Sarah.Assim que fiquei sozinha com Henrique, me virei e o olhei.— Fui abusada por um amigo dos meus irmãos quando eu tinha 18 anos. — O quê? Me diz que isso é mentira. Isso é mentira, não é? — suplicou, gesticulando com as mãos, sem saber como agir depois do que revelara.Sem poder conter, as lágrimas não paravam de cair, neguei com a cabeça.— Infelizmente, é verdade, Henrique. Anderson me violentou, se aproveitou que eu estava bêbada e abusou de mim.Henrique pegou um copo que estava sobre a mesa e o quebrou na parede.Ainda bem que estávamos sozinhos, ou teríamos gritos ecoando pela cozinha devido ao susto do copo se espatifando na parede.Sem conseguir mais controlar meu corpo devido à angústia que me tomava, sentei-me e comecei a chorar mais fortemente.Henrique logo me alcançou, me abraçou apertado e me consolou.— Me perdoe. Perdoe-me. Levantei o rosto e fitei seus olhos negros.— Pelo quê? — Por tudo o que aconteceu. Por tudo o que esse miserável lhe fez.— Você não tinha
SarahAssim que saímos da casa de Cristine e Dylan, seguimos para nossa casa. Estava triste e abalada por tudo que me aconteceu hoje. Henrique também estava calado, refletindo sobre tudo que lhe contei. As coisas estavam estranhas e um clima quase fúnebre havia se instaurado entre nós.— Você está bem? — Henrique me perguntou. Ele estava com Cristal em seus braços. Ela dormia profundamente.Já havíamos chegado à nossa casa.— Não, mas vou ficar. — Peguei Raquel de sua cadeirinha e nos encaminhamos para dentro de casa.— Subimos para o andar dos quartos e colocamos as meninas em suas camas.Raquel já havia mamado e logo pegaria no sono. Eu não precisava ficar com ela até dormir e era grata por isso.Após nossas filhas dormirem, saímos do quarto delas e fomos para o nosso.— Henrique? — O chamei.— Sim? — me respondeu em tom de pergunta.— Está tudo bem? — Meu lábio tremeu ao lhe perguntar isso. Confesso que temia sua resposta, temia que me visse de outro modo ou que deixasse de me amar.
CristineTrês meses depois. Olho pela janela de uma das salas do fórum e suspiro.Estou bem próxima de condenar Anderson e sua esposa. Consegui reunir muitas provas contra ele e convenci diversas mulheres, que ele abusou, a depor contra ele.Ele vai a júri popular e sua condenação é certa.Sarah é uma dessas mulheres que aceitaram prestar queixa contra ele. Foram meses de noites em claro estudando, investigando e reunindo provas para chegar onde estamos hoje.A revelação sobre o estupro que Sarah sofreu caiu como uma bomba, abalando a todos. Henrique se culpou ainda mais por tudo que fez a ela depois que soube pelo que ela passou nas mãos de Anderson. Seus irmãos se culparam, como já era esperado, e quiseram fazer justiça com as próprias mãos. Foi tenso controlar todos os ânimos naquele dia.A história foi revelada no final da festa. Sarah me deixou encarregada de contar todos os detalhes do caso e depois revelou que fora uma das vítimas dele. No dia da festa, só estavam: Henrique, Ma
Henrique.Meses depois...Ouvi a risada cristalina das minhas filhas ecoando pelo jardim e meu coração se aqueceu. Era um som que me trazia paz, algo que eu jamais imaginei que faria parte da minha vida. Se, anos atrás, alguém me dissesse que um dia eu estaria feliz por estar casado e me tornar um homem de família, provavelmente eu teria dado um soco na cara dessa pessoa e seguido minha vida como se essa ideia nunca tivesse sido dita.Família, mulher, filhos... nunca foi o que eu quis. Eu era um cafajeste sem remorso, um homem que se recusava a se apegar. Mas o destino é traiçoeiro, e hoje sou grato a ele por ter me mostrado o que realmente importa. Deus me deu algo que eu não sabia que precisava: uma família. Minha esposa, minhas filhas, os meus bens mais preciosos. Elas me deram um propósito, algo pelo que lutar e me tornar um homem melhor a cada dia.— E esse sorriso bobo? — A voz de Marcos, meu irmão, me tirou do transe.Ele parou ao meu lado e pousou a mão em meu ombro. Olhei para
Henry Davis MichelLevo o copo de uísque à boca enquanto olho a foto do meu casamento. Emanuele, minha falecida esposa, foi a mulher mais bela que já tive a oportunidade de ver e a amei alucinadamente durante todos os anos em que convivemos.Ainda a amo, na verdade.Casei-me com ela ainda muito jovem, com 20 anos, e logo depois tivemos o nosso único filho, Michel. Fui feliz com ela até o dia de sua morte, há 10 anos. A sua perda foi a dor mais intensa que já senti. Algo que não desejo nem para o meu pior inimigo.Emanuele morreu decorrente de um acidente de carro quando ainda morávamos em Nova York. Após passar três dias internada, recebi a notícia de que seu quadro havia se agravado e, para minha tristeza e infelicidade, ela não resistiu e morreu, levando minha vida com ela. Dessa união feliz que tivemos, nasceu Michel, o meu único filho.Ele já tem 40 anos, nunca se casou e me dá muitos cabelos brancos com sua vida promíscua. Sua vida é de noitadas e sexo sem compromisso, o que me d
AgathaOlhei para o homem à minha frente e me perguntei pela décima vez o que vi de diferente em sua pessoa que me fez me apaixonar. Ele é mesquinho e sem escrúpulos. Enganou-me, traiu-me e humilhou-me da pior forma que um ser humano poderia fazer a outro.Guilherme, o pai do meu filho, me iludiu e, depois que tirou minha inocência, me largou como se eu fosse um nada, me acusando de querer lhe dar o golpe da barriga. O pior absurdo que eu podia ouvir de alguém que me enganou e insistiu até me ter em sua cama.Nunca quis ser dele, não estava pronta o suficiente para entregar minha virgindade, mas na minha mente de menina tola, eu deveria me entregar. Ser dele por completo, afinal éramos namorados. Guilherme era mais velho e dizia ter suas necessidades de homem feito. Que precisava de sexo e, se eu o amava, deveria me entregar a ele. Eu não estava preparada para isso, mas Guilherme dizia que me abandonaria se eu não fizesse o que ele tanto me pedia. Ele enganou-me, fez-me sentir mal e, n
MichelQuando meu pai veio com essa história de casamento arranjado, eu quis jogar tudo para o alto e dizer que eu renegava minha herança, mas que não me sujeitaria a isso.Era algo insano e louco, e ele, com certeza, não estava com suas faculdades mentais em perfeito estado para me obrigar a fazer tal coisa.Porra! Como eu iria me casar com uma mulher que não amo só para dar um neto àquele velho doido?Porque meu pai não deve estar bem!Ele foi ao conselho de sócios, colocou-os contra mim para que eu pudesse me casar e dar a merda de um neto a ele. E ainda teve a cara de pau de colocar a minha mãe, — única mulher que preenche meu coração — na história só para me fazer ceder ao seu capricho.Estou odiando meu velho nesse momento.Foi a merda do ultimato mais sem noção que eu já recebi na vida. Ou me caso e lhe dou um neto, ou ficarei na sarjeta sem um centavo do que é meu por direito. Sim, meu, porque sou seu único herdeiro, então, tudo o que ele construiu e dei seguimento me pertence
MichelOuço o despertador tocar e resmungo. Não gosto de acordar cedo e odeio a pessoa que inventou que devemos trabalhar às 7h / 8h da manhã. Para mim, o expediente de qualquer empresa deveria começar a partir das 10h da manhã.Viro para o lado, suspirando por ter que sair da minha cama quente e confortável para ter que fechar contratos. Estico minha mão e desligo o despertador, chuto o lençol e me levanto da cama, esticando os braços para acordar meu corpo. Bocejo algumas vezes e esfrego os olhos na tentativa de acordar completamente.Sigo direto para o banheiro, mijo, lavo as mãos e depois ligo o chuveiro e deixo a água escorrer um pouco até estar na temperatura que eu gosto. Entro debaixo da água e começo a tomar banho. Durmo pelado, então sempre que acordo, eu vou direto para o chuveiro me lavar.Após finalizar o banho, pego uma toalha e enxugo o cabelo e seco o corpo de leve. Aqui no Rio de Janeiro é bem quente, então não costumo me enxugar completamente. Entro no meu closet, peg