Capítulo 127 Don Alexei Kim Enquanto saíamos da sala de ultrassonografia, um misto de alívio e ansiedade ainda pulsava no meu peito. Malu parecia mais animada, o que era um alívio, mas eu ainda estava processando a notícia: dois bebês. Gêmeos. Era quase impossível acreditar. Malu olhou para mim com um sorriso cansado, mas genuíno, enquanto segurava Sofia, que dormia profundamente em seus braços. — Dois, Alexei. Dois bebês... — Sua voz era cheia de emoção, quase um sussurro. Assenti, olhando para ela. — Dois bebês... — repeti, como se dizer em voz alta ajudasse a tornar aquilo mais real. O médico nos garantiu que tudo estava sob controle e que ela precisava descansar. Voltamos para o quarto onde Malu poderia ficar mais confortável. Assim que nos acomodamos, puxei uma cadeira ao lado da cama. Sofia dormia tranquila no peito de Malu, e aquele momento parecia algo que eu não merecia, mas pelo qual lutaria com todas as forças para proteger. — Como você está? — p
Capítulo 128 Maria Luíza Duarte Quando saímos do hospital eu não conseguia pensar em mais nada além de dar na cara daqueles infelizes, que ousaram encostar nos nossos filhos. Alexei carregou a pequena, adormecida nos braços enquanto eu olhava no relógio a cada segundo, ansiosa pra chegar em casa. Deixamos ela com a Neide e fui com Alexei até o porão. Meu coração estava endurecido, dessa vez ousaram mexer com parte de mim. Haviam muitos amarrados naquele lugar. Alexei olhou para os lados e perguntou aos seus homens. — Todos envolvidos? — Sim, Don — Nazar respondeu. Pude ver o ódio evidente nos olhos de Alexei. Ele puxou a pistola e foi perto do primeiro. — Não vou perder tempo com esses lixos — atirou na cabeça. Ele começou a atirar em todos os soldados envolvidos, matando rapidamente com um tiro na cabeça de cada um sem errar um milímetro. — Tirem essas merdas daqui e ateiem fogo. Vi nossos homens começarem a soltar os mortos e tirarem d
Capítulo 129 Maria Luíza Duarte Encarei Erika. — Você achou que sairia ilesa depois de tocar nos meus filhos? — minha voz saiu carregada de ódio — Nem quero imaginar o que poderia ter acontecido com meus bebês. — Eu não machucaria a Sofia, não deixaria ninguém encostar. Eu só queria ela pra mim, não posso ter filhos! — Não poderá mesmo. Vou garantir isso. Peguei uma lâmina de faca que estava sobre a mesa. A ponta reluzia sob a luz fraca do porão. Me aproximei devagar, deixando o som dos meus saltos ecoar no chão, como um prenúncio do que estava por vir. Érika começou a gritar e a se debater, mas não havia escapatória. Eu estava com raiva. — Cala a boca! — gritei, segurando seu queixo com força. — Cada grito seu só me dá mais vontade de continuar. Arrastei a lâmina pela pele do braço dela, sem cortar fundo, mas o suficiente para deixar um rastro de dor e sangue. — Isso é por mexer com os meus filhos, inclusive os da minha barriga. Quero te ouvir gritar
Capítulo 130 Maria Luíza Duarte Os gritos de Érika e os gemidos abafados de Gregory ainda ecoavam pelo porão, mas já eram fracos. A dor os consumia, roubando-lhes as forças. — Gregory... como se sente? — Alexei murmurou, agachando-se ao lado do primo. Ele pegou um punhal de lâmina curta que Nazar havia deixado sobre a mesa e o cravou na perna de Gregory, girando devagar. Gregory tossiu sangue, mal conseguindo responder. Alexei o segurou pelos cabelos, forçando-o a olhar em seus olhos. — Fala, porra! Ainda pareço bonzinho pra você, caralho? — rugiu. — Não... Me deixa morrer. Pelo que já fomos, me deixe em paz. — Nunca fomos além de uma mentira. Quero que conheça o Don piedoso e incapaz de trair alguém que você supôs... Alexei sorriu, mas era um sorriso frio, sem alma. Ele cravou a lâmina fundo no peito de Gregory, mas propositalmente não atingiu nenhum ponto vital. — Traidores não merecem clemência, primo. Enquanto isso, eu me voltei para Érika.
Capítulo 131 Maria Luíza Duarte A água quente escorria pelo meu corpo, levando consigo os vestígios do que havia acontecido no porão. Fechei os olhos, deixando o vapor preencher meus pulmões enquanto tentava silenciar a confusão em minha mente. Estava tão absorta em meus pensamentos que quase não percebi a porta do banheiro se abrindo. Ouvi passos firmes e logo a voz grave de Alexei quebrou o silêncio. — Malu... Estou aqui. Abri os olhos, vendo sua silhueta através do vidro embaçado. Ele entrou sem pressa, tirando a camisa e o restante das roupas. Quando deslizou a porta do box, o vapor revelou seu olhar intenso, mas, desta vez, havia algo de diferente nele. Não era o homem que acabou de torturar um traidor no porão. Era o homem que eu amava. Alexei entrou no chuveiro e imediatamente envolveu meus braços nos seus, me puxando para perto. Sua pele estava quente contra a minha, como se carregasse o calor do que acabou de fazer lá fora. — Você está bem? — Ele perg
Capítulo 132 Don Alexei Kim Havia algo em Maria Luíza que me deixava louco. Sempre houve, desde o primeiro dia em que a vi. Mas agora, grávida de nossos gêmeos, ela tinha uma aura que era quase impossível de descrever. Ela estava diferente. Não apenas mais bonita – isso ela sempre foi –, estava poderosa. Intocável. Sensual demais. Como se carregasse em si o peso do mundo, e ainda assim, sorrisse como se fosse leve. Quando a deitei na cama, seus olhos me encararam com aquele brilho que só ela tinha. Era ao mesmo tempo suave e desafiante, uma mistura que me consumia por inteiro. Me ajoelhei ao seu lado, deslizando a palma da mão por sua barriga, sentindo o leve movimento dos nossos filhos. — Você não tem ideia do quanto está linda assim, Malu. — Minha voz saiu mais rouca do que eu pretendia. Ela sorriu, aquele som suave que parecia entrar direto no meu sangue, acelerando tudo em mim. — É só a gravidez, Alexei. Não precisa exagerar. Eu estreitei os olhos, inclinando-
Capítulo 133 Maria Luíza Duarte Acordei antes de Alexei, diferente de como era o costume. A luz suave do dia começava a entrar pela janela, e eu fiquei por um momento apenas observando-o. Ele estava ali, sereno, ainda imerso no sono, com a respiração tranquila e a expressão relaxada. Algo nele, naquele instante, parecia diferente. Eu estava tão acostumada à rotina intensa da nossa vida, sempre correndo de um lado para o outro, sempre com alguma missão em mente, que o fato de ele ainda estar dormindo me pegou de surpresa. Normalmente, ele já estaria levantando, pronto para enfrentar o dia com a sua energia habitual. Mas hoje não. Hoje, ele estava ali, ao meu lado, no nosso refúgio. Eu não sabia dizer por que, mas a presença dele, mesmo enquanto dormia, me fazia sentir uma calma rara. Uma sensação boa, de que podíamos simplesmente parar, respirar e estar juntos. Eu ainda tocava levemente a barriga, sentindo os gêmeos se mexendo. Era algo que me fazia sorrir discretamente,
Capítulo 134 Maria Luíza Duarte — O que foi isso? — Alexei perguntou, preocupado. — Ela se assustou, esse soldado nunca entra aqui, Don. — Neide explicou, algo que eu já sabia. Fui até a pequena e a chamei para o meu colo, ela veio imediatamente. — Minha lindinha, aquele é um soldado do papai. Ele veio para cuidar da casa, cuidar da gente. Não precisa ter medo dele. Dá tchau para o soldado. Alexei olhou para o soldado e pigarreou. De sério foi engraçado que o homem forçou um sorriso esquisito, e mais engraçado foi uma risada alta que ouvi, quase me assustando da Ivete. — Oh Jesus! Assim você assusta mais a criança, homem. Dá um sorriso descente, é a filha do Don, caramba. — Era Ivete que vinha enxugando as mãos num avental da cozinha. O bom foi que Sofia adora a Ivete e sorriu com a risada dela. O soldado acenou tentando parecer mais simpático e a Sofia olhou para minha mão dando tchau, e devagar mexeu a mãozinha meio torta, fazendo parecido comigo. Emb