já a tenha visto.— Porque? — Rebati.John sorriu.— Por que eu jamais me esqueceria de alguém como você.Pisquei.Ele estava flertando comigo?Isso só havia me deixado mais confusa.— Eu havia me esquecido de como o Senhor era tão galanteador. — Falei, encarando seus olhos.John franziu o cenho por um momento.— Então a senhora já conhece esse meu lado?— Mais do que você imagina.— Perdão. Agora realmente estou confuso. De onde nos conhecemos? — Perguntou, desestabilizado.Ri em desdém. É claro que ele não se lembraria de mim. Mas por um breve momento achei que fosse algum joguinho seu.— Isso não importa agora. Temos assuntos importantes a tratar.Eu quase podia ver as engrenagens rodando em sua cabeça, ele, de testa franzida, pareceu tentar buscar algo em sua memória. Ao qual não achou.Senti meu orgulho mais um pouquinho ferido com isso. Apesar de não lembrar dos detalhes, eu saberia reconhecer seu rosto em uma multidão.E eu nem estava usando tanta maquiagem ao ponto de não ser reconhecida.— Quais assuntos seriam esses? — Perguntou, tomando uma postura mais profissional.Lhe dei um sorriso amarelo.— Acho que o Senhor deve dar uma olhada nesta papelada. — Falei, ciente de seus olhos sobre mim, me levantando e esfregando a pasta preta em suas mãos.Quando John as pegou, seus dedos tocaram os meus. Não sei se foi um ato premeditado, mas o olhar intenção que recebi após o contato, me trouxe sensações estranhas.Do tipo boas. — Quase fiz careta quando constatei isso.Voltando ao sofá, observei John abrir a pasta e tirar de lá o pequeno montinho de papel.— O que é isso? — John perguntou confuso, após longos minutos tentando decifrar o que estava escrito nos papéis.— Beta HCG positivo — falei, como se fosse óbvio.— E isso significa?Suspirei.— Que eu estou grávida!John sorriu de lado, e essa reação só não me foi mais estranha do que sua fala seguinte:— Meus parabéns! — Falou, mudando a postura. — Mas não entendo como isso tem algo haver comigo.Meus Deus! Eu teria que desenhar?— Você é o pai — falei sem rodeios.Com assombro, observei John dar uma longa gargalhada.Só quando ele constatou que eu não compartilhava de seu humor, que por fim parou de rir.Em um movimento rompante, John afastou sua cadeira ao ficar em pé e veio em minha direção.— Saia daqui! Eu não tenho tempo para oportunistas da sua espécie.Ele tenta pegar em meu braço para que, presumo, possa me expulsar de seu escritório, se não de seu prédio. Porém, sou mais rápida e me esquivo de seu toque.— Você não vai me tocar, John Carter! — Falo com frieza. — Se eu estou nesta situação, a culpa é toda sua! — Aponto o dedo em seu rosto. — Você me deu meio litro de vinho para "relaxar", e depois ficou com uma mulher bêbada! — Sinto as lágrimas molharem o meu rosto. — Se eu não tomei as pílulas é porque pensei que havia usado as malditas camisinhas que estavam em minha bolsa! — Solucei. — Agora você vai virar homem e assumir as suas responsabilidades, assim como eu vim até aqui para assumir as minhas. — Sentei novamente no sofá, tentando me recompor. — Podemos fazer quantos testes forem precisos, mas logo te aviso que eu tenho a plena certeza!Observei sua fúria se transformar em assombro. E, por um momento, apreciei isso.Eu havia falado tudo que estava formando um nó em minha garganta. Eu lutaria por meu bebê, com unhas, dentes e lágrimas, graças aos hormônios.Me pegando de surpresa, John se sentou no sofá, ao meu lado. Talvez, tentando absorver o choque.— Amanda Ferrer. — Ele falou meu nome, como se estivesse lembrando agora. — A garota de "John Carter igual ao filme"?Era engraçado pensar que ele só se lembrava de mim pela piada que havia feito com seu nome.Talvez eu realmente tenha ferido o seu ego.— A própria!John passou as mãos pelo rosto e cabelos, respirando fundo.— Amanda, me perdoe! Eu estava meio alto naquela noite também. Nem me lembro se usamos camisinhas, só vi as embalagens no lixo do banheiro e presumi isso. Foi tudo muito no automático!Eu queria dizer que ele havia sido um babaca no dia seguinte também, mas me vi dizendo:— Isso não importa agora.— Você tem certeza? — Perguntou, procurando meus olhos. — Digo. Tem certeza se...— Se estou grávida? — O interrompo. — Sim. Se o filho é seu? Mais ainda.John praguejou baixinho.— E agora?— E agora — falei me levantando do sofá, John fez o mesmo —, eu vou para a minha casa. O que tinha que fazer eu já fiz.Dei-lhe as costas, pronta para seguir até a porta.— Você não pode me dar uma notícia dessas e simplesmente ir embora com o meu filho na barriga! — protestou ele.Fogo queimou dentro de mim.— Ah não? Veja só!Percorri a pequena distância até a porta do seu escritório e a abri, estava quase em frente a mesa de sua secretária quando John, praguejando, veio atrás de mim e segurou meu ante braço.— Como vou saber se você estará segura?Ri em desdém.— Céus, John! — Exclamei. — Eu não estou carregando um rei na barriga!— Claro que não — concordou ofendido. — Apenas o meu filho!Ouvi o arguejo baixo de Elisa, sua secretária, e enfim percebi que estávamos fazendo uma cena na frente dela.Me aproximei um passo para mais perto de John, para que ele pudesse me escutar quando falei baixo.— Não me importo se você é ou não um homem importante. — Falei baixo, sentindo seu perfume amadeirado invadir meu nariz. — Não me importa se aquele quadro horroroso na sua parede vale mais que meu apartamento — John fez careta, ofendido. — Eu só quero que o meu bebê tenha um pai. Então quando essa criança nascer eu te ligo.Puxei meu braço de seu aperto.John passou sua mãos em seu rosto e cabelos, tentando se acalmar. Ele encarou meus olhos por um momento, como se buscasse alguma resposta de quaisquer que fossem as perguntas que enchiam sua mente.— Vamos. — Falou por fim, me pegando de surpresa e colocando sua mão na base de minha coluna, me conduzindo até o elevador.Seu toque me causou arrepios.— John, o que... — Tentei falar enquanto ele me guiava.Olhei para trás, vendo o rosto de Elisa tão em choque quanto o meu deveria estar.— Você vai se mudar para meu apartamento, hoje.Meu Deus! Onde eu tinha me enfiado?Aqui estou eu, no hall de entrada do apartemento de John, agarrada a minha bolsa, enquanto pessoas que nem mesmo conheço carregam e organizam minhas coisas em algum quarto luxuoso do apartamento. E, nem posso acreditar que aceitei essa loucura.A verdade é que essa foi uma batalha a qual eu perdir amargamente. Kat, minha melhor amiga traidora, concordou com John, enquanto estavamos em uma briga na porta do meu apartamento, que seria melhor assim. Que, John poderia me dar toda a "assistência" necessária nessa fase da minha vida, mas sei de qual "assistência" Kat estava falando quando deu um sorrisinho pra mim ao dizer suas palavras. — John por sua vez parece um paranoico e louco por controle. Não sei se a ficha não caiu ainda ou se esse é seu jeito dele absorver a noticia, mas ele parece considerar o nosso bebê como uma posse, e como ele não nasceu ainda, eu tenho tomado esse lugar, em sua visão distorcida.— John! — Kat grita atrás de mim, chamando a minha atenção e a de John que esta
— Amanda Ferrer? Você é a próxima.O primeiro ultrassom deveria ser um momento feliz, afinal, eu estava prestes a escutar o coraçãozinho do meu bebê pela primeira vez. Por mais que diga a mim mesma que o incômodo instalado dentro de mim é unicamente por causa do nervosismo, sei que parte desse incômodo é o sentimento de culpa me consumindo. John era uma babaca, mas ainda assim, também era pai do meu bebê. Por orgulho eu não falei para ele que estava prestes a fazer o primeiro ultrassom, mas a cada minuto que passava na sala de espera do consultório, eu me sentia mal com essa decisão.— Mandi? É a sua vez! — Minha amiga me cutuca, me tirando de meus pensamentos.Como sempre, Kaitlyn é minha fiel escudeira, e não poderia deixar de estar presente em um dos momentos mais marcantes da minha vida.Dando um sorriso amarelo para minha amiga, me levanto da poltrona da sala de espera e caminho para o consultório, com Kaitlyn no meu encalço.É tudo tão novo e marcante para mim que nos primeiros
Com a bexiga do tamanho de uma castanha, ter uma longa noite de sono tem se mostrado uma missão impossível a cada dia que passa. E, como se a insônia devido às várias idas ao banheiro não fosse o bastando, sinto estar a beira da loucura com o desejo de comer morangos com mostarda.Por vários minutos tentei mudar meu foco. Não pensar nesse desejo era como só pensar nele. Então, me dando por vencida, afasto os cobertores e sinto o ar gelado da noite me abraçar, arrepiando todos os pelos das partes expostas do meu corpo.Nesse momento, amaldiçoei a mim mesma por ter escolhido um baby-doll curto como pijama.Ignorando todos os instintos que me faziam querer me enroscar nas cobertas, crio forças para ir até a cozinha. Por mais que o chão de marmore não fizesse barulho abaixo de meus pés descalços, me vi andndo nas pontas dos pés, disposta a passar despercebida.Na cozinha escura, jurei ter escutado uma porta se abrindo e fechando em alguma parte do apartamento, mas constatando ser apesnas
Cassandra sorriu e, se eu já não a odiasse, poderia muito bem dizer que aquele era o típico sorriso de uma caçadora. Aquele que faria muitos homens perderem a cabeça, ou a fortuna. — E eu sou a... — Amanda! — John me interrompeu, mais uma vez. Essa situação já estava me deixando estressada. — Você já disse isso! — Rebateu a loira. John praguejou uma série de xingamentos. — É John Carter, você já falou a porra do meu nome! Então se você não quer me deixar contar, por favor, faça as honras! Passando as mãos pelo rosto e por seus cabelos, John suspirou. E, eu tinha certeza que ele buscava alguma maneira de sair de toda essa situação. Eu estava mais do que brava. Uma parte de mim — aquela que eu tentava abafar a todo custo, mas sem sucesso —, estava decepcionada. Se John mantinha um relacionamento com aquela mulher, a amante ali era eu. Seria difícil sair por cima numa situação dessas, ainda mais estando grávida do homem infiel. — Primeiro — John começou quando a loira coçou a
De 4,7 estrelas, a boate tinha só o bairro onde foi construída. Não foi preciso nem encarar o exterior do edifício por muito tempo para decidir que somente Kat tinha esse dom para descobrir lugares badalados e minimamente frequentáveis.— O senhor conhece o Strike's? — Perguntei ao motorista que me olhou como se tivesse crescido chifres na minha testa.— A casa de boliche? — Perguntou, mas eu podia sentir o julgamento em sua voz.Eu definitivamente não estava vestida para uma partida de boliche.— Essa mesmo.→★←Grande parte das lembranças felizes de minha adolescência eu adquiri no Strike's, e apesar da mulher brigando com o marido por ter me olhado por mais de meio segundo, as batatas fritas muchas em minha mesa ou os dois adolescentes em um amasso nojentamente molhado atrás de mim, eu ainda me sinto como se pertencesse a este local.
Se eu soubesse que uma simples decisão inconsequente me colocaria nesta situação, jamais teria a tomado.Meus olhos ardem e não preciso encarar meu reflexo no pequeno espelho em cima do lavatório para saber que estão vermelhos. Solto a respiração e tento relaxar, o que por sua vez não é nada fácil dado a minha atuação situação.— Vamos lá Amanda! — Incentivo a mim mesma. — E só mijar no maldito copo!Finalmente, depois de vinte minutos sentada na privada, consigo encher o copinho e molhar meus dedos no processo. Enrugando o nariz, apoio o copinho no lavatório e lavo as mãos, sem conseguir parar de encarar o líquido de cor amarelo-claro.Olá Deus, sou eu de novo! — Suplico em pensamentos.Pego o pequeno pacote metalizado e tiro de dentro a pequena fitinha e jogo-a dentro do copinho.Que se foda!Saio do banheiro sem esperar pelo resultado. A verdade é que, estou muito apavorada para isso, e sou uma covarde.Vou até a bancada da cozinha, pego meu celular e disco o número de Kaitlyn, no
TRÊS SEMANAS ANTES — Você sabe que precisa relaxar um pouco. Todo esse estresse não passa de tesão reprimido! Reviro meus olhos. — Essa é a sua solução para tudo, Kat. Às vezes acho que você só pode ser viciada ou pervertida demais para a sociedade.— Só porque gosto de usar a ferramenta que Deus me deu? Ao contrário da sua, mantenho a minha muito bem lubrificada!Sinto o calor subir até as minhas bochechas. Olhando ao redor, observo as várias pessoas presentes no restaurante em pleno horário de almoço. — Graças a Deus, todas preocupadas demais com seus pratos para prestarem atenção em nossa conversa.Lanço um olhar de repreensão na direção de minha amiga. Kaitlyn, com cinismo, apenas dá de ombro.Volto minha atenção ao meu prato de salada verde com frango, o que para Kat é incentivo suficiente para continuar a conversa.— Eu sei que você buscava aquela promoção, mas por mais competente que seja, no nosso mundo o que manda é o patriarcado, Mandi. — Ela fala, bebericando seu suco de
Só o apartamento do Senhor Bonitão dava com certeza para comprar o prédio em que eu morava inteiro. Tentando acalmar a inquietude crescente dentro de mim, observei tudo à minha volta enquanto ele trancava a porta de trava eletrônica. O ambiente era amplo e aberto com todo esse conceito de espaço que gente rica tem. Chão de mármore branco rajado, sofás longos e da cor cinza, lustre de cristal. De CRISTAL!Tudo limpo, tudo iluminado, tudo luxuoso. Até mesmo o quadro ridículo e abstrato na parede parecia valer mais que o meu apartamento, talvez até valesse mesmo.— Seu AP é... Hm... Legal — falo quando ouço seus passos atrás de mim.— Você achou? — Ele pergunta me abraçando por trás. — Não venho aqui muitas vezes — disse, afundando o rosto em meu pescoço, depositando pequenos beijos em minha pele.Ah, então este era o apartamento em que ele traz as conquistas da noite?Com um movimento rápido, ele me virou, para que ficasse de frente para ele e voltou a depositar beijos no meu pescoço su