— Porque você não pegou o dinheiro?
Revirei meus olhos.Kat havia inventado de fazer uma "noite das garotas" para que eu lhe contasse tudo que aconteceu na noite anterior. Por mais que tenha protestado, alegando não ter muita coisa para falar, ela insistiu tanto que cá estamos nós.— Por que eu não sou uma puta!— Ah, sei lá. Você nem se lembrava da foda, poderia ter saído de lá ganhando alguma coisa de fato.Bufei.— Não é porque eu não me lembro que eu não sei que foi boa. Afinal, é só mexer minhas pernas uma na outra, que posso sentir muito bem como John acabou comigo.Kat dá risada.— É uma pena ele ser um completo babaca, então — Kat fez beicinho. — Se não, você poderia pedir um biz!— E correr o risco de ser humilhada futuramente? Passo! — Falo abrindo um pacote de salgadinho de queijo. — E é exatamente por isso que prefiro não ficar com caras que conheci na noitada! — Enfio alguns salgadinhos na boca, saboreando o sabor enquanto Kat enruga o nariz para o cheiro típico dele. — Porra, eu queria só sexo tanto quanto qualquer homem naquela boate, mas no final quem é humilhada é sempre a mulher!Minha melhor amiga pisca excessivamente seus olhos para mim, como se dissesse: "Ah, drama feminino".Mas a realidade é que, por mais saciada que estivesse, estava frustrada por não me lembrar da noite com John. Que ele era um babaca, é fato, mas até então ninguém tinha me deixado no estado em que ele me deixou, e se seu sexo fosse tão bom quanto o seu beijo e a sua pegada... Lamento muito não está sóbria para aproveitar a noite que tivemos juntos.E agora, depois dele ser um completo babaca comigo, eu não tentaria procurar outro cara tão cedo.Sempre fui mais reservada. E, se fui para a balada em busca de macho, é porque a situação estava tão crítica que nem meu vibrador surtia mais efeito.— Na próxima vez você pode ir numa rapidinha no banheiro mesmo. Se não der certo com um, thank you, next!Foi a minha vez de enrugar o nariz.— Você é nojenta, Kat! — Ela me dá um tapinha em protesto. — Você já viu o estado dos banheiros das boates?Com um movimento de sua mão, Kat descarta minha pergunta e fala:— O que eu quero dizer, Mandi, é que você não precisa passar a noite com um cara só. E, se preferir assim, tente ficar sóbria para que depois da foda você possa dar um fora o mais rápido possível!— Anotado! — Falo desenhando um "check" com o dedo no ar.Kat ri, balançando a cabeça e fazendo seus fios loiros ondularem no processo.— Mas então, e a sua noite com aquele carinha lá? Rendeu alguma coisa?— Não! — Kat faz beicinho.— Sério?De nós duas, Kat era a única que sabia aproveitar uma noitada. Sempre aparecia com uma nova história de sexo com um estranho gato.— O cara só curtia sexo anal. Você sabe o que eu penso sobre isso!— Nada entra, só sai! — Falo rindo.— Exatamente! Quando ele veio com a conversinha de enfiar um plug anal em mim, eu caí fora.Não consigo segurar uma longa risada.→★←Estava no mercado fazendo compras quando passo pelo corredor de higiene pessoal e meus olhos batem na prateleira de absorventes, procuro a marca que uso com abas, pego um pacotinho e jogo no carrinho.No caixa, a moça que registra minhas compras é muito simpática, ela puxa assunto enquanto vai passando o código de barras de cada produto. Até que ela pega o pacote de absorventes.— Essa marca não te dar alergia? Toda vez que uso tenho alergia.— Em mim não. Inclusive mês passado...Arregalo os olhos.Ainda não havia descido a minha menstruação.Normalmente ele vem no começo do mês, lá para o dia dois ou três...— Moça, está tudo bem? — A mulher do caixa pergunta quando vê que não terminei minha fala.— Que dia é hoje? — Pergunto, meio trêmula.— Dia dezoito, quarta-feira.Só podia ser sacanagem...→★←Chego em meu apartamento as preças, mal fecho a porta e já jogo as sacolas no chão. Estou soando tanto, que não sei quando o dia passou de frio e nublado para um color de quarenta graus. Ou havia algo muito errado com o tempo, ou comigo.Droga!Corro até meu quarto e vasculho meu closet, não acho nada. Olho no banheiro, mesinha de cabeceira, cômoda, em tudo e não acho o que estou procurando.Um fio de suor escorre por minha coluna.E só quando deito no chão para absorver o seu frio e tentar me acalmar, que vejo por fim minha pequena bolsinha em baixo da cama.Puxo ela e vasculho seu interior, pego o pequeno pacote metalizado e vejo que restou somente um.Suspiro aliviada.Eu havia usado três das quatro camisinhas que Kat havia me dado antes de ir para a balada no final do mês passado.O pensamento de ter ficado com John mais de uma vez naquela noite, faz meu rosto corar.Amanhã vou marcar uma consulta com a minha ginecologista. Isso não é normal... E se eu estiver com um cisto no ovário?Volto para pegar e guardar minhas compras. Enquanto guardo meus mantimentos dou risada do susto que tive a pouco.Começo a preparar a salada verde com frango que tanto amo e estava morrendo de vontade de comer. Mas ao contrário dos molhos, tempero ela com bastante vinagre pois estava até com água na boca para come-la bem azedinha.Sento na sala e coloco uma série para passar na televisão enquanto como e aproveito o restante do meu dia de folga.Estou na metade do prato quando sinto minha boca salivar, e não de um modo bom.Corro até o banheiro e despejo todo conteúdo do que acabo de comer para fora. Acho que pode ter até mesmo alface no meu nariz. Vomito tanto, que quando a ânsia vem, não tenho mais nada para colocar para fora.Tento dizer a mim mesma que isso foi desencadeado pelo excesso de vinagre na minha salada. Mas acabo fracassando em acreditar em minha própria desculpa.Merda, tenho que comprar um teste!— Se vocês usaram camisinhas, como que você ficou grávida então? Porque todo mundo sabe que o menino Jesus já nasceu!Ri das gracinhas de Kaitlyn. Por mais que tenha chorado muito ao ponto de gastar duas caixas de lenços, agora, graças a minha amiga, me sinto um pouco mais tranquila.— Eu não sei Kat, às vezes ele pegou as camisinhas mas não as usou.— Isso não faz sentido, Mandi! — Ela protestou. — Ele deixou bem claro no outro dia que não queria nenhuma ligação com você.Por mais que seja verdade, ouvi essas palavras saírem de sua boca e tomarem forma, me deixou desconfortável.— É, mas agora não há muito o que fazer — falei foleando a lista telefônica que Kat trouxe.Depois de vinte minutos, joguei de lado a lista e falei com os olhos marejados:— Nenhum John Carter.Uma lágrima escorreu por meu rosto, mas logo tratei de seca-la com as costa da mão.Malditos hormônios!— Ei, não precisa chorar. A gente vai dar um jeito! — Ela tenta me acalmar. — O nome é a única coisa que você lemb
— Boa tarde, Senhora Ferrer! — John cumprimenta ao entrar em seu escritório.Me levando e aceito o seu aperto de mão. Sua mão é grande e áspera em contato com a pele macia da minha.Não sei se foi nervosismo por toda essa situação ou o fato de John parecer não me conhecer que havia me deixado momentaneamente sem palavras. Sinto que ele observa meu rosto, mas eu sequer consigo encarar seus olhos. Quando ele se afasta, cansado de esperar por uma resposta, e se acomoda em sua mesa, enfim solto o ar que nem ao menos sabia estar prendendo. Concentre-se Amanda!— Sente-se, por favor.Volto a me acomodar no sofá, agradecendo pela estabilidade do mesmo, e não confiando tanto assim em minhas penas bambas.Quando ergo o olhar e olho John nos olhos, vejo algo diferente neles. Ele ainda não me reconheceu, mas aquele brilho em seu olhar eu conhecia muito bem.Senti as maçãs do rosto ficarem quentes.— Quando fui informado está manhã que após o almoço teria uma reunião com uma tal de Senhora Ferr
Aqui estou eu, no hall de entrada do apartemento de John, agarrada a minha bolsa, enquanto pessoas que nem mesmo conheço carregam e organizam minhas coisas em algum quarto luxuoso do apartamento. E, nem posso acreditar que aceitei essa loucura.A verdade é que essa foi uma batalha a qual eu perdir amargamente. Kat, minha melhor amiga traidora, concordou com John, enquanto estavamos em uma briga na porta do meu apartamento, que seria melhor assim. Que, John poderia me dar toda a "assistência" necessária nessa fase da minha vida, mas sei de qual "assistência" Kat estava falando quando deu um sorrisinho pra mim ao dizer suas palavras. — John por sua vez parece um paranoico e louco por controle. Não sei se a ficha não caiu ainda ou se esse é seu jeito dele absorver a noticia, mas ele parece considerar o nosso bebê como uma posse, e como ele não nasceu ainda, eu tenho tomado esse lugar, em sua visão distorcida.— John! — Kat grita atrás de mim, chamando a minha atenção e a de John que esta
— Amanda Ferrer? Você é a próxima.O primeiro ultrassom deveria ser um momento feliz, afinal, eu estava prestes a escutar o coraçãozinho do meu bebê pela primeira vez. Por mais que diga a mim mesma que o incômodo instalado dentro de mim é unicamente por causa do nervosismo, sei que parte desse incômodo é o sentimento de culpa me consumindo. John era uma babaca, mas ainda assim, também era pai do meu bebê. Por orgulho eu não falei para ele que estava prestes a fazer o primeiro ultrassom, mas a cada minuto que passava na sala de espera do consultório, eu me sentia mal com essa decisão.— Mandi? É a sua vez! — Minha amiga me cutuca, me tirando de meus pensamentos.Como sempre, Kaitlyn é minha fiel escudeira, e não poderia deixar de estar presente em um dos momentos mais marcantes da minha vida.Dando um sorriso amarelo para minha amiga, me levanto da poltrona da sala de espera e caminho para o consultório, com Kaitlyn no meu encalço.É tudo tão novo e marcante para mim que nos primeiros
Com a bexiga do tamanho de uma castanha, ter uma longa noite de sono tem se mostrado uma missão impossível a cada dia que passa. E, como se a insônia devido às várias idas ao banheiro não fosse o bastando, sinto estar a beira da loucura com o desejo de comer morangos com mostarda.Por vários minutos tentei mudar meu foco. Não pensar nesse desejo era como só pensar nele. Então, me dando por vencida, afasto os cobertores e sinto o ar gelado da noite me abraçar, arrepiando todos os pelos das partes expostas do meu corpo.Nesse momento, amaldiçoei a mim mesma por ter escolhido um baby-doll curto como pijama.Ignorando todos os instintos que me faziam querer me enroscar nas cobertas, crio forças para ir até a cozinha. Por mais que o chão de marmore não fizesse barulho abaixo de meus pés descalços, me vi andndo nas pontas dos pés, disposta a passar despercebida.Na cozinha escura, jurei ter escutado uma porta se abrindo e fechando em alguma parte do apartamento, mas constatando ser apesnas
Cassandra sorriu e, se eu já não a odiasse, poderia muito bem dizer que aquele era o típico sorriso de uma caçadora. Aquele que faria muitos homens perderem a cabeça, ou a fortuna. — E eu sou a... — Amanda! — John me interrompeu, mais uma vez. Essa situação já estava me deixando estressada. — Você já disse isso! — Rebateu a loira. John praguejou uma série de xingamentos. — É John Carter, você já falou a porra do meu nome! Então se você não quer me deixar contar, por favor, faça as honras! Passando as mãos pelo rosto e por seus cabelos, John suspirou. E, eu tinha certeza que ele buscava alguma maneira de sair de toda essa situação. Eu estava mais do que brava. Uma parte de mim — aquela que eu tentava abafar a todo custo, mas sem sucesso —, estava decepcionada. Se John mantinha um relacionamento com aquela mulher, a amante ali era eu. Seria difícil sair por cima numa situação dessas, ainda mais estando grávida do homem infiel. — Primeiro — John começou quando a loira coçou a
De 4,7 estrelas, a boate tinha só o bairro onde foi construída. Não foi preciso nem encarar o exterior do edifício por muito tempo para decidir que somente Kat tinha esse dom para descobrir lugares badalados e minimamente frequentáveis.— O senhor conhece o Strike's? — Perguntei ao motorista que me olhou como se tivesse crescido chifres na minha testa.— A casa de boliche? — Perguntou, mas eu podia sentir o julgamento em sua voz.Eu definitivamente não estava vestida para uma partida de boliche.— Essa mesmo.→★←Grande parte das lembranças felizes de minha adolescência eu adquiri no Strike's, e apesar da mulher brigando com o marido por ter me olhado por mais de meio segundo, as batatas fritas muchas em minha mesa ou os dois adolescentes em um amasso nojentamente molhado atrás de mim, eu ainda me sinto como se pertencesse a este local.
Se eu soubesse que uma simples decisão inconsequente me colocaria nesta situação, jamais teria a tomado.Meus olhos ardem e não preciso encarar meu reflexo no pequeno espelho em cima do lavatório para saber que estão vermelhos. Solto a respiração e tento relaxar, o que por sua vez não é nada fácil dado a minha atuação situação.— Vamos lá Amanda! — Incentivo a mim mesma. — E só mijar no maldito copo!Finalmente, depois de vinte minutos sentada na privada, consigo encher o copinho e molhar meus dedos no processo. Enrugando o nariz, apoio o copinho no lavatório e lavo as mãos, sem conseguir parar de encarar o líquido de cor amarelo-claro.Olá Deus, sou eu de novo! — Suplico em pensamentos.Pego o pequeno pacote metalizado e tiro de dentro a pequena fitinha e jogo-a dentro do copinho.Que se foda!Saio do banheiro sem esperar pelo resultado. A verdade é que, estou muito apavorada para isso, e sou uma covarde.Vou até a bancada da cozinha, pego meu celular e disco o número de Kaitlyn, no