Capítulo 130 Maria Luíza Duarte Os gritos de Érika e os gemidos abafados de Gregory ainda ecoavam pelo porão, mas já eram fracos. A dor os consumia, roubando-lhes as forças. — Gregory... como se sente? — Alexei murmurou, agachando-se ao lado do primo. Ele pegou um punhal de lâmina curta que Nazar havia deixado sobre a mesa e o cravou na perna de Gregory, girando devagar. Gregory tossiu sangue, mal conseguindo responder. Alexei o segurou pelos cabelos, forçando-o a olhar em seus olhos. — Fala, porra! Ainda pareço bonzinho pra você, caralho? — rugiu. — Não... Me deixa morrer. Pelo que já fomos, me deixe em paz. — Nunca fomos além de uma mentira. Quero que conheça o Don piedoso e incapaz de trair alguém que você supôs... Alexei sorriu, mas era um sorriso frio, sem alma. Ele cravou a lâmina fundo no peito de Gregory, mas propositalmente não atingiu nenhum ponto vital. — Traidores não merecem clemência, primo. Enquanto isso, eu me voltei para Érika.
Capítulo 131 Maria Luíza Duarte A água quente escorria pelo meu corpo, levando consigo os vestígios do que havia acontecido no porão. Fechei os olhos, deixando o vapor preencher meus pulmões enquanto tentava silenciar a confusão em minha mente. Estava tão absorta em meus pensamentos que quase não percebi a porta do banheiro se abrindo. Ouvi passos firmes e logo a voz grave de Alexei quebrou o silêncio. — Malu... Estou aqui. Abri os olhos, vendo sua silhueta através do vidro embaçado. Ele entrou sem pressa, tirando a camisa e o restante das roupas. Quando deslizou a porta do box, o vapor revelou seu olhar intenso, mas, desta vez, havia algo de diferente nele. Não era o homem que acabou de torturar um traidor no porão. Era o homem que eu amava. Alexei entrou no chuveiro e imediatamente envolveu meus braços nos seus, me puxando para perto. Sua pele estava quente contra a minha, como se carregasse o calor do que acabou de fazer lá fora. — Você está bem? — Ele perg
Capítulo 132 Don Alexei Kim Havia algo em Maria Luíza que me deixava louco. Sempre houve, desde o primeiro dia em que a vi. Mas agora, grávida de nossos gêmeos, ela tinha uma aura que era quase impossível de descrever. Ela estava diferente. Não apenas mais bonita – isso ela sempre foi –, estava poderosa. Intocável. Sensual demais. Como se carregasse em si o peso do mundo, e ainda assim, sorrisse como se fosse leve. Quando a deitei na cama, seus olhos me encararam com aquele brilho que só ela tinha. Era ao mesmo tempo suave e desafiante, uma mistura que me consumia por inteiro. Me ajoelhei ao seu lado, deslizando a palma da mão por sua barriga, sentindo o leve movimento dos nossos filhos. — Você não tem ideia do quanto está linda assim, Malu. — Minha voz saiu mais rouca do que eu pretendia. Ela sorriu, aquele som suave que parecia entrar direto no meu sangue, acelerando tudo em mim. — É só a gravidez, Alexei. Não precisa exagerar. Eu estreitei os olhos, inclinando-
Capítulo 133 Maria Luíza Duarte Acordei antes de Alexei, diferente de como era o costume. A luz suave do dia começava a entrar pela janela, e eu fiquei por um momento apenas observando-o. Ele estava ali, sereno, ainda imerso no sono, com a respiração tranquila e a expressão relaxada. Algo nele, naquele instante, parecia diferente. Eu estava tão acostumada à rotina intensa da nossa vida, sempre correndo de um lado para o outro, sempre com alguma missão em mente, que o fato de ele ainda estar dormindo me pegou de surpresa. Normalmente, ele já estaria levantando, pronto para enfrentar o dia com a sua energia habitual. Mas hoje não. Hoje, ele estava ali, ao meu lado, no nosso refúgio. Eu não sabia dizer por que, mas a presença dele, mesmo enquanto dormia, me fazia sentir uma calma rara. Uma sensação boa, de que podíamos simplesmente parar, respirar e estar juntos. Eu ainda tocava levemente a barriga, sentindo os gêmeos se mexendo. Era algo que me fazia sorrir discretamente,
Capítulo 134 Maria Luíza Duarte — O que foi isso? — Alexei perguntou, preocupado. — Ela se assustou, esse soldado nunca entra aqui, Don. — Neide explicou, algo que eu já sabia. Fui até a pequena e a chamei para o meu colo, ela veio imediatamente. — Minha lindinha, aquele é um soldado do papai. Ele veio para cuidar da casa, cuidar da gente. Não precisa ter medo dele. Dá tchau para o soldado. Alexei olhou para o soldado e pigarreou. De sério foi engraçado que o homem forçou um sorriso esquisito, e mais engraçado foi uma risada alta que ouvi, quase me assustando da Ivete. — Oh Jesus! Assim você assusta mais a criança, homem. Dá um sorriso descente, é a filha do Don, caramba. — Era Ivete que vinha enxugando as mãos num avental da cozinha. O bom foi que Sofia adora a Ivete e sorriu com a risada dela. O soldado acenou tentando parecer mais simpático e a Sofia olhou para minha mão dando tchau, e devagar mexeu a mãozinha meio torta, fazendo parecido comigo. Emb
Capítulo 135 Maria Luíza Duarte O sol brilhava alto, espalhando uma luz dourada sobre o jardim. O ar fresco e perfumado das flores se misturava com o som suave dos risos, criando uma atmosfera de paz que eu não via há muito tempo. Estávamos todos ali, sentados sobre a grama verde, e a sensação de felicidade parecia preencher cada canto daquele espaço. Dona Olga estava ao meu lado, com Sofia sentada no seu colo. A pequena adorava estar perto da avó, que, apesar das dificuldades passadas, agora exibia um sorriso sereno. Alexei estava deitado de costas, com os braços atrás da cabeça, olhando para o céu azul. Nem parece o mesmo homem que tinha medo de se sujar no chão. Sua presença ali, ao meu lado, fazia tudo parecer mais seguro, mais tranquilo. Eu me sentia completa, com a sensação de que finalmente estávamos, todos nós, encontrando o equilíbrio. Sofia, com seus olhos grandes e curiosos, estava encantada com o movimento dos pássaros no céu. Ela falava palavras desc
Capítulo 136 Anastasia Kim (Antes do casamento) Eu só reclamei que não queria casar com meu noivo Yuri, mas ao invés de me apoiar, ele me prensou nessa parede e mal consigo respirar. — Entenda, Ana... A sua família não é tradicional, são bandidos! Seu irmão me deixou bem claro, devemos casar e seguir as regras. Eu não quero morrer! — senti a parede fria e os braços quentes de Yuri me segurando com força. Isso é culpa do meu irmão que o forçou. — Você sabe que gosto de você, mas não te amo pra casar assim. Eu pensei que com dois irmãos na máfia, meu casamento não precisasse ser um acordo. Estava tudo indo bem entre a gente, mas você não me contou que já conhecia meu meio, e tem toda essa história do seu pai. Eu não consigo acreditar que está tudo bem e você não vai se vingar de mim porque meu irmão matou Vladislav. — JÁ CHEGA! EU JÁ CONVERSEI COM O DON! AGORA SOU RESPONSÁVEL POR VOCÊ E VAI OBEDECER! NÃO OUSE FAZER CAPRICHO E NOS FAZER PASSAR VERGONHA NA CERIMÔ
Capítulo 137 Anastasia O quarto estava em silêncio, quebrado apenas pelo som leve da respiração de Yuri e minha própria inquietação. Ele estava próximo, tão próximo que eu podia sentir o calor que seu corpo emanava. Yuri passou os dedos pela minha pele de forma hesitante, quase como se estivesse me testando, buscando uma permissão silenciosa. Eu sabia o que ele queria — e sabia que, de certa forma, eu também queria, mas a incerteza ainda pairava entre nós como uma barreira invisível. Ele puxou meu rosto gentilmente com uma das mãos enquanto a outra pousava levemente em minha cintura. — Eu sei que tudo isso é novo para você. Não vou fingir que sei exatamente como você se sente, mas quero que saiba que vai ficar tudo bem, mesmo que pareça difícil no início. Eu não sabia o que responder. Havia tantas coisas que queria dizer, reclamar, gritar, mas no fundo, sabia que isso não mudaria nada. Yuri e eu estávamos presos nessa realidade, e tudo o que podíamos fazer e